Penafiel, terra nossa: NATÁLIA CORREIA

11-07-2018
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NATÁLIA CORREIA

Na Lagoa das Furnas

Natália de Oliveira Correia nasceu na Ilha de São Miguel, Açores, em Fajã de Baixo, no
dia 13 de Setembro de 1923.

 

Casa onde Nasceu Natália Correia

Na década de
1930, Natália Correia, com a mãe, saiu dos Açores e fixou-se em Lisboa, onde no
liceu D. Filipa de Lencastre, já mostrava interesse pelas publicações juvenis.

 

Natália Correia ainda jovem

Na década de
40, foi jornalista na Rádio Clube Português, e assinou as listas do Movimento
de Unidade Democrática (MUD), que se opunha ao Estado Novo. 

Em 1946,
publicou num jornal o seu primeiro poema, "Manhã Cinzenta", e também
o romance "Anoiteceu no Bairro".

Colaborou em
diversas publicações e publicou o primeiro livro de poemas, "Rio de
Nuvens", em 1947.

De
reconhecida combatividade política, defensora dos direitos das mulheres, vários
dos seus livros foram apreendidos pela Censura. 

Ainda
durante o regime anterior ao 25 de Abril de 1974, participou nas diferentes
campanhas presidenciais da Oposição Democrática, designadamente de Norton de
Matos e Humberto Delgado e, em 1969, integrou a Comissão Eleitoral de Unidade
Democrática (CEUD) que, entre outros nomes, contava com o de Mário Soares.

Em sua casa em Lisboa

Em 1966,
publicou a "Antologia de Poesia Erótica e Satírica", pela qual viria
a ser julgada em 1970 e condenada a três anos de pena suspensa.

Pouco depois,
seria processada pela responsabilidade editorial das "Novas Cartas
Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa
Horta, publicadas originalmente em 1972.

Em 1968,
publicou o livro de poesia "Mátria", título que dará anos mais tarde
a um programa televisivo de sua autoria, em 1986, na RTP.

Escritora
com obra editada desde 1946, destacou-se na poesia, teatro, romance e ensaio.
Foi também tradutora, jornalista (nomeadamente com colaboração no Diário de
Notícias e A Capital),
guionista e editora.

Promoveu
tertúlias artísticas e literárias, tendo fundado o bar Botequim, juntamente com
Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, em torno do qual gravitava
grande parte da intelectualidade portuguesa nos anos 70 e 80.

Em 1991,
recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo
livro Sonetos Românticos. No mesmo
ano foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade; era já detentora da Ordem de
Santiago.

Na Assembleia da
República, como deputada, entre 1979 e 1985 e entre 1987 e 1991, como
independente pelos partidos PSD e PRD, que a intervenção política de Natália
Correia ganha a face mais institucional.

Numa clara demonstração do seu carácter irreverente,
veja se a resposta de Natália Correia ao deputado João Morgado (CDS), em 1982
na Assembleia da República, na sequência de um "eloquente" discurso
daquele: «A igreja Católica proíbe o aborto porque entende que o acto sexual é
para se ver o nascimento de um filho». Ao que Natália Correia, ao tempo deputada
do PSD, ripostou:

Já que o
coito diz Morgado

tem como fim
cristalino,

preciso e
imaculado

fazer menino
ou menina

e cada vez
que o varão

sexual
petisco manduca,

temos na
procriação

prova de que
houve truca truca,

sendo só pai
de um rebento,

lógica é a
conclusão

de que o
viril instrumento

só usou
parca ração! uma vez.

E se a
função faz o órgão diz o ditado

consumado
essa excepção,

ficou capado
o Morgado.

Na madrugada de16 de Março de1993, morreu subitamente,
com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de
regressada do Botequim.

A sua morte precoce deixou um vazio na
cultura portuguesa muito difícil de preencher. 

Biblioteca de Ponta Delgada nos Açores

Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte
do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa)
constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos,
iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca
privada.

Texto de Natália Correia, fixado na parede de entrada da biblioteca de Ponta Delgada.

Se estivesse entre nós, tinha feito na
passada sexta-feira, dia 13 de Setembro 90 anos.

Em sua homenagem, vamos ouvir o seu poema
“Queixa das almas jovens censuradas”, que José Mário Branco notabilizou com
música e voz.

