Diário do Porto. Rui Moreira: “Não tenho medo de não ter maioria absoluta”

25-09-2017
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No debate organizado pela Antena 1, Álvaro Almeida acusou Rui Moreira de ter esquecido todos os que o ajudaram. Rui Moreira recusa-se a responder e garante não ter medo de não ter maioria absoluta.

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O primeiro dia da última semana de campanha eleitoral arrancou com um debate na Antena 1 entre os seis candidatos à Câmara Municipal do Porto. Um duelo que acabou marcado pelas acusações de “ingratidão” de Álvaro Almeida a Rui Moreira: ingratidão a Rui Rio, ingratidão ao PS e ingratidão ao CDS.

À tarde, Rui Moreira visitará a zona de Campanhã e o centro histórico da cidade, Manuel Pizarro estará no Bairro de São Tomé, Álvaro Almeida vai passear pela zona do antigo campo do Salgueiros e João Teixeira Lopes vai até Ramalde.

O grande destaque vai para arruada de Ilda Figueiredo ao lado de Jerónimo de Sousa, uma demonstração de força do PCP na rua de Santa Catarina.

Álvaro Almeida acusa Rui Moreira de ingratidão para com Rui Rio

A frase: “Não fui eleito com o apoio fundamental de Rui Rio e de pessoas ligadas a Rui Rio e depois rejeitei esse apoio”, disse Álvaro Almeida para Rui Moreira.

A (outra) frase: “É um ministro do Governo e um ministro que tem sofrido dificuldades”, comentou Rui Moreira sobre o apoio de Azeredo Lopes a Pizarro.

A explicação: “Todos os apoios são valiosos. O CDS apoia o nosso movimento e fico muito satisfeito, mas aquilo que estamos a tratar é das eleições do Porto”, adiantou Moreira, sobre a ausência de Assunção Cristas na sua campanha.

O que correu mal: A incapacidade de Ilda Figueiredo em concretizar a posição da CDU sobre acordos pós-eleitorais. Continua a dizer que assumirá todas as responsabilidades, mas garante que nunca vai fazer acordos como fez o PS.

O que correu bem: João Teixeira Lopes. O bloquista resistiu à tentação de estender a mão a Manuel Pizarro, porque sabe que tem de estancar a todo custo uma eventual transferência de votos do Bloco para o PS. Dizer agora que aceitaria uma coligação, era suicídio político.

O que (também) correu bem: Bebiana Cunha. Debate após debate, a candidata do PAN vai expondo as suas propostas para a cidade de uma forma clara e objetiva, sem nunca interromper os adversários ou exceder o tempo definido.

Foi um debate relativamente tranquilo aquele que se travou entre os seis candidatos à Câmara do Porto nos estúdios da Antena 1. Numa altura em que corrida eleitoral entra na sua reta final, já se vai notando algum cansaço entre os concorrentes, que, debate após debate, lá vão repetindo as mesmíssimas propostas e rebatendo os mesmíssimos argumentos. Mas salta também à vista a tensão crescente entre os adversários políticos.

Acabaria por ser Álvaro Almeida a ter a frase da manhã. Num momento em que estava a ser provocado por Rui Moreira — “Olhe, que vai perder o apoio de Rui Rio“, repetia o autarca portuense –, o candidato apoiado pelo PSD perdeu a paciência:

“Sabe, eu não tenho problemas em perder o apoio de Rui Rio, porque eu não são ingrato. Eu não esqueço de quem me apoia. Não fui eleito com o apoio fundamental de Rui Rio e de pessoas ligadas a Rui Rio e depois rejeitei esse apoio e aquilo que foi feito na cidade do Porto. Eu não governei durante quatro anos com o PS e depois, a meia dúzia de meses das eleições, rejeitei esse apoio. Eu não fui eleito com o apoio do CDS e rejeito ser visto com a dirigente desse partido”, disparou Álvaro Almeida.

Sabendo-se da proximidade entre Rui Rio e Álvaro Almeida e sabendo-se também que o antigo presidente da Câmara do Porto patrocina politicamente esta candidatura, as palavras de Álvaro Almeida podem ser interpretadas como um recado indireto do próprio Rui Rio.

Desafiado a responder, Rui Moreira limitou-se apenas a dizer: “A este senhor? Não. Um senhor que tem vergonha de ser do partido que é, não lhe vou responder nada”. Seria o momento mais tenso de todo o debate.

Ainda a propósito do apoio do CDS à sua candidatura, Rui Moreira descartou novamente a hipótese de vir a contar com Assunção Cristas na sua campanha. “Todos os apoios são valiosos. O CDS apoia o nosso movimento e fico muito satisfeito, mas aquilo que estamos a tratar é das eleições do Porto. Mais nada”, rematou Rui Moreira.

