Francisco Lopes: “Enfermeiros estão a ser usados e pagos para atingir o SNS”

10-01-2019
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Francisco Lopes é deputado, membro da comissão política e do secretariado do Comité Central do PCP. É, entre os comunistas, o responsável máximo pelas questões do Trabalho e da relação com os sindicatos, razão pela qual a sua visão sobre estas matéria representa a posição oficial do partido. Ao Expresso, aceitou responder, por escrito, a algumas questões relacionadas com a atual onda de greves que afeta o país.

O dirigente comunista aponta, desde logo, o dedo ao Governo do PS e na sua falta de soluções "de problemas como os que estão criados". "E os problemas resolvem-se com diálogo, diálogo efectivo, diálogo que resolva e não que vá adiando, adiando, adiando até que a paciência se esgota e o caldo se entorna". E, parece ter sido esse o ponto a que chegamos, "com o descontentamento a alargar-se e a tornar inevitável que os trabalhadores lutem para resolver esses problemas".

"A luta dos trabalhadores, assente na sua organização e unidade, continua a ser decisiva para assegurar a resposta aos problemas existentes", sublinha Francisco Lopes, para quem "essa não é apenas a opinião do PCP mas também um compromisso de intervenção".

Luta desadequada

E do plano geral, Francisco Lopes, aceitou passar para o plano concreto e pronunciar-se sobre a greve dos enfermeiros dos blocos operatórios. O facto de a paralisação ter sido decretada por um mês e meio, ter causado já o cancelamento de cinco mil cirurgias programadas, aliado ao facto de os grevistas serem compensados pela perda salarial causada pelos dias de greve, levanta dúvidas. O protesto é inédito e foi convocado por um movimento recente, espontaneamente criado nas redes sociais. O pré-aviso foi apresentado por um sindicato, igualmente, recente e filiado na UGT.

Francisco Lopes não põe em causa a justeza das reivindicações, nem a 'originalidade' do protesto. "Não há formas de luta tradicionais ou não tradicionais", diz, para sublinhar que a diferença está entre "formas de luta adequadas e não adequadas".

O caso dos enfermeiros será um desses exemplos de desadequação. "Não há greves sem efeitos, mas os trabalhadores e os sindicatos do Movimento Sindical Unitário (leia-se, afectos à CGTP), nos sectores mais sensíveis para a população, têm tido em conta as situações de emergência e de particular sensibilidade", afirma.

O PCP "não pode deixar de manifestar a sua preocupação" com o protesto dos enfermeiros que "incide sobre as cirurgias em alguns hospitais de forma bastante prolongada, afectando brutalmente os utentes". O problema, segundo Francisco Lopes, é que "o descontentamento e as reivindicações dos enfermeiros são usados para atingir o SNS e facilitar os lucros dos grupos privados de saúde".

O recurso a um fundo de greve (feito através de uma recolha de donativos on line) é outro dos motivos de alerta para os comunistas. "Alguns enfermeiros estão a ser usados e pagos, com centenas de milhar de euros, cuja origem não se conhece, registando-se observações já feitas sobre a possibilidade de serem os grupos privados da saude a financiarem essa acção para beneficiarem da transferência das operações cirúrgicas e pôr em causa o SNS".

Francisco Lopes finaliza, afirmando que esta ação "está a afectar o prestígio e o respeito que os profissionais de enfermagem merecem da população".

Francisco Lopes é deputado, membro da comissão política e do secretariado do Comité Central do PCP. É, entre os comunistas, o responsável máximo pelas questões do Trabalho e da relação com os sindicatos, razão pela qual a sua visão sobre estas matéria representa a posição oficial do partido. Ao Expresso, aceitou responder, por escrito, a algumas questões relacionadas com a atual onda de greves que afeta o país.

O dirigente comunista aponta, desde logo, o dedo ao Governo do PS e na sua falta de soluções "de problemas como os que estão criados". "E os problemas resolvem-se com diálogo, diálogo efectivo, diálogo que resolva e não que vá adiando, adiando, adiando até que a paciência se esgota e o caldo se entorna". E, parece ter sido esse o ponto a que chegamos, "com o descontentamento a alargar-se e a tornar inevitável que os trabalhadores lutem para resolver esses problemas".

"A luta dos trabalhadores, assente na sua organização e unidade, continua a ser decisiva para assegurar a resposta aos problemas existentes", sublinha Francisco Lopes, para quem "essa não é apenas a opinião do PCP mas também um compromisso de intervenção".

Luta desadequada

E do plano geral, Francisco Lopes, aceitou passar para o plano concreto e pronunciar-se sobre a greve dos enfermeiros dos blocos operatórios. O facto de a paralisação ter sido decretada por um mês e meio, ter causado já o cancelamento de cinco mil cirurgias programadas, aliado ao facto de os grevistas serem compensados pela perda salarial causada pelos dias de greve, levanta dúvidas. O protesto é inédito e foi convocado por um movimento recente, espontaneamente criado nas redes sociais. O pré-aviso foi apresentado por um sindicato, igualmente, recente e filiado na UGT.

Francisco Lopes não põe em causa a justeza das reivindicações, nem a 'originalidade' do protesto. "Não há formas de luta tradicionais ou não tradicionais", diz, para sublinhar que a diferença está entre "formas de luta adequadas e não adequadas".

O caso dos enfermeiros será um desses exemplos de desadequação. "Não há greves sem efeitos, mas os trabalhadores e os sindicatos do Movimento Sindical Unitário (leia-se, afectos à CGTP), nos sectores mais sensíveis para a população, têm tido em conta as situações de emergência e de particular sensibilidade", afirma.

O PCP "não pode deixar de manifestar a sua preocupação" com o protesto dos enfermeiros que "incide sobre as cirurgias em alguns hospitais de forma bastante prolongada, afectando brutalmente os utentes". O problema, segundo Francisco Lopes, é que "o descontentamento e as reivindicações dos enfermeiros são usados para atingir o SNS e facilitar os lucros dos grupos privados de saúde".

O recurso a um fundo de greve (feito através de uma recolha de donativos on line) é outro dos motivos de alerta para os comunistas. "Alguns enfermeiros estão a ser usados e pagos, com centenas de milhar de euros, cuja origem não se conhece, registando-se observações já feitas sobre a possibilidade de serem os grupos privados da saude a financiarem essa acção para beneficiarem da transferência das operações cirúrgicas e pôr em causa o SNS".

Francisco Lopes finaliza, afirmando que esta ação "está a afectar o prestígio e o respeito que os profissionais de enfermagem merecem da população".

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