Serralves nega censura, Ribas confirma “ingerências e pressões”

19-10-2018
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O Conselho de Administração (CA) da Fundação de Serralves desmentiu, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, no Museu de Serralves, no Porto, que tenha existido qualquer ato de censura no conteúdo ou na disposição da exposição de Robert Mapplethorpe: Pictures, inaugurada na semana passada, dia 20, e que terá originado a demissão do seu curador e diretor artístico, João Ribas.

“Em Serralves não há, nem nunca houve, nem nunca sob a nossa responsabilidade haverá censura, mas também não haverá complacência com a falta de verdade nem fuga às responsabilidades”, salientou Ana Pinho, Presidente do CA, negando que tenha existido qualquer “interferência no trabalho de programação e curadoria” desta exposição, reafirmando que “as fotografias expostas foram escolhidas exclusivamente pelo curador”.

“O CA não mandou retirar quaisquer obras da exposição e desconhecia quais as fotografias pré-selecionadas além das que estão expostas”, afirmou Ana Pinho. “O próprio diretor do museu propôs que a exposição Robert Mapplethorpe tivesse um núcleo mais reservado, no final do percurso expositivo, dedicado às obras mais sensíveis”, propondo ainda que “esse espaço reservado tivesse um esclarecimento à entrada sobre o seu conteúdo específico”.

Lucília Monteiro

A Presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves reconheceu, no entanto, que “a alteração do texto na sinalética” – que começou por proibir a entrada numa sala com obras de carater sexual a menores de 18 anos e depois foi substituído por outro “mais adequado”, permitindo a entrada de menores quando acompanhados pelos respetivos representantes legais – foi feita em virtude da constatação do vazio legal sobre esta matéria. Isabel Pires de Lima reforçou que “a própria arquitetura da exposição” previu sempre “uma sala de reserva”.

José Pacheco Pereira, um dos membros do CA presente na conferência de imprensa, juntamente com Ana Pinho, Isabel Pires de Lima, Manuel Cavaleiro Brandão e Manuel Ferreira da Silva, reforçou esta necessidade: “Numa instituição que é visitada por milhares de crianças, não podemos correr o risco de pais e professores processarem Serralves pela apresentação de obras que eles considerem chocantes.” O historiador saiu ainda em defesa da gestão da atual Presidente do CA: “Nunca vi ninguém num Conselho de Administração que trabalha pro-bono defender tanto Serralves como Ana Pinho.”

Ana Pinho, que se recusou a comentar quaisquer outras questões, nomeadamente, em relação à programação para 2019 e ao programa paralelo previsto para a exposição do artista e fotógrafo norte-americano, esclareceu não ter conversado pessoalmente com João Ribas acerca da sua demissão que terá sido feita, primeiro, por um SMS e depois através de um email.

“Ingerências, pressões ou imposições”

João Ribas, o diretor demissionário, reagiu ao final da tarde desta quarta-feira, num comunicado enviado às redações, intitulado “Verdade e Liberdade”. Nele, diz não ser “admissível que a liberdade e a autonomia do Diretor sejam desrespeitadas”. E que o cargo “é incompatível com ingerências, pressões ou imposições que limitem a sua autonomia técnica e artística”. E vai mais longe: “Foram-me impostas, enquanto Diretor do Museu e no contexto da exposição Robert Mapplethorpe: Pictures, restrições e intervenções que criaram um ponto de rotura em termos de autonomia artística e de uma atividade de programação livre de intromissões ou repreensões.”

O ex-diretor-artístico do Museu, acrescenta que “tais restrições interferiram de modo grave com a conceptualização expositiva” e explica a razão pela qual a exposição inaugurou com menos obras do artista norte-americano do que as que tinham sido anunciadas. “A exposição deveria conter 179 obras, como estava previsto. No entanto, as referidas interferências e restrições levaram a uma redução para 161. No dia da inauguração, a curadoria foi mais uma vez intimada a retirar duas obras que já se encontravam expostas.” João Ribas, curador e diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves desde fevereiro deste ano, termina o comunicado reforçando que a sua demissão foi tomada “em defesa dos bons princípios de funcionamento institucional e em defesa da liberdade artística.”

