Fernando Medina ao Observador: “Reunião com Bloco não foi a cimeira fundadora da geringonça” – Observador

28-09-2019
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Afinal o Bloco foi ou não atrás do PCP na geringonça? Catarina Martins garante que as negociações já tinham garantias no dia das eleições. Medina afirma que conversa com BE foi "inconclusiva".

24 Sep 2019, 21:01

O encontro entre PS e Bloco de Esquerda para estudar a hipótese de um acordo à esquerda, em 2015, “não foi conclusivo” e “não havia um mandato negocial” dado a Fernando Medina: “Quem negociou foi, depois, António Costa”. É o próprio Fernando Medina quem o conta ao Observador, lamentando mesmo, em tom irónico, não pode reclamar esses louros: “Gostava de poder dizer que essa reunião teve outra importância, mas não foi de forma alguma a cimeira fundadora da geringonça”.

Fernando Medina descreve desta forma a reunião que teve com Francisco Louçã e Jorge Costa, ambos em representação do Bloco de Esquerda, na manhã das eleições de 4 de outubro. A mesma reunião que Catarina Martins descreve como tendo sido o momento que deu a certeza a António Costa, na noite eleitoral, sobre a disponibilidade do Bloco para negociar. “Nessa noite, quando se abriram os votos, Costa e eu sabíamos que era possível abrir negociações formais para um acordo”, disse num artigo publicado no site do Expresso numa altura em que a génese da “geringonça” tomou a campanha eleitoral, com Catarina Martins a acusar António Costa de estar a tentar “reescrever a história” quando subalterniza o Bloco na solução de Governo que se manteve nos últimos quatro anos.

No frente-a-frente com Rui Rio, na segunda-feira, o líder socialista disse que o Bloco tinha ido “atrás” do PCP , com a resposta de Catarina Martins a chegar horas depois, no debate a sei, falando numa reunião no dia das eleições de 2015, “informal” mas conclusiva: “À noite sabíamos que tinham aceitado negociar as pensões”, lembrou no debate.

show more

Essa reunião entre as duas partes foi a primeira daquele período político em que se vivia a incerteza do dia seguinte às eleições. Nos resultados eleitorais cabiam vários cenários, incluindo o de uma maioria de esquerda no Parlamento, sem que o PS tivesse sido a força mais votada — o que veio a verificar-se. Um ambiente que levou António Costa a estabelecer alguns contactos no período pré-eleitoral, sendo já sabido que as conversas informais com o PCP decorreram durante essa pré-campanha. No caso do Bloco, a primeira conversa foi referida pelos dirigentes do BE e agora também do PS, seguiu-se a um telefonema entre Francisco Louçã e António Costa, no sábado, dia de reflexão.

Foi nesse dia que socialistas e bloquistas combinaram encontrar-se na manhã seguinte, no Picoas Plaza, e Costa enviou Medina em seu nome. O socialista acertou os detalhes do encontro com Louçã e garante que a conversa foi “exploratória”. O termo é o mesmo que Catarina Martins usa para classificar a mesma reunião. Mas ao contrário da líder do Bloco, o Presidente da Câmara de Lisboa garante que “a reunião não foi, de forma alguma, conclusiva”.

Aliás, de acordo com várias fontes socialistas contactadas pelo Observador esta terça-feira, depois da reunião, no PS ficou mesmo a ideia de que o Bloco de Esquerda não estava disponível para avançar com conversações mais profundas, já que não tinha dado respostas concretas sobre como se iriam cumprir as metas orçamentais e da dívida, por exemplo. E essa era a principal dúvida que o PS tinha sobre o partido que. até ali, tinha sempre mantido declarações de oposição às regras inscritas nos tratados europeus.

Fernando Medina não levou nenhuma resposta “conclusiva” a António Costa. E segundo apurou o Observador, na noite das eleições, perante um resultado eleitoral que dava uma diferença significativa do PS face à coligação PSD/CDS, os socialistas contactaram dirigentes do Bloco dando conta da impossibilidade de se avançar com qualquer proposta de solução de Governo alternativo. O mesmo contacto foi feito junto do PCP.

Nessa noite de decisivas declarações políticas, foram as palavras de Francisco Lopes, dirigente comunista, que fizeram travar o pessimismo dos socialistas. E, num segundo momento, as de Jerónimo de Sousa. O primeiro porque deixou logo um aviso à coligação PSD/CDS e a Cavaco Silva: A direita “perde a possibilidade de formar governo, a menos que haja da parte do Presidente da República uma entorse dos resultados eleitorais”. E o segundo porque declarou que o PS tinha “condições para formar Governo”.

Entre os dois comunistas, falou Catarina Martins, a partir do Cinema São Jorge onde o Bloco seguia a noite eleitoral. Nessa altura o que sabia do PS era que António Costa considerava não estar em condições para apresentar uma alternativa. A sua declaração, nesse momento, foi mais dúbia: “Se a direita, como tudo indica, não tiver maioria, fique claro que não será pelo Bloco que conseguirá formar Governo”. O BE apresentava-se um passo atrás do PCP, do ponto de vista dos socialistas, já que Jerónimo nessa mesma noite afirmou que o PS “só não forma Governo se não quiser”.

