Cristas puxa por mulheres e jovens e tenta abrir espaço aos independentes

01-07-2019
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Foram meses de conversas - e contas de cabeça - desde que em janeiro Assunção Cristas aprovou em Conselho Nacional do CDS os critérios para a composição das próximas listas de deputados. O objetivo da líder era, como já é hábito, fechar a questão muito mais cedo do que os outros partidos - e ainda antes das europeias de maio - e evitar contaminações. Finalmente, as listas foram reveladas, como o Expresso noticiou esta sexta-feira, às estruturas do partido e Cristas mostra-se satisfeita: "Conseguimos um ótimo resultado na conjugação da experiência com a novidade", diz ao Expresso.

O tetris não era fácil de montar. Num partido como o CDS, com um grupo parlamentar muito mais reduzido (18 lugares) do que o dos partidos grandes (o PS tem 86, o PSD 89), não há assentos distribuídos de ânimo leve, porque todos contam. E Cristas tinha colocado a sua própria fasquia alta no Conselho Nacional de janeiro, quando tentou pacificar as estruturas - traumatizadas com as últimas decisões, ou imposições, de Paulo Portas às distritais - com uma lista de critérios em que reduzia a quota que a direção tem direito a escolher (cinco lugares em Lisboa, três no Porto e restantes cabeças de lista) e colocava a paridade e o equilíbrio entre renovação e continuidade como prioridades.

No fim. Cristas, que raramente teve conversas pormenorizadas com as distritais - isto é, que envolvessem nomes concretos - cumpriu os seus objetivos. Conseguiu dar mais destaque às mulheres: em Lisboa, é a própria que encabeça a lista (tinha concorrido por Leiria em 2015) seguida por Ana Rita Bessa; no Porto, o primeiro nome é o de Cecília Meireles, o que faz com que as duas maiores distritais tenham mulheres à cabeça. E com a pouca margem de manobra que tinha juntou alguns independentes à lista: Raquel Abecassis, ex-jornalista que já tinha organizado o ciclo de conferências Ouvir Portugal, e Sebastião Bugalho, também ex-jornalista, de 23 anos. E a ideia de renovação está presente: há 14 novos cabeças de lista em 20, e apenas 9 são já deputados.

A juventude fica também representada com Francisco 'Chicão' Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular, em lugar destacado (vai na segunda posição pelo Porto), e Melissa Silva, de 27 anos, jovem da comunidade portuguesa em Paris que se candidata pelo círculo da emigração, assim como Gonçalo Nuno Santos, que é novo no partido - militava no PSD-Madeira e chegou a ser deputado pelos sociais-democratas. Novo nas listas, mas não no partido, é o secretário-geral, Pedro Morais Soares, que se candidata em quarto lugar por Lisboa.

O Porto e os nomes que ficam de fora

Um dos processos em que Cristas precisou de dar mais uso à diplomacia foi a distrital do Porto, uma das mais afastadas da direção - no ano passado, Fernando Barbosa (que vai em terceiro lugar nas listas) foi eleito como o representante das bases que derrotou Cecília Meireles, a candidata associada à direção do partido. Uma das suas bandeiras era precisamente a exigência de que fossem as estruturas locais a apontar os candidatos ao Parlamento. Afinal, os problemas começaram a suceder-se no seio da própria distrital: houve quem acusasse Barbosa de negociar o seu lugar sem ter em conta os interesses da distrital; o dirigente respondeu que as bases, que inicialmente não queriam aceitar Cecília como cabeça de lista, estavam a ser demasiado inflexíveis.

De fora da lista de nomes em que Cristas tem apostado e que voltam ao Parlamento fica Vânia Dias da Silva, que se tem ocupado de temas ligados à Justiça. A deputada foi em segundo lugar por Braga nas últimas eleições, mas é um distrito difícil: o cabeça de lista, Telmo Correia, é lisboeta e as estruturas reclamam a escolha do assento seguinte, que tem hipóteses de ser eleito. De saída, mas por escolha, como já tinha noticiado o Expresso, está Teresa Caeiro, que termina assim três décadas de atividade política - para o seu lugar de cabeça de lista, em Faro, vai João Rebelo.

Feitas as escolhas, a líder não quer perder tempo. A estratégia tem sido sempre de acelerar, em todos os anúncios de candidatos; já tinha sido assim nas europeias. "Temos de ir para a rua!", explica Cristas. O relógio está a contar.