O Conselho de Administração (CA) da Fundação de Serralves desmentiu, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, no Museu de Serralves, no Porto, que tenha existido qualquer ato de censura no conteúdo ou na disposição da exposição de Robert Mapplethorpe: Pictures, inaugurada na semana passada, dia 20, e que terá originado a demissão do seu curador e diretor artístico, João Ribas.

“Em Serralves não há, nem nunca houve, nem nunca sob a nossa responsabilidade haverá censura, mas também não haverá complacência com a falta de verdade nem fuga às responsabilidades”, salientou Ana Pinho, Presidente do CA, negando que tenha existido qualquer “interferência no trabalho de programação e curadoria” desta exposição, reafirmando que “as fotografias expostas foram escolhidas exclusivamente pelo curador”.

“O CA não mandou retirar quaisquer obras da exposição e desconhecia quais as fotografias pré-selecionadas além das que estão expostas”, afirmou Ana Pinho. “O próprio diretor do museu propôs que a exposição Robert Mapplethorpe tivesse um núcleo mais reservado, no final do percurso expositivo, dedicado às obras mais sensíveis”, propondo ainda que “esse espaço reservado tivesse um esclarecimento à entrada sobre o seu conteúdo específico”.

Lucília Monteiro

A Presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves reconheceu, no entanto, que “a alteração do texto na sinalética” – que começou por proibir a entrada numa sala com obras de carater sexual a menores de 18 anos e depois foi substituído por outro “mais adequado”, permitindo a entrada de menores quando acompanhados pelos respetivos representantes legais – foi feita em virtude da constatação do vazio legal sobre esta matéria. Isabel Pires de Lima reforçou que “a própria arquitetura da exposição” previu sempre “uma sala de reserva”.

José Pacheco Pereira, um dos membros do CA presente na conferência de imprensa, juntamente com Ana Pinho, Isabel Pires de Lima, Manuel Cavaleiro Brandão e Manuel Ferreira da Silva, reforçou esta necessidade: “Numa instituição que é visitada por milhares de crianças, não podemos correr o risco de pais e professores processarem Serralves pela apresentação de obras que eles considerem chocantes.” O historiador saiu ainda em defesa da gestão da atual Presidente do CA: “Nunca vi ninguém num Conselho de Administração que trabalha pro-bono defender tanto Serralves como Ana Pinho.”

Ana Pinho, que se recusou a comentar quaisquer outras questões, nomeadamente, em relação à programação para 2019 e ao programa paralelo previsto para a exposição do artista e fotógrafo norte-americano, esclareceu não ter conversado pessoalmente com João Ribas acerca da sua demissão que terá sido feita, primeiro, por um SMS e depois através de um email.

“Ingerências, pressões ou imposições”

João Ribas, o diretor demissionário, reagiu ao final da tarde desta quarta-feira, num comunicado enviado às redações, intitulado “Verdade e Liberdade”. Nele, diz não ser “admissível que a liberdade e a autonomia do Diretor sejam desrespeitadas”. E que o cargo “é incompatível com ingerências, pressões ou imposições que limitem a sua autonomia técnica e artística”. E vai mais longe: “Foram-me impostas, enquanto Diretor do Museu e no contexto da exposição Robert Mapplethorpe: Pictures, restrições e intervenções que criaram um ponto de rotura em termos de autonomia artística e de uma atividade de programação livre de intromissões ou repreensões.”

O ex-diretor-artístico do Museu, acrescenta que “tais restrições interferiram de modo grave com a conceptualização expositiva” e explica a razão pela qual a exposição inaugurou com menos obras do artista norte-americano do que as que tinham sido anunciadas. “A exposição deveria conter 179 obras, como estava previsto. No entanto, as referidas interferências e restrições levaram a uma redução para 161. No dia da inauguração, a curadoria foi mais uma vez intimada a retirar duas obras que já se encontravam expostas.” João Ribas, curador e diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves desde fevereiro deste ano, termina o comunicado reforçando que a sua demissão foi tomada “em defesa dos bons princípios de funcionamento institucional e em defesa da liberdade artística.”

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