Afinal o Bloco foi ou não atrás do PCP na geringonça? Catarina Martins garante que as negociações já tinham garantias no dia das eleições. Medina afirma que conversa com BE foi "inconclusiva".

24 Sep 2019, 21:01

O encontro entre PS e Bloco de Esquerda para estudar a hipótese de um acordo à esquerda, em 2015, “não foi conclusivo” e “não havia um mandato negocial” dado a Fernando Medina: “Quem negociou foi, depois, António Costa”. É o próprio Fernando Medina quem o conta ao Observador, lamentando mesmo, em tom irónico, não pode reclamar esses louros: “Gostava de poder dizer que essa reunião teve outra importância, mas não foi de forma alguma a cimeira fundadora da geringonça”.

Fernando Medina descreve desta forma a reunião que teve com Francisco Louçã e Jorge Costa, ambos em representação do Bloco de Esquerda, na manhã das eleições de 4 de outubro. A mesma reunião que Catarina Martins descreve como tendo sido o momento que deu a certeza a António Costa, na noite eleitoral, sobre a disponibilidade do Bloco para negociar. “Nessa noite, quando se abriram os votos, Costa e eu sabíamos que era possível abrir negociações formais para um acordo”, disse num artigo publicado no site do Expresso numa altura em que a génese da “geringonça” tomou a campanha eleitoral, com Catarina Martins a acusar António Costa de estar a tentar “reescrever a história” quando subalterniza o Bloco na solução de Governo que se manteve nos últimos quatro anos.

No frente-a-frente com Rui Rio, na segunda-feira, o líder socialista disse que o Bloco tinha ido “atrás” do PCP , com a resposta de Catarina Martins a chegar horas depois, no debate a sei, falando numa reunião no dia das eleições de 2015, “informal” mas conclusiva: “À noite sabíamos que tinham aceitado negociar as pensões”, lembrou no debate.

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Essa reunião entre as duas partes foi a primeira daquele período político em que se vivia a incerteza do dia seguinte às eleições. Nos resultados eleitorais cabiam vários cenários, incluindo o de uma maioria de esquerda no Parlamento, sem que o PS tivesse sido a força mais votada — o que veio a verificar-se. Um ambiente que levou António Costa a estabelecer alguns contactos no período pré-eleitoral, sendo já sabido que as conversas informais com o PCP decorreram durante essa pré-campanha. No caso do Bloco, a primeira conversa foi referida pelos dirigentes do BE e agora também do PS, seguiu-se a um telefonema entre Francisco Louçã e António Costa, no sábado, dia de reflexão.

Foi nesse dia que socialistas e bloquistas combinaram encontrar-se na manhã seguinte, no Picoas Plaza, e Costa enviou Medina em seu nome. O socialista acertou os detalhes do encontro com Louçã e garante que a conversa foi “exploratória”. O termo é o mesmo que Catarina Martins usa para classificar a mesma reunião. Mas ao contrário da líder do Bloco, o Presidente da Câmara de Lisboa garante que “a reunião não foi, de forma alguma, conclusiva”.

Aliás, de acordo com várias fontes socialistas contactadas pelo Observador esta terça-feira, depois da reunião, no PS ficou mesmo a ideia de que o Bloco de Esquerda não estava disponível para avançar com conversações mais profundas, já que não tinha dado respostas concretas sobre como se iriam cumprir as metas orçamentais e da dívida, por exemplo. E essa era a principal dúvida que o PS tinha sobre o partido que. até ali, tinha sempre mantido declarações de oposição às regras inscritas nos tratados europeus.

Fernando Medina não levou nenhuma resposta “conclusiva” a António Costa. E segundo apurou o Observador, na noite das eleições, perante um resultado eleitoral que dava uma diferença significativa do PS face à coligação PSD/CDS, os socialistas contactaram dirigentes do Bloco dando conta da impossibilidade de se avançar com qualquer proposta de solução de Governo alternativo. O mesmo contacto foi feito junto do PCP.

Nessa noite de decisivas declarações políticas, foram as palavras de Francisco Lopes, dirigente comunista, que fizeram travar o pessimismo dos socialistas. E, num segundo momento, as de Jerónimo de Sousa. O primeiro porque deixou logo um aviso à coligação PSD/CDS e a Cavaco Silva: A direita “perde a possibilidade de formar governo, a menos que haja da parte do Presidente da República uma entorse dos resultados eleitorais”. E o segundo porque declarou que o PS tinha “condições para formar Governo”.

Entre os dois comunistas, falou Catarina Martins, a partir do Cinema São Jorge onde o Bloco seguia a noite eleitoral. Nessa altura o que sabia do PS era que António Costa considerava não estar em condições para apresentar uma alternativa. A sua declaração, nesse momento, foi mais dúbia: “Se a direita, como tudo indica, não tiver maioria, fique claro que não será pelo Bloco que conseguirá formar Governo”. O BE apresentava-se um passo atrás do PCP, do ponto de vista dos socialistas, já que Jerónimo nessa mesma noite afirmou que o PS “só não forma Governo se não quiser”.

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