Carta de Berardo não comove deputados: “Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele”

10-07-2019
marcar artigo

A carta que José Berardo enviou a Eduardo Ferro Rodrigues não comoveu os deputados. Nenhum considera que o empresário tenha sido maltratado na comissão parlamentar de inquérito e todos consideram que os portugueses é que têm razão de queixa. A justiça também fará a sua avaliação, devido aos documentos que não foram entregues ao Parlamento. Mas, além disso, já há uma investigação em curso.

“Diz o Sr. Berardo que está indignado com o que se passou. Indignados estão os portugueses. Quem é que já pagou isto? Os portugueses, através dos impostos”, afirmou o deputado social-democrata Duarte Pacheco esta terça-feira, 2 de julho, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, reagindo à carta que chegou a Ferro Rodrigues ontem.

José Berardo enviou uma missiva ao presidente da Assembleia da República, que foi noticiada pelos jornais, em que criticou o trabalho dos deputados do inquérito parlamentar à Caixa Geral de Depósitos (já no próprio dia tinha dito que tinha sido o principal prejudicado) e em que argumentou que pagou 231 milhões de euros em juros à banca (que está a executar em 962 milhões de euros a Fundação José Berardo).

Duarte Pacheco ataca o facto de haver uma carta enviada por José Berardo ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que foi logo de conhecimento público. “Se havia queixas, se queria escrever ao segundo titular do Estado, tem de se ter o bom senso e a reserva que a mesma merece”, comentou o deputado social-democrata. É uma “falta de decoro”, disse.

O Partido Socialista também reagiu com críticas. João Paulo Correia classificou o comportamento de Berardo como “arrogante e irresponsável”. “Todo o país ficou indignado com audição de Sr. José Berardo”, acrescentou.

A carta “não passa de manobra de distração da defesa de Joe Berardo”, considerou o deputado socialista, em declarações transmitidas pela SIC Notícias. “Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele”, continuou.

“Ar jocoso” e “carta autoexplicativa”

Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, não dá razão a Berardo em relação às críticas sobre o comportamento dos deputados: foi ele que se apresentou de uma maneira incorreta na comissão de inquérito, incluído com um “ar jocoso”. Um ar que se justifica com o facto de, diz a deputada, desde 2008 se saber que havia "truques jurídicos" que iriam sempre impedir a banca de recuperar os seus empréstimos.

Uma “carta autoexplicativa”, chamou-lhe a centrista Cecília Meireles, sem querer fazer considerações adicionais. “Mais do que entrar em polémicas com o Sr. Joe Berardo, o que é importante é que, no fim desta comissão parlamentar de inquérito, termos bastante mais informação”, disse.

Duarte Alves, do PCP, alinha pelo mesmo diapasão. "Esta carta de José Berardo ao presidente da Assembleia da República insere-se num ensaio de vitimização, que já ensaiou na comissão de inquérito e que não conseguiu impor", declarou o deputado comunista.

O relatório final da comissão será discutido no próximo dia 19. Será da autoria de João Almeida, do CDS.

Queixa ao Ministério Público

antónio cotrim/lusa

Além da carta, esta terça-feira, o presidente do inquérito parlamentar, Luís Leite Ramos, confirmou que, tendo em conta as respostas consideradas insatisfatórias para a não entrega de documentos pela Associação Coleção Berardo, vai avançar para uma queixa para o Ministério Público, como já tinha sido assumido. Os deputados queriam informação sobre a chamada "golpada" que retirou força aos bancos na possibilidade de acederem às obras de arte expostas no Centro Cultural de Belém e, assim, serem ressarcidos da dívida do comendador.

“A presença nas comissões parlamentares de inquérito é obrigatória e a colaboração com as comissões parlamentares de inquérito é obrigatória. O que significa que a documentação tem mesmo de ser entregue. Até hoje, não aconteceu. Não chegando a documentação que nós pedimos, não teremos outra forma de atuar que não fazer queixa no Ministério Público”, considerou Duarte Pacheco sobre este tema.

“Há documentação que foi requerida pelo PS que não foi entregue pela Associação Coleção Berardo. Se assim não acontecer, pediremos que seja comunicada ao MP”, contrapôs João Paulo Correia.

Além da queixa por alegado crime de desobediência, já está em curso uma investigação no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) aos atos de gestão da Caixa Geral de Depósitos - e aí foram integradas as questões relativas a Joe Berardo. O comendador enfrenta também uma avaliação sobre as suas condecorações (o instrutor do processo é Mota Amaral).

Ferro Rodrigues já respondeu. Mas não se sabe o quê

Segundo o jornal Eco, Ferro Rodrigues já respondeu, por "carta não aberta" a José Berardo, confirmou uma fonte oficial da Assembleia ao jornal Eco.

Diz também a mesma fonte ao Eco que o presidente da Assembleia da República só teve conhecimento da missiva através da comunicação social (a RTP noticiou o documento, sendo que depois foi avançado pela imprensa).

(Notícia atualizada às 17:10 com declarações do PCP)

A carta que José Berardo enviou a Eduardo Ferro Rodrigues não comoveu os deputados. Nenhum considera que o empresário tenha sido maltratado na comissão parlamentar de inquérito e todos consideram que os portugueses é que têm razão de queixa. A justiça também fará a sua avaliação, devido aos documentos que não foram entregues ao Parlamento. Mas, além disso, já há uma investigação em curso.

“Diz o Sr. Berardo que está indignado com o que se passou. Indignados estão os portugueses. Quem é que já pagou isto? Os portugueses, através dos impostos”, afirmou o deputado social-democrata Duarte Pacheco esta terça-feira, 2 de julho, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, reagindo à carta que chegou a Ferro Rodrigues ontem.

José Berardo enviou uma missiva ao presidente da Assembleia da República, que foi noticiada pelos jornais, em que criticou o trabalho dos deputados do inquérito parlamentar à Caixa Geral de Depósitos (já no próprio dia tinha dito que tinha sido o principal prejudicado) e em que argumentou que pagou 231 milhões de euros em juros à banca (que está a executar em 962 milhões de euros a Fundação José Berardo).

Duarte Pacheco ataca o facto de haver uma carta enviada por José Berardo ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que foi logo de conhecimento público. “Se havia queixas, se queria escrever ao segundo titular do Estado, tem de se ter o bom senso e a reserva que a mesma merece”, comentou o deputado social-democrata. É uma “falta de decoro”, disse.

O Partido Socialista também reagiu com críticas. João Paulo Correia classificou o comportamento de Berardo como “arrogante e irresponsável”. “Todo o país ficou indignado com audição de Sr. José Berardo”, acrescentou.

A carta “não passa de manobra de distração da defesa de Joe Berardo”, considerou o deputado socialista, em declarações transmitidas pela SIC Notícias. “Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele”, continuou.

“Ar jocoso” e “carta autoexplicativa”

Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, não dá razão a Berardo em relação às críticas sobre o comportamento dos deputados: foi ele que se apresentou de uma maneira incorreta na comissão de inquérito, incluído com um “ar jocoso”. Um ar que se justifica com o facto de, diz a deputada, desde 2008 se saber que havia "truques jurídicos" que iriam sempre impedir a banca de recuperar os seus empréstimos.

Uma “carta autoexplicativa”, chamou-lhe a centrista Cecília Meireles, sem querer fazer considerações adicionais. “Mais do que entrar em polémicas com o Sr. Joe Berardo, o que é importante é que, no fim desta comissão parlamentar de inquérito, termos bastante mais informação”, disse.

Duarte Alves, do PCP, alinha pelo mesmo diapasão. "Esta carta de José Berardo ao presidente da Assembleia da República insere-se num ensaio de vitimização, que já ensaiou na comissão de inquérito e que não conseguiu impor", declarou o deputado comunista.

O relatório final da comissão será discutido no próximo dia 19. Será da autoria de João Almeida, do CDS.

Queixa ao Ministério Público

antónio cotrim/lusa

Além da carta, esta terça-feira, o presidente do inquérito parlamentar, Luís Leite Ramos, confirmou que, tendo em conta as respostas consideradas insatisfatórias para a não entrega de documentos pela Associação Coleção Berardo, vai avançar para uma queixa para o Ministério Público, como já tinha sido assumido. Os deputados queriam informação sobre a chamada "golpada" que retirou força aos bancos na possibilidade de acederem às obras de arte expostas no Centro Cultural de Belém e, assim, serem ressarcidos da dívida do comendador.

“A presença nas comissões parlamentares de inquérito é obrigatória e a colaboração com as comissões parlamentares de inquérito é obrigatória. O que significa que a documentação tem mesmo de ser entregue. Até hoje, não aconteceu. Não chegando a documentação que nós pedimos, não teremos outra forma de atuar que não fazer queixa no Ministério Público”, considerou Duarte Pacheco sobre este tema.

“Há documentação que foi requerida pelo PS que não foi entregue pela Associação Coleção Berardo. Se assim não acontecer, pediremos que seja comunicada ao MP”, contrapôs João Paulo Correia.

Além da queixa por alegado crime de desobediência, já está em curso uma investigação no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) aos atos de gestão da Caixa Geral de Depósitos - e aí foram integradas as questões relativas a Joe Berardo. O comendador enfrenta também uma avaliação sobre as suas condecorações (o instrutor do processo é Mota Amaral).

Ferro Rodrigues já respondeu. Mas não se sabe o quê

Segundo o jornal Eco, Ferro Rodrigues já respondeu, por "carta não aberta" a José Berardo, confirmou uma fonte oficial da Assembleia ao jornal Eco.

Diz também a mesma fonte ao Eco que o presidente da Assembleia da República só teve conhecimento da missiva através da comunicação social (a RTP noticiou o documento, sendo que depois foi avançado pela imprensa).

(Notícia atualizada às 17:10 com declarações do PCP)

marcar artigo