Diário do Porto. Sondagens não se entendem: Moreira tem maioria ou… empata com Pizarro

22-09-2017
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Na sondagem da Católica, Moreira e Pizarro surgem empatados: 34% contra 33%, respetivamente. Numa outra sondagem, da Aximage, Moreira (39,9%) elege sete vereadores e consegue a maioria.

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Este artigo vai estar em atualização ao longo do dia com as reportagens junto dos candidatos à câmara do Porto.

A manhã arranca com uma reunião de família (no sentido mais lato). Os candidatos à Câmara Municipal do Porto participaram no debate promovido pela TSJ/JN, na sala Dona Maria, no edifício da autarquia, antes de rumarem às respetivas campanhas.

Logo depois do almoço, Rui Moreira vai juntar os apoiantes na sua sede de campanha para depois percorreram as ruas da baixa do Porto. A meio da tarde, Manuel Pizarro (PS) também vai andar pelo centro histórico da cidade a distribuir material de campanha e a cumprir o habitual “contacto com a população”. Outro nome para a mesma ação: às 18h, Álvaro Almeida (PSD) estará numa “arruada” que tem arranque previsto para a porta da Escola Fontes Pereira de Melo (perto do estádio do Bessa). Se não combinaram, parece. É que Ilda Figueiredo (candidata da CDU) vai estar em “contacto com a população em Ramalde”, na zona das Campinas. João Lopes Figueiredo começa mais cedo. Assim que o debate terminar, parte para um almoço com responsáveis da Cooperativa Árvore e Cooperativa dos Pedreiros.

A campanha eleitoral no Porto ontem foi assim:

Debate Porto: quem quer casar com Rui Moreira? Ou será com Pizarro?

A frase: “Não tenho estados de alma sobre sondagens”, disse Rui Moreira, numa altura em que nenhuma sondagem lhe dá a maioria absoluta desejada.

A promessa: “Não haverá nenhum problema de governabilidade se for eleito presidente da Câmara”, garantiu Manuel Pizarro.

O que correu bem: Foi um debate onde os candidatos e os jornalistas conseguiram manter alguma organização. De uma forma ou de outra, conseguiram expor as suas ideias para a cidade.

O que correu mal: A estratégia de Manuel Pizarro em assumir-se como o único capaz de governar o Porto com as restantes forças políticas. Não que a estratégia seja errada, mas a forma com o socialista foi procurando concordar com cada um dos candidatos pareceu artificial.

O debate entre seis dos nove candidatos à Câmara Municipal do Porto, organizado pela TSF e pelo Jornal de Notícias, acabou por ficar naturalmente marcado pelos resultados das duas mais recentes sondagens divulgadas esta sexta-feira: uma (Aximage) coloca Rui Moreira perto da maioria absoluta; outra (Católica) dá um empate técnico entre Manuel Pizarro e Moreira. Em comum, as duas têm dois aspetos: um possível resultado desastroso para o PSD e a tendência de crescimento da CDU e do Bloco de Esquerda — que mantém fundadas esperanças de eleger um vereador pela primeira vez no Porto.

“Não tenho estados de alma sobre sondagens”, começou por dizer Rui Moreira. “Se tivesse, há quatro anos não teria concorrido”, sustentou o autarca, lembrando que em 2013, a poucos dias das eleições, havia sondagens que davam a vitória a Luís Filipe Menezes.

Desafiado a esclarecer se vai ou não mudar a forma como tem feito campanha — muito discreta, até ao momento, Rui Moreira foi taxativo: “Não. As campanhas não são feitas para as sondagens. Não valorizo nada estas sondagens. A grande sondagem é feita nas urnas”.

Manuel Pizarro, por sua vez, não escondeu a satisfação com os estudos de opinião divulgados esta sexta-feira. “Quem manda no Porto são os portuenses. É o reconhecimento da falta que o PS faz à governação do Porto”, sublinhou o socialista, lembrando, mesmo assim, que as sondagens são o que são: sondagens.

