Deputada do PSD diz ter registado José Silvano sem querer

10-12-2018
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A deputada do PSD Emília Cerqueira (à esq.) que validou as presenças de José Silvano no plenário

Emília Cerqueira, que é advogada, admite ter registado a presença do deputado e secretário-geral do PSD, José Silvano, nos plenários de 18 e 24 de outubro, em que não esteve presente, "sem se ter apercebido". A deputada social-democrata garante que tem a password do colega de bancada, "como é normal nas instituições", para aceder "documentos partilhados".

"Estes documentos só são possível de aceder a partir do computador dele", afirmou. "Quem nunca de vós partilhou uma password?", disparou a deputada aos jornalistas na conferência de imprensa que deu no Parlamento para esclarecer este caso.

"O deputado José Silvano nunca me pediu que o registasse no plenário e não existe um login próprio para presenças", garantiu Emília Cerqueira, frisando que as passwords dos deputados podem ser introduzidas em qualquer computador do Parlamento. "É um pecado capital ter usado" a password nesses dias [18 e 24 de outubro] para consultar documentos?

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Emília Cerqueira afirma que tem a password dos colegas mais próximos. "Tal sucede comigo e com o deputado José Silvano: tenho a password, não só eu, mas eu também".

"O deputado José Silvano nunca me pediu que o registasse no plenário e não existe um login próprio para presenças"

A parlamentar é tida como próxima do secretário-geral social-democrata. Segundo o Expresso, as imagens captadas pela ARTv provam que Emília Cerqueira era a deputada que estava sentada no computador à hora em que foi validada a presença de Silvano, nos dois dias em causa.

Emília Cerqueira, visivelmente exaltada, disse lamentar "profundamente que isto tenha acontecido" e que quem tem atacado José Silvano se mostre "preocupado como virgens ofendidas numa terra onde não há virgens".

E antecipando a pergunta dos jornalistas, num modo agressivo, levantou a questão: "Por que só falo agora?". Cerqueira fala passado uma semana de o caso de duas presenças marcadas no plenário indevidamente ao secretário-geral do PSD, porque "nunca imaginei que tivesse esta dimensão". E não podia "deixar que o lamaçal continuasse a desenvolver-se".

A deputada só telefonou a José Silvano a dar conta do que se poderia ter passado esta quinta-feira ao final da tarde, já depois da declaração que o deputado fizera à imprensa a dizer que não tinha pedido a ninguém para o registar e apelar a uma investigação da Procuradoria-Geral da República. "Estive numa audição ontem até às 21.30, e só quando saí é que apercebi da dimensão quando ontem vejo a declaração a imprensa. Nesse momento, sim, liguei ao deputado", disse.

Disparou ainda contra os colegas de bancada que terão denunciado o caso ao semanário Expresso, aos quais disse que ao contrário dele já terão marcado presença a outros deputados "intencionalmente". Defendeu de seguida Rui Rio que disse estar a ser vítima de um ataque sem precedentes como se fosse culpado de todos os males do mundo.

Já quando questionada pelos jornalistas, Emília Cerqueira admitiu que "agora" percebe "conscientemente" que, ao aceder ao computador de um colega seu, com a sua palavra-passe, estava a marcar presença desse deputado no sistema. "Na altura, não tinha essa noção."

Não tendo Silvano entrado antes no sistema, a deputada acabou por registar a presença daquele numa sessão plenária em que este não esteve - estava em Vila Real, num dia, e em Santarém, noutro. E insistiu na sua tese: "Não existe password de registo de presença."

Emília Cerqueira afastou a possibilidade de partilhar os ficheiros de outro modo. "Não há [maneira]", atirou, quando questionada sobre a possibilidade de ser usado um sistema de partilha de ficheiros.

Maria Emília e Sousa Cerqueira foi eleita pela primeira vez deputada em 2015, nesta XIII Legislatura, pelo círculo de Viana do Castelo. Por Viana, foram ainda eleitos Carlos Abreu Amorim e Luís Campos Ferreira.

Nascida em 1971, Emília Cerqueira licenciou-se em Direito e é também deputada municipal na Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez. No Parlamento, integra a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, entre outras comissões.

O registo de presenças pode ser feito de duas formas: manualmente, num livro de ponto, que é sobretudo usado nas comissões e reuniões de grupos parlamentares; e digitalmente, bastando para isso entrar no sistema com uma palavra-passe "pessoal e intransmissível", num qualquer computador do plenário. Os deputados não têm um lugar fixo, mas ao entrarem no sistema fica marcada a sua presença.

"Há mais gente que vai aprender com isto"

O vice-presidente do PSD David Justino, que se desdobrou em declarações à imprensa nesta sexta-feira admitiu na SIC Notícias que deveria ter havido maior celeridade na resposta que foi dada a este caso. O que não aconteceu porque ninguém no partido avaliou que pudesse ser uma polémica como esta. "Houve uma desvalorização", admitiu.

O dirigente social-democrata questionou: "Julga que é só o deputado José Silvano que partilha a password?" E apostou que "há muita gente que vai aprender com isto".

David Justino defendeu ainda se deve abrir o debate sobre se os dirigentes partidários devem ficar impedidos de ser deputados e, em defesa das ausências do secretário-geral do PSD, lembrou que frequentemente os líderes do PCP, BE e CDS, respetivamente, Jerónimo de Sousa, Catarina Martins e Assunção Cristas, não estão presentes nos trabalhos parlamentares apesar de serem deputados.

O vice-presidente social-democrata enquandrou ainda este caso num "ataque sistemático" a Rui Rio.

