Miguel Albuquerque treme no PSD/Madeira

14-10-2019
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Miguel Filipe Machado de Albuquerque, presidente da Região Autónoma da Madeira e líder do PSD regional, está altamente pressionado para não avançar como recandidato nas eleições que ocorrerão no arquipélago em 2019. Ainda não há data marcada para as eleições regionais na Madeira, mas a possibilidade de serem agendadas para o mesmo dia que as legislativas é real.

Albuquerque, que sucedeu em 2014 a Alberto João Jardim numa lógica de renovação, foi obrigado a remodelar profundamente o seu governo na ressaca das autárquicas deste ano. O PSD/Madeira, similarmente ao nacional, teve o seu pior resultado de sempre, com apenas 3 das 11 câmaras municipais com vitórias ‘laranjas. Em reação, Albuquerque criou o cargo de vice-presidente e convidou o seu antigo número 2 na Câmara do Funchal, Pedro Calado, para essa vice-presidência, juntado-lhe a tutela das pastas da Economia, das Finanças e da coordenação política. Os responsáveis das Obras Públicas e do Turismo foram também substituídos, mas é Calado quem tem ganho destaque face ao enfraquecimento da liderança de Albuquerque.

Esta semana, a defesa do orçamento do governo regional foi protagonizada por este, que além de uma imagem mais jovem possui uma experiência empresarial que entusiasma o setor local. Nesse debate, a direção de bancada do CDS-PP, chefiada por António Lopes da Fonseca, apontou-o mesmo como novo “delfim do PSD”, não descurando as hipóteses que tem de ser o candidato dos sociais-democratas à presidência do governo regional, na mencionada ida às urnas daqui a dois anos. Calado fugiu à questão e torceu o nariz ao rótulo (”delfim”), mas a verdade é que Lopes da Fonseca se limitou a dizer aquilo que os círculos políticos comentam, alguns suspeitando, alguns desejando.

O receio interno do PSD/Madeira perder pela primeira vez a região para os socialistas vem crescendo. As autárquicas do último outubro serviram, nesse sentido, um pouco como aviso – e o PSD madeirense, tal como o PSD nacional, mexeu-se. A preocupação é vasta. O Partido Socialista regional tem congresso no início de 2018 e tanto Carlos Pereira (que suspendeu o mandato na Assembleia da República para regressar à Assembleia Regional) quanto qualquer um que saia vencedor da reunião magna do PS/Madeira tem hipóteses de alcançar a proeza. No jantar de natal dos socialistas, este dezembro, Carlos Pereira também usou o termo “delfim” para avisar que Albuquerque seria “o último” destes.

“O sr. presidente do governo – ainda presidente do governo e do PSD – resolveu, para evitar falar do crescimento do PS, dizer no seu discurso de Natal que havia um movimento crescente de esquerdas, que estava a tentar derrubar o PSD. O PS é um partido de esquerda, mas o movimento crescente que se está a viver na Madeira não é das esquerdas é do Partido Socialista da Madeira”, atirou Carlos Pereira.

A frase tem leitura política por dois pontos: em primeiro lugar, por colocar o dedo na ferida da durabilidade de Albuquerque (”ainda”) na frente “do governo” e “do PSD”; em segundo lugar, por querer concentrar mérito no PS e não nas esquerdas. É que uma das soluções que deverá ser apresentada no congresso socialista, mais distante de Carlos Pereira, passa por uma liderança que deixe Paulo Câfofo (atual presidente da Câmara do Funchal) unir as esquerdas para a região, reproduzindo a sua solução de ‘geringonça’ autárquica. Essa solução, que triunfou nas eleições locais de outubro, é aquela que mais temor causa ao PSD e a Miguel Albuquerque.

O partido, depois do trauma autárquico (Alberto João Jardim questionou até a sua capacidade para continuar em funções), olha então para uma alternativa que impeça a derrota – ou que pelo menos reduza o receio desta. Pedro Calado, que tem, como referido, assumido protagonismo central desde a reformulação pós-autárquicas, vem ganhando força. O hoje (e também “ainda”) vice-presidente do governo regional tem a vantagem de unir alguns ‘jardinistas’ (fiéis a Alberto João), tendo até herdado o seu antigo chefe-de-gabinete, mas ser também um nome próximo dos ‘reformistas’ de Miguel Albuquerque. E, curiosamente, é precisamente sobre a necessidade de “unir o partido” que Jardim tem falado. Calado, que é amigo de longa data de Albuquerque, é desejado, mais numa lógica de sucessão antecipada que de usurpação imediata.

Por aí, Miguel Albuquerque, que aos 56 anos é o maior colecionador de rosas da Europa, corre o risco sério de já não tornar a enfrentar o partido cujo símbolo é, justamente, a sua flor.