Já Álvaro Almeida, candidato independente que corre na lista do PSD, acabou por reconhecer que o resultado, a verificar-se, fica “abaixo das expectativas”. O economista queixou-se da falta de atenção mediática, garantiu que todas as pessoas já o conhecem na rua e recordou que as duas sondagens foram feitas num determinado momentum político que já não corresponde ao que está a ser a campanha eleitoral. “Há uma mudança na rua”, garantiu o social-democrata.

Contas feitas, se Rui Moreira falhar a maioria absoluta terá um problema em mãos: o autarca já garantiu que não se coligará com Álvaro Almeida, que por sua vez já disse que nunca se aliaria a Moreira. Pizarro assegurou o mesmo: não aceitará funções executivas se perder as eleições. E o mesmo serve para Ilda Figueiredo e João Texeira Lopes — o bloquista chegou mesmo a dizer que “com Rui Moreira jamais”.

Ou seja, a traduzirem-se estas sondagens, Rui Moreira estará sempre condenado a governar de acordo pontual em acordo pontual, um cenário que já tem sido discutido ao longo de toda a campanha eleitoral. O que a sondagem da Católica trouxe foi outro fator completamente diferente: e se for Manuel Pizarro a ganhar as eleições, casará com quem? Aí, as coisas tornam-se mais interessantes.

Rui Moreira já garantiu que não será vereador se perder as eleições, logo está excluído à partida. Álvaro Almeida não será o parceiro de coligação mais óbvio, pelas diferenças de posição que tem em relação ao socialista. Restam Ilda Figueiredo e João Teixeira Lopes, que já demonstraram várias vezes que não gostam da ideia de importar a “geringonça” nacional para o Porto.

Neste debate, não foi diferente: apesar de ter sido pouco clara em relação ao futuro da governabilidade do Porto, mesmo desafiada várias vezes para o fazer, a candidata comunista acabou por assegurar que a CDU “não fará coligações como fez o PS”, para logo depois acrescentar que os comunistas se consideram “responsáveis” e “assumem as responsabilidades”. Coligações, não. Acordos pontuais, depende, parece dizer Ilda Figueiredo.

João Teixeira Lopes, por sua vez, colocou a pressão do lado de Pizarro, um “cata-vento” dono de um “comportamento errático“, incapaz de esclarecer se está ou não disposto a juntar trapinhos novamente com Rui Moreira. Mau início de namoro para ambos.

Ainda assim, o bloquista garantiu que o partido “está disponível para assumir o que for necessário” desde que seja para proteger “os interesses do Porto e dos portuenses”, tal como faz o Bloco de Esquerda no Parlamento.

Se no plano nacional a convivência entre bloquistas e comunistas não é fácil, no Porto não seria muito diferente, atendendo à troca subtil de galhardetes entre João Teixeira Lopes e Ilda Figueiredo. Sempre que o bloquista discorria sobre os méritos do Bloco na governação — chegou mesmo a dizer “o que seria o país se não fosse o Bloco de Esquerda” –, a comunista respondia: “O Bloco de Esquerda não está sozinho“. “Os meus adversários são outros”, rematava Teixeira Lopes.

Manuel Pizarro ia assistindo de camarote, com uma estratégia evidente: assumir-se como o único candidato capaz de congregar forças para governar o Porto. “Não haverá nenhum problema de governabilidade se for eleito presidente da Câmara. Tenho uma enorme capacidade de diálogo”, foi repetindo, aqui e ali, ao longo do debate.

Uma estratégia tão evidente que Manuel Pizarro conseguiu expressar concordância com pelo menos uma proposta de cada candidato. Ou de acompanhar cada intervenção de Bebiana Cunha, candidata do PAN, com um “muito bem, muito bem“. Até Álvaro Almeida ficou constrangido quando o socialista o interrompeu para dizer que gostava muito de uma das suas ideias para a cidade.

