BE quer recuperar 100 mil casas e oferecer rendas a 300 euros

30-09-2019
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Maria Araújo vive no bairro dos Loios, um vasto complexo de habitação social em Marvila (Lisboa). Deve 27 mil euros ao IHRU (Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, entidade pública que gere aquele património do Estado).

A dívida e a sua história contou-a na manhã desta segunda-feira a Catarina Martins e aos jornalistas que acompanham a líder do Bloco de Esquerda na campanha eleitoral. Os 27 mil euros são resultado da falta de pagamento de rendas e das coimas por esse incumprimento, a que acrescem os juros da praxe. “Uma bola de neve de multas”, chamou-lhe Catarina.

Foi na história de Maria que Catarina baseou o guião da sua única iniciativa de campanha do dia em que os candidatos, uns mais do que outros, estão em semi-retiro para o debate televisivo a seis logo à noite.

“Não conseguimos ir a todos os bairros, mas decidimos vir aqui”, disse a líder do Bloco, na Praça Raul Lino, numa intervenção em que teve colunas de som que se faziam ouvir bem em redor.

Sequelas da Lei Cristas

Maria pagava uma renda que podia suportar, mas veio o Governo do PSD/CDS e o valor disparou. “Assunção Cristas não alterou só as rendas para o mercado global, também o fez para a renda apoiada”, diz Catarina Martins. “A lei foi contra os mais pobres dos pobres”, sublinhou.

Nesta legislatura uma parte do problema foi sanada. “Conseguimos alterar a lei no Parlamento para que as rendas fossem recalculadas”, afirmou a coordenadora do Bloco.

Falta a outra metade da solução: a intervenção do IHRU, que deve “regularizar” a situação (algo que Catarina Martins não explicou em que consiste efetivamente). O alheamento daquele instituto já havia sido denunciado antes por Maria Araújo: “Fizemos uma denúncia à Câmara: o nosso prédio não tem vistoria (gás, sistema elétrico) há 30 anos”, disse. E obras, também, nem vê-las, assegurou.

É neste ponto do problema que Catarina Martins expõe o programa do Bloco para resolver o “enorme problema de crise de habitação”.

O Bloco estima as “necessidades do país” (habitação em falta) em 50 mil fogos, mas para que muitos das que existem, com pessoaslá dentro, tenham “condições condignas” o partido propõe “recuperar 100 casas mil em quatro anos”.

O parque residencial será abastecido pelo Estado, por misericórdias e por “proprietários pobres, que sem dinheiro para a recuperação” possam colocar os seus fogos no “mercado público”, sugeriu Catarina.

josé fernandes

Investimento que se paga a si próprio

Uma empreitada que teria o custo de “seis mil milhões de euros em quatro anos”, e que poderá ter acesso a fundos comunitários. Quanto ao valor da renda, para os agregados mais necessitados Catarina defendeu uma “habitação acessível por um preço médio de 300 euros”.

Um mercado de arrendamento mais justo para que todas as famílias possam tem acesso a uma casa, defendeu Catarina: “A habitação social deve responder aos mais pobres dos pobres”.

Uma política tanto mais urgente quanto o fenómeno está a crescer, salientou Catarina Martins. “Pessoas que não precisavam de habitação social hoje estão a fazer essa solicitação, porque o mercado de arrendamento explodiu” e deixaram de ter capacidade de suportar essas rendas.

Não será um custo demasiado elevado para os cofres públicos? Antes de a questão ser eventualmente colocada já Catarina desarmava possíveis objeções: "Quando as rendas são adequadas, as pessoas pagam. Logo, o Estado tem o seu dinheiro de volta".

Madeira ou uma espécie de tabu

Ao segundo dia de campanha oficial, o mau resultado na Madeira (onde o Bloco perdeu no domingo os dois deputados no Parlamento Regional) gerou uma espécie de tabu em Catarina Martins.

No final da visita ao bairro dos Loios, a coordenadora do Bloco foi confrontada pelos jornalistas com a sua “primeira derrota” como líder do partido.

Ou porque a pergunta foi feita a doer, ou porque simplesmente a dimensão da derrota obriga a digestão demorada, o “day after” do Bloco é por ora feito de silêncio.

Ninguém arrancou qualquer comentário a Catarina Martins, que alegou já ter falado do assunto na véspera, mesmo ante a insistência de novas perguntas. “Estamos aqui para falar do programa do Bloco e do problema da habitação”, disse. E repetiu: “Habitação, habitação”.

