Setor da água deve apostar em soluções tecnológicas

30-11-2020
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A água é um recurso relativamente escasso no território nacional. As barragens, que permitem armazenar água da chuva, apresentam níveis muito aquém da sua capacidade. Isto sem esquecer que, em todo o mundo, existe apenas 1% de água doce, sendo o restante constituído por água salgada dos oceanos. Para os especialistas mundiais, a água é um dos bens mais preciosos para a vida humana e não está a ser utilizada corretamente.

O Jornal Económico (JE) falou com Miguel Doria, especialista em recursos hídricos da Unesco, para perceber de que forma Portugal pode fazer um uso mais inteligente e eficiente dos seus recursos hídricos, uma vez que se encontra rodeado de mar a Oeste.

“Um uso mais inteligente e eficiente da água procura reduzir a procura, por exemplo através da redução de percas em sistemas de distribuição e da modernização de tecnologias antiquadas, assim como da redução da contaminação. Procura também aumentar a oferta, por exemplo através da adoção de tecnologias e infrastruturas que permitam o armazenamento, tratamento, reutilização e captação de água, incluindo a colheita de água atmosférica ou dessalinização da água do mar ou subterrânea”, explica o especialista, sendo que a gestão destes recursos “deve ser considerada no contexto do desenvolvimento sustentável e da Agenda 2030”, e tendo como objetivo dar resposta a necessidades humanas, sociais, ambientais e económicas.

Miguel Doria refere ainda que “o aumento da eficiência passa igualmente pela aposta em serviços e indústrias que gerem maiores benefícios por quantidade de água utilizada”, sendo que este recurso “deve ser explicitamente considerado de forma integrada nas estratégias dos diversos setores onde ela é essencial, com base no potencial hídrico de cada local”.

Por exemplo, o especialista em recursos hídricos esclarece que “o comércio de ‘água virtual’ tem também um papel importante a nível nacional, regional e mundial, permitindo que zonas com escassez hídrica obtenham de outros pontos geográficos produtos e serviços que necessitam de grandes quantidades de água na sua elaboração”.

Perante a possibilidade da criação de mais centrais de dessalinização, ou seja, retirar o sal da água através de processos químicos, os especialistas admitem que esta é uma possibilidade para o futuro. O CEO do Grupo Aquapor, António Cunha, defende que os sistemas de dessalinização são uma opção que deveria ser explorada no futuro, mas que se trata de uma “solução muito cara”. Ainda assim, o responsável da Aquapor defende que estes sistemas serão “preponderantes para combater o stress hídrico em zonas costeiras áridas e de grande pressão turística”, sendo que o custo destas centrais deve ser suportado pelo turismo das regiões.

O especialista da Unesco defende a mesma posição do CEO do Grupo Aquapor. “A dessalinização é uma tecnologia importante para aumentar a disponibilidade de recursos hídricos. É particularmente útil em zonas costeiras sob pressão demográfica e climática onde grande parte da população mundial se encontra”.

“Estima-se que tenha um papel cada vez mais relevante, devido ao aumento da escassez hídrica, ao desenvolvimento das tecnologias associadas, à diminuição dos seus custos e à redução do seu impacto ambiental e energético”, afirma Miguel Doria ao JE, explicando que “a sua adoção deve ser parte de planos integrais de gestão de água, como forma de proteger ou de recuperar sistemas hidrológicos que cumprem várias funções relevantes”.

Face às alterações climáticas, Miguel Doria sustenta que se prevê “uma redução da precipitação, impactando também a qualidade da água e aumentando a erosão nas zonas costeiras e estuários, com maior salinização das águas subterrâneas e diminuição da recarga, a par da maior intensidade e frequência de inundações, secas e incêndios florestais”.

“Existem vários cenários que permitem optar por medidas de adaptação para diminuir riscos, reduzindo a exposição e a vulnerabilidade dos sistemas de abastecimento público, dos setores produtivos onde a água é essencial (agropecuário, turístico) e dos ecossistemas de água doce que prestam uma série de serviços fundamentais para a nossa sobrevivência e economia. A adaptação procura igualmente tirar proveito de eventuais benefícios, e aumentar a robustez e resiliência destes sistemas. Apostar no conhecimento e informar os diversos atores, apoiando a sua participação proativa, é fundamental para se identificar e implementar soluções viáveis. As implicações das alterações climáticas para os recursos hídricos são sérias e uma adaptação bem-sucedida pode significar ganhos diretos e indiretos muito superiores aos investimentos realizados”, explica o especialista.

A água é um recurso relativamente escasso no território nacional. As barragens, que permitem armazenar água da chuva, apresentam níveis muito aquém da sua capacidade. Isto sem esquecer que, em todo o mundo, existe apenas 1% de água doce, sendo o restante constituído por água salgada dos oceanos. Para os especialistas mundiais, a água é um dos bens mais preciosos para a vida humana e não está a ser utilizada corretamente.

O Jornal Económico (JE) falou com Miguel Doria, especialista em recursos hídricos da Unesco, para perceber de que forma Portugal pode fazer um uso mais inteligente e eficiente dos seus recursos hídricos, uma vez que se encontra rodeado de mar a Oeste.

“Um uso mais inteligente e eficiente da água procura reduzir a procura, por exemplo através da redução de percas em sistemas de distribuição e da modernização de tecnologias antiquadas, assim como da redução da contaminação. Procura também aumentar a oferta, por exemplo através da adoção de tecnologias e infrastruturas que permitam o armazenamento, tratamento, reutilização e captação de água, incluindo a colheita de água atmosférica ou dessalinização da água do mar ou subterrânea”, explica o especialista, sendo que a gestão destes recursos “deve ser considerada no contexto do desenvolvimento sustentável e da Agenda 2030”, e tendo como objetivo dar resposta a necessidades humanas, sociais, ambientais e económicas.

Miguel Doria refere ainda que “o aumento da eficiência passa igualmente pela aposta em serviços e indústrias que gerem maiores benefícios por quantidade de água utilizada”, sendo que este recurso “deve ser explicitamente considerado de forma integrada nas estratégias dos diversos setores onde ela é essencial, com base no potencial hídrico de cada local”.

Por exemplo, o especialista em recursos hídricos esclarece que “o comércio de ‘água virtual’ tem também um papel importante a nível nacional, regional e mundial, permitindo que zonas com escassez hídrica obtenham de outros pontos geográficos produtos e serviços que necessitam de grandes quantidades de água na sua elaboração”.

Perante a possibilidade da criação de mais centrais de dessalinização, ou seja, retirar o sal da água através de processos químicos, os especialistas admitem que esta é uma possibilidade para o futuro. O CEO do Grupo Aquapor, António Cunha, defende que os sistemas de dessalinização são uma opção que deveria ser explorada no futuro, mas que se trata de uma “solução muito cara”. Ainda assim, o responsável da Aquapor defende que estes sistemas serão “preponderantes para combater o stress hídrico em zonas costeiras áridas e de grande pressão turística”, sendo que o custo destas centrais deve ser suportado pelo turismo das regiões.

O especialista da Unesco defende a mesma posição do CEO do Grupo Aquapor. “A dessalinização é uma tecnologia importante para aumentar a disponibilidade de recursos hídricos. É particularmente útil em zonas costeiras sob pressão demográfica e climática onde grande parte da população mundial se encontra”.

“Estima-se que tenha um papel cada vez mais relevante, devido ao aumento da escassez hídrica, ao desenvolvimento das tecnologias associadas, à diminuição dos seus custos e à redução do seu impacto ambiental e energético”, afirma Miguel Doria ao JE, explicando que “a sua adoção deve ser parte de planos integrais de gestão de água, como forma de proteger ou de recuperar sistemas hidrológicos que cumprem várias funções relevantes”.

Face às alterações climáticas, Miguel Doria sustenta que se prevê “uma redução da precipitação, impactando também a qualidade da água e aumentando a erosão nas zonas costeiras e estuários, com maior salinização das águas subterrâneas e diminuição da recarga, a par da maior intensidade e frequência de inundações, secas e incêndios florestais”.

“Existem vários cenários que permitem optar por medidas de adaptação para diminuir riscos, reduzindo a exposição e a vulnerabilidade dos sistemas de abastecimento público, dos setores produtivos onde a água é essencial (agropecuário, turístico) e dos ecossistemas de água doce que prestam uma série de serviços fundamentais para a nossa sobrevivência e economia. A adaptação procura igualmente tirar proveito de eventuais benefícios, e aumentar a robustez e resiliência destes sistemas. Apostar no conhecimento e informar os diversos atores, apoiando a sua participação proativa, é fundamental para se identificar e implementar soluções viáveis. As implicações das alterações climáticas para os recursos hídricos são sérias e uma adaptação bem-sucedida pode significar ganhos diretos e indiretos muito superiores aos investimentos realizados”, explica o especialista.

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