E essa é a apenas uma das faces da estratégia de Manuel Pizarro. A outra passa por associar a sua candidatura aos méritos do Governo socialista e com isso tentar mimetizar no Porto um tendência de crescimento do PS a nível nacional. Foi isso que foi tentando fazer ao longo do debate TSF/JN, elogiando várias vezes o atual Executivo, à medida que, a espaços, questionava a herança do governo anterior. Cereja no topo do bolo para o socialista, ainda conseguiu cumprir o exercício de associar Rui Moreira ao CDS. “Rui Moreira tenta fazer esconder os partidos que o apoiam“, atirou o socialista.

A pouco mais de uma semana para as eleições autárquicas, os dados estão lançados na corrida ao Porto. O superfavorito Rui Moreira tem agora a sombra do antigo aliado Manuel Pizarro. À esquerda, a disputa entre Bloco e CDU pode trazer surpresas. Álvaro Almeida e o PSD estão numa corrida contra o tempo para provar que as sondagens estão erradas.

Moreira na frente, Moreira e Pizarro empatados. Há sondagens para (quase) todos os gostos

Duas sondagens deram à estampa esta sexta-feira. Mas os resultados de uma e outra são bem diferentes. No Jornal de Notícias, por exemplo, a sondagem realizada pela Universidade Católica para o diário prevê um empate técnico entre Rui Moreira, atual presidente da Câmara e candidato independente, e Manuel Pizarro, ex-vereador executivo de Moreira e candidato do Partido Socialista.

É certo que Rui Moreira tem ligeira vantagem (34% contra os 33% de Pizarro) nas intenções de voto, mas sendo a margem de erro da sondagem de 2,8%, é impossível atribuir a vitória a qualquer dos candidatos. Assim, e não havendo maioria à vista, é cada vez mais evidente a necessidade de chegar a acordos pós-eleitorais para governar o município.

Quanto ao restantes candidatos à Câmara Municipal do Porto, o coligação PSD/PPM, que tem em Álvaro Almeida o seu candidato, consegue 13% nesta sondagem — bem menos do que os 21% alcançados por Luís Filipe Menezes nas eleições de 2013. A CDU repete o desempenho nas últimas autárquicas e pode aspirar à eleição de Ilda Figueiredo como vereadora: a sondagem da Católica atribuiu 8% à candidata comunista. Surpresa nesta sondagem é o Bloco de Esquerda, que quase duplica (chega agora aos 6%) a anterior votação e pode também eleger o candidato João Teixeira Lopes como vereador.

A outra sondagem do dia, do Correio da Manhã e da Aximage, não só não dá empate técnico no Porto como atribuiu a Rui Moreira a maioria absoluta. Há quatro anos o independente conquistou a autarquia com 39,25%. E esta sondagem até lhe atribuiu uma percentagem ligeiramente superior: 39,9%. Assim sendo, Moreira elegeria sete vereadores (mais um do que nas anteriores eleições) e, portanto, um executivo maioritário.

Nesta sondagem, e ao contrário da do Jornal de Notícias, Pizarro desce nas intenções de voto em relação às autárquicas passadas. Antes conseguira 22,7%; agora obtém 20,8%.

Numa coisa as duas sondagens estão de acordo: a coligação PSD/PPM (coligação “Porto Autêntico”) e Álvaro Almeida estão a “desaparecer” nas intenções de voto. Se em 2013 os sociais-democratas obtiveram 21%, nesta sondagem da Aximage a intenção de vota dos portuenses não ultrapassa os 13%.

Ilda Figueiredo da CDU (8,9%) e João Teixeira Lopes do Bloco de Esquerda (5,3) estão em crescendo na sondagem encomendada pelo Correio da Manhã face aos resultados alcançados nas últimas autárquicas e podem ambos ser eleitos vereadores.

Na sondagem da Aimage foram ouvidas 600 pessoas (339 das quais são mulheres) com telefone fixo ou móvel. As entrevistas foram realizadas entre os dias 16 e 19 de setembro e apresenta uma margem de erro de 4%.

Na sondagem da CESOP-Universidade Católica Portuguesa para o Jornal de Notícias foram ouvidas 1239 pessoas (57% de mulheres), recenseados e residentes e cinco freguesias do concelho do Porto, entre os dias 16 e 17 de setembro. A margem de erro é de 2,8%.

