Quando os potenciais carrascos servem para aliados

30-11-2020
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O Partido Comunista da União Soviética conseguiu realizar 29 congressos durante a sua história mas, por este andar, o Partido Comunista Português não vai bater esse recorde, a não ser que realize uma assembleia magna anual.

O XXI Congresso do PCP ainda não terminou, mas já entrará na história como um espectáculo monótono e repetitivo: ainda mal começou mas já se sabe como vai decorrer e como vai terminar. Afinal, os comunistas vendem a imagem de que são “muito consequentes” e ainda há gente que acredita nessa fábula.

Albano Nunes, líder histórico do PCP e especialista em Relações Internacionais, voltou a lembrar que “o capitalismo tem de ser derrubado pela força” e que “o afastamento dos princípios marxistas-leninistas conduz à degenerescência e à derrota”. Ora, como vivemos num sistema capitalista que tem o apoio da maioria, essas palavras são um incentivo à violência e ao ódio, à subversão do regime democrático e, por conseguinte, violam a Constituição da República Portuguesa.

Como um dos conceitos básicos do marxismo-leninismo é a “ditadura do proletariado”, fica claro que o PCP também não renunciou a ela.

Perante isto, poderia surpreender o facto de o Partido Socialista ter feito tudo para conseguir a abstenção do PCP para que fosse aprovado o Orçamento de Estado para 2021. Vejamos, os socialistas, que defendem o regime capitalista, fazem um acordo com um partido político que não esconde que é preciso recorrer à força para derrubar esse regime.

Com que direito moral ou político é que o PS ousa criticar o PSD quando faz alianças ou acordos com o Chega? (Para que fique claro, defendo o isolamento político das forças tanto da extrema-direita, como da extrema-esquerda).

Mas já nada me surpreende, pois o poder cega os políticos e muitos deles são capazes de “fazer pactos com o diabo” para continuarem a mandar.

Talvez esta sede de poder tenha levado os socialistas também a “esquecerem-se” completamente do 45º aniversário do 25 de Novembro de 1975, data crucial para a instalação da democracia portuguesa. O que diriam o Presidente Mário Soares e outros ilustres socialistas que muito contribuíram para travar a derrapagem revolucionária dirigida pelo PCP?

Mas voltemos ao XXI Congresso do PCP e o seu olhar para a política internacional. Segundo o Observador, “o Congresso do PCP aprovou uma moção pela ‘paz e e solidariedade socialista’ para com os povos da ‘República Popular da Coreia, Cuba, Síria, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Nicarágua, Chipre’ entre outros onde os comunistas consideram que se assiste a uma tentativa de restringir liberdades,’promoção de anticomunismo, ao mesmo tempo que promovem forças fascizantes’.”

O PCP finalmente deixa claro o seu apoio público a uma ditadura sangrenta e odiosa como é o regime norte-coreano. Se, antes, os dirigentes comunistas portugueses tinham algum pejo quando lhes perguntavam sobre a Coreia do Norte, hoje reconhecem que apoiam essa “democracia popular”.

Fiquei surpreendido quando entre os países que merecem “paz e e solidariedade socialista” esteja o Chipre mas, depois de pensar, conclui que esse país merece apoio dos comunistas talvez por ser “uma das maiores lavandarias” dos capitais dos cleptocratas que dirigem a Rússia e a China.

Segundo o Observador, Inês Branco, na moção apresentada, afirma que “o declínio dos Estados Unidos da América e a promoção de países como a Ucrânia “impedem que países como a República Popular da China se possam desenvolver”. Não compreendo como o declínio dos Estados Unidos impede o desenvolvimento da China. Penso que deveria ser o contrário.

E o que pode fazer a Ucrânia para impedir a China de se desenvolver? Será que o PCP tem estatísticas e dados secretos que colocam a Ucrânia entre os mais fortes países do mundo?

Claro que o PCP não podia esquecer-se de incluir na lista da “paz e solidariedade” a Bielorrússia, não para manifestar apoio às centenas de milhares de pessoas que ousam contestar a ditadura de Lukachenko/Putin nas ruas, mas para legitimar o regime ditatorial.

Aqui, os dirigentes comunistas recorrem às mais descaradas mentiras. No último programa: “Isto é gozar com quem trabalha”, na SIC, o deputado comunista não só gozou como também mentiu descaradamente aos telespectadores. À pergunta de Ricardo Araújo Pereira: Porque é que o Partido Comunista não apoia o recolher obrigatório em Portugal, mas apoia Lukachenko na Bielorrússia, que, esta semana, meteu 700 pessoas na prisão. É confinar ou não?”. António Filipe respondeu: “Eles [leia-se, os bielorrussos] elegeram lá o senhor Lukachenko e, depois, apareceu o Sr. Trump a dizer assim: “não, mas aquilo foi uma farsa eleitoral, não vale. Mas ele também disse isso de Joe Biden”.

Facilmente se constata que o deputado comunista, que também é professor universitário, mentiu com todos os dentes. Como é sabido, os bielorrussos vieram protestar para as ruas logo a seguir ao encerramento das urnas, quando foi noticiado que Lukachenko tinha conquistado 80% dos votos. Isto aconteceu no dia 9 de Agosto. Quanto à “ingerência” de Trump, recordamos que o Presidente norte-americano só se pronunciou sobre a fraude eleitoral realizada por Lukachenko/Putin oito dias depois do início dos protestos, no dia 17 de Agosto.

António Filipe pode gozar à vontade com os seus camaradas, mas é melhor não passar uma certidão de ignorância aos portugueses.

