NDRANGHETA: Rivais ou inimigos?

19-03-2019
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(continuação)Alguns amigos mais velhos recordam-se, certamente, dos anos 40, 50 e 60. Se puxarem pela memória – ou se reviverem a história história – lembrar-se-ão de um ditado da época: se queres ver as figuras tutelares do regime reunidas, dirige-te a Alvalade de 15 em 15 dias.Não falamos, evidentemente, apenas da nomenclatura ou dos homens que governavam o nosso destino. Falamos da elite financeira e industrial, que financiava a opressão e vivia da miséria do sofrido povo.Altos funcionários da PIDE/DGS, da Legião e das forças militares, ministros, secretários de estado, directores-gerais, presidentes de câmara e de institutos do Estado, deputados e afins, elite financeira, industrial e comercial, reuniam-se na famosa central de Alvalade, discutindo ao intervalo os procedimentos da semana que passara e o que fazer na semana que viria…Isto, meus caros, não é brincadeira…Já em 1906, data do seu nascimento, o Sporting estava ligado a uma aristocracia que se encontrava em declínio. Tanto assim é, que pouco tempo depois surgiu o 5 de Outubro. Desde aí que o Sporting foi visto, como ainda hoje, aliás, como um clube ligado a sectores aristocráticos, mas incompetentes.Como se explica, então, o forte apoio popular do Sport Lisboa e Benfica?É simples. Vejamos,Em primeiro lugar, o povo, condenado ao ostracismo pela Monarquia, em especial pela alucinada casa de Bragança, identificou o Sporting – e bem, saliente-se! – com a chamada elite do país, que vivia à conta e por conta, dedicando-se a caçadas e a passeios de exploração marítima, a beberetes e a banquetes.Depois, não muito depois, lamentavelmente, surge o 28 de Maio e a identificação do Sporting com as figuras gradas do salazarismo.Assim, o Sport Lisboa e Benfica desempenhou uma dupla função: por um lado representava uma manifestação de honra e orgulho popular, por outro servia de identificação entre oposicionistas da elite intelectual do reviralho e a força do povo.Um abraço entre um operário e um vanguardista, em síntese.Já o Sporting tinha, a título de exemplo, campos espalhados por toda a Lisboa e nós andávamos a saltar de lugar em lugar, lutando contra tudo e contra todos.Primeiro no Campo da Feiteira, de onde fomos despejados por falta de 800 mil reis por ano para pagar a renda. Depois em Sete Rios, de onde saímos por … falta de dinheiro para suportar o aumento de renda…Seguimos para Benfica, vendendo, depois, o campo ao Ministério da Instrução, devido a avultadas dívidas.Passámos para o célebre campo das Amoreiras (estância de Madeira), que de nosso passou para propriedade do Estado, por expropriação – a construção da auto-estrada assim obrigou -, recebendo a miserável quantia de 800 contos! Não satisfeito com esta afronta, o Eng. Duarte Pacheco avisou-nos da demolição com poucos meses de antecedência …Então surge a solução Campo Grande – por sugestão do dito Eng, Duarte Pacheco -, arrendado à Câmara Municipal de Lisboa e que anos antes fora abandonado pelo … Sporting! Tentaram vergar-nos… mas não conseguiram!Sobre a história da saída do Campo Grande, estas palavras dizem tudo: “Determinante para o abandono definitivo foi a justificação camarária de que seria necessário abrir uma avenida de acesso ao campo do Sporting. Pareceu, afinal, tratar-se de uma manobra engenhosa, já que o velho Campo Grande viria a servir, durante 26 anos (!), como campo de jogos de futebol do clube de Alvalade. Em cima do antigo peão foi construído um edifício, designado de Pavilhão. Actualmente, o espaço encontra-se ocupado por um parque de estacionamento, a norte da Estação do Campo Grande, da rede do Metropolitano de Lisboa.” Quando pensaram que estavam a gozar connosco, estavam a fazer-nos um favor!Assim, só em 1954, e através do esforço dos sócios do Sport Lisboa e Benfica e sem nenhuma ajuda pública, pudemos ter um Estádio nosso, que nos encheu, durante 50 anos, de orgulho e que causou a inveja dos que nos temem!