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Na sondagem da Católica, Moreira e Pizarro surgem empatados: 34% contra 33%, respetivamente. Numa outra sondagem, da Aximage, Moreira (39,9%) elege sete vereadores e consegue a maioria.

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Este artigo vai estar em atualização ao longo do dia com as reportagens junto dos candidatos à câmara do Porto.

A manhã arranca com uma reunião de família (no sentido mais lato). Os candidatos à Câmara Municipal do Porto participaram no debate promovido pela TSJ/JN, na sala Dona Maria, no edifício da autarquia, antes de rumarem às respetivas campanhas.

Logo depois do almoço, Rui Moreira vai juntar os apoiantes na sua sede de campanha para depois percorreram as ruas da baixa do Porto. A meio da tarde, Manuel Pizarro (PS) também vai andar pelo centro histórico da cidade a distribuir material de campanha e a cumprir o habitual “contacto com a população”. Outro nome para a mesma ação: às 18h, Álvaro Almeida (PSD) estará numa “arruada” que tem arranque previsto para a porta da Escola Fontes Pereira de Melo (perto do estádio do Bessa). Se não combinaram, parece. É que Ilda Figueiredo (candidata da CDU) vai estar em “contacto com a população em Ramalde”, na zona das Campinas. João Lopes Figueiredo começa mais cedo. Assim que o debate terminar, parte para um almoço com responsáveis da Cooperativa Árvore e Cooperativa dos Pedreiros.

A campanha eleitoral no Porto ontem foi assim:

Debate Porto: quem quer casar com Rui Moreira? Ou será com Pizarro?

A frase: “Não tenho estados de alma sobre sondagens”, disse Rui Moreira, numa altura em que nenhuma sondagem lhe dá a maioria absoluta desejada.

A promessa: “Não haverá nenhum problema de governabilidade se for eleito presidente da Câmara”, garantiu Manuel Pizarro.

O que correu bem: Foi um debate onde os candidatos e os jornalistas conseguiram manter alguma organização. De uma forma ou de outra, conseguiram expor as suas ideias para a cidade.

O que correu mal: A estratégia de Manuel Pizarro em assumir-se como o único capaz de governar o Porto com as restantes forças políticas. Não que a estratégia seja errada, mas a forma com o socialista foi procurando concordar com cada um dos candidatos pareceu artificial.

O debate entre seis dos nove candidatos à Câmara Municipal do Porto, organizado pela TSF e pelo Jornal de Notícias, acabou por ficar naturalmente marcado pelos resultados das duas mais recentes sondagens divulgadas esta sexta-feira: uma (Aximage) coloca Rui Moreira perto da maioria absoluta; outra (Católica) dá um empate técnico entre Manuel Pizarro e Moreira. Em comum, as duas têm dois aspetos: um possível resultado desastroso para o PSD e a tendência de crescimento da CDU e do Bloco de Esquerda — que mantém fundadas esperanças de eleger um vereador pela primeira vez no Porto.

“Não tenho estados de alma sobre sondagens”, começou por dizer Rui Moreira. “Se tivesse, há quatro anos não teria concorrido”, sustentou o autarca, lembrando que em 2013, a poucos dias das eleições, havia sondagens que davam a vitória a Luís Filipe Menezes.

Desafiado a esclarecer se vai ou não mudar a forma como tem feito campanha — muito discreta, até ao momento, Rui Moreira foi taxativo: “Não. As campanhas não são feitas para as sondagens. Não valorizo nada estas sondagens. A grande sondagem é feita nas urnas”.

Manuel Pizarro, por sua vez, não escondeu a satisfação com os estudos de opinião divulgados esta sexta-feira. “Quem manda no Porto são os portuenses. É o reconhecimento da falta que o PS faz à governação do Porto”, sublinhou o socialista, lembrando, mesmo assim, que as sondagens são o que são: sondagens.

