Carlos Pereira, o corredor de fundo que quer agarrar o PS

14-10-2019
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Três semanas após o pior resultado de sempre dos socialistas numas eleições regionais, Carlos Pereira, economista, deputado eleito e líder parlamentar, anunciou a candidatura à presidência do PS-Madeira, mas parte com cautela e certo de que "o caminho será longo e penoso". O partido tem cinco deputados na Assembleia Legislativa, perdeu o estatuto de maior partido da oposição e ainda não se sabe se haverá disputa pela liderança, o que dada a história recente de lutas internas, não será de estranhar.

"Não fujo às dificuldades", explica o candidato. Assume que os tempos que se aproximam, caso vença a liderança do PS, serão complicados, já que não se reorganiza um partido tão depressa quanto os militantes e simpatizantes desejam. Carlos Pereira sabe também que, no estado a que chegou o partido, será melhor uma candidatura de união do que "mais divisões internas". Pela frente, em setembro ou outubro, há eleições legislativas nacionais. "É preciso pensar nisso", sublinha, consciente de que "será necessário paciência".

Carlos Pereira sabe o que é paciência, tanto dentro e fora do partido. Internamente, foi número dois da lista, mesmo sem concordar com a estratégia de coligação com o PAN, MPT e, sobretudo, com o PTP de José Manuel Coelho. Os resultados deram-lhe razão e o PS passou de seis para cinco deputados numas eleições em que o principal adversário - o PSD - mudava de líder. Os socialistas perderam as eleições, perderam deputados e não conseguiram sequer tirar a maioria absoluta aos sociais-democratas. Além disso, deixaram terreno livre para o JPP, partido acabado de formar, que elegeu cinco deputados e, se forem descontados os votos do PTP na coligação 'Mudança' que serviram para eleger Coelho, até ficou à frente dos socialistas...

O PSD, sobretudo Jaime Filipe Ramos - o líder parlamentar escolhido por Albuquerque -, também conhece o espírito combativo do candidato a presidente do PS. Em 2007, acabado de chegar à Assembleia Legislativa, Carlos Pereira foi o primeiro a alertar para a dívida da Madeira, mas o PSD riu-se: a dívida, diziam, não passava dos 700 milhões de euros e o socialista era "um mentiroso". O deputado não largou o dossiê e forçou a constituição de uma comissão de inquérito para avaliação da dívida da Madeira. Jaime Filipe Ramos representava os sociais-democratas nessa comissão que, em 2010, fixou a dívida em dois mil milhões de euros.

"As conclusões foram totalmente manipuladas", repete ainda hoje Carlos Pereira. A comissão de inquérito só ouviu o secretário das Finanças e vetou uma auditoria externa às contas públicas. O assunto foi arrumado, mas o socialista não desistiu e alertou o Representante da República e o Presidente da República. "A dívida era um perigo, só podia ter resultados catastróficos." Em 2011, um ano depois desta comissão, o país descobria o buraco das contas públicas da Madeira - parte estava escondida. Tudo somado, dava 6,3 mil milhões de euros. Também deu origem a um resgate. O "mentiroso do Carlos Pereira", como dizia o PSD, fazia estimativas à dívida por baixo, na ordem dos 3,5 mil milhões de euros.

Se Carlos Pereira ganhar o PS, o PSD terá pela frente um corredor de fundo - Carlos Pereira corre sempre a Volta à Cidade do Funchal e já fez a meia-maratona da cidade - que pensa a longo prazo. Em 10 anos de vida política ativa, soma algumas derrotas, mas tem hoje uma imagem melhor do que a que tinha em 2005, quando se candidatou à Câmara do Funchal contra Miguel Albuquerque. Hoje, com 44 anos, este economista licenciado pelo ISEG em Lisboa é a única voz da oposição madeirense capaz de discutir sem hesitações as questões de finanças e economia.

O futuro de Carlos Pereira à frente do PS-Madeira também se joga em Lisboa e sobretudo no resultado das eleições legislativas. Ao contrário de Victor Freitas, o líder demissionário do PS-Madeira, Pereira apoiou António Costa nas primárias do PS e é próximo do atual secretário-geral. Em caso de vitória de Costa, as negociações da dívida da Madeira com a República poderão trazer vantagens aos socialistas madeirenses. E, nessa equação, Carlos Pereira poderá ser uma peça-chave. Primeiro, claro, é preciso ganhar o PS, depois fazer oposição a Miguel Albuquerque e melhorar a votação nas legislativas nacionais.

Será que consegue? Carlos Pereira tem, além dos 10 anos de vida política, experiência associativa dos anos em que esteve na Associação Comercial e Industrial do Funchal, foi fundador da Ordem dos Economistas na Madeira, funcionário público e consultor. A experiência atenuou o estilo agressivo, tanto que está disposto "a dar o benefício da dúvida" ao novo governo e diz-se disposto a negociar tudo o que for em defesa dos interesses dos madeirenses.