O Partido Comunista da União Soviética conseguiu realizar 29 congressos durante a sua história mas, por este andar, o Partido Comunista Português não vai bater esse recorde, a não ser que realize uma assembleia magna anual.

O XXI Congresso do PCP ainda não terminou, mas já entrará na história como um espectáculo monótono e repetitivo: ainda mal começou mas já se sabe como vai decorrer e como vai terminar. Afinal, os comunistas vendem a imagem de que são “muito consequentes” e ainda há gente que acredita nessa fábula.

Albano Nunes, líder histórico do PCP e especialista em Relações Internacionais, voltou a lembrar que “o capitalismo tem de ser derrubado pela força” e que “o afastamento dos princípios marxistas-leninistas conduz à degenerescência e à derrota”. Ora, como vivemos num sistema capitalista que tem o apoio da maioria, essas palavras são um incentivo à violência e ao ódio, à subversão do regime democrático e, por conseguinte, violam a Constituição da República Portuguesa.

Como um dos conceitos básicos do marxismo-leninismo é a “ditadura do proletariado”, fica claro que o PCP também não renunciou a ela.

Perante isto, poderia surpreender o facto de o Partido Socialista ter feito tudo para conseguir a abstenção do PCP para que fosse aprovado o Orçamento de Estado para 2021. Vejamos, os socialistas, que defendem o regime capitalista, fazem um acordo com um partido político que não esconde que é preciso recorrer à força para derrubar esse regime.

Com que direito moral ou político é que o PS ousa criticar o PSD quando faz alianças ou acordos com o Chega? (Para que fique claro, defendo o isolamento político das forças tanto da extrema-direita, como da extrema-esquerda).

Mas já nada me surpreende, pois o poder cega os políticos e muitos deles são capazes de “fazer pactos com o diabo” para continuarem a mandar.

Talvez esta sede de poder tenha levado os socialistas também a “esquecerem-se” completamente do 45º aniversário do 25 de Novembro de 1975, data crucial para a instalação da democracia portuguesa. O que diriam o Presidente Mário Soares e outros ilustres socialistas que muito contribuíram para travar a derrapagem revolucionária dirigida pelo PCP?

Mas voltemos ao XXI Congresso do PCP e o seu olhar para a política internacional. Segundo o Observador, “o Congresso do PCP aprovou uma moção pela ‘paz e e solidariedade socialista’ para com os povos da ‘República Popular da Coreia, Cuba, Síria, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Nicarágua, Chipre’ entre outros onde os comunistas consideram que se assiste a uma tentativa de restringir liberdades,’promoção de anticomunismo, ao mesmo tempo que promovem forças fascizantes’.”

O PCP finalmente deixa claro o seu apoio público a uma ditadura sangrenta e odiosa como é o regime norte-coreano. Se, antes, os dirigentes comunistas portugueses tinham algum pejo quando lhes perguntavam sobre a Coreia do Norte, hoje reconhecem que apoiam essa “democracia popular”.

Fiquei surpreendido quando entre os países que merecem “paz e e solidariedade socialista” esteja o Chipre mas, depois de pensar, conclui que esse país merece apoio dos comunistas talvez por ser “uma das maiores lavandarias” dos capitais dos cleptocratas que dirigem a Rússia e a China.

Segundo o Observador, Inês Branco, na moção apresentada, afirma que “o declínio dos Estados Unidos da América e a promoção de países como a Ucrânia “impedem que países como a República Popular da China se possam desenvolver”. Não compreendo como o declínio dos Estados Unidos impede o desenvolvimento da China. Penso que deveria ser o contrário.

E o que pode fazer a Ucrânia para impedir a China de se desenvolver? Será que o PCP tem estatísticas e dados secretos que colocam a Ucrânia entre os mais fortes países do mundo?

Claro que o PCP não podia esquecer-se de incluir na lista da “paz e solidariedade” a Bielorrússia, não para manifestar apoio às centenas de milhares de pessoas que ousam contestar a ditadura de Lukachenko/Putin nas ruas, mas para legitimar o regime ditatorial.

Aqui, os dirigentes comunistas recorrem às mais descaradas mentiras. No último programa: “Isto é gozar com quem trabalha”, na SIC, o deputado comunista não só gozou como também mentiu descaradamente aos telespectadores. À pergunta de Ricardo Araújo Pereira: Porque é que o Partido Comunista não apoia o recolher obrigatório em Portugal, mas apoia Lukachenko na Bielorrússia, que, esta semana, meteu 700 pessoas na prisão. É confinar ou não?”. António Filipe respondeu: “Eles [leia-se, os bielorrussos] elegeram lá o senhor Lukachenko e, depois, apareceu o Sr. Trump a dizer assim: “não, mas aquilo foi uma farsa eleitoral, não vale. Mas ele também disse isso de Joe Biden”.

Facilmente se constata que o deputado comunista, que também é professor universitário, mentiu com todos os dentes. Como é sabido, os bielorrussos vieram protestar para as ruas logo a seguir ao encerramento das urnas, quando foi noticiado que Lukachenko tinha conquistado 80% dos votos. Isto aconteceu no dia 9 de Agosto. Quanto à “ingerência” de Trump, recordamos que o Presidente norte-americano só se pronunciou sobre a fraude eleitoral realizada por Lukachenko/Putin oito dias depois do início dos protestos, no dia 17 de Agosto.

António Filipe pode gozar à vontade com os seus camaradas, mas é melhor não passar uma certidão de ignorância aos portugueses.

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