Um debate que começou, aliás, com um dos temas que tomou a campanha: o apoio de Azeredo Lopes, atual ministro da Defesa e ex-chefe de gabinete de Rui Moreira, a Manuel Pizarro. Confrontado com a questão, Rui Moreira acabou por dizer, subtilmente, que a passagem de Azeredo Lopes para a trincheira socialista se prende com o momento político sensível que vive. “É opção livre de uma pessoa que faz as suas escolhas. É um ministro do Governo e um ministro que tem sofrido dificuldades“, sugeriu Rui Moreira. E mais não disse.

Os cenários pós-eleitorais também estiveram em jogo durante o debate na Antena 1. Aqui, sem grandes novidades: no bloco central, Rui Moreira continua sem pedir a maioria absoluta, mesmo admitindo que qualquer força política prefere “governar a cidade com os seus“; Manuel Pizarro insiste em afirmar-se como o único que tem uma “enorme capacidade de diálogo, quer à esquerda quer à direita“; e Álvaro Almeida mantém a promessa irrevogável de se manter como vereador da oposição em caso de derrota.

À esquerda, Ilda Figueiredo permanece esfíngica, dizendo que “assumirá todas as responsabilidades” que os eleitores do Porto entenderem atribuir à CDU, mas não “fará acordos de governação como fez o PS de Manuel Pizarro”. E João Teixeira Lopes resistiu hoje à tentação de estender a mão a Manuel Pizarro — até porque sabe, neste momento, que o seu maior desafio é evitar que os votos do Bloco fujam para o PS.

— “Aceitaria coligar-se com Manuel Pizarro?”

— “Manuel Pizarro ao contrário do PS nacional escolheu no Porto coligar-se com a direita…”

— “Mas aceitaria um cargo numa equipa de Manuel Pizarro?”

— “Isto não vai lá por cargos…”

— “Está um bocadinho envergonhado por dizer que sim”, ironizava Manuel Pizarro.

— A expressão cargo não foi a correta, mas aceitaria um acordo com Manuel Pizarro?”, insistia o moderador.

— “Acho, com toda a honestidade, que o PS vai perder as eleições”, rematou João Teixeira Lopes.

Estava assim ultrapassado o capítulo das coligações pós-eleitorais, onde parece haver pouca possibilidade de consenso entre as várias forças políticas em jogo. Se as sondagens recentes se concretizaram, os resultados do dia 1 de outubro vão tornar a Câmara muito difícil de governar.

Consenso parece existir em relação ao caso Selminho, com toda a oposição a Rui Moreira a exigir que os terrenos em disputa revertam para a Câmara Municipal do Porto. O autarca portuense limitou-se a dizer que tem sido dito “um conjunto de mentiras sobre esse tema“, que podem ser rebatidas no site da candidatura e que o tema “não tem sido assunto na rua”. Nem mais um comentário.

Uma de duas notas rodapé: por duas vezes ao longo do debate se sentiu a tensão subtil entre Bloco de Esquerda e CDU. Depois de João Teixeira Lopes ter elogiado o facto de todas as forças políticas terem cumprido o repto bloquista e exigir a reversão dos terrenos da Selminho para a Câmara do Porto, Ilda Figueiredo tomou a palavra para lembrar que a CDU levou o “tema à Câmara há mais de um ano”.

Num outro momento, a tensão não foi assim tão subtil. Depois de João Teixeira Lopes ter defendido o fim da concessão de estacionamento e da recolha do lixo, o moderador do debate passou a vez a Ilda Figueiredo, dizendo “imagino que a CDU concorde com o Bloco de Esquerda…”. Estava o caldo entornado. “O Bloco de Esquerda é que está de acordo com a CDU”, respondeu Ilda. “Estamos os dois de acordo, Ilda. Mas se quiser o troféu, eu dou-lhe o troféu“, desesperou Teixeira Lopes.

Destaque ainda para a prestação de Bebiana Cunha, candidata do PAN, que, debate após debate, vai correndo na sua própria pista, expondo as suas propostas para a cidade de uma forma clara e objetiva, sem nunca interromper os adversários ou exceder o tempo definido.

Rui Moreira. “Não tenho medo nenhum de não ter maioria absoluta”

A frase: “A maioria absoluta não é uma coisa que se pede. É uma consequência.”

A (outra) frase: “Não respondo a esse senhor. Estou a apresentar Campanhã, não sei se ele sabe onde é”, respondeu Rui Moreira, quando questionado sobre as acusações de Álvaro Almeida de ingratidão para com Rui Rio.

A promessa: “Estamos criar novas centralidades, para que o Porto seja todo ele uma centralidade.”