- Bom domingo!

NATÁLIA CORREIA

Na Lagoa das Furnas

Natália de Oliveira Correia nasceu na Ilha de São Miguel, Açores, em Fajã de Baixo, no
dia 13 de Setembro de 1923.

 

Casa onde Nasceu Natália Correia

Na década de
1930, Natália Correia, com a mãe, saiu dos Açores e fixou-se em Lisboa, onde no
liceu D. Filipa de Lencastre, já mostrava interesse pelas publicações juvenis.

 

Natália Correia ainda jovem

Na década de
40, foi jornalista na Rádio Clube Português, e assinou as listas do Movimento
de Unidade Democrática (MUD), que se opunha ao Estado Novo. 

Em 1946,
publicou num jornal o seu primeiro poema, "Manhã Cinzenta", e também
o romance "Anoiteceu no Bairro".

Colaborou em
diversas publicações e publicou o primeiro livro de poemas, "Rio de
Nuvens", em 1947.

De
reconhecida combatividade política, defensora dos direitos das mulheres, vários
dos seus livros foram apreendidos pela Censura. 

Ainda
durante o regime anterior ao 25 de Abril de 1974, participou nas diferentes
campanhas presidenciais da Oposição Democrática, designadamente de Norton de
Matos e Humberto Delgado e, em 1969, integrou a Comissão Eleitoral de Unidade
Democrática (CEUD) que, entre outros nomes, contava com o de Mário Soares.

Em sua casa em Lisboa

Em 1966,
publicou a "Antologia de Poesia Erótica e Satírica", pela qual viria
a ser julgada em 1970 e condenada a três anos de pena suspensa.

Pouco depois,
seria processada pela responsabilidade editorial das "Novas Cartas
Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa
Horta, publicadas originalmente em 1972.

Em 1968,
publicou o livro de poesia "Mátria", título que dará anos mais tarde
a um programa televisivo de sua autoria, em 1986, na RTP.

Escritora
com obra editada desde 1946, destacou-se na poesia, teatro, romance e ensaio.
Foi também tradutora, jornalista (nomeadamente com colaboração no Diário de
Notícias e A Capital),
guionista e editora.

Promoveu
tertúlias artísticas e literárias, tendo fundado o bar Botequim, juntamente com
Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, em torno do qual gravitava
grande parte da intelectualidade portuguesa nos anos 70 e 80.

Em 1991,
recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo
livro Sonetos Românticos. No mesmo
ano foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade; era já detentora da Ordem de
Santiago.

Na Assembleia da
República, como deputada, entre 1979 e 1985 e entre 1987 e 1991, como
independente pelos partidos PSD e PRD, que a intervenção política de Natália
Correia ganha a face mais institucional.

Numa clara demonstração do seu carácter irreverente,
veja se a resposta de Natália Correia ao deputado João Morgado (CDS), em 1982
na Assembleia da República, na sequência de um "eloquente" discurso
daquele: «A igreja Católica proíbe o aborto porque entende que o acto sexual é
para se ver o nascimento de um filho». Ao que Natália Correia, ao tempo deputada
do PSD, ripostou:

Já que o
coito diz Morgado

tem como fim
cristalino,

preciso e
imaculado

fazer menino
ou menina

e cada vez
que o varão

sexual
petisco manduca,

temos na
procriação

prova de que
houve truca truca,

sendo só pai
de um rebento,

lógica é a
conclusão

de que o
viril instrumento

só usou
parca ração! uma vez.

E se a
função faz o órgão diz o ditado

consumado
essa excepção,

ficou capado
o Morgado.

Na madrugada de16 de Março de1993, morreu subitamente,
com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de
regressada do Botequim.

A sua morte precoce deixou um vazio na
cultura portuguesa muito difícil de preencher. 

Biblioteca de Ponta Delgada nos Açores

Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte
do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa)
constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos,
iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca
privada.

Texto de Natália Correia, fixado na parede de entrada da biblioteca de Ponta Delgada.

Se estivesse entre nós, tinha feito na
passada sexta-feira, dia 13 de Setembro 90 anos.

Em sua homenagem, vamos ouvir o seu poema
“Queixa das almas jovens censuradas”, que José Mário Branco notabilizou com
música e voz.

- Bom domingo!

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