CGD. "Ninguém terá o atrevimento de dizer que será o último inquérito à banca"

20-07-2019
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Relatório da Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos foi debatido esta sexta-feira no Parlamento.

CGD. "Ninguém terá o atrevimento de dizer que será o último inquérito à banca"

Ana Sanlez 19 Julho, 2019 • 11:30

"Valeu a pena", começou por dizer João Almeida, o deputado do CDS responsável pelo relatório da Comissão de Inquérito à Caixa, que chegou ao fim esta quarta-feira com uma inédita aprovação do documento por unanimidade.

O relatório foi debatido no Parlamento logo no arranque do plenário desta sexta-feira, o último desta legislatura. Será votado pelos deputados esta tarde.

Na discussão, João Almeida destacou ter ficado provado ao longo das audições que "houve indício da potencial prática de vários tipos de crimes" na gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). E que por isso "é fundamental que haja justiça e que seja célere", apelou o deputado, sublinhando que "ninguém compreenderia se não houvesse consequências".

O mesmo apelo foi deixado por Cecília Meireles, também deputada do CDS. "Tendo sido apurados indícios da prática de crimes, esta comissão não é a polícia nem é o tribunal. Competia à Comissão apurar factos, encontrar responsáveis e tirar conclusões. Esperamos que os restantes órgãos de soberania agora funcionem".

A deputada lamentou ainda que na última década, as Comissões Parlamentares de Inquérito à banca tenham deixado "de ser exceção para se tornarem regra". Acrescentou que "ninguém terá o atrevimento de dizer que esta Comissão será a última".

A deputada diz que foi possível, ao longo dos trabalho, encontrar "três linhas de responsáveis" pelos créditos ruinosos concedidos pela CGD: os administradores, "quem escolheu e tutelava a administração" e a "supervisão sonolenta e amnésica de Vítor Constâncio".

Apesar do consenso entre os deputados sobre o conteúdo "rigoroso, objetivo e factual" do relatório, a sessão ficou marcada por uma troca de palavras mais acesa entre o PS e o PSD.

Os socialistas, pela voz de João Paulo Correia, acusaram o PSD de ter uma postura "errática" e de "não resistir à partidarite", apresentando propostas que "procuraram aligeirar as suas próprias responsabilidades". Em causa estava a proposta do PSD que pretendia incluir no relatório a expressão "gestão danosa".

Na resposta, os deputados do PSD Duarte Marques e Duarte Pacheco acusaram os socialistas de" desorientação".

"Na 25ª hora é preciso lamentar que o PS quisesse salvar a face de alguém, ao resolver propor que, afinal, a crise é responsável pelo que aconteceu na CGD, ao contrário do que tínhamos compreendido ao longo dos trabalhos. E não aprovaram a inclusão da gestão danosa. Sabemos que quiseram proteger alguém. Desde o início que quiseram esconder a verdade, faltou-lhes a coragem", afirmou Duarte Pacheco.

O PCP também lançou farpas aos sociais democratas. O deputado Duarte Alves destacou que o PSD procurou "atacar o banco público para justificar o seu objetivo de privatização da Caixa".

Os comunistas consideraram que "a solução é o controlo público sobre a banca, mas não basta a CGD ser do Estado, é preciso ser orientada para servir o interesse do país".

Para a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a Comissão "cumpriu o seu papel", destacando que o relatório final, no qual constam 44 conclusões, e oito recomendações, vai ser enviado ao Ministério Público "com a indicação clara para a investigação de práticas criminais".

Relatório da Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos foi debatido esta sexta-feira no Parlamento.

CGD. "Ninguém terá o atrevimento de dizer que será o último inquérito à banca"

Ana Sanlez 19 Julho, 2019 • 11:30

"Valeu a pena", começou por dizer João Almeida, o deputado do CDS responsável pelo relatório da Comissão de Inquérito à Caixa, que chegou ao fim esta quarta-feira com uma inédita aprovação do documento por unanimidade.

O relatório foi debatido no Parlamento logo no arranque do plenário desta sexta-feira, o último desta legislatura. Será votado pelos deputados esta tarde.

Na discussão, João Almeida destacou ter ficado provado ao longo das audições que "houve indício da potencial prática de vários tipos de crimes" na gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). E que por isso "é fundamental que haja justiça e que seja célere", apelou o deputado, sublinhando que "ninguém compreenderia se não houvesse consequências".

O mesmo apelo foi deixado por Cecília Meireles, também deputada do CDS. "Tendo sido apurados indícios da prática de crimes, esta comissão não é a polícia nem é o tribunal. Competia à Comissão apurar factos, encontrar responsáveis e tirar conclusões. Esperamos que os restantes órgãos de soberania agora funcionem".

A deputada lamentou ainda que na última década, as Comissões Parlamentares de Inquérito à banca tenham deixado "de ser exceção para se tornarem regra". Acrescentou que "ninguém terá o atrevimento de dizer que esta Comissão será a última".

A deputada diz que foi possível, ao longo dos trabalho, encontrar "três linhas de responsáveis" pelos créditos ruinosos concedidos pela CGD: os administradores, "quem escolheu e tutelava a administração" e a "supervisão sonolenta e amnésica de Vítor Constâncio".

Apesar do consenso entre os deputados sobre o conteúdo "rigoroso, objetivo e factual" do relatório, a sessão ficou marcada por uma troca de palavras mais acesa entre o PS e o PSD.

Os socialistas, pela voz de João Paulo Correia, acusaram o PSD de ter uma postura "errática" e de "não resistir à partidarite", apresentando propostas que "procuraram aligeirar as suas próprias responsabilidades". Em causa estava a proposta do PSD que pretendia incluir no relatório a expressão "gestão danosa".

Na resposta, os deputados do PSD Duarte Marques e Duarte Pacheco acusaram os socialistas de" desorientação".

"Na 25ª hora é preciso lamentar que o PS quisesse salvar a face de alguém, ao resolver propor que, afinal, a crise é responsável pelo que aconteceu na CGD, ao contrário do que tínhamos compreendido ao longo dos trabalhos. E não aprovaram a inclusão da gestão danosa. Sabemos que quiseram proteger alguém. Desde o início que quiseram esconder a verdade, faltou-lhes a coragem", afirmou Duarte Pacheco.

O PCP também lançou farpas aos sociais democratas. O deputado Duarte Alves destacou que o PSD procurou "atacar o banco público para justificar o seu objetivo de privatização da Caixa".

Os comunistas consideraram que "a solução é o controlo público sobre a banca, mas não basta a CGD ser do Estado, é preciso ser orientada para servir o interesse do país".

Para a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a Comissão "cumpriu o seu papel", destacando que o relatório final, no qual constam 44 conclusões, e oito recomendações, vai ser enviado ao Ministério Público "com a indicação clara para a investigação de práticas criminais".

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