Geringonça 2.0 versão 3 ou versão 5?

11-10-2019
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Contas feitas, teremos três novos partidos com agendas muito próprias, de línguas (aparentemente) afiadas e prontos para agitar o sistema operativo de São Bento.

As eleições do passado dia 6 deixam antever um hemiciclo animado e, porventura, cheio de erros de código que vão deixar muito programador (leia-se político) à beira de um ataque de nervos.

A fazer fé nos anúncios e manifestações de compromisso de alguns dos recém-eleitos deputados, em concreto do Livre, Iniciativa Liberal e Chega, temos todos os ingredientes para assistirmos nos próximos tempos a uma inolvidável legislatura.

Os cadernos de encargos sobretudo destes três partidos foram claros. Não sei se empolados pelo calor e alegria da eleição, mas a verdade é que lá foram deixando os seus avisos, mais ou menos irrealistas.

O Livre, através das declarações da sua deputada eleita por Lisboa, de forma clara e inequívoca, fechou com a promessa de ser “o partido feminista radical”… entenda-se o que se quiser com isto.

A Iniciativa Liberal afirmou-se, declaradamente, como a voz de oposição ao socialismo. O Chega, bem, o Chega não desvendou detalhes da sua agenda, mas garantiu que o Parlamento nunca mais iria ser o mesmo.

Contas feitas, teremos três novos partidos com agendas muito próprias, de línguas (aparentemente) afiadas e prontos para agitar o sistema operativo de São Bento.

Não deixa de ser surpreendente esta pulverização eleitoral que permitiu a atual configuração parlamentar. Goste-se ou não, é a democracia a funcionar. Goste-se ou não, estas serão as personagens que nos vão entrar pelas casas adentro nos próximos tempos.

Estas posições assumidas, certamente inflamadas pelo calor da eleição, sofrerão naturais ajustamentos e, eventualmente, alguns recuos, sobretudo porque a irreverência pode levar a uma eleição mas, a médio prazo, pode levar à extinção. E não creio que nenhum destes partidos queira ser tratado como um vírus.

Será, no entanto, curioso ver como é que o Livre fará para defender a sua agenda ecológica que, aparentemente, está em rota de colisão com os Verdes e o PAN.

Não será menos importante perceber como vai posicionar-se para concretizar as ideias de esquerda antifascista, antirracista e, claro está, feminista radical.

Será igualmente interessante ver como o Iniciativa Liberal combaterá o tal socialismo. Irão os professados “rebeldes responsáveis” fazer uma marcação cerrada ao PS ou estarão mais focados no BE ou na CDU? Terá algo a contestar junto do PSD ou procurará crescer sobre os restos mortais do CDS? Como irá promover a ideia de anti-Estado impositor-mor? Vamos assistir à desregulação do Estado?

Depois temos o Chega, porventura o mais ambicioso dos três. O único que avançou com a promessa de triplicar o número de mandatos a quatro anos e a tomada do poder a oito anos.

Irreal? Honestamente, depois destas eleições e dos diversos fenómenos ao estilo do Chega por essa Europa fora, já não duvido de nada.

Foi, sem sombra de dúvidas, o partido que mais afirmou a sua posição e, populista ou não e irreal ou não, deixou clara uma promessa de mudança de paradigma: menos deputados e uma intransigente defesa dos esquecidos do Estado de direito. A seguir com atenção, pois o seu líder conseguiu em muito pouco tempo passar de comentador desportivo a deputado, com uma tática claramente de ataque.

A fechar este novo sistema operativo teremos a geringonça 2.0, a qual, como qualquer atualização, terá necessariamente mais soluções e maior complexidade. E esse será o maior desafio do programador – leia-se o primeiro-ministro, António Costa.

Será muito interessante ver por qual dos modelos possíveis o primeiro-ministro vai optar, se pela gerigonça 2.0v3 ou pela gerigonça 2.0v5.

Se a primeira poderá dar mais garantias de fiabilidade, muito embora, neste novo sistema operativo, um dos elementos dê sinais de bug, a segunda dá claramente maior versatilidade, mas alguma instabilidade.

Em suma, António Costa terá de revisitar manuais antigos e comprovar os seus méritos de programador exímio.

