portugal dos pequeninos: O "QUARTETO" OU O DERRADEIRO ENCANTO

07-05-2020
marcar artigo


O "Quarteto" fechou por causa da já tradicional "falta de condições". Levado a peito, este princípio devia obrigar a fechar o país. O "Quarteto" nunca fez mal a ninguém. Pelo contrário, faz parte de uma época em que "ir ao cinema" era um prazer e uma rotina inteligente. Podia circular-se entre as quatro salas a propósito de um "festival" qualquer ou por causa dos filmes em cartaz. Naqueles anos ninguém se preocupava em saber se as salas eram "confortáveis" ou se era possível levar pipocas e coca-colas lá para dentro. Não. Era a pueril alegria de ver cinema. Vi ou revi seguramente os meus melhores filmes em alguma daquelas quatro salas votadas agora ao desprezo pelo sistema "saudável" que nos governa. Pedro Bandeira Freire é o corpo e a alma do "Quarteto". O corpo - que tantas partidas lhe tem pregado, como se pode ler no livro da foto - pregou-lhe mais uma. Que saia rapidamente dela, é o meu singular desejo. O cinema em Portugal - coisa diferente do cinema português - deve muito a Bandeira Freire. E que o "Quarteto" possa regressar com o seu derradeiro encanto. Aquele que, nas palavras de Roland Barthes, "nos advém das ficções da cultura."


O "Quarteto" fechou por causa da já tradicional "falta de condições". Levado a peito, este princípio devia obrigar a fechar o país. O "Quarteto" nunca fez mal a ninguém. Pelo contrário, faz parte de uma época em que "ir ao cinema" era um prazer e uma rotina inteligente. Podia circular-se entre as quatro salas a propósito de um "festival" qualquer ou por causa dos filmes em cartaz. Naqueles anos ninguém se preocupava em saber se as salas eram "confortáveis" ou se era possível levar pipocas e coca-colas lá para dentro. Não. Era a pueril alegria de ver cinema. Vi ou revi seguramente os meus melhores filmes em alguma daquelas quatro salas votadas agora ao desprezo pelo sistema "saudável" que nos governa. Pedro Bandeira Freire é o corpo e a alma do "Quarteto". O corpo - que tantas partidas lhe tem pregado, como se pode ler no livro da foto - pregou-lhe mais uma. Que saia rapidamente dela, é o meu singular desejo. O cinema em Portugal - coisa diferente do cinema português - deve muito a Bandeira Freire. E que o "Quarteto" possa regressar com o seu derradeiro encanto. Aquele que, nas palavras de Roland Barthes, "nos advém das ficções da cultura."

marcar artigo