Foram meses de conversas - e contas de cabeça - desde que em janeiro Assunção Cristas aprovou em Conselho Nacional do CDS os critérios para a composição das próximas listas de deputados. O objetivo da líder era, como já é hábito, fechar a questão muito mais cedo do que os outros partidos - e ainda antes das europeias de maio - e evitar contaminações. Finalmente, as listas foram reveladas, como o Expresso noticiou esta sexta-feira, às estruturas do partido e Cristas mostra-se satisfeita: "Conseguimos um ótimo resultado na conjugação da experiência com a novidade", diz ao Expresso.

O tetris não era fácil de montar. Num partido como o CDS, com um grupo parlamentar muito mais reduzido (18 lugares) do que o dos partidos grandes (o PS tem 86, o PSD 89), não há assentos distribuídos de ânimo leve, porque todos contam. E Cristas tinha colocado a sua própria fasquia alta no Conselho Nacional de janeiro, quando tentou pacificar as estruturas - traumatizadas com as últimas decisões, ou imposições, de Paulo Portas às distritais - com uma lista de critérios em que reduzia a quota que a direção tem direito a escolher (cinco lugares em Lisboa, três no Porto e restantes cabeças de lista) e colocava a paridade e o equilíbrio entre renovação e continuidade como prioridades.

No fim. Cristas, que raramente teve conversas pormenorizadas com as distritais - isto é, que envolvessem nomes concretos - cumpriu os seus objetivos. Conseguiu dar mais destaque às mulheres: em Lisboa, é a própria que encabeça a lista (tinha concorrido por Leiria em 2015) seguida por Ana Rita Bessa; no Porto, o primeiro nome é o de Cecília Meireles, o que faz com que as duas maiores distritais tenham mulheres à cabeça. E com a pouca margem de manobra que tinha juntou alguns independentes à lista: Raquel Abecassis, ex-jornalista que já tinha organizado o ciclo de conferências Ouvir Portugal, e Sebastião Bugalho, também ex-jornalista, de 23 anos. E a ideia de renovação está presente: há 14 novos cabeças de lista em 20, e apenas 9 são já deputados.

A juventude fica também representada com Francisco 'Chicão' Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular, em lugar destacado (vai na segunda posição pelo Porto), e Melissa Silva, de 27 anos, jovem da comunidade portuguesa em Paris que se candidata pelo círculo da emigração, assim como Gonçalo Nuno Santos, que é novo no partido - militava no PSD-Madeira e chegou a ser deputado pelos sociais-democratas. Novo nas listas, mas não no partido, é o secretário-geral, Pedro Morais Soares, que se candidata em quarto lugar por Lisboa.

O Porto e os nomes que ficam de fora

Um dos processos em que Cristas precisou de dar mais uso à diplomacia foi a distrital do Porto, uma das mais afastadas da direção - no ano passado, Fernando Barbosa (que vai em terceiro lugar nas listas) foi eleito como o representante das bases que derrotou Cecília Meireles, a candidata associada à direção do partido. Uma das suas bandeiras era precisamente a exigência de que fossem as estruturas locais a apontar os candidatos ao Parlamento. Afinal, os problemas começaram a suceder-se no seio da própria distrital: houve quem acusasse Barbosa de negociar o seu lugar sem ter em conta os interesses da distrital; o dirigente respondeu que as bases, que inicialmente não queriam aceitar Cecília como cabeça de lista, estavam a ser demasiado inflexíveis.

De fora da lista de nomes em que Cristas tem apostado e que voltam ao Parlamento fica Vânia Dias da Silva, que se tem ocupado de temas ligados à Justiça. A deputada foi em segundo lugar por Braga nas últimas eleições, mas é um distrito difícil: o cabeça de lista, Telmo Correia, é lisboeta e as estruturas reclamam a escolha do assento seguinte, que tem hipóteses de ser eleito. De saída, mas por escolha, como já tinha noticiado o Expresso, está Teresa Caeiro, que termina assim três décadas de atividade política - para o seu lugar de cabeça de lista, em Faro, vai João Rebelo.

Feitas as escolhas, a líder não quer perder tempo. A estratégia tem sido sempre de acelerar, em todos os anúncios de candidatos; já tinha sido assim nas europeias. "Temos de ir para a rua!", explica Cristas. O relógio está a contar.

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