Sobre a queda de uma aeronave na Ilha do Pico – III

28-09-2019
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Via Cte. Vilhena

As caraterísticas do avião que se despenhou no Cabeço Redondo, freguesia das Bandeiras, concelho da Madalena, na noite de 24 de janeiro de 1965, pelas 21:40L, eram as seguintes:

Tipo: Helio H-250 Courrier

Número de série: 2502

Matrícula original: ET-ABN

Número de registo nacional: 327 (CS-ALE)

Ano: 1966

A respeito deste acidente, cujas circunstâncias tivemos o ensejo de descrever parcialmente em posts anteriores da nossa autoria publicados neste mesmo sítio, destacamos os seguintes testemunhos, de ambos os lados do canal Faial-Pico:

Pelo testemunho de Herberto Faria, ficamos a saber que estava de chuva, era já noite (conforme consta do relato sobre a hora do acidente noticiado na comunicação social de então) e a sensação era de que o avião estaria a voar muito baixo à vertical do Largo do Infante, em direção ao promontório da Espalamaca, com o farol da frente ligado, procurando, aparentemente, um sítio plano para pousar em segurança junto à cidade da Horta. O som do motor deixou entretanto de se ouvir, até que, no dia seguinte, correu a notícia de que a aeronave se havia despenhado na ilha vizinha, afinal em local de média encosta, próximo do atual aeroporto da Ilha do Pico.

Na ilha do Pico, Albino Garcia recorda-se de uma noite de temporal, tendo a aeronave em causa sobrevoado a casa dos pais, a muito baixa altitude, jamais esquecendo o ronco forte e estranho do avião, que parecia lutar contra o vento. Além da passagem em si, ficou-lhe a sensação de ter ouvido alguns estrondos, mas de nada mais se apercebeu. Notícia do que se passara só a teve na manhã seguinte. Refere que, quando soou a notícia, muitos não acreditavam que o piloto tivesse sobrevivido.

Segundo esta testemunha, nesse dia foi feriado em Santa Luzia (freguesia contígua à das Bandeiras), local onde vivia. O padre Adolfo e a irmã, D. Luzia, professora da escola de ensino primário local, cuidaram de facultar ao piloto do avião os meios necessários para que pudesse comunicar com o exterior (este pediu, de imediato, um telefone e, naquela comunidade rural, existiam apenas dois nessa altura: o do posto público e o do padre Adolfo).

Devido a esse envolvimento na assistência prestada a Mr. Cunningham (assim se chamava o piloto da aeronave, recorde-se), nesse dia não houve aulas, nem mesmo preparação de alunos para o exame de admissão aos Liceus, ao qual Albino Garcia se candidatara nesse ano. E os populares, muitos dos quais nunca antes tinham visto um avião de perto, acorreram, como puderam, à zona do acidente (de difícil acesso), de modo a observarem ao vivo tão insólita ocorrência.

Herberto Faria relata-nos, também, que foi o próprio Mr. Cunninhgam quem comunicou a ocorrência, deslocando-se, pelo próprio pé, até à primeira habitação onde viu luz, e na qual pediu ajuda. Segundo Albino Garcia, tratava-se de um indivíduo que lhe pareceu alto e magro e que levava uma espécie de mochila às costas. De acordo com ambas as testemunhas, o avião (que apresentava danos na fuselagem e numa das asas) foi transportado para a Horta, por via marítima (seguindo em camião até ao cais da vila da Madalena) e depositado na moagem dos Peixoto. Herberto Faria recorda-se de o mesmo ter a hélice torcida e Albino Terra adianta que constava, na altura, que aquele havia sido comprado, possivelmente como sucata, pela dita família (com comércio na Horta, detendo também propriedades no Pico). De facto, Herberto Faria refere no seu testemunho que a aeronave em causa havia sido adquirida por Carlos Peixoto.

O certo é que esta aeronave havia de ser embarcada, no porto da Horta, com destino a Lisboa, onde, segundo elementos obtidos por nós junto do Cte. José Vilhena (dinamizador do Voa Portugal e estudioso da história da aviação comercial em Portugal), foi reparada e operada ainda pela Companhia de Cimentos Tejo, SARL com marca de nacionalidade e matrícula portuguesas (CS-ALE) e comprada, mais tarde, por um particular, tendo a respetiva propriedade transitado, depois, para outros, mantendo-se a mesma operacional, até 29 de setembro de 2005, data em que foi destruída em Almeirim.

