Movimento Anti "Tradição Académica"

20-06-2020
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Por: Secundino Cunha, Correio da Manhã
Praxes: ‘Doutores’ da Universidade do Minho acusados de abusos

Uma dezena de pais de alunos que este ano entraram para a Universidade do Minho estão indignados com a violência das praxes praticadas em vários cursos, nos pólos de Braga e Guimarães, e admitem fazer uma exposição ao Ministério Público e à reitoria da Universidade.

"Os que se auto-intitulam doutores obrigam os caloiros a ingerirem grandes quantidades de bebidas alcoólicas, logo pela manhã, a fumar e, o que é mais grave, a faltar às aulas para marcarem presença nas sessões de praxe", disse ao Correio da Manhã um dos pais, que preferiu não se identificar, com receio de represálias sobre o filho.

Para este pai, que está disposto a levar o caso até às últimas consequências, "o que se passa, em termos de praxe, na Universidade do Minho ultrapassa todos os limites". Adianta que "os chamados doutores agem com total impunidade, como se fossem os donos da academia".

"Não é admissível que os alunos se convençam de que o primeiro ano é para chumbar porque os colegas mais velhos resolvem estender a praxe pelo ano todo, em vez de a confinarem à chamada semana de recepção ao caloiro", disse ao Correio da Manhã Manuel Almeida, outro dos pais indignados.

Contactado pelo CM, o vice-reitor Rui Vieira de Castro disse que "a reitoria da Universidade do Minho repudia com toda a veemência quaisquer exageros nas praxes e promete instaurar processos de averiguações, que podem evoluir para processos disciplinares, em todos os casos concretos que lhe chegarem ao conhecimento".

Referindo que não teve, pelo menos até agora, conhecimento de nenhum caso de exagero nas praxes, Rui Vieira de Castro pede a todos os que possam ser vítimas de tais atitudes que as comuniquem à reitoria.
Na Universidade do Minho, a semana de recepção ao caloiro terminou na sexta-feira, mas as praxes irão continuar até Maio do próximo ano.

REITOR RETIRA DO PROTOCOLO A FIGURA DO 'PAPA'
O reitor da Universidade do Minho, António Cunha, tem lutado contra todos os exageros nas praxes, pretendendo que "essa prática se restrinja à semana do caloiro e decorra de forma civilizada". Uma das primeiras atitudes antipraxe foi retirar do protocolo da recepção ao caloiro a figura do ‘Papa’, que é o aluno com maior número de inscrições na Universidade do Minho. "Não fazia sentido pôr o pior dos alunos a dar as boas--vindas aos novos estudantes", justificou a reitoria.
____________
Estivemos num debate na Universidade do Minho em Dezembro de 2008. Como em todos os lados onde vamos, disseram-nos que ali não havia abusos. Aliás, garantiram-nos. Considerar uma acção de uma praxe um abuso ou não é evidentemente subjectivo. E também na Lei é subjectivo, embora se protejam determinados direitos.
Artigo 13.º [da Constituição Portuguesa] - Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
Artigo 25.º - Direito à integridade pessoal
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos.
Se os alunos se acharam submetidos a abusos e não conseguiram fazer valer os seus direitos enquanto estavam a ser praxados, vendo-se obrigados a denunciar a situação aos pais, então cometeu-se um crime. E esse crime deve ser julgado.

A reitoria primeiro diz que não tem conhecimento de abusos na praxe na sua Universidade mas depois o Reitor admite que tem lutado contra todos os exageros nas praxes. Se luta contra eles é porque eles existem. Ou seja, não feito o possível para prevenir os abusos. Estão apenas à espera que lhes caiam em cima dos joelhos, como agora, para depois fazerem qualquer coisa.


Por: Secundino Cunha, Correio da Manhã
Praxes: ‘Doutores’ da Universidade do Minho acusados de abusos

Uma dezena de pais de alunos que este ano entraram para a Universidade do Minho estão indignados com a violência das praxes praticadas em vários cursos, nos pólos de Braga e Guimarães, e admitem fazer uma exposição ao Ministério Público e à reitoria da Universidade.

"Os que se auto-intitulam doutores obrigam os caloiros a ingerirem grandes quantidades de bebidas alcoólicas, logo pela manhã, a fumar e, o que é mais grave, a faltar às aulas para marcarem presença nas sessões de praxe", disse ao Correio da Manhã um dos pais, que preferiu não se identificar, com receio de represálias sobre o filho.

Para este pai, que está disposto a levar o caso até às últimas consequências, "o que se passa, em termos de praxe, na Universidade do Minho ultrapassa todos os limites". Adianta que "os chamados doutores agem com total impunidade, como se fossem os donos da academia".

"Não é admissível que os alunos se convençam de que o primeiro ano é para chumbar porque os colegas mais velhos resolvem estender a praxe pelo ano todo, em vez de a confinarem à chamada semana de recepção ao caloiro", disse ao Correio da Manhã Manuel Almeida, outro dos pais indignados.

Contactado pelo CM, o vice-reitor Rui Vieira de Castro disse que "a reitoria da Universidade do Minho repudia com toda a veemência quaisquer exageros nas praxes e promete instaurar processos de averiguações, que podem evoluir para processos disciplinares, em todos os casos concretos que lhe chegarem ao conhecimento".

Referindo que não teve, pelo menos até agora, conhecimento de nenhum caso de exagero nas praxes, Rui Vieira de Castro pede a todos os que possam ser vítimas de tais atitudes que as comuniquem à reitoria.
Na Universidade do Minho, a semana de recepção ao caloiro terminou na sexta-feira, mas as praxes irão continuar até Maio do próximo ano.

REITOR RETIRA DO PROTOCOLO A FIGURA DO 'PAPA'
O reitor da Universidade do Minho, António Cunha, tem lutado contra todos os exageros nas praxes, pretendendo que "essa prática se restrinja à semana do caloiro e decorra de forma civilizada". Uma das primeiras atitudes antipraxe foi retirar do protocolo da recepção ao caloiro a figura do ‘Papa’, que é o aluno com maior número de inscrições na Universidade do Minho. "Não fazia sentido pôr o pior dos alunos a dar as boas--vindas aos novos estudantes", justificou a reitoria.
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Estivemos num debate na Universidade do Minho em Dezembro de 2008. Como em todos os lados onde vamos, disseram-nos que ali não havia abusos. Aliás, garantiram-nos. Considerar uma acção de uma praxe um abuso ou não é evidentemente subjectivo. E também na Lei é subjectivo, embora se protejam determinados direitos.
Artigo 13.º [da Constituição Portuguesa] - Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
Artigo 25.º - Direito à integridade pessoal
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos.
Se os alunos se acharam submetidos a abusos e não conseguiram fazer valer os seus direitos enquanto estavam a ser praxados, vendo-se obrigados a denunciar a situação aos pais, então cometeu-se um crime. E esse crime deve ser julgado.

A reitoria primeiro diz que não tem conhecimento de abusos na praxe na sua Universidade mas depois o Reitor admite que tem lutado contra todos os exageros nas praxes. Se luta contra eles é porque eles existem. Ou seja, não feito o possível para prevenir os abusos. Estão apenas à espera que lhes caiam em cima dos joelhos, como agora, para depois fazerem qualquer coisa.

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