A falta de sentido de Estado de Domingues

08-01-2017
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Como dizem os ingleses, “first things first”. E, no maldito caso da Caixa Geral de Depósitos, a culpa de termos chegado aqui é de Mário Centeno.

Foi ele quem escolheu António Domingues para a Caixa e, como toda a gente com dois dedos de testa percebeu, foi ele que se comprometeu com Domingues que nem ele nem os outros administradores seriam obrigados a entregar a declaração de rendimentos e património. Tudo o resto foi atirar areia para os olhos, principalmente da parte de António Costa, quando percebeu que o assunto era explosivo.

Mário Centeno é tudo menos um político e, durante este processo, revelou-se a sua incapacidade em gerir dossiês de elevada complexidade política. O sucesso nas contas deve ser-lhe creditado, naturalmente. Mas sendo este sucesso um fator de sobrevivência do governo, conseguiu em simultâneo afundar-se num dossiê em que o governo não podia errar.

O ministro das Finanças estava convencidíssimo de que Domingues e companhia limitada não tinham de entregar as declarações de rendimentos. Isso ficou óbvio em dois momentos distintos: um comunicado oficial do Ministério das Finanças em que afirmava taxativamente que o facto dos gestores não entregarem as declarações de rendimentos não era “lapso”, porque assim tinha ficado combinado com o acionista Estado. E, num segundo momento, o próprio Centeno afirmou de viva voz que não havia “nenhuma falta de escrutínio” pelo facto de os gestores se recusarem a entregar a declaração de rendimentos.

Se Mário Centeno é o culpado deste filme patético – com o conhecimento de Costa ou sem? –, a verdade é que António Domingues revela uma total ausência de sentido de Estado ao recusar esperar por Paulo Macedo. É o grau zero do serviço público, do institucionalismo, da noção de decência da coisa pública. Já sabíamos que tinha sido uma péssima escolha de Centeno. Não sabíamos que era abaixo do imaginável.

Como dizem os ingleses, “first things first”. E, no maldito caso da Caixa Geral de Depósitos, a culpa de termos chegado aqui é de Mário Centeno.

Foi ele quem escolheu António Domingues para a Caixa e, como toda a gente com dois dedos de testa percebeu, foi ele que se comprometeu com Domingues que nem ele nem os outros administradores seriam obrigados a entregar a declaração de rendimentos e património. Tudo o resto foi atirar areia para os olhos, principalmente da parte de António Costa, quando percebeu que o assunto era explosivo.

Mário Centeno é tudo menos um político e, durante este processo, revelou-se a sua incapacidade em gerir dossiês de elevada complexidade política. O sucesso nas contas deve ser-lhe creditado, naturalmente. Mas sendo este sucesso um fator de sobrevivência do governo, conseguiu em simultâneo afundar-se num dossiê em que o governo não podia errar.

O ministro das Finanças estava convencidíssimo de que Domingues e companhia limitada não tinham de entregar as declarações de rendimentos. Isso ficou óbvio em dois momentos distintos: um comunicado oficial do Ministério das Finanças em que afirmava taxativamente que o facto dos gestores não entregarem as declarações de rendimentos não era “lapso”, porque assim tinha ficado combinado com o acionista Estado. E, num segundo momento, o próprio Centeno afirmou de viva voz que não havia “nenhuma falta de escrutínio” pelo facto de os gestores se recusarem a entregar a declaração de rendimentos.

Se Mário Centeno é o culpado deste filme patético – com o conhecimento de Costa ou sem? –, a verdade é que António Domingues revela uma total ausência de sentido de Estado ao recusar esperar por Paulo Macedo. É o grau zero do serviço público, do institucionalismo, da noção de decência da coisa pública. Já sabíamos que tinha sido uma péssima escolha de Centeno. Não sabíamos que era abaixo do imaginável.

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