Já Álvaro Almeida, candidato independente que corre na lista do PSD, acabou por reconhecer que o resultado, a verificar-se, fica “abaixo das expectativas”. O economista queixou-se da falta de atenção mediática, garantiu que todas as pessoas já o conhecem na rua e recordou que as duas sondagens foram feitas num determinado momentum político que já não corresponde ao que está a ser a campanha eleitoral. “Há uma mudança na rua”, garantiu o social-democrata.

Contas feitas, se Rui Moreira falhar a maioria absoluta terá um problema em mãos: o autarca já garantiu que não se coligará com Álvaro Almeida, que por sua vez já disse que nunca se aliaria a Moreira. Pizarro assegurou o mesmo: não aceitará funções executivas se perder as eleições. E o mesmo serve para Ilda Figueiredo e João Texeira Lopes — o bloquista chegou mesmo a dizer que “com Rui Moreira jamais”.

Ou seja, a traduzirem-se estas sondagens, Rui Moreira estará sempre condenado a governar de acordo pontual em acordo pontual, um cenário que já tem sido discutido ao longo de toda a campanha eleitoral. O que a sondagem da Católica trouxe foi outro fator completamente diferente: e se for Manuel Pizarro a ganhar as eleições, casará com quem? Aí, as coisas tornam-se mais interessantes.

Rui Moreira já garantiu que não será vereador se perder as eleições, logo está excluído à partida. Álvaro Almeida não será o parceiro de coligação mais óbvio, pelas diferenças de posição que tem em relação ao socialista. Restam Ilda Figueiredo e João Teixeira Lopes, que já demonstraram várias vezes que não gostam da ideia de importar a “geringonça” nacional para o Porto.

Neste debate, não foi diferente: apesar de ter sido pouco clara em relação ao futuro da governabilidade do Porto, mesmo desafiada várias vezes para o fazer, a candidata comunista acabou por assegurar que a CDU “não fará coligações como fez o PS”, para logo depois acrescentar que os comunistas se consideram “responsáveis” e “assumem as responsabilidades”. Coligações, não. Acordos pontuais, depende, parece dizer Ilda Figueiredo.

João Teixeira Lopes, por sua vez, colocou a pressão do lado de Pizarro, um “cata-vento” dono de um “comportamento errático“, incapaz de esclarecer se está ou não disposto a juntar trapinhos novamente com Rui Moreira. Mau início de namoro para ambos.

Ainda assim, o bloquista garantiu que o partido “está disponível para assumir o que for necessário” desde que seja para proteger “os interesses do Porto e dos portuenses”, tal como faz o Bloco de Esquerda no Parlamento.

Se no plano nacional a convivência entre bloquistas e comunistas não é fácil, no Porto não seria muito diferente, atendendo à troca subtil de galhardetes entre João Teixeira Lopes e Ilda Figueiredo. Sempre que o bloquista discorria sobre os méritos do Bloco na governação — chegou mesmo a dizer “o que seria o país se não fosse o Bloco de Esquerda” –, a comunista respondia: “O Bloco de Esquerda não está sozinho“. “Os meus adversários são outros”, rematava Teixeira Lopes.

Manuel Pizarro ia assistindo de camarote, com uma estratégia evidente: assumir-se como o único candidato capaz de congregar forças para governar o Porto. “Não haverá nenhum problema de governabilidade se for eleito presidente da Câmara. Tenho uma enorme capacidade de diálogo”, foi repetindo, aqui e ali, ao longo do debate.

Uma estratégia tão evidente que Manuel Pizarro conseguiu expressar concordância com pelo menos uma proposta de cada candidato. Ou de acompanhar cada intervenção de Bebiana Cunha, candidata do PAN, com um “muito bem, muito bem“. Até Álvaro Almeida ficou constrangido quando o socialista o interrompeu para dizer que gostava muito de uma das suas ideias para a cidade.

