A geringonça termina este outono? Não estranhem

05-05-2020
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Inversamente à teoria quase unânime de 2015 – “a geringonça é impossível, não aguenta” –, hoje, quase toda a gente aposta num mantra adaptado da frase de Afonso Domingues sobre a abóbada do Mosteiro da Batalha: “Não caiu, não cairá.”

Quase todos os comentadores e editorialistas cometeram o mesmo erro no outono de 2015 – não haveria governo PS com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda porque o que não tinha antes acontecido não poderia acontecer.

As divergências eram tão profundas em matéria europeia, que é o epicentro de qualquer governação de um país-membro em matéria económica – quanto às regras democráticas, essas podem ser violadas à vontade, como se vê na Hungria há anos –, que todos convergiram para a impossibilidade de se concretizar a aliança ou, pelo menos, nas dúvidas sobre a sua durabilidade E, no entanto, a coisa aguentou-se.

O PS conseguiu manter o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda, com transes aqui e ali, mas sem que o risco de rutura fosse real. As circunstâncias políticas apontavam para que PS, Bloco e PCP estivessem acorrentados uns aos outros até à data das próximas legislativas. Inversamente à teoria quase unânime de 2015 – “a geringonça é impossível, não aguenta” –, hoje, quase toda a gente aposta num mantra adaptado da frase de Afonso Domingues sobre a abóbada do Mosteiro da Batalha: “Não caiu, não cairá.” E, no entanto, convinha se calhar levar um bocado mais a sério o que PCP e Bloco de Esquerda andam a dizer aos portugueses.

Em recente artigo intitulado “António Costa virou as costas à geringonça”, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, afirmava que o primeiro-ministro “desde o início do ano parece agastado com a atual solução política”. É verdade, e isso foi evidente desde a eleição de Rui Rio para líder do PSD. Jerónimo vem agora decretar que a quadratura do círculo em que assenta a geringonça acabou.

Costa pôs as fichas todas num cenário: os parceiros de esquerda não arriscariam uma rutura porque, a ser assim, o PS tinha caminho aberto para uma maioria absoluta. Mas subvalorizou um dado: muito do eleitorado do PS gosta da solução e, no atual contexto, não parece que todo o centro tenha sido “comido” pelo PS. É mais simples para Costa governar com Rio do que com PCP e BE? Indubitavelmente. Se a geringonça terminar este outono, talvez não seja assim tão estranho.

Inversamente à teoria quase unânime de 2015 – “a geringonça é impossível, não aguenta” –, hoje, quase toda a gente aposta num mantra adaptado da frase de Afonso Domingues sobre a abóbada do Mosteiro da Batalha: “Não caiu, não cairá.”

Quase todos os comentadores e editorialistas cometeram o mesmo erro no outono de 2015 – não haveria governo PS com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda porque o que não tinha antes acontecido não poderia acontecer.

As divergências eram tão profundas em matéria europeia, que é o epicentro de qualquer governação de um país-membro em matéria económica – quanto às regras democráticas, essas podem ser violadas à vontade, como se vê na Hungria há anos –, que todos convergiram para a impossibilidade de se concretizar a aliança ou, pelo menos, nas dúvidas sobre a sua durabilidade E, no entanto, a coisa aguentou-se.

O PS conseguiu manter o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda, com transes aqui e ali, mas sem que o risco de rutura fosse real. As circunstâncias políticas apontavam para que PS, Bloco e PCP estivessem acorrentados uns aos outros até à data das próximas legislativas. Inversamente à teoria quase unânime de 2015 – “a geringonça é impossível, não aguenta” –, hoje, quase toda a gente aposta num mantra adaptado da frase de Afonso Domingues sobre a abóbada do Mosteiro da Batalha: “Não caiu, não cairá.” E, no entanto, convinha se calhar levar um bocado mais a sério o que PCP e Bloco de Esquerda andam a dizer aos portugueses.

Em recente artigo intitulado “António Costa virou as costas à geringonça”, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, afirmava que o primeiro-ministro “desde o início do ano parece agastado com a atual solução política”. É verdade, e isso foi evidente desde a eleição de Rui Rio para líder do PSD. Jerónimo vem agora decretar que a quadratura do círculo em que assenta a geringonça acabou.

Costa pôs as fichas todas num cenário: os parceiros de esquerda não arriscariam uma rutura porque, a ser assim, o PS tinha caminho aberto para uma maioria absoluta. Mas subvalorizou um dado: muito do eleitorado do PS gosta da solução e, no atual contexto, não parece que todo o centro tenha sido “comido” pelo PS. É mais simples para Costa governar com Rio do que com PCP e BE? Indubitavelmente. Se a geringonça terminar este outono, talvez não seja assim tão estranho.

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