PAN. Fim da caça às raposas discutido no parlamento

13-09-2018
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A luta do PAN por alterações ao regime jurídico da caça não é novidade, mas há duas novas propostas. O partido entregou na Assembleia da Re...

A luta do PAN por alterações ao regime jurídico da caça não é novidade, mas há duas novas propostas. O partido entregou na Assembleia da República, no dia 7 de setembro, dois projetos de resolução: um propõe o fim do abate de raposas e saca-rabos e outro sugere a proibição da caça de qualquer animal com recurso à paulada ou a matilhas. Mas as propostas prometem ser polémicas, com as associações de caça a garantirem que não vão deixar avançar as ideias.
Cristina Rodrigues, do PAN, explica ao i que as iniciativas surgiram na sequência de uma petição do Movimento pela Abolição da Caça à Raposa que conta já com 12 mil assinaturas. “Reunimos com eles, estivemos nas audições e percebemos que há várias questões com que também não concordamos”, refere.
A dirigente do partido afirma que “muitas pessoas não têm conhecimento de que ainda é possível caçar raposas” e “ainda menos sabem como é que essa caça pode ocorrer”. “Por isso, temos uma proposta que determina o fim do abate das raposas e, por causa desse tema inicial, notámos que há meios de caça que consideramos que não deveriam existir nem para a raposa nem para qualquer animal, como a utilização do pau ou de matilhas”, justifica.
Sobre o recurso a matilhas para caçar animais como raposas ou javalis, Cristina Rodrigues explica que os cães são usados para “levantar a caça”, ou seja, para “fazer sair os animais do meio do mato”. “Mas o facto é que, depois de os animais saírem, os cães não percebem que não é para ir atrás e acabam por estraçalhar os animais”, indica.
A advogada, que faz parte da Comissão Política Nacional do PAN, recorda que a lei proíbe a luta “entre todos os animais” e que “depois, de alguma forma, abre uma exceção para a caça”. “Há aqui uma incoerência legal”, aponta.
O PAN sugere que sejam usados outros métodos de caça “menos violentos e menos brutais”. “Não temos necessidade de recorrer a 50 cães para matar uma raposa. E, no caso da raposa, nem tem hipótese perante estes cães todos. Contudo, quando é um javali, por exemplo, há muitos cães que também ficam feridos. E os cães têm uma proteção legal que os outros animais não gozam”, defende a dirigente do partido.
Ainda não há data para que a petição do Movimento pela Abolição da Caça à Raposa e os projetos de lei do PAN sejam discutidos no parlamento, mas Cristina Rodrigues garante que “está para breve”.
“Disparates do PAN” Para Jacinto Amaro, presidente da Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), as duas novas propostas não passam de mais um “disparate” do PAN, como já é “hábito”. ”Não sei se na maior parte das vezes é por má-fé ou por desconhecimento”, afirma ao i.
O caçador refere que uma proibição do abate de raposas e saca-rabos pode levar à extinção das espécies que estão na base da alimentação destes predadores, como o coelho bravo. “O coelho está a atravessar a situação mais crítica desde há 30 anos: a doença hemorrágica colocou a espécie quase à beira da extinção”, explica.
Jacinto Amaro indica que atualmente está a ser feito um esforço para que o número de coelhos bravos aumente. Para isso, “os caçadores estão a deixar praticamente de caçar espécies como o coelho: antes caçavam 10 dias por ano e agora caçam 2 ou 3 dias”. E já se “notou uma recuperação no ano passado e neste ano”. Contudo, o presidente da Fencaça alerta que, “se se proíbe o abate dos animais que fazem parte cadeia predadora especialista em coelhos – como as raposas e os saca-rabos – e temos uma população dessa espécie baixa, é meio caminho para a extinção”.
Para o caçador, as propostas do PAN demonstram “total desconhecimento do setor da caça e do mundo rural” e “ignorância”. “Isto é de quem só anda nas ruas da cidade e no parlamento e não anda no campo. O desconhecimento às vezes faz-nos ser atrevidos. E o facto de o PAN ter um deputado no parlamento dá-lhes a possibilidade de irem colocando projetos que visam atacar aqueles que eles consideram ser inimigos, ou seja, os caçadores e todos aqueles que estão ligados de uma forma ou de outra ao mundo rural e às tradições”, defende Jacinto Amaro.
O caçador refere que “os primeiros interessados em que as espécies não se extingam são aqueles que tiram algum rendimento delas: os caçadores e os agricultores”. “Como se fossem eles [PAN] que tivessem de nos dizer o que temos de fazer. Nós é que andamos no campo, nós é que alimentamos a caça e tratamos dela. Agora, é um indivíduo que nunca viu um coelho ou uma lebre a correr no campo que me vem dizer o que tenho de fazer na minha propriedade?! É de loucos. A política é isto tudo: pessoas que não têm conhecimento, nunca viveram no campo nem sujaram as botas e vêm dizer o que devemos fazer”, acusa Jacinto Amaro.
A Fencaça afirma que não vai permitir “de maneira nenhuma” que as propostas sejam aprovadas. “Temos ido a todos os grupos parlamentares, temos feito o nosso trabalho e não é por acaso que praticamente ainda nenhuma proposta do PAN passou e também seguramente não irão passar com esta”, garante o presidente da associação.

by Beatriz Martinho via Jornal i

A luta do PAN por alterações ao regime jurídico da caça não é novidade, mas há duas novas propostas. O partido entregou na Assembleia da Re...

