Marisa Matias: a candidata quer levar a “esperança” a Belém

22-01-2016
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Com um orçamento de cerca de 455 mil euros, esta candidatura não tem no documento entregue no Tribunal Constitucional qualquer contribuição monetária do Bloco de Esquerda.

O primeiro slogan dos outdoors da candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda deu que falar. O “uma por todos” originou expressões como “uma para todos”. Nas redes sociais, em conversas, ainda se comenta a aparência de Marisa Matias, uma feminista que lamenta as “derivas criativas” feitas em redor da frase. Considera-as discriminatórias, sexistas. Diz que, se em vez dela, no cartaz estivesse um homem, ninguém faria esses comentários.

Os argumentos são repetidos pelo director de campanha, Fabian Figueiredo. Nem é assunto que lhe interesse. A não ser por este prisma: se servir para falar de discriminação, de igualdade entre homens e mulheres, a discussão é outra. Agora, passar a campanha a falar da aparência de Marisa Matias, em vez do seu programa, não lhe interessa: “São comentários de situações laterais que pouco importam.”

O que interessa a Fabian Figueiredo é falar das duas principais mensagens “que se interligam” e que a candidata levará para a estrada. Primeira: “Como o país tem olhado e consentido a libertinagem do sistema financeiro” – os contribuintes não podem continuar “a pagar os desvarios da banca”, num país que “sofreu um duríssimo plano da troika” que abalou o Estado Social.

Segunda: “A recuperação de rendimentos”, almejada neste “novo ciclo político”, no qual a candidatura de Marisa Matias quer ter um “papel”. Uma candidatura que tem como “rival” o rosto da direita, Marcelo Rebelo de Sousa, e que quer levar um “aliado” até Belém, de forma a não “defraudar a esperança” criada com a nova maioria parlamentar de esquerda.

Marisa Matias diz muitas vezes que quer “dar voz ao país invisível, aos que não têm o mesmo poder das elites.” A mensagem é clara: “lutar” pelas condições de vida de quem vive em Portugal, de quem foi obrigado “a emigrar durante o período da troika”, combater a precariedade.

“Marisa Matias pertence a uma geração que beneficiou do Estado Social, mas que também viu a sua destruição, que em muitos casos não beneficiou dele. Uma geração que, quando chegou ao mercado de trabalho, foi forçada a emigrar”, continua Fabian Figueiredo. Quer contribuir para o “virar de página das políticas de empobrecimento”.

Por isso, outro dos slogans é “conquistar a esperança”. Quando, mais tarde, fala com o PÚBLICO, Marisa Matias insiste: “Estamos a viver um novo ciclo político em Portugal, não podemos deixar que esse ciclo pare em Belém.”

Tal como Edgar Silva, não tem sede própria, usa a do Bloco, na Rua da Palma, em Lisboa. E também defende que “não há candidaturas neutras”. Já foi confrontada com a questão: como pode apontar o dedo ao actual Presidente da República, por servir os interesses do seu partido, quando é apoiada pelo Bloco?

Numa entrevista a João Adelino Faria, recusou fazer o “discurso de demonização dos partidos” e argumentou que o mais importante “em matéria de independência” diz respeito a “interesses particulares”, nomeadamente aos dos “sectores económicos e financeiros” que se “têm sobreposto” aos das pessoas.

Para além disso, escuda-se na Constituição. Ao PÚBLICO, chegou a afirmar que, se fosse eleita, “seria provavelmente a Presidente mais constitucional que Portugal alguma vez teve”. Revê-se no conteúdo de cada palavra.

Não tem comissão de honra: “Todos os apoiantes são iguais, quisemos trazer essa igualdade para a campanha”, esclarece Fabian Figueiredo. Usam as redes sociais e a página da candidata para divulgar vídeos de apoio. Alguns exemplos de personalidades da cultura que apoiam a eurodeputada: o músico Sérgio Godinho; o dramaturgo Abel Neves; Tó Trips dos Dead Combo; o pianista António Pinho Vargas; a jornalista Diana Andringa; as escritoras Luísa Costa Gomes e Ana Luísa Amaral; o crítico de jazz José Duarte. O mandatário nacional é o actor António Capelo. O líder do Podemos, Pablo Iglesias, também estará num comício em Lisboa para dar o seu apoio.

Marisa Matias já começou a percorrer o país. Agora, nestes 15 dias, passará por Coimbra, Porto, Madeira, Lisboa, Santarém, Entroncamento, Leiria, Aveiro, Olhão, Famalicão, Braga, Almada. A noite eleitoral é no Porto. Na estrada, andará uma carrinha, com a candidata; Luís Ribeiro (condutor); Fabian Figueiredo; António Capelo; Paulete Marques (fotógrafa); Cláudia Oliveira (assessora); Catarina Oliveira (assessora de imprensa).

“Vamos ter contacto directo com as pessoas, falar com elas, ouvi-las. Já tem sido assim, estivemos duas horas no mercado do Fundão”, conta Fabian Figueiredo. Marisa Matias acrescenta: “As campanhas também servem para ouvir, mais do que para falar.” Estão previstas visitas a instituições culturais, centros de dia, escolas, hospitais, arruadas, sessões públicas, comícios.

A candidatura conta com voluntários, de jovens a reformados, mas também foram contratadas pessoas: a bloquista Elsa Marques, para trabalho de produção, Miguel Bordalo no vídeo (não é militante) e João Abecassis, na pós-produção e realização (também não é militante).

O orçamento é de cerca de 455 mil euros, não tem contribuição do partido. Para propaganda, comunicação impressa e digital têm destinados 74 mil euros; para estruturas, cartazes e telas, 54 mil euros; para comícios e espectáculos cerca de 144 mil euros.