Três semanas após o pior resultado de sempre dos socialistas numas eleições regionais, Carlos Pereira, economista, deputado eleito e líder parlamentar, anunciou a candidatura à presidência do PS-Madeira, mas parte com cautela e certo de que "o caminho será longo e penoso". O partido tem cinco deputados na Assembleia Legislativa, perdeu o estatuto de maior partido da oposição e ainda não se sabe se haverá disputa pela liderança, o que dada a história recente de lutas internas, não será de estranhar.

"Não fujo às dificuldades", explica o candidato. Assume que os tempos que se aproximam, caso vença a liderança do PS, serão complicados, já que não se reorganiza um partido tão depressa quanto os militantes e simpatizantes desejam. Carlos Pereira sabe também que, no estado a que chegou o partido, será melhor uma candidatura de união do que "mais divisões internas". Pela frente, em setembro ou outubro, há eleições legislativas nacionais. "É preciso pensar nisso", sublinha, consciente de que "será necessário paciência".

Carlos Pereira sabe o que é paciência, tanto dentro e fora do partido. Internamente, foi número dois da lista, mesmo sem concordar com a estratégia de coligação com o PAN, MPT e, sobretudo, com o PTP de José Manuel Coelho. Os resultados deram-lhe razão e o PS passou de seis para cinco deputados numas eleições em que o principal adversário - o PSD - mudava de líder. Os socialistas perderam as eleições, perderam deputados e não conseguiram sequer tirar a maioria absoluta aos sociais-democratas. Além disso, deixaram terreno livre para o JPP, partido acabado de formar, que elegeu cinco deputados e, se forem descontados os votos do PTP na coligação 'Mudança' que serviram para eleger Coelho, até ficou à frente dos socialistas...

O PSD, sobretudo Jaime Filipe Ramos - o líder parlamentar escolhido por Albuquerque -, também conhece o espírito combativo do candidato a presidente do PS. Em 2007, acabado de chegar à Assembleia Legislativa, Carlos Pereira foi o primeiro a alertar para a dívida da Madeira, mas o PSD riu-se: a dívida, diziam, não passava dos 700 milhões de euros e o socialista era "um mentiroso". O deputado não largou o dossiê e forçou a constituição de uma comissão de inquérito para avaliação da dívida da Madeira. Jaime Filipe Ramos representava os sociais-democratas nessa comissão que, em 2010, fixou a dívida em dois mil milhões de euros.

"As conclusões foram totalmente manipuladas", repete ainda hoje Carlos Pereira. A comissão de inquérito só ouviu o secretário das Finanças e vetou uma auditoria externa às contas públicas. O assunto foi arrumado, mas o socialista não desistiu e alertou o Representante da República e o Presidente da República. "A dívida era um perigo, só podia ter resultados catastróficos." Em 2011, um ano depois desta comissão, o país descobria o buraco das contas públicas da Madeira - parte estava escondida. Tudo somado, dava 6,3 mil milhões de euros. Também deu origem a um resgate. O "mentiroso do Carlos Pereira", como dizia o PSD, fazia estimativas à dívida por baixo, na ordem dos 3,5 mil milhões de euros.

Se Carlos Pereira ganhar o PS, o PSD terá pela frente um corredor de fundo - Carlos Pereira corre sempre a Volta à Cidade do Funchal e já fez a meia-maratona da cidade - que pensa a longo prazo. Em 10 anos de vida política ativa, soma algumas derrotas, mas tem hoje uma imagem melhor do que a que tinha em 2005, quando se candidatou à Câmara do Funchal contra Miguel Albuquerque. Hoje, com 44 anos, este economista licenciado pelo ISEG em Lisboa é a única voz da oposição madeirense capaz de discutir sem hesitações as questões de finanças e economia.

O futuro de Carlos Pereira à frente do PS-Madeira também se joga em Lisboa e sobretudo no resultado das eleições legislativas. Ao contrário de Victor Freitas, o líder demissionário do PS-Madeira, Pereira apoiou António Costa nas primárias do PS e é próximo do atual secretário-geral. Em caso de vitória de Costa, as negociações da dívida da Madeira com a República poderão trazer vantagens aos socialistas madeirenses. E, nessa equação, Carlos Pereira poderá ser uma peça-chave. Primeiro, claro, é preciso ganhar o PS, depois fazer oposição a Miguel Albuquerque e melhorar a votação nas legislativas nacionais.

Será que consegue? Carlos Pereira tem, além dos 10 anos de vida política, experiência associativa dos anos em que esteve na Associação Comercial e Industrial do Funchal, foi fundador da Ordem dos Economistas na Madeira, funcionário público e consultor. A experiência atenuou o estilo agressivo, tanto que está disposto "a dar o benefício da dúvida" ao novo governo e diz-se disposto a negociar tudo o que for em defesa dos interesses dos madeirenses.

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