BOMBEIROS. "Soldados da Paz" podem “desenterrar machado para fazer guerra”

23-09-2019
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Texto: Valdemar Pinheiro
Fotos: João Marques Valentim

Os bombeiros portugueses estão em "brasa" e, apesar de serem “Soldados da Paz”, estão dispostos “a desenterrar o machado para fazer a guerra”. O alerta
foi deixado este domingo, por ocasião do Dia do Bombeiro Português, comemorado
em Cascais, pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.

E, Marta Soares questionou: "Porque é que os poderes
públicos não respondem favoravelmente às propostas que lhe são apresentadas
pela Liga?". A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de
Sousa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que presidiram às
cerimónias, escutaram mas não responderam.

A ministra Constança Urbano de Sousa, que tutela a
Autoridade Nacional de Proteção Civil, da qual, por sua vez, dependem os corpos
de Bombeiros, elogiou o papel dos “Soldados da Paz” e destacou a sua
importância, mas não respondeu a qualquer crítica ou exigência da Liga.

Já o Presidente da República falou breves minutos,
afirmando apenas que o fazia com "emoção e orgulho", orgulho de ser
Presidente "de uma pátria que tem os melhores bombeiros do mundo".

A revolta e o descontentamento dos bombeiros portugueses prende-se, por um lado
pela falta de investimento e, por outro nas recentes declarações do secretário
de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, o qual, na apresentação do
Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais no Parlamento, afirmou
que a “comparticipação aos bombeiros que integram o dispositivo vai manter-se
nos 45 euros por dia, sublinhando que um bombeiro recebe, ao final do mês,
1.350 euros, montante que totaliza uma despesa para o Estado de 22 milhões de
euros por ano”.

Estas afirmações do governante “incendiaram” os corpos de Bombeiros, que exigem
um pedido de desculpas, uma vez que o secretário de Estado “omitiu que os
bombeiros não podem ser escalados 24 horas consecutivas durante 30 dias
seguidos”, assegurou, a Cascais24, um responsável pela Federação dos Bombeiros
do Distrito de Lisboa, que esteve ausente das comemorações em sinal de
protesto. A Federação congrega 56 associações humanitárias e corpos de
Bombeiros, que mobilizam mais de 8 mil voluntários.

A lei de financiamento às associações humanitárias de bombeiros, aprovada em
2015 pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, constitui outro sinal de
descontentamento. É que, apesar do financiamento manter-se nos 25,7 milhões de
euros de 2016, este ano há 210 corporações de bombeiros que vão receber menos
dinheiro, enquanto outras 203 viram o seu orçamento aumentado. 

“O problema é
que, com esta lei, o financiamento às corporações de bombeiros passou a ser
feito de acordo com critérios assentes no risco e na atividade dos corpos de
bombeiros, como índice do risco de incêndio, número de ocorrência, população,
área geográfica e número total de operacionais”, explicou, a Cascais24, a mesma
fonte da Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa, segundo a qual “a
própria Liga dos Bombeiros Portugueses tem “demonstrado incapacidade e
incompetência em negociar e defender os reais interesses do setor”.

Momento alto

Não
obstante, neste domingo nas comemorações do Dia do Bombeiro Português ter-se-ão
visto mais estandartes do que bombeiros.

Conforme
Cascais24 tinha entretanto avançado, apenas por “respeito pelos superiores
interesses de todos os bombeiros portugueses, pelo Presidente da República e
pelo Estandarte Nacional” os bombeiros participavam com os respetivos
estandartes.

Depois do
hastear das bandeiras e do acendimento da pira com o facho trazido pela corporação
de Faro, que assinalou o início das cerimónias, o ponto mais alto das comemorações
foi a incorporação da Bandeira Nacional no estandarte da Liga dos Bombeiros
Portugueses – ato presidido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa.

Pelo meio
houve a formatura junto à Cidadela, dando-se início à cerimónia comemorativa
que decorreu na Esplanada da Praia dos Pescadores.

Durante a
cerimónia foi entregue o Prémio Bombeiro de Mérito 2016, bem como um conjunto
de menções honrosas destinadas a agraciar a Câmara Municipal, o dirigente
associativo, o elemento do quadro de comando, a empresa e a personalidade da
sociedade portuguesa que se tenham distinguido no ano passado pelo incentivo e
apoio expressivo ao voluntariado e ao associativismo nos bombeiros.

Já debaixo
de chuva, a cerimónia encerrou com um desfile apeado e motorizado, que partiu
da Cidadela de Cascais em direção ao Mercado da Vila, com passagem pela Av. D.
Carlos, Passeio D. Luís I, Alameda dos Combatentes da Grande Guerra, Av. 25 de
Abril e Av. D. Pedro I.

O Dia do Bombeiro Português, em Cascais, foi
organizado pela Liga dos Bombeiros Portugueses em parceria com a Federação de
Bombeiros do Distrito de Lisboa e do Secretariado das cinco Associações de
Bombeiros do Concelho de Cascais com o apoio da Câmara Municipal.