E essa é a apenas uma das faces da estratégia de Manuel Pizarro. A outra passa por associar a sua candidatura aos méritos do Governo socialista e com isso tentar mimetizar no Porto um tendência de crescimento do PS a nível nacional. Foi isso que foi tentando fazer ao longo do debate TSF/JN, elogiando várias vezes o atual Executivo, à medida que, a espaços, questionava a herança do governo anterior. Cereja no topo do bolo para o socialista, ainda conseguiu cumprir o exercício de associar Rui Moreira ao CDS. “Rui Moreira tenta fazer esconder os partidos que o apoiam“, atirou o socialista.

A pouco mais de uma semana para as eleições autárquicas, os dados estão lançados na corrida ao Porto. O superfavorito Rui Moreira tem agora a sombra do antigo aliado Manuel Pizarro. À esquerda, a disputa entre Bloco e CDU pode trazer surpresas. Álvaro Almeida e o PSD estão numa corrida contra o tempo para provar que as sondagens estão erradas.

Moreira na frente, Moreira e Pizarro empatados. Há sondagens para (quase) todos os gostos

Duas sondagens deram à estampa esta sexta-feira. Mas os resultados de uma e outra são bem diferentes. No Jornal de Notícias, por exemplo, a sondagem realizada pela Universidade Católica para o diário prevê um empate técnico entre Rui Moreira, atual presidente da Câmara e candidato independente, e Manuel Pizarro, ex-vereador executivo de Moreira e candidato do Partido Socialista.

É certo que Rui Moreira tem ligeira vantagem (34% contra os 33% de Pizarro) nas intenções de voto, mas sendo a margem de erro da sondagem de 2,8%, é impossível atribuir a vitória a qualquer dos candidatos. Assim, e não havendo maioria à vista, é cada vez mais evidente a necessidade de chegar a acordos pós-eleitorais para governar o município.

Quanto ao restantes candidatos à Câmara Municipal do Porto, o coligação PSD/PPM, que tem em Álvaro Almeida o seu candidato, consegue 13% nesta sondagem — bem menos do que os 21% alcançados por Luís Filipe Menezes nas eleições de 2013. A CDU repete o desempenho nas últimas autárquicas e pode aspirar à eleição de Ilda Figueiredo como vereadora: a sondagem da Católica atribuiu 8% à candidata comunista. Surpresa nesta sondagem é o Bloco de Esquerda, que quase duplica (chega agora aos 6%) a anterior votação e pode também eleger o candidato João Teixeira Lopes como vereador.

A outra sondagem do dia, do Correio da Manhã e da Aximage, não só não dá empate técnico no Porto como atribuiu a Rui Moreira a maioria absoluta. Há quatro anos o independente conquistou a autarquia com 39,25%. E esta sondagem até lhe atribuiu uma percentagem ligeiramente superior: 39,9%. Assim sendo, Moreira elegeria sete vereadores (mais um do que nas anteriores eleições) e, portanto, um executivo maioritário.

Nesta sondagem, e ao contrário da do Jornal de Notícias, Pizarro desce nas intenções de voto em relação às autárquicas passadas. Antes conseguira 22,7%; agora obtém 20,8%.

Numa coisa as duas sondagens estão de acordo: a coligação PSD/PPM (coligação “Porto Autêntico”) e Álvaro Almeida estão a “desaparecer” nas intenções de voto. Se em 2013 os sociais-democratas obtiveram 21%, nesta sondagem da Aximage a intenção de vota dos portuenses não ultrapassa os 13%.

Ilda Figueiredo da CDU (8,9%) e João Teixeira Lopes do Bloco de Esquerda (5,3) estão em crescendo na sondagem encomendada pelo Correio da Manhã face aos resultados alcançados nas últimas autárquicas e podem ambos ser eleitos vereadores.

Na sondagem da Aimage foram ouvidas 600 pessoas (339 das quais são mulheres) com telefone fixo ou móvel. As entrevistas foram realizadas entre os dias 16 e 19 de setembro e apresenta uma margem de erro de 4%.

Na sondagem da CESOP-Universidade Católica Portuguesa para o Jornal de Notícias foram ouvidas 1239 pessoas (57% de mulheres), recenseados e residentes e cinco freguesias do concelho do Porto, entre os dias 16 e 17 de setembro. A margem de erro é de 2,8%.

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