E além do tema da iniciativa desta segunda-feira mais não disse a coordenadora do Bloco.

Maria Araújo vive no bairro dos Loios, um vasto complexo de habitação social em Marvila (Lisboa). Deve 27 mil euros ao IHRU (Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, entidade pública que gere aquele património do Estado).

A dívida e a sua história contou-a na manhã desta segunda-feira a Catarina Martins e aos jornalistas que acompanham a líder do Bloco de Esquerda na campanha eleitoral. Os 27 mil euros são resultado da falta de pagamento de rendas e das coimas por esse incumprimento, a que acrescem os juros da praxe. “Uma bola de neve de multas”, chamou-lhe Catarina.

Foi na história de Maria que Catarina baseou o guião da sua única iniciativa de campanha do dia em que os candidatos, uns mais do que outros, estão em semi-retiro para o debate televisivo a seis logo à noite.

“Não conseguimos ir a todos os bairros, mas decidimos vir aqui”, disse a líder do Bloco, na Praça Raul Lino, numa intervenção em que teve colunas de som que se faziam ouvir bem em redor.

Sequelas da Lei Cristas

Maria pagava uma renda que podia suportar, mas veio o Governo do PSD/CDS e o valor disparou. “Assunção Cristas não alterou só as rendas para o mercado global, também o fez para a renda apoiada”, diz Catarina Martins. “A lei foi contra os mais pobres dos pobres”, sublinhou.

Nesta legislatura uma parte do problema foi sanada. “Conseguimos alterar a lei no Parlamento para que as rendas fossem recalculadas”, afirmou a coordenadora do Bloco.

Falta a outra metade da solução: a intervenção do IHRU, que deve “regularizar” a situação (algo que Catarina Martins não explicou em que consiste efetivamente). O alheamento daquele instituto já havia sido denunciado antes por Maria Araújo: “Fizemos uma denúncia à Câmara: o nosso prédio não tem vistoria (gás, sistema elétrico) há 30 anos”, disse. E obras, também, nem vê-las, assegurou.

É neste ponto do problema que Catarina Martins expõe o programa do Bloco para resolver o “enorme problema de crise de habitação”.

O Bloco estima as “necessidades do país” (habitação em falta) em 50 mil fogos, mas para que muitos das que existem, com pessoaslá dentro, tenham “condições condignas” o partido propõe “recuperar 100 casas mil em quatro anos”.

O parque residencial será abastecido pelo Estado, por misericórdias e por “proprietários pobres, que sem dinheiro para a recuperação” possam colocar os seus fogos no “mercado público”, sugeriu Catarina.

josé fernandes

Investimento que se paga a si próprio

Uma empreitada que teria o custo de “seis mil milhões de euros em quatro anos”, e que poderá ter acesso a fundos comunitários. Quanto ao valor da renda, para os agregados mais necessitados Catarina defendeu uma “habitação acessível por um preço médio de 300 euros”.

Um mercado de arrendamento mais justo para que todas as famílias possam tem acesso a uma casa, defendeu Catarina: “A habitação social deve responder aos mais pobres dos pobres”.

Uma política tanto mais urgente quanto o fenómeno está a crescer, salientou Catarina Martins. “Pessoas que não precisavam de habitação social hoje estão a fazer essa solicitação, porque o mercado de arrendamento explodiu” e deixaram de ter capacidade de suportar essas rendas.

Não será um custo demasiado elevado para os cofres públicos? Antes de a questão ser eventualmente colocada já Catarina desarmava possíveis objeções: "Quando as rendas são adequadas, as pessoas pagam. Logo, o Estado tem o seu dinheiro de volta".

Madeira ou uma espécie de tabu

Ao segundo dia de campanha oficial, o mau resultado na Madeira (onde o Bloco perdeu no domingo os dois deputados no Parlamento Regional) gerou uma espécie de tabu em Catarina Martins.

No final da visita ao bairro dos Loios, a coordenadora do Bloco foi confrontada pelos jornalistas com a sua “primeira derrota” como líder do partido.

Ou porque a pergunta foi feita a doer, ou porque simplesmente a dimensão da derrota obriga a digestão demorada, o “day after” do Bloco é por ora feito de silêncio.

Ninguém arrancou qualquer comentário a Catarina Martins, que alegou já ter falado do assunto na véspera, mesmo ante a insistência de novas perguntas. “Estamos aqui para falar do programa do Bloco e do problema da habitação”, disse. E repetiu: “Habitação, habitação”.

E além do tema da iniciativa desta segunda-feira mais não disse a coordenadora do Bloco.

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