Via Cte. Vilhena

As caraterísticas do avião que se despenhou no Cabeço Redondo, freguesia das Bandeiras, concelho da Madalena, na noite de 24 de janeiro de 1965, pelas 21:40L, eram as seguintes:

Tipo: Helio H-250 Courrier

Número de série: 2502

Matrícula original: ET-ABN

Número de registo nacional: 327 (CS-ALE)

Ano: 1966

A respeito deste acidente, cujas circunstâncias tivemos o ensejo de descrever parcialmente em posts anteriores da nossa autoria publicados neste mesmo sítio, destacamos os seguintes testemunhos, de ambos os lados do canal Faial-Pico:

Pelo testemunho de Herberto Faria, ficamos a saber que estava de chuva, era já noite (conforme consta do relato sobre a hora do acidente noticiado na comunicação social de então) e a sensação era de que o avião estaria a voar muito baixo à vertical do Largo do Infante, em direção ao promontório da Espalamaca, com o farol da frente ligado, procurando, aparentemente, um sítio plano para pousar em segurança junto à cidade da Horta. O som do motor deixou entretanto de se ouvir, até que, no dia seguinte, correu a notícia de que a aeronave se havia despenhado na ilha vizinha, afinal em local de média encosta, próximo do atual aeroporto da Ilha do Pico.

Na ilha do Pico, Albino Garcia recorda-se de uma noite de temporal, tendo a aeronave em causa sobrevoado a casa dos pais, a muito baixa altitude, jamais esquecendo o ronco forte e estranho do avião, que parecia lutar contra o vento. Além da passagem em si, ficou-lhe a sensação de ter ouvido alguns estrondos, mas de nada mais se apercebeu. Notícia do que se passara só a teve na manhã seguinte. Refere que, quando soou a notícia, muitos não acreditavam que o piloto tivesse sobrevivido.

Segundo esta testemunha, nesse dia foi feriado em Santa Luzia (freguesia contígua à das Bandeiras), local onde vivia. O padre Adolfo e a irmã, D. Luzia, professora da escola de ensino primário local, cuidaram de facultar ao piloto do avião os meios necessários para que pudesse comunicar com o exterior (este pediu, de imediato, um telefone e, naquela comunidade rural, existiam apenas dois nessa altura: o do posto público e o do padre Adolfo).

Devido a esse envolvimento na assistência prestada a Mr. Cunningham (assim se chamava o piloto da aeronave, recorde-se), nesse dia não houve aulas, nem mesmo preparação de alunos para o exame de admissão aos Liceus, ao qual Albino Garcia se candidatara nesse ano. E os populares, muitos dos quais nunca antes tinham visto um avião de perto, acorreram, como puderam, à zona do acidente (de difícil acesso), de modo a observarem ao vivo tão insólita ocorrência.

Herberto Faria relata-nos, também, que foi o próprio Mr. Cunninhgam quem comunicou a ocorrência, deslocando-se, pelo próprio pé, até à primeira habitação onde viu luz, e na qual pediu ajuda. Segundo Albino Garcia, tratava-se de um indivíduo que lhe pareceu alto e magro e que levava uma espécie de mochila às costas. De acordo com ambas as testemunhas, o avião (que apresentava danos na fuselagem e numa das asas) foi transportado para a Horta, por via marítima (seguindo em camião até ao cais da vila da Madalena) e depositado na moagem dos Peixoto. Herberto Faria recorda-se de o mesmo ter a hélice torcida e Albino Terra adianta que constava, na altura, que aquele havia sido comprado, possivelmente como sucata, pela dita família (com comércio na Horta, detendo também propriedades no Pico). De facto, Herberto Faria refere no seu testemunho que a aeronave em causa havia sido adquirida por Carlos Peixoto.

O certo é que esta aeronave havia de ser embarcada, no porto da Horta, com destino a Lisboa, onde, segundo elementos obtidos por nós junto do Cte. José Vilhena (dinamizador do Voa Portugal e estudioso da história da aviação comercial em Portugal), foi reparada e operada ainda pela Companhia de Cimentos Tejo, SARL com marca de nacionalidade e matrícula portuguesas (CS-ALE) e comprada, mais tarde, por um particular, tendo a respetiva propriedade transitado, depois, para outros, mantendo-se a mesma operacional, até 29 de setembro de 2005, data em que foi destruída em Almeirim.

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