Escreve à quinta-feira

Contas feitas, teremos três novos partidos com agendas muito próprias, de línguas (aparentemente) afiadas e prontos para agitar o sistema operativo de São Bento.

As eleições do passado dia 6 deixam antever um hemiciclo animado e, porventura, cheio de erros de código que vão deixar muito programador (leia-se político) à beira de um ataque de nervos.

A fazer fé nos anúncios e manifestações de compromisso de alguns dos recém-eleitos deputados, em concreto do Livre, Iniciativa Liberal e Chega, temos todos os ingredientes para assistirmos nos próximos tempos a uma inolvidável legislatura.

Os cadernos de encargos sobretudo destes três partidos foram claros. Não sei se empolados pelo calor e alegria da eleição, mas a verdade é que lá foram deixando os seus avisos, mais ou menos irrealistas.

O Livre, através das declarações da sua deputada eleita por Lisboa, de forma clara e inequívoca, fechou com a promessa de ser “o partido feminista radical”… entenda-se o que se quiser com isto.

A Iniciativa Liberal afirmou-se, declaradamente, como a voz de oposição ao socialismo. O Chega, bem, o Chega não desvendou detalhes da sua agenda, mas garantiu que o Parlamento nunca mais iria ser o mesmo.

Contas feitas, teremos três novos partidos com agendas muito próprias, de línguas (aparentemente) afiadas e prontos para agitar o sistema operativo de São Bento.

Não deixa de ser surpreendente esta pulverização eleitoral que permitiu a atual configuração parlamentar. Goste-se ou não, é a democracia a funcionar. Goste-se ou não, estas serão as personagens que nos vão entrar pelas casas adentro nos próximos tempos.

Estas posições assumidas, certamente inflamadas pelo calor da eleição, sofrerão naturais ajustamentos e, eventualmente, alguns recuos, sobretudo porque a irreverência pode levar a uma eleição mas, a médio prazo, pode levar à extinção. E não creio que nenhum destes partidos queira ser tratado como um vírus.

Será, no entanto, curioso ver como é que o Livre fará para defender a sua agenda ecológica que, aparentemente, está em rota de colisão com os Verdes e o PAN.

Não será menos importante perceber como vai posicionar-se para concretizar as ideias de esquerda antifascista, antirracista e, claro está, feminista radical.

Será igualmente interessante ver como o Iniciativa Liberal combaterá o tal socialismo. Irão os professados “rebeldes responsáveis” fazer uma marcação cerrada ao PS ou estarão mais focados no BE ou na CDU? Terá algo a contestar junto do PSD ou procurará crescer sobre os restos mortais do CDS? Como irá promover a ideia de anti-Estado impositor-mor? Vamos assistir à desregulação do Estado?

Depois temos o Chega, porventura o mais ambicioso dos três. O único que avançou com a promessa de triplicar o número de mandatos a quatro anos e a tomada do poder a oito anos.

Irreal? Honestamente, depois destas eleições e dos diversos fenómenos ao estilo do Chega por essa Europa fora, já não duvido de nada.

Foi, sem sombra de dúvidas, o partido que mais afirmou a sua posição e, populista ou não e irreal ou não, deixou clara uma promessa de mudança de paradigma: menos deputados e uma intransigente defesa dos esquecidos do Estado de direito. A seguir com atenção, pois o seu líder conseguiu em muito pouco tempo passar de comentador desportivo a deputado, com uma tática claramente de ataque.

A fechar este novo sistema operativo teremos a geringonça 2.0, a qual, como qualquer atualização, terá necessariamente mais soluções e maior complexidade. E esse será o maior desafio do programador – leia-se o primeiro-ministro, António Costa.

Será muito interessante ver por qual dos modelos possíveis o primeiro-ministro vai optar, se pela gerigonça 2.0v3 ou pela gerigonça 2.0v5.

Se a primeira poderá dar mais garantias de fiabilidade, muito embora, neste novo sistema operativo, um dos elementos dê sinais de bug, a segunda dá claramente maior versatilidade, mas alguma instabilidade.

Em suma, António Costa terá de revisitar manuais antigos e comprovar os seus méritos de programador exímio.

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