Miguel Filipe Machado de Albuquerque, presidente da Região Autónoma da Madeira e líder do PSD regional, está altamente pressionado para não avançar como recandidato nas eleições que ocorrerão no arquipélago em 2019. Ainda não há data marcada para as eleições regionais na Madeira, mas a possibilidade de serem agendadas para o mesmo dia que as legislativas é real.

Albuquerque, que sucedeu em 2014 a Alberto João Jardim numa lógica de renovação, foi obrigado a remodelar profundamente o seu governo na ressaca das autárquicas deste ano. O PSD/Madeira, similarmente ao nacional, teve o seu pior resultado de sempre, com apenas 3 das 11 câmaras municipais com vitórias ‘laranjas. Em reação, Albuquerque criou o cargo de vice-presidente e convidou o seu antigo número 2 na Câmara do Funchal, Pedro Calado, para essa vice-presidência, juntado-lhe a tutela das pastas da Economia, das Finanças e da coordenação política. Os responsáveis das Obras Públicas e do Turismo foram também substituídos, mas é Calado quem tem ganho destaque face ao enfraquecimento da liderança de Albuquerque.

Esta semana, a defesa do orçamento do governo regional foi protagonizada por este, que além de uma imagem mais jovem possui uma experiência empresarial que entusiasma o setor local. Nesse debate, a direção de bancada do CDS-PP, chefiada por António Lopes da Fonseca, apontou-o mesmo como novo “delfim do PSD”, não descurando as hipóteses que tem de ser o candidato dos sociais-democratas à presidência do governo regional, na mencionada ida às urnas daqui a dois anos. Calado fugiu à questão e torceu o nariz ao rótulo (”delfim”), mas a verdade é que Lopes da Fonseca se limitou a dizer aquilo que os círculos políticos comentam, alguns suspeitando, alguns desejando.

O receio interno do PSD/Madeira perder pela primeira vez a região para os socialistas vem crescendo. As autárquicas do último outubro serviram, nesse sentido, um pouco como aviso – e o PSD madeirense, tal como o PSD nacional, mexeu-se. A preocupação é vasta. O Partido Socialista regional tem congresso no início de 2018 e tanto Carlos Pereira (que suspendeu o mandato na Assembleia da República para regressar à Assembleia Regional) quanto qualquer um que saia vencedor da reunião magna do PS/Madeira tem hipóteses de alcançar a proeza. No jantar de natal dos socialistas, este dezembro, Carlos Pereira também usou o termo “delfim” para avisar que Albuquerque seria “o último” destes.

“O sr. presidente do governo – ainda presidente do governo e do PSD – resolveu, para evitar falar do crescimento do PS, dizer no seu discurso de Natal que havia um movimento crescente de esquerdas, que estava a tentar derrubar o PSD. O PS é um partido de esquerda, mas o movimento crescente que se está a viver na Madeira não é das esquerdas é do Partido Socialista da Madeira”, atirou Carlos Pereira.

A frase tem leitura política por dois pontos: em primeiro lugar, por colocar o dedo na ferida da durabilidade de Albuquerque (”ainda”) na frente “do governo” e “do PSD”; em segundo lugar, por querer concentrar mérito no PS e não nas esquerdas. É que uma das soluções que deverá ser apresentada no congresso socialista, mais distante de Carlos Pereira, passa por uma liderança que deixe Paulo Câfofo (atual presidente da Câmara do Funchal) unir as esquerdas para a região, reproduzindo a sua solução de ‘geringonça’ autárquica. Essa solução, que triunfou nas eleições locais de outubro, é aquela que mais temor causa ao PSD e a Miguel Albuquerque.

O partido, depois do trauma autárquico (Alberto João Jardim questionou até a sua capacidade para continuar em funções), olha então para uma alternativa que impeça a derrota – ou que pelo menos reduza o receio desta. Pedro Calado, que tem, como referido, assumido protagonismo central desde a reformulação pós-autárquicas, vem ganhando força. O hoje (e também “ainda”) vice-presidente do governo regional tem a vantagem de unir alguns ‘jardinistas’ (fiéis a Alberto João), tendo até herdado o seu antigo chefe-de-gabinete, mas ser também um nome próximo dos ‘reformistas’ de Miguel Albuquerque. E, curiosamente, é precisamente sobre a necessidade de “unir o partido” que Jardim tem falado. Calado, que é amigo de longa data de Albuquerque, é desejado, mais numa lógica de sucessão antecipada que de usurpação imediata.

Por aí, Miguel Albuquerque, que aos 56 anos é o maior colecionador de rosas da Europa, corre o risco sério de já não tornar a enfrentar o partido cujo símbolo é, justamente, a sua flor.

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