A análise de Marques Mendes, da morte de Valentina aos problemas no Governo, passando pela pandemia

05-06-2020
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No seu habitual espaço de comentário, no Jornal da Noite da SIC deste domingo, Luís Marques Mendes começou por destacar o caso Valentina. Houve também espaço para os números do PIB, o regresso ao (novo) normal, o conflito entre António Costa e Mário Centeno, a continuação do ministro das Finanças e o apoio do primeiro-ministro à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

Os outros culpados do caso Valentina Para Marques Mendes, a morte de Valentina tratou-se de "um crime monstruoso, que a justiça se encarregará de investigar, julgar e punir", mas que na sua opinião deve ser visto também de outro prisma. "Há uma pergunta que se impõe fazer: e o Estado fez ou não fez tudo para proteger esta criança? A Comissão de Protecção de Menores agiu bem?", questiona-se. Para o analista, "há factos que suscitam dúvidas e estas devem ser esclarecidas", referindo-se à regulação do poder paternal, à relação entre pai e filha e aos depoimentos de populares (que afirmam que o pai e a madrasta a usavam e manipulavam). Com estes dados, "a CPCJ sinalizou o caso, abriu um processo em Abril de 2019 e arquivou-o logo a seguir". Frisando que não foi o Estado nem foram os dirigentes das comissões de protecção de menores os responsáveis pela morte desta criança, não esconde que era importante um apuramento das condições em que as autoridades arquivaram o processo. "O Governo deveria determinar a abertura de uma investigação", considera.

Crise em Portugal Os efeitos do isolamento, decretado durante o Estado de Emergência para combater a pandemia, já começam a sentir-se. Mas não apenas com recurso aos números do PIB do 1º trimestre — que provam duas coisas: que a crise vai ser mais severa que as previsões e que o desemprego, a fome e a pobreza estão a agravar-se — que Marques Mendes faz a sua leitura da situação. "Falei com responsáveis da Caritas, do Banco Alimentar e de outras instituições e a crise é ainda mais séria que a anterior", expressa. "Foi uma crise repentina, surgiu de um dia para o outro, sem aviso, sem as pessoas e as instituições terem tempo sequer para se prepararem", com uma "intensidade brutal" e "transversal". Segundo Marques Mendes, esta "é uma crise que fomenta uma pobreza envergonhada", em que aquilo que "as pessoas mais pedem agora não é um emprego, é alimentação". São precisas ferramentas para uma recuperação rápida.

Depois de uma quinzena em que o desconfinamento foi muito contido, Marques Mendes antevê uma fase completamente diferente, numa altura em que "estamos no fio da navalha". A quebra da economia foi muito maior do que se previa, expressa preocupado o comentador da SIC.

Conflito no governo Longe de ser apanhado desprevenido por este conflito público entre primeiro-ministro e ministro das Finanças, Marques Mendes apenas ficou surpreendido pelo timing. "O que me surpreende é ter acontecido só agora. Desde que Mário Centeno foi para Presidente do Eurogrupo, ambos andam em rota de colisão. É uma guerra de poder", considera. Para o comentador, "neste episódio ambos estiveram mal", porque "um e outro não tiveram sentido de Estado". "Em vez de se focarem na pandemia, na retoma económica e nos problemas reais do país, envolveram-se numa trica política sem nível e sem sentido. Saem ambos mal." Centeno porque foi desleal. António Costa porque "inventou um pretexto para não assumir a questão do pagamento ao Novo Banco". Quanto à prestação de Marcelo, Marques Mendes também preferia que o Presidente "não tivesse comentado esta divergência dentro do Governo". "Mas é o seu estilo. Não surpreende. Foi com este estilo que ganhou eleições e é com ele que está em alta nas sondagens." Em relação ao futuro, o comentador pensa que "Mário Centeno vai sair do Governo até ao verão", mas não por causa do episódio desta semana. É uma saída que estará combinada desde, pelo menos, o início do ano. "Mário Centeno há muito que quer sair do Governo." "É provável que Mário Centeno vá para o BdP. Ele queria mais. Queria um cargo internacional de relevo. Mas não há. O que sobra é o Banco de Portugal." Mas para António Costa a ida de Centeno para o BdP vai ser um problema. "Centeno vai fazer a vida negra ao Governo", antecipa Marques Mendes. E a este problema junta-se outro: encontrar um substituto. "Suceder-lhe é fácil. Substituí-lo é mais difícil."

