António Costa afirmou que nunca negociaria com o Chega, mas o PS fê-lo durante a votação do Orçamento do Estado? (Atualizado)

29-11-2020
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No início de novembro, António Costa criticou o acordo entre o PSD e o partido liderado por André Ventura nos Açores e garantiu que jamais iria tomar uma decisão idêntica à de Rui Rio.

“O PSD deu um passo que a direita democrática na Europa tem resistido a dar, que é fazer um acordo com um partido de extrema direita xenófoba”, afirmou António Costa em entrevista à "TVI" no dia 9 de novembro. Nessa ocasião o primeiro-ministro garantiu: “Nunca negociarei nada com o Chega”.

O primeiro-ministro manteve-se coerente a esta declaração?

Na passada quinta-feira, 26 de novembro, votou-se na Assembleia da República a proposta do Bloco de Esquerda (BE) que prevê o travão à transferência de 476 milhões de euros prevista no Orçamento do Fundo de Resolução para o Novo Banco.

Antes da votação final da proposta, e logo após André Ventura ter anunciado que ao contrário do que tinha feito no dia anterior não iria votar contra a proposta do BE, o Governo solicitou uma pausa de 15 minutos. Durante a suspensão dos trabalhos o vice-presidente da bancada parlamentar do PS João Paulo Correia promoveu uma conversa entre André Ventura e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes Mendonça.

Durante a suspensão dos trabalhos o vice-presidente da bancada parlamentar do PS, João Paulo Correia promoveu uma conversa entre André Ventura e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes Mendonça.

O próprio André Ventura acabou por confirmar as negociações na sua conta oficial no Twitter. Num tweet ilustrado com uma notícia da TSF sobre as negociações entre PS e o Chega, Ventura escreveu, ironicamente: “(...) Já agora, não foi o PS que disse que falar com o CHEGA era cruzar uma linha vermelha?”

Em suma, conclui-se que o PS dialogou com André Ventura sobre o seu voto relativamente à proposta do BE que eliminou do Orçamento do Estado a autorização da transferência do Fundo de Resolução para o Novo Banco.

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Atualização: na sequência da publicação deste artigo recebemos um e-mail assinado por João Paulo Correia, deputado e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS, com o seguinte teor:

"É totalmente falsa a noticia que dá conta de uma suposta negociação com o Chega na interrupção dos trabalhos parlamentares, logo antes da votação da proposta do BE sobre o Novo Banco. Nunca houve e nunca haverá qualquer negociação entre o PS e o Chega. A conversa em causa foi circunstancial. Envolveu até mais do que um deputado. Qualquer insinuação sobre uma suposta negociação é completamente falsa e só interessa a quem queira disfarçar as cambalhotas que o Chega deu nas votações desta proposta, ao alterar por duas vezes o seu sentido de voto, passando de contra para a abstenção e da abstenção para voto favorável, tudo isto em menos de 24 horas".

Também o Ministério das Finanças desmente "categoricamente" que tenha existido qualquer negociação entre o Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais ou qualquer outro membro do Governo com o Chega ou com André Ventura.

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Avaliação do Polígrafo:

No início de novembro, António Costa criticou o acordo entre o PSD e o partido liderado por André Ventura nos Açores e garantiu que jamais iria tomar uma decisão idêntica à de Rui Rio.

“O PSD deu um passo que a direita democrática na Europa tem resistido a dar, que é fazer um acordo com um partido de extrema direita xenófoba”, afirmou António Costa em entrevista à "TVI" no dia 9 de novembro. Nessa ocasião o primeiro-ministro garantiu: “Nunca negociarei nada com o Chega”.

O primeiro-ministro manteve-se coerente a esta declaração?

Na passada quinta-feira, 26 de novembro, votou-se na Assembleia da República a proposta do Bloco de Esquerda (BE) que prevê o travão à transferência de 476 milhões de euros prevista no Orçamento do Fundo de Resolução para o Novo Banco.

Antes da votação final da proposta, e logo após André Ventura ter anunciado que ao contrário do que tinha feito no dia anterior não iria votar contra a proposta do BE, o Governo solicitou uma pausa de 15 minutos. Durante a suspensão dos trabalhos o vice-presidente da bancada parlamentar do PS João Paulo Correia promoveu uma conversa entre André Ventura e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes Mendonça.

Durante a suspensão dos trabalhos o vice-presidente da bancada parlamentar do PS, João Paulo Correia promoveu uma conversa entre André Ventura e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes Mendonça.

O próprio André Ventura acabou por confirmar as negociações na sua conta oficial no Twitter. Num tweet ilustrado com uma notícia da TSF sobre as negociações entre PS e o Chega, Ventura escreveu, ironicamente: “(...) Já agora, não foi o PS que disse que falar com o CHEGA era cruzar uma linha vermelha?”

Em suma, conclui-se que o PS dialogou com André Ventura sobre o seu voto relativamente à proposta do BE que eliminou do Orçamento do Estado a autorização da transferência do Fundo de Resolução para o Novo Banco.

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Atualização: na sequência da publicação deste artigo recebemos um e-mail assinado por João Paulo Correia, deputado e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS, com o seguinte teor:

"É totalmente falsa a noticia que dá conta de uma suposta negociação com o Chega na interrupção dos trabalhos parlamentares, logo antes da votação da proposta do BE sobre o Novo Banco. Nunca houve e nunca haverá qualquer negociação entre o PS e o Chega. A conversa em causa foi circunstancial. Envolveu até mais do que um deputado. Qualquer insinuação sobre uma suposta negociação é completamente falsa e só interessa a quem queira disfarçar as cambalhotas que o Chega deu nas votações desta proposta, ao alterar por duas vezes o seu sentido de voto, passando de contra para a abstenção e da abstenção para voto favorável, tudo isto em menos de 24 horas".

Também o Ministério das Finanças desmente "categoricamente" que tenha existido qualquer negociação entre o Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais ou qualquer outro membro do Governo com o Chega ou com André Ventura.

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Avaliação do Polígrafo:

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