Com um orçamento de cerca de 455 mil euros, esta candidatura não tem no documento entregue no Tribunal Constitucional qualquer contribuição monetária do Bloco de Esquerda.

O primeiro slogan dos outdoors da candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda deu que falar. O “uma por todos” originou expressões como “uma para todos”. Nas redes sociais, em conversas, ainda se comenta a aparência de Marisa Matias, uma feminista que lamenta as “derivas criativas” feitas em redor da frase. Considera-as discriminatórias, sexistas. Diz que, se em vez dela, no cartaz estivesse um homem, ninguém faria esses comentários.

Os argumentos são repetidos pelo director de campanha, Fabian Figueiredo. Nem é assunto que lhe interesse. A não ser por este prisma: se servir para falar de discriminação, de igualdade entre homens e mulheres, a discussão é outra. Agora, passar a campanha a falar da aparência de Marisa Matias, em vez do seu programa, não lhe interessa: “São comentários de situações laterais que pouco importam.”

O que interessa a Fabian Figueiredo é falar das duas principais mensagens “que se interligam” e que a candidata levará para a estrada. Primeira: “Como o país tem olhado e consentido a libertinagem do sistema financeiro” – os contribuintes não podem continuar “a pagar os desvarios da banca”, num país que “sofreu um duríssimo plano da troika” que abalou o Estado Social.

Segunda: “A recuperação de rendimentos”, almejada neste “novo ciclo político”, no qual a candidatura de Marisa Matias quer ter um “papel”. Uma candidatura que tem como “rival” o rosto da direita, Marcelo Rebelo de Sousa, e que quer levar um “aliado” até Belém, de forma a não “defraudar a esperança” criada com a nova maioria parlamentar de esquerda.

Marisa Matias diz muitas vezes que quer “dar voz ao país invisível, aos que não têm o mesmo poder das elites.” A mensagem é clara: “lutar” pelas condições de vida de quem vive em Portugal, de quem foi obrigado “a emigrar durante o período da troika”, combater a precariedade.

“Marisa Matias pertence a uma geração que beneficiou do Estado Social, mas que também viu a sua destruição, que em muitos casos não beneficiou dele. Uma geração que, quando chegou ao mercado de trabalho, foi forçada a emigrar”, continua Fabian Figueiredo. Quer contribuir para o “virar de página das políticas de empobrecimento”.

Por isso, outro dos slogans é “conquistar a esperança”. Quando, mais tarde, fala com o PÚBLICO, Marisa Matias insiste: “Estamos a viver um novo ciclo político em Portugal, não podemos deixar que esse ciclo pare em Belém.”

Tal como Edgar Silva, não tem sede própria, usa a do Bloco, na Rua da Palma, em Lisboa. E também defende que “não há candidaturas neutras”. Já foi confrontada com a questão: como pode apontar o dedo ao actual Presidente da República, por servir os interesses do seu partido, quando é apoiada pelo Bloco?

Numa entrevista a João Adelino Faria, recusou fazer o “discurso de demonização dos partidos” e argumentou que o mais importante “em matéria de independência” diz respeito a “interesses particulares”, nomeadamente aos dos “sectores económicos e financeiros” que se “têm sobreposto” aos das pessoas.

Para além disso, escuda-se na Constituição. Ao PÚBLICO, chegou a afirmar que, se fosse eleita, “seria provavelmente a Presidente mais constitucional que Portugal alguma vez teve”. Revê-se no conteúdo de cada palavra.

Não tem comissão de honra: “Todos os apoiantes são iguais, quisemos trazer essa igualdade para a campanha”, esclarece Fabian Figueiredo. Usam as redes sociais e a página da candidata para divulgar vídeos de apoio. Alguns exemplos de personalidades da cultura que apoiam a eurodeputada: o músico Sérgio Godinho; o dramaturgo Abel Neves; Tó Trips dos Dead Combo; o pianista António Pinho Vargas; a jornalista Diana Andringa; as escritoras Luísa Costa Gomes e Ana Luísa Amaral; o crítico de jazz José Duarte. O mandatário nacional é o actor António Capelo. O líder do Podemos, Pablo Iglesias, também estará num comício em Lisboa para dar o seu apoio.

Marisa Matias já começou a percorrer o país. Agora, nestes 15 dias, passará por Coimbra, Porto, Madeira, Lisboa, Santarém, Entroncamento, Leiria, Aveiro, Olhão, Famalicão, Braga, Almada. A noite eleitoral é no Porto. Na estrada, andará uma carrinha, com a candidata; Luís Ribeiro (condutor); Fabian Figueiredo; António Capelo; Paulete Marques (fotógrafa); Cláudia Oliveira (assessora); Catarina Oliveira (assessora de imprensa).

“Vamos ter contacto directo com as pessoas, falar com elas, ouvi-las. Já tem sido assim, estivemos duas horas no mercado do Fundão”, conta Fabian Figueiredo. Marisa Matias acrescenta: “As campanhas também servem para ouvir, mais do que para falar.” Estão previstas visitas a instituições culturais, centros de dia, escolas, hospitais, arruadas, sessões públicas, comícios.

A candidatura conta com voluntários, de jovens a reformados, mas também foram contratadas pessoas: a bloquista Elsa Marques, para trabalho de produção, Miguel Bordalo no vídeo (não é militante) e João Abecassis, na pós-produção e realização (também não é militante).

O orçamento é de cerca de 455 mil euros, não tem contribuição do partido. Para propaganda, comunicação impressa e digital têm destinados 74 mil euros; para estruturas, cartazes e telas, 54 mil euros; para comícios e espectáculos cerca de 144 mil euros.

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