Há quatro anos e meio, no epicentro da crise financeira, Pedro Passos Coelho disse que alguns professores poderiam olhar para o mercado da língua portuguesa lá fora como uma alternativa ao desemprego. A frase, apesar de justificada pelo contexto, fez manchetes, motivou ataques e insultos e serviu de argumento às oposições em todos os debates da legislatura.
O comunista Mário Nogueira usou o megafone da Fenprof para vociferar que era Pedro Passos Coelho quem deveria emigrar. “Penso que o senhor primeiro-ministro podia aproveitar e ir ele próprio desgovernar outros países e outros povos. Não desejo no entanto que esses países e esses povos sejam os nossos irmãos de língua portuguesa”, afirmou.
Jerónimo de Sousa e Catarina Martins seguiram-lhe o tom, na violência argumentativa.
E António Costa, na oposição, aproveitou a encenação de uma anónima de conveniência, num comício de campanha das legislativas – afinal militante do PS, nomeada em 2000 por José Sócrates para um cargo na administração pública – para twetar pungente:
“Em Setúbal foi marcante a intervenção espontânea de uma mãe desesperada com a emigração forçada do seu filho. É preciso mudar isto.#costa2015”.
Há dias, já primeiro-ministro, foi António Costa quem disse, com o presidente da República próximo, que alguns professores poderiam olhar para o mercado da língua portuguesa como uma alternativa ao desemprego. Aconteceu nas comemorações de 10 de junho, em França, relativamente ao ensino da língua. E a frase foi:
“É também uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, não têm trabalho em Portugal e podem encontrar trabalho aqui”.
Como reagiu então a mesmíssima Esquerda?
No frete ao PS, Mário Nogueira garante que o líder do PSD disse “para os professores irem dar aulas para outros países”, enquanto António Costa teve em conta que “há um país que demonstrou disponibilidade para o ensino de uma determinada língua e que vai criar condições técnicas”.
Jerónimo de Sousa e Catarina Martins ronronaram baixinho.
E fazendo do absurdo um exercício autointerpretativo, António Costa tweetou:
“A estrada da Beira e a beira da estrada não são a mesma coisa, pois não? Pois… Eu também não apelei à emigração!”.
Na política, as cambalhotas podem ser traumáticas. Quem sabe não se explica assim, que no momento do balanço das comemorações, o presidente da República tenha afirmado, com António Costa ao lado: “O melhor que nós temos é o povo. Não é que os políticos também não sejam bons. Mas o povo é melhor do que os políticos”.
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Há quatro anos e meio, no epicentro da crise financeira, Pedro Passos Coelho disse que alguns professores poderiam olhar para o mercado da língua portuguesa lá fora como uma alternativa ao desemprego. A frase, apesar de justificada pelo contexto, fez manchetes, motivou ataques e insultos e serviu de argumento às oposições em todos os debates da legislatura.
O comunista Mário Nogueira usou o megafone da Fenprof para vociferar que era Pedro Passos Coelho quem deveria emigrar. “Penso que o senhor primeiro-ministro podia aproveitar e ir ele próprio desgovernar outros países e outros povos. Não desejo no entanto que esses países e esses povos sejam os nossos irmãos de língua portuguesa”, afirmou.
Jerónimo de Sousa e Catarina Martins seguiram-lhe o tom, na violência argumentativa.
E António Costa, na oposição, aproveitou a encenação de uma anónima de conveniência, num comício de campanha das legislativas – afinal militante do PS, nomeada em 2000 por José Sócrates para um cargo na administração pública – para twetar pungente:
“Em Setúbal foi marcante a intervenção espontânea de uma mãe desesperada com a emigração forçada do seu filho. É preciso mudar isto.#costa2015”.
Há dias, já primeiro-ministro, foi António Costa quem disse, com o presidente da República próximo, que alguns professores poderiam olhar para o mercado da língua portuguesa como uma alternativa ao desemprego. Aconteceu nas comemorações de 10 de junho, em França, relativamente ao ensino da língua. E a frase foi:
“É também uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, não têm trabalho em Portugal e podem encontrar trabalho aqui”.
Como reagiu então a mesmíssima Esquerda?
No frete ao PS, Mário Nogueira garante que o líder do PSD disse “para os professores irem dar aulas para outros países”, enquanto António Costa teve em conta que “há um país que demonstrou disponibilidade para o ensino de uma determinada língua e que vai criar condições técnicas”.
Jerónimo de Sousa e Catarina Martins ronronaram baixinho.
E fazendo do absurdo um exercício autointerpretativo, António Costa tweetou:
“A estrada da Beira e a beira da estrada não são a mesma coisa, pois não? Pois… Eu também não apelei à emigração!”.
Na política, as cambalhotas podem ser traumáticas. Quem sabe não se explica assim, que no momento do balanço das comemorações, o presidente da República tenha afirmado, com António Costa ao lado: “O melhor que nós temos é o povo. Não é que os políticos também não sejam bons. Mas o povo é melhor do que os políticos”.