“Não há inquietação nenhuma, nem há medo nenhum, nem receio nenhum“. A garantia é de Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, que entra para a segunda e derradeira semana de campanha eleitoral sem que qualquer sondagem garanta a maioria absoluta ao candidato.

Esta tarde, durante uma ação de campanha na zona mais oriental da cidade, Rui Moreira assegurou não estar “nada preocupado” uma possível situação de ingovernabilidade na autarquia depois das eleições. “Não tenho medo nenhum. Olhe, neste momento não tenho maioria e não me sinto nada problematizado. A cidade não parou”, sublinhou Moreira.

Ainda assim, e perante a insistência dos jornalistas, o candidato independente assumiu o que todos candidatos desejam. “É evidente se perguntar a qualquer candidato o primeiro objetivo é ganhar, e o segundo é ter maioria absoluta. Só isso, mais nada”, insistiu o autarca.

Desafiado a explicar por que razão não pede abertamente a maioria absoluta — afinal, como o próprio assumiu, é esse o objetivo de qualquer candidato –, Rui Moreira arrumou a questão. “A maioria absoluta não é uma coisa que se pede. É uma consequência“.

O dia de segunda-feira acabou por ficar marcado pelas palavras duras de Álvaro Almeida, que acusou Rui Moreira de ingratidão para com todos os que o ajudaram a chegar onde chegou — o CDS, o PS, mas, e sobretudo, Rui Rio. Quando confrontado com as declarações do candidato apoiado pelo PSD, Rui Moreira escusou-se a responder. “Tive um debate em que tratei desse assunto. Não respondo a esse senhor. Estou a apresentar Campanhã, não sei se ele sabe onde é“, rematou o autarca.

Rui Moreira aproveitou uma visita a um armazém fechado com com mais de 700 m2 — onde vai nascer uma produtora de música e a fonoteca municipal — para demonstrar como é possível reabilitar a cidade através de um sã convivência com os investidores privados. A receita do autarca passa, precisamente, por aí: dar todas as condições para que os investidores privados possam requalificar e reaproveitar os edifícios inutilizados para que nasçam novos projetos como este. “Tem de haver uma enorme aposta na zona oriental do Porto. É onde a cidade precisa de se reequilibrar. Estamos a criar novas centralidades, para que o Porto seja todo ele uma centralidade“, explicou o autarca.

O dia de ontem no Porto foi assim:

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No debate organizado pela Antena 1, Álvaro Almeida acusou Rui Moreira de ter esquecido todos os que o ajudaram. Rui Moreira recusa-se a responder e garante não ter medo de não ter maioria absoluta.

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O primeiro dia da última semana de campanha eleitoral arrancou com um debate na Antena 1 entre os seis candidatos à Câmara Municipal do Porto. Um duelo que acabou marcado pelas acusações de “ingratidão” de Álvaro Almeida a Rui Moreira: ingratidão a Rui Rio, ingratidão ao PS e ingratidão ao CDS.

À tarde, Rui Moreira visitará a zona de Campanhã e o centro histórico da cidade, Manuel Pizarro estará no Bairro de São Tomé, Álvaro Almeida vai passear pela zona do antigo campo do Salgueiros e João Teixeira Lopes vai até Ramalde.

O grande destaque vai para arruada de Ilda Figueiredo ao lado de Jerónimo de Sousa, uma demonstração de força do PCP na rua de Santa Catarina.

Álvaro Almeida acusa Rui Moreira de ingratidão para com Rui Rio

A frase: “Não fui eleito com o apoio fundamental de Rui Rio e de pessoas ligadas a Rui Rio e depois rejeitei esse apoio”, disse Álvaro Almeida para Rui Moreira.

A (outra) frase: “É um ministro do Governo e um ministro que tem sofrido dificuldades”, comentou Rui Moreira sobre o apoio de Azeredo Lopes a Pizarro.

A explicação: “Todos os apoios são valiosos. O CDS apoia o nosso movimento e fico muito satisfeito, mas aquilo que estamos a tratar é das eleições do Porto”, adiantou Moreira, sobre a ausência de Assunção Cristas na sua campanha.

O que correu mal: A incapacidade de Ilda Figueiredo em concretizar a posição da CDU sobre acordos pós-eleitorais. Continua a dizer que assumirá todas as responsabilidades, mas garante que nunca vai fazer acordos como fez o PS.

O que correu bem: João Teixeira Lopes. O bloquista resistiu à tentação de estender a mão a Manuel Pizarro, porque sabe que tem de estancar a todo custo uma eventual transferência de votos do Bloco para o PS. Dizer agora que aceitaria uma coligação, era suicídio político.

O que (também) correu bem: Bebiana Cunha. Debate após debate, a candidata do PAN vai expondo as suas propostas para a cidade de uma forma clara e objetiva, sem nunca interromper os adversários ou exceder o tempo definido