No seu habitual espaço de comentário, no Jornal da Noite da SIC deste domingo, Luís Marques Mendes começou por destacar o caso Valentina. Houve também espaço para os números do PIB, o regresso ao (novo) normal, o conflito entre António Costa e Mário Centeno, a continuação do ministro das Finanças e o apoio do primeiro-ministro à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

Os outros culpados do caso Valentina Para Marques Mendes, a morte de Valentina tratou-se de "um crime monstruoso, que a justiça se encarregará de investigar, julgar e punir", mas que na sua opinião deve ser visto também de outro prisma. "Há uma pergunta que se impõe fazer: e o Estado fez ou não fez tudo para proteger esta criança? A Comissão de Protecção de Menores agiu bem?", questiona-se. Para o analista, "há factos que suscitam dúvidas e estas devem ser esclarecidas", referindo-se à regulação do poder paternal, à relação entre pai e filha e aos depoimentos de populares (que afirmam que o pai e a madrasta a usavam e manipulavam). Com estes dados, "a CPCJ sinalizou o caso, abriu um processo em Abril de 2019 e arquivou-o logo a seguir". Frisando que não foi o Estado nem foram os dirigentes das comissões de protecção de menores os responsáveis pela morte desta criança, não esconde que era importante um apuramento das condições em que as autoridades arquivaram o processo. "O Governo deveria determinar a abertura de uma investigação", considera.

Crise em Portugal Os efeitos do isolamento, decretado durante o Estado de Emergência para combater a pandemia, já começam a sentir-se. Mas não apenas com recurso aos números do PIB do 1º trimestre — que provam duas coisas: que a crise vai ser mais severa que as previsões e que o desemprego, a fome e a pobreza estão a agravar-se — que Marques Mendes faz a sua leitura da situação. "Falei com responsáveis da Caritas, do Banco Alimentar e de outras instituições e a crise é ainda mais séria que a anterior", expressa. "Foi uma crise repentina, surgiu de um dia para o outro, sem aviso, sem as pessoas e as instituições terem tempo sequer para se prepararem", com uma "intensidade brutal" e "transversal". Segundo Marques Mendes, esta "é uma crise que fomenta uma pobreza envergonhada", em que aquilo que "as pessoas mais pedem agora não é um emprego, é alimentação". São precisas ferramentas para uma recuperação rápida.

Depois de uma quinzena em que o desconfinamento foi muito contido, Marques Mendes antevê uma fase completamente diferente, numa altura em que "estamos no fio da navalha". A quebra da economia foi muito maior do que se previa, expressa preocupado o comentador da SIC.

Conflito no governo Longe de ser apanhado desprevenido por este conflito público entre primeiro-ministro e ministro das Finanças, Marques Mendes apenas ficou surpreendido pelo timing. "O que me surpreende é ter acontecido só agora. Desde que Mário Centeno foi para Presidente do Eurogrupo, ambos andam em rota de colisão. É uma guerra de poder", considera. Para o comentador, "neste episódio ambos estiveram mal", porque "um e outro não tiveram sentido de Estado". "Em vez de se focarem na pandemia, na retoma económica e nos problemas reais do país, envolveram-se numa trica política sem nível e sem sentido. Saem ambos mal." Centeno porque foi desleal. António Costa porque "inventou um pretexto para não assumir a questão do pagamento ao Novo Banco". Quanto à prestação de Marcelo, Marques Mendes também preferia que o Presidente "não tivesse comentado esta divergência dentro do Governo". "Mas é o seu estilo. Não surpreende. Foi com este estilo que ganhou eleições e é com ele que está em alta nas sondagens." Em relação ao futuro, o comentador pensa que "Mário Centeno vai sair do Governo até ao verão", mas não por causa do episódio desta semana. É uma saída que estará combinada desde, pelo menos, o início do ano. "Mário Centeno há muito que quer sair do Governo." "É provável que Mário Centeno vá para o BdP. Ele queria mais. Queria um cargo internacional de relevo. Mas não há. O que sobra é o Banco de Portugal." Mas para António Costa a ida de Centeno para o BdP vai ser um problema. "Centeno vai fazer a vida negra ao Governo", antecipa Marques Mendes. E a este problema junta-se outro: encontrar um substituto. "Suceder-lhe é fácil. Substituí-lo é mais difícil."

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