O quotidiano traduzido em música

30-12-2017
marcar artigo

A ilusão de uma "carreira a sério" na música começou cedo. Tinha 16 anos quando o manager da "primeira banda a sério", os Casino, a convenceu a trocar a cidade natal por Lisboa. Na altura pareceu boa ideia", e mudou-se com o colega Filipe Pacheco. Chegaram a editar um disco pela EMI, mas a história do grupo ficou por aí. "Acho que hoje não passaria pela cabeça de nenhuma banda do Porto vir para Lisboa por essa razão, e ainda bem." A forma como reagiram os pais diz muito deles - e da filha. "Perceberam que era aquilo que eu queria fazer e sempre fui muito responsável. Fiz um acordo de que não iria descurar a escola, que ia para a Faculdade, etc.".

A música não foi uma descoberta de adolescente. Começou a brincar (e depois a aprender) nas teclas do piano da tia-avó antes de saber ler e escrever. Mais tarde, cumprindo uma tradição familiar, frequentou uma escola de música. "Desisti demasiado cedo mas aprendi a tocar piano, fiquei com as bases." Ainda criança e já escrevia canções. A língua inglesa surgiu-lhe com "naturalidade" - e não foi apenas para escrever e cantar. Terminado o curso de Comunicação e Cultura na Faculdade de Letras (hoje chama-se Ciências da Cultura), ainda sem saber bem o que fazer em termos profissionais, respondeu a um anúncio para fazer traduções.

Estreou-se em francês, mas tem sido a verter a língua de Shakespeare para a portuguesa (e vice-versa) que tem trabalhado. Desde 2007 que faz tradução de filmes, catálogos de exposições e livros: romances, ensaios, livros para crianças... "Não me incomoda nada ter outra profissão em paralelo, porque estou convencida de que uma coisa alimenta a outra e aquilo que faço em música é só o que gosto de fazer, seja como Minta & The Brook Trout como noutros projetos em que participo ou colaboro." É um trabalho com o qual se identifica e mostra-se "contente com o equilíbrio" das duas atividades na sua vida. "Gosto de coisas que puxem pela cabeça, que tenham um estilo próprio e depois tentar reproduzi-lo na língua de chegada. Prefiro coisas mais longas, dá para entranhar mais no estilo. Já me diverti imenso a fazer traduções de romances como de argumentos de cinema", conta sobre o ofício. Num cantinho especial guarda o primeiro romance que traduziu, Minha Ilha, Minha Casa, de Alfred Lewis, um açoriano que emigrou para os Estados Unidos.

Fechar Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão. Subscrever

A vida universitária coincidiu com um interregno de "três ou quatro anos" na música. Quando regressou, em 2006, nasceu Minta, primeiro a solo com gravações caseiras, mais tarde acompanhada de um grupo que hoje é composto por Mariana Ricardo (com quem divide um "estúdio minimal"), Margarida Campelo, Tomás Sousa e Bruno Pernadas (em cujo grupo, por sua vez, canta e toca guitarra e percussões). Minta & The Brook Trout conta três álbuns de originais e um ao vivo. E o que é Minta? "Musicalmente foi mudando de cor e de letras também, embora seja sempre eu a escrevê-las. No limite são canções pop. Cada vez soa mais a Minta."

Além deste grupo, Francisca Cortesão faz parte da formação de Mão Verde, o projeto musical para crianças de Capicua e Pedro Geraldes, no qual toca baixo e canta; e de They"re Heading West, quarteto que desde 2011 toca uma vez por mês na Casa Independente, com um convidado diferente. Este grupo nasceu com o objetivo de viajarem pela Costa Oeste dos Estados Unidos, o que aconteceu em 2011 e 2014. "E havemos de tornar a ir, porque os nossos concertos são para guardar dinheiro para viajar."

Em Portugal, entre 2009 e 2012 também viajou ao substituir Rita Redshoes na formação de David Fonseca. "Tive imenso gosto em trabalhar e com quem aprendi muito", reconhece.

A ilusão de uma "carreira a sério" na música começou cedo. Tinha 16 anos quando o manager da "primeira banda a sério", os Casino, a convenceu a trocar a cidade natal por Lisboa. Na altura pareceu boa ideia", e mudou-se com o colega Filipe Pacheco. Chegaram a editar um disco pela EMI, mas a história do grupo ficou por aí. "Acho que hoje não passaria pela cabeça de nenhuma banda do Porto vir para Lisboa por essa razão, e ainda bem." A forma como reagiram os pais diz muito deles - e da filha. "Perceberam que era aquilo que eu queria fazer e sempre fui muito responsável. Fiz um acordo de que não iria descurar a escola, que ia para a Faculdade, etc.".

A música não foi uma descoberta de adolescente. Começou a brincar (e depois a aprender) nas teclas do piano da tia-avó antes de saber ler e escrever. Mais tarde, cumprindo uma tradição familiar, frequentou uma escola de música. "Desisti demasiado cedo mas aprendi a tocar piano, fiquei com as bases." Ainda criança e já escrevia canções. A língua inglesa surgiu-lhe com "naturalidade" - e não foi apenas para escrever e cantar. Terminado o curso de Comunicação e Cultura na Faculdade de Letras (hoje chama-se Ciências da Cultura), ainda sem saber bem o que fazer em termos profissionais, respondeu a um anúncio para fazer traduções.

Estreou-se em francês, mas tem sido a verter a língua de Shakespeare para a portuguesa (e vice-versa) que tem trabalhado. Desde 2007 que faz tradução de filmes, catálogos de exposições e livros: romances, ensaios, livros para crianças... "Não me incomoda nada ter outra profissão em paralelo, porque estou convencida de que uma coisa alimenta a outra e aquilo que faço em música é só o que gosto de fazer, seja como Minta & The Brook Trout como noutros projetos em que participo ou colaboro." É um trabalho com o qual se identifica e mostra-se "contente com o equilíbrio" das duas atividades na sua vida. "Gosto de coisas que puxem pela cabeça, que tenham um estilo próprio e depois tentar reproduzi-lo na língua de chegada. Prefiro coisas mais longas, dá para entranhar mais no estilo. Já me diverti imenso a fazer traduções de romances como de argumentos de cinema", conta sobre o ofício. Num cantinho especial guarda o primeiro romance que traduziu, Minha Ilha, Minha Casa, de Alfred Lewis, um açoriano que emigrou para os Estados Unidos.

Fechar Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão. Subscrever

A vida universitária coincidiu com um interregno de "três ou quatro anos" na música. Quando regressou, em 2006, nasceu Minta, primeiro a solo com gravações caseiras, mais tarde acompanhada de um grupo que hoje é composto por Mariana Ricardo (com quem divide um "estúdio minimal"), Margarida Campelo, Tomás Sousa e Bruno Pernadas (em cujo grupo, por sua vez, canta e toca guitarra e percussões). Minta & The Brook Trout conta três álbuns de originais e um ao vivo. E o que é Minta? "Musicalmente foi mudando de cor e de letras também, embora seja sempre eu a escrevê-las. No limite são canções pop. Cada vez soa mais a Minta."

Além deste grupo, Francisca Cortesão faz parte da formação de Mão Verde, o projeto musical para crianças de Capicua e Pedro Geraldes, no qual toca baixo e canta; e de They"re Heading West, quarteto que desde 2011 toca uma vez por mês na Casa Independente, com um convidado diferente. Este grupo nasceu com o objetivo de viajarem pela Costa Oeste dos Estados Unidos, o que aconteceu em 2011 e 2014. "E havemos de tornar a ir, porque os nossos concertos são para guardar dinheiro para viajar."

Em Portugal, entre 2009 e 2012 também viajou ao substituir Rita Redshoes na formação de David Fonseca. "Tive imenso gosto em trabalhar e com quem aprendi muito", reconhece.

marcar artigo