A deputada do PSD Emília Cerqueira (à esq.) que validou as presenças de José Silvano no plenário

Emília Cerqueira, que é advogada, admite ter registado a presença do deputado e secretário-geral do PSD, José Silvano, nos plenários de 18 e 24 de outubro, em que não esteve presente, "sem se ter apercebido". A deputada social-democrata garante que tem a password do colega de bancada, "como é normal nas instituições", para aceder "documentos partilhados".

"Estes documentos só são possível de aceder a partir do computador dele", afirmou. "Quem nunca de vós partilhou uma password?", disparou a deputada aos jornalistas na conferência de imprensa que deu no Parlamento para esclarecer este caso.

"O deputado José Silvano nunca me pediu que o registasse no plenário e não existe um login próprio para presenças", garantiu Emília Cerqueira, frisando que as passwords dos deputados podem ser introduzidas em qualquer computador do Parlamento. "É um pecado capital ter usado" a password nesses dias [18 e 24 de outubro] para consultar documentos?

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Emília Cerqueira afirma que tem a password dos colegas mais próximos. "Tal sucede comigo e com o deputado José Silvano: tenho a password, não só eu, mas eu também".

"O deputado José Silvano nunca me pediu que o registasse no plenário e não existe um login próprio para presenças"

A parlamentar é tida como próxima do secretário-geral social-democrata. Segundo o Expresso, as imagens captadas pela ARTv provam que Emília Cerqueira era a deputada que estava sentada no computador à hora em que foi validada a presença de Silvano, nos dois dias em causa.

Emília Cerqueira, visivelmente exaltada, disse lamentar "profundamente que isto tenha acontecido" e que quem tem atacado José Silvano se mostre "preocupado como virgens ofendidas numa terra onde não há virgens".

E antecipando a pergunta dos jornalistas, num modo agressivo, levantou a questão: "Por que só falo agora?". Cerqueira fala passado uma semana de o caso de duas presenças marcadas no plenário indevidamente ao secretário-geral do PSD, porque "nunca imaginei que tivesse esta dimensão". E não podia "deixar que o lamaçal continuasse a desenvolver-se".

A deputada só telefonou a José Silvano a dar conta do que se poderia ter passado esta quinta-feira ao final da tarde, já depois da declaração que o deputado fizera à imprensa a dizer que não tinha pedido a ninguém para o registar e apelar a uma investigação da Procuradoria-Geral da República. "Estive numa audição ontem até às 21.30, e só quando saí é que apercebi da dimensão quando ontem vejo a declaração a imprensa. Nesse momento, sim, liguei ao deputado", disse.

Disparou ainda contra os colegas de bancada que terão denunciado o caso ao semanário Expresso, aos quais disse que ao contrário dele já terão marcado presença a outros deputados "intencionalmente". Defendeu de seguida Rui Rio que disse estar a ser vítima de um ataque sem precedentes como se fosse culpado de todos os males do mundo.

Já quando questionada pelos jornalistas, Emília Cerqueira admitiu que "agora" percebe "conscientemente" que, ao aceder ao computador de um colega seu, com a sua palavra-passe, estava a marcar presença desse deputado no sistema. "Na altura, não tinha essa noção."

Não tendo Silvano entrado antes no sistema, a deputada acabou por registar a presença daquele numa sessão plenária em que este não esteve - estava em Vila Real, num dia, e em Santarém, noutro. E insistiu na sua tese: "Não existe password de registo de presença."

Emília Cerqueira afastou a possibilidade de partilhar os ficheiros de outro modo. "Não há [maneira]", atirou, quando questionada sobre a possibilidade de ser usado um sistema de partilha de ficheiros.

Maria Emília e Sousa Cerqueira foi eleita pela primeira vez deputada em 2015, nesta XIII Legislatura, pelo círculo de Viana do Castelo. Por Viana, foram ainda eleitos Carlos Abreu Amorim e Luís Campos Ferreira.

Nascida em 1971, Emília Cerqueira licenciou-se em Direito e é também deputada municipal na Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez. No Parlamento, integra a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, entre outras comissões.

O registo de presenças pode ser feito de duas formas: manualmente, num livro de ponto, que é sobretudo usado nas comissões e reuniões de grupos parlamentares; e digitalmente, bastando para isso entrar no sistema com uma palavra-passe "pessoal e intransmissível", num qualquer computador do plenário. Os deputados não têm um lugar fixo, mas ao entrarem no sistema fica marcada a sua presença.

"Há mais gente que vai aprender com isto"

O vice-presidente do PSD David Justino, que se desdobrou em declarações à imprensa nesta sexta-feira admitiu na SIC Notícias que deveria ter havido maior celeridade na resposta que foi dada a este caso. O que não aconteceu porque ninguém no partido avaliou que pudesse ser uma polémica como esta. "Houve uma desvalorização", admitiu.

O dirigente social-democrata questionou: "Julga que é só o deputado José Silvano que partilha a password?" E apostou que "há muita gente que vai aprender com isto".

David Justino defendeu ainda se deve abrir o debate sobre se os dirigentes partidários devem ficar impedidos de ser deputados e, em defesa das ausências do secretário-geral do PSD, lembrou que frequentemente os líderes do PCP, BE e CDS, respetivamente, Jerónimo de Sousa, Catarina Martins e Assunção Cristas, não estão presentes nos trabalhos parlamentares apesar de serem deputados.

O vice-presidente social-democrata enquandrou ainda este caso num "ataque sistemático" a Rui Rio.

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