Noticia relacionada 

Revolta e descontentamento no Dia do Bombeiro Português 

Texto: Valdemar Pinheiro
Fotos: João Marques Valentim

Os bombeiros portugueses estão em "brasa" e, apesar de serem “Soldados da Paz”, estão dispostos “a desenterrar o machado para fazer a guerra”. O alerta
foi deixado este domingo, por ocasião do Dia do Bombeiro Português, comemorado
em Cascais, pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.

E, Marta Soares questionou: "Porque é que os poderes
públicos não respondem favoravelmente às propostas que lhe são apresentadas
pela Liga?". A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de
Sousa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que presidiram às
cerimónias, escutaram mas não responderam.

A ministra Constança Urbano de Sousa, que tutela a
Autoridade Nacional de Proteção Civil, da qual, por sua vez, dependem os corpos
de Bombeiros, elogiou o papel dos “Soldados da Paz” e destacou a sua
importância, mas não respondeu a qualquer crítica ou exigência da Liga.

Já o Presidente da República falou breves minutos,
afirmando apenas que o fazia com "emoção e orgulho", orgulho de ser
Presidente "de uma pátria que tem os melhores bombeiros do mundo".

A revolta e o descontentamento dos bombeiros portugueses prende-se, por um lado
pela falta de investimento e, por outro nas recentes declarações do secretário
de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, o qual, na apresentação do
Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais no Parlamento, afirmou
que a “comparticipação aos bombeiros que integram o dispositivo vai manter-se
nos 45 euros por dia, sublinhando que um bombeiro recebe, ao final do mês,
1.350 euros, montante que totaliza uma despesa para o Estado de 22 milhões de
euros por ano”.

Estas afirmações do governante “incendiaram” os corpos de Bombeiros, que exigem
um pedido de desculpas, uma vez que o secretário de Estado “omitiu que os
bombeiros não podem ser escalados 24 horas consecutivas durante 30 dias
seguidos”, assegurou, a Cascais24, um responsável pela Federação dos Bombeiros
do Distrito de Lisboa, que esteve ausente das comemorações em sinal de
protesto. A Federação congrega 56 associações humanitárias e corpos de
Bombeiros, que mobilizam mais de 8 mil voluntários.

A lei de financiamento às associações humanitárias de bombeiros, aprovada em
2015 pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, constitui outro sinal de
descontentamento. É que, apesar do financiamento manter-se nos 25,7 milhões de
euros de 2016, este ano há 210 corporações de bombeiros que vão receber menos
dinheiro, enquanto outras 203 viram o seu orçamento aumentado. 

“O problema é
que, com esta lei, o financiamento às corporações de bombeiros passou a ser
feito de acordo com critérios assentes no risco e na atividade dos corpos de
bombeiros, como índice do risco de incêndio, número de ocorrência, população,
área geográfica e número total de operacionais”, explicou, a Cascais24, a mesma
fonte da Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa, segundo a qual “a
própria Liga dos Bombeiros Portugueses tem “demonstrado incapacidade e
incompetência em negociar e defender os reais interesses do setor”.

Momento alto

Não
obstante, neste domingo nas comemorações do Dia do Bombeiro Português ter-se-ão
visto mais estandartes do que bombeiros.

Conforme
Cascais24 tinha entretanto avançado, apenas por “respeito pelos superiores
interesses de todos os bombeiros portugueses, pelo Presidente da República e
pelo Estandarte Nacional” os bombeiros participavam com os respetivos
estandartes.

Depois do
hastear das bandeiras e do acendimento da pira com o facho trazido pela corporação
de Faro, que assinalou o início das cerimónias, o ponto mais alto das comemorações
foi a incorporação da Bandeira Nacional no estandarte da Liga dos Bombeiros
Portugueses – ato presidido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa.

Pelo meio
houve a formatura junto à Cidadela, dando-se início à cerimónia comemorativa
que decorreu na Esplanada da Praia dos Pescadores.

Durante a
cerimónia foi entregue o Prémio Bombeiro de Mérito 2016, bem como um conjunto
de menções honrosas destinadas a agraciar a Câmara Municipal, o dirigente
associativo, o elemento do quadro de comando, a empresa e a personalidade da
sociedade portuguesa que se tenham distinguido no ano passado pelo incentivo e
apoio expressivo ao voluntariado e ao associativismo nos bombeiros.

Já debaixo
de chuva, a cerimónia encerrou com um desfile apeado e motorizado, que partiu
da Cidadela de Cascais em direção ao Mercado da Vila, com passagem pela Av. D.
Carlos, Passeio D. Luís I, Alameda dos Combatentes da Grande Guerra, Av. 25 de
Abril e Av. D. Pedro I.

O Dia do Bombeiro Português, em Cascais, foi
organizado pela Liga dos Bombeiros Portugueses em parceria com a Federação de
Bombeiros do Distrito de Lisboa e do Secretariado das cinco Associações de
Bombeiros do Concelho de Cascais com o apoio da Câmara Municipal.

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Revolta e descontentamento no Dia do Bombeiro Português 

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