Rio embala no Chiado numa arruada de “fazer lembrar outros tempos”

18-10-2019
marcar artigo

Em absoluta apoteose. Foi assim que terminou, esta sexta-feira, a campanha eleitoral do PSD, com uma arruada no Chiado, em Lisboa, seguida de um mini-comício (que não era para ser) no histórico Largo do Carmo. Os sociais-democratas – dos muitos apoiantes a alguns (poucos) dos críticos de Rui Rio -, marcharam ao lado do presidente do partido, desde a emblemática Brasileira até ao local onde Marcello Caetano se rendeu às forças da Revolução, a 25 de Abril de 1974.

A mobilização foi tal que um destacado social-democrata chegou a gracejar com a VISÃO que era algo digno de “fazer lembrar outros tempos”. Seria uma alusão às arruadas da era Pedro Passos Coelho? Não esclareceu, mas a verdade é que a mancha “laranja” preenchia mais de metade da Rua Almeida Garret.

O ambiente, esse, apesar da morte de Diogo Freitas do Amaral, era de festa. Os miúdos da JSD não deram descanso à voz e embalaram a enorme comitiva de Rio. Nas músicas escolhidas, novas alusões ao familygate, pedidos de fim “da bandalheira” de nomeações de familiares socialistas para o aparelho do Estado e muitos gritos de “Vitória, vitória!”.

Os semblantes das figuras de proa do riísmo não enganavam. O paralelismo faz-se sozinho: os dirigentes do partido – de David Justino a Salvador Malheiro, passando por Paulo Mota Pinto, José Silvano e Maló de Abreu – pareciam ter noção de que o PS, qual lebre, adormeceu a meio desta corrida de fundo e subestimou a resistência e obstinação da tartaruga.

Sendo certo que as sondagens continuam a apontar para um cenário de derrota, as expectativas há um mês estavam tão mais baixas que perder por poucos pontos percentuais poderá saber a vitória. E, embora ninguém o assuma, a exaltação de António Costa quando um transeunte, pouco antes, também em Lisboa, o acusou de estar de férias quando ocorreram os incêndios em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos voltou a acalentar o sonho de um triunfo. Mesmo que seja por “poucochinho”.

E se o primeiro-ministro acusou a direita de colocar um peão no caminho dos socialistas para provocar o caos, Rio não entrou no jogo e devolveu com calma: “Acho que as pessoas me conhecem. Alguma vez eu ia fazer semelhante coisa? Eu?! Por amor de Deus…”

Perante a insistência dos jornalistas, ainda antes de a caravana iniciar a descida, o líder do PSD voltou a demarcar-se e aproveitou para um statement político: “Lamento que o dr. António Costa diga que a direita o fez — não sei se a direita fez ou não, o centro não fez de certeza e penso que a direita também não fez. Eu falo pelo centro porque nós, no PSD, não somos de direita.”

Os recados ficaram guardados para o palco instalado no Largo do Carmo, ao qual a multidão chegou às 19h05, depois de 40 minutos de sobe-e-desce. A cabeça de lista no círculo de Lisboa, Filipa Roseta, pediu que os eleitores votem no PSD para que o PS não fique “de mãos livres”, ignorando as condições de escolas, hospitais e esquadras no distrito e Rio aproveitou a boleia para recordar algumas bandeiras programáticas do partido – da saúde à justiça, com incursões pela educação, sistema político ou descentralização.

E prosseguiu. Usou o simbolismo do local escolhido para terminar a volta nacional para contestar o “politicamente correto”, que “muitas vezes no surge como uma imposição das minorias sobre as maiorias” e dirigiu-se aos abstencionistas, que, na sua perspetiva, ao abdicarem de ir às urnas, “indiretamente estão a reforçar e a votar naquilo que existe”. Pediu mudança e, de caminho, procurou colocar o PSD como força charneira do regime, isto é, na zona onde julga que pode caçar mais eleitores até domingo: “A nossa mudança não é para a esquerda nem para a direita. É para o centro, onde está o equilíbrio e a moderação. O PSD é o partido do centro.”

Já perto do final de uma intervenção que durou 12 minutos e meio, Rio pôs sal numa ferida que o PS ainda não conseguiu sarar e que a JSD tem usado quase todos os dias nos seus cânticos: o familygate. “Não está no nosso programa, mas está na nossa maneira de ser, que é uma postura de Estado”, atirou, para concretizar que o partido não irá para o poder “inundar a máquina do Estado com familiares e amigos do PSD”.

E também avisou que essa “postura de Estado” implica a responsabilidade de ser capaz de, “com os outros”, fazer “as reformas de que o País necessita”. Não clarificou se a manifestará estando no Governo ou na oposição, mas ficou no ar a ideia de que Rio vai andar por aí mesmo que perca no domingo. Minutos antes, Manuela Fereira Leite garantira, aliás, não ter quaisquer dúvidas de que o líder poderia continuar. Quem andou a afiar as facas está avisado.

Em absoluta apoteose. Foi assim que terminou, esta sexta-feira, a campanha eleitoral do PSD, com uma arruada no Chiado, em Lisboa, seguida de um mini-comício (que não era para ser) no histórico Largo do Carmo. Os sociais-democratas – dos muitos apoiantes a alguns (poucos) dos críticos de Rui Rio -, marcharam ao lado do presidente do partido, desde a emblemática Brasileira até ao local onde Marcello Caetano se rendeu às forças da Revolução, a 25 de Abril de 1974.

A mobilização foi tal que um destacado social-democrata chegou a gracejar com a VISÃO que era algo digno de “fazer lembrar outros tempos”. Seria uma alusão às arruadas da era Pedro Passos Coelho? Não esclareceu, mas a verdade é que a mancha “laranja” preenchia mais de metade da Rua Almeida Garret.

O ambiente, esse, apesar da morte de Diogo Freitas do Amaral, era de festa. Os miúdos da JSD não deram descanso à voz e embalaram a enorme comitiva de Rio. Nas músicas escolhidas, novas alusões ao familygate, pedidos de fim “da bandalheira” de nomeações de familiares socialistas para o aparelho do Estado e muitos gritos de “Vitória, vitória!”.

Os semblantes das figuras de proa do riísmo não enganavam. O paralelismo faz-se sozinho: os dirigentes do partido – de David Justino a Salvador Malheiro, passando por Paulo Mota Pinto, José Silvano e Maló de Abreu – pareciam ter noção de que o PS, qual lebre, adormeceu a meio desta corrida de fundo e subestimou a resistência e obstinação da tartaruga.

Sendo certo que as sondagens continuam a apontar para um cenário de derrota, as expectativas há um mês estavam tão mais baixas que perder por poucos pontos percentuais poderá saber a vitória. E, embora ninguém o assuma, a exaltação de António Costa quando um transeunte, pouco antes, também em Lisboa, o acusou de estar de férias quando ocorreram os incêndios em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos voltou a acalentar o sonho de um triunfo. Mesmo que seja por “poucochinho”.

E se o primeiro-ministro acusou a direita de colocar um peão no caminho dos socialistas para provocar o caos, Rio não entrou no jogo e devolveu com calma: “Acho que as pessoas me conhecem. Alguma vez eu ia fazer semelhante coisa? Eu?! Por amor de Deus…”

Perante a insistência dos jornalistas, ainda antes de a caravana iniciar a descida, o líder do PSD voltou a demarcar-se e aproveitou para um statement político: “Lamento que o dr. António Costa diga que a direita o fez — não sei se a direita fez ou não, o centro não fez de certeza e penso que a direita também não fez. Eu falo pelo centro porque nós, no PSD, não somos de direita.”

Os recados ficaram guardados para o palco instalado no Largo do Carmo, ao qual a multidão chegou às 19h05, depois de 40 minutos de sobe-e-desce. A cabeça de lista no círculo de Lisboa, Filipa Roseta, pediu que os eleitores votem no PSD para que o PS não fique “de mãos livres”, ignorando as condições de escolas, hospitais e esquadras no distrito e Rio aproveitou a boleia para recordar algumas bandeiras programáticas do partido – da saúde à justiça, com incursões pela educação, sistema político ou descentralização.

E prosseguiu. Usou o simbolismo do local escolhido para terminar a volta nacional para contestar o “politicamente correto”, que “muitas vezes no surge como uma imposição das minorias sobre as maiorias” e dirigiu-se aos abstencionistas, que, na sua perspetiva, ao abdicarem de ir às urnas, “indiretamente estão a reforçar e a votar naquilo que existe”. Pediu mudança e, de caminho, procurou colocar o PSD como força charneira do regime, isto é, na zona onde julga que pode caçar mais eleitores até domingo: “A nossa mudança não é para a esquerda nem para a direita. É para o centro, onde está o equilíbrio e a moderação. O PSD é o partido do centro.”

Já perto do final de uma intervenção que durou 12 minutos e meio, Rio pôs sal numa ferida que o PS ainda não conseguiu sarar e que a JSD tem usado quase todos os dias nos seus cânticos: o familygate. “Não está no nosso programa, mas está na nossa maneira de ser, que é uma postura de Estado”, atirou, para concretizar que o partido não irá para o poder “inundar a máquina do Estado com familiares e amigos do PSD”.

E também avisou que essa “postura de Estado” implica a responsabilidade de ser capaz de, “com os outros”, fazer “as reformas de que o País necessita”. Não clarificou se a manifestará estando no Governo ou na oposição, mas ficou no ar a ideia de que Rio vai andar por aí mesmo que perca no domingo. Minutos antes, Manuela Fereira Leite garantira, aliás, não ter quaisquer dúvidas de que o líder poderia continuar. Quem andou a afiar as facas está avisado.

marcar artigo