A luta do PAN por alterações ao regime jurídico da caça não é novidade, mas há duas novas propostas. O partido entregou na Assembleia da República, no dia 7 de setembro, dois projetos de resolução: um propõe o fim do abate de raposas e saca-rabos e outro sugere a proibição da caça de qualquer animal com recurso à paulada ou a matilhas. Mas as propostas prometem ser polémicas, com as associações de caça a garantirem que não vão deixar avançar as ideias.
Cristina Rodrigues, do PAN, explica ao i que as iniciativas surgiram na sequência de uma petição do Movimento pela Abolição da Caça à Raposa que conta já com 12 mil assinaturas. “Reunimos com eles, estivemos nas audições e percebemos que há várias questões com que também não concordamos”, refere.
A dirigente do partido afirma que “muitas pessoas não têm conhecimento de que ainda é possível caçar raposas” e “ainda menos sabem como é que essa caça pode ocorrer”. “Por isso, temos uma proposta que determina o fim do abate das raposas e, por causa desse tema inicial, notámos que há meios de caça que consideramos que não deveriam existir nem para a raposa nem para qualquer animal, como a utilização do pau ou de matilhas”, justifica.
Sobre o recurso a matilhas para caçar animais como raposas ou javalis, Cristina Rodrigues explica que os cães são usados para “levantar a caça”, ou seja, para “fazer sair os animais do meio do mato”. “Mas o facto é que, depois de os animais saírem, os cães não percebem que não é para ir atrás e acabam por estraçalhar os animais”, indica.
A advogada, que faz parte da Comissão Política Nacional do PAN, recorda que a lei proíbe a luta “entre todos os animais” e que “depois, de alguma forma, abre uma exceção para a caça”. “Há aqui uma incoerência legal”, aponta.
O PAN sugere que sejam usados outros métodos de caça “menos violentos e menos brutais”. “Não temos necessidade de recorrer a 50 cães para matar uma raposa. E, no caso da raposa, nem tem hipótese perante estes cães todos. Contudo, quando é um javali, por exemplo, há muitos cães que também ficam feridos. E os cães têm uma proteção legal que os outros animais não gozam”, defende a dirigente do partido.
Ainda não há data para que a petição do Movimento pela Abolição da Caça à Raposa e os projetos de lei do PAN sejam discutidos no parlamento, mas Cristina Rodrigues garante que “está para breve”.
“Disparates do PAN” Para Jacinto Amaro, presidente da Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), as duas novas propostas não passam de mais um “disparate” do PAN, como já é “hábito”. ”Não sei se na maior parte das vezes é por má-fé ou por desconhecimento”, afirma ao i.
O caçador refere que uma proibição do abate de raposas e saca-rabos pode levar à extinção das espécies que estão na base da alimentação destes predadores, como o coelho bravo. “O coelho está a atravessar a situação mais crítica desde há 30 anos: a doença hemorrágica colocou a espécie quase à beira da extinção”, explica.
Jacinto Amaro indica que atualmente está a ser feito um esforço para que o número de coelhos bravos aumente. Para isso, “os caçadores estão a deixar praticamente de caçar espécies como o coelho: antes caçavam 10 dias por ano e agora caçam 2 ou 3 dias”. E já se “notou uma recuperação no ano passado e neste ano”. Contudo, o presidente da Fencaça alerta que, “se se proíbe o abate dos animais que fazem parte cadeia predadora especialista em coelhos – como as raposas e os saca-rabos – e temos uma população dessa espécie baixa, é meio caminho para a extinção”.
Para o caçador, as propostas do PAN demonstram “total desconhecimento do setor da caça e do mundo rural” e “ignorância”. “Isto é de quem só anda nas ruas da cidade e no parlamento e não anda no campo. O desconhecimento às vezes faz-nos ser atrevidos. E o facto de o PAN ter um deputado no parlamento dá-lhes a possibilidade de irem colocando projetos que visam atacar aqueles que eles consideram ser inimigos, ou seja, os caçadores e todos aqueles que estão ligados de uma forma ou de outra ao mundo rural e às tradições”, defende Jacinto Amaro.
O caçador refere que “os primeiros interessados em que as espécies não se extingam são aqueles que tiram algum rendimento delas: os caçadores e os agricultores”. “Como se fossem eles [PAN] que tivessem de nos dizer o que temos de fazer. Nós é que andamos no campo, nós é que alimentamos a caça e tratamos dela. Agora, é um indivíduo que nunca viu um coelho ou uma lebre a correr no campo que me vem dizer o que tenho de fazer na minha propriedade?! É de loucos. A política é isto tudo: pessoas que não têm conhecimento, nunca viveram no campo nem sujaram as botas e vêm dizer o que devemos fazer”, acusa Jacinto Amaro.
A Fencaça afirma que não vai permitir “de maneira nenhuma” que as propostas sejam aprovadas. “Temos ido a todos os grupos parlamentares, temos feito o nosso trabalho e não é por acaso que praticamente ainda nenhuma proposta do PAN passou e também seguramente não irão passar com esta”, garante o presidente da associação.

by Beatriz Martinho via Jornal i

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