É evidente que esta dita elite que gere os destinos do nosso inimigo tentou recriar a história. Melhor, através do poder financeiro e do controlo dos meios de comunicação social, aliados ao corrupto poder industrial do norte, tentaram passar a ideia que o nosso clube, que deu gente á luta contra a opressão, foi o clube do regime!Nada mais falso, como vimos!Por exemplo,Recriaram a seu favor a história da contratação de Eusébio, passando por cima da palavra de … Eusébio!Alegam que o Benfica o raptou, com o beneplácito do regime.Esquecem-se que o nosso menino decidiu, desde sempre, que o Benfica seria o seu destino e que só no Benfica de Lisboa jogaria.Claro está que se na metrópole e na política a cacetada era a sua política, tentaram, ao arrepio de todo e qualquer direito humano, desviar Eusébio da sua vontade, como se uma mercadoria ou um escravo fosse.Ainda bem que Eusébio reagiu e viu a sua vontade satisfeita.Contou-me quem esteve ligado ao processo que só a vontade de Eusébio prevaleceu sobre as enormes pressões exercidas sobre o Benfica. Só essa vontade de juntar o destino á história!Na passagem do centenário do clube do visconde, Dias Ferreira foi eloquente como poucos, assumindo a verdade que a história registará: o Sporting não deve ter vergonha da sua aliança com o Estado Novo, disse.É verdade que defendo a existência do Sporting, que defendo, até, que deve ser grande. Mas grandes são aqueles que assumem o que são… sem o fazerem, nunca o serão!A mesquinhez, a intriga e a tentativa perpétua de nos humilharem – como se espelha nos que, junto da comunicação social, aparecem a defender as suas cores -, só nos elevam de um patamar que parecia inultrapassável: a eternidade!Viva o Sport Lisboa e Benfica!NB – num comentário ao primeiro post alguém que referiu que eu era de esquerda. É verdade: sou e com muita honra.Mas antes de o ser, já era do Benfica…


(continuação)Alguns amigos mais velhos recordam-se, certamente, dos anos 40, 50 e 60. Se puxarem pela memória – ou se reviverem a história história – lembrar-se-ão de um ditado da época: se queres ver as figuras tutelares do regime reunidas, dirige-te a Alvalade de 15 em 15 dias.Não falamos, evidentemente, apenas da nomenclatura ou dos homens que governavam o nosso destino. Falamos da elite financeira e industrial, que financiava a opressão e vivia da miséria do sofrido povo.Altos funcionários da PIDE/DGS, da Legião e das forças militares, ministros, secretários de estado, directores-gerais, presidentes de câmara e de institutos do Estado, deputados e afins, elite financeira, industrial e comercial, reuniam-se na famosa central de Alvalade, discutindo ao intervalo os procedimentos da semana que passara e o que fazer na semana que viria…Isto, meus caros, não é brincadeira…Já em 1906, data do seu nascimento, o Sporting estava ligado a uma aristocracia que se encontrava em declínio. Tanto assim é, que pouco tempo depois surgiu o 5 de Outubro. Desde aí que o Sporting foi visto, como ainda hoje, aliás, como um clube ligado a sectores aristocráticos, mas incompetentes.Como se explica, então, o forte apoio popular do Sport Lisboa e Benfica?É simples. Vejamos,Em primeiro lugar, o povo, condenado ao ostracismo pela Monarquia, em especial pela alucinada casa de Bragança, identificou o Sporting – e bem, saliente-se! – com a chamada elite do país, que vivia à conta e por conta, dedicando-se a caçadas e a passeios de exploração marítima, a beberetes e a banquetes.Depois, não muito depois, lamentavelmente, surge o 28 de Maio e a identificação do Sporting com as figuras gradas do salazarismo.Assim, o Sport Lisboa e Benfica desempenhou uma dupla função: por um lado representava uma manifestação de honra e orgulho popular, por outro servia de identificação entre oposicionistas da elite intelectual do reviralho e a força do povo.Um abraço entre um operário e um vanguardista, em síntese.Já o Sporting tinha, a título de exemplo, campos espalhados por toda a Lisboa e nós andávamos a saltar de lugar em lugar, lutando contra tudo e contra todos.Primeiro no Campo da Feiteira, de onde fomos despejados por falta de 800 mil reis por ano para pagar a renda. Depois em Sete Rios, de onde saímos por … falta de dinheiro para suportar o aumento de renda…Seguimos para Benfica, vendendo, depois, o campo ao Ministério da Instrução, devido a avultadas dívidas.Passámos para o célebre campo das Amoreiras (estância de Madeira), que de nosso passou para propriedade do Estado, por expropriação – a construção da auto-estrada assim obrigou -, recebendo a miserável quantia de 800 contos! Não satisfeito com esta afronta, o Eng. Duarte Pacheco avisou-nos da demolição com poucos meses de antecedência …Então surge a solução Campo Grande – por sugestão do dito Eng, Duarte Pacheco -, arrendado à Câmara Municipal de Lisboa e que anos antes fora abandonado pelo … Sporting! Tentaram vergar-nos… mas não conseguiram!Sobre a história da saída do Campo Grande, estas palavras dizem tudo: “Determinante para o abandono definitivo foi a justificação camarária de que seria necessário abrir uma avenida de acesso ao campo do Sporting. Pareceu, afinal, tratar-se de uma manobra engenhosa, já que o velho Campo Grande viria a servir, durante 26 anos (!), como campo de jogos de futebol do clube de Alvalade. Em cima do antigo peão foi construído um edifício, designado de Pavilhão. Actualmente, o espaço encontra-se ocupado por um parque de estacionamento, a norte da Estação do Campo Grande, da rede do Metropolitano de Lisboa.” Quando pensaram que estavam a gozar connosco, estavam a fazer-nos um favor!Assim, só em 1954, e através do esforço dos sócios do Sport Lisboa e Benfica e sem nenhuma ajuda pública, pudemos ter um Estádio nosso, que nos encheu, durante 50 anos, de orgulho e que causou a inveja dos que nos temem!É evidente que esta dita elite que gere os destinos do nosso inimigo tentou recriar a história. Melhor, através do poder financeiro e do controlo dos meios de comunicação social, aliados ao corrupto poder industrial do norte, tentaram passar a ideia que o nosso clube, que deu gente á luta contra a opressão, foi o clube do regime!Nada mais falso, como vimos!Por exemplo,Recriaram a seu favor a história da contratação de Eusébio, passando por cima da palavra de … Eusébio!Alegam que o Benfica o raptou, com o beneplácito do regime.Esquecem-se que o nosso menino decidiu, desde sempre, que o Benfica seria o seu destino e que só no Benfica de Lisboa jogaria.Claro está que se na metrópole e na política a cacetada era a sua política, tentaram, ao arrepio de todo e qualquer direito humano, desviar Eusébio da sua vontade, como se uma mercadoria ou um escravo fosse.Ainda bem que Eusébio reagiu e viu a sua vontade satisfeita.Contou-me quem esteve ligado ao processo que só a vontade de Eusébio prevaleceu sobre as enormes pressões exercidas sobre o Benfica. Só essa vontade de juntar o destino á história!Na passagem do centenário do clube do visconde, Dias Ferreira foi eloquente como poucos, assumindo a verdade que a história registará: o Sporting não deve ter vergonha da sua aliança com o Estado Novo, disse.É verdade que defendo a existência do Sporting, que defendo, até, que deve ser grande. Mas grandes são aqueles que assumem o que são… sem o fazerem, nunca o serão!A mesquinhez, a intriga e a tentativa perpétua de nos humilharem – como se espelha nos que, junto da comunicação social, aparecem a defender as suas cores -, só nos elevam de um patamar que parecia inultrapassável: a eternidade!Viva o Sport Lisboa e Benfica!NB – num comentário ao primeiro post alguém que referiu que eu era de esquerda. É verdade: sou e com muita honra.Mas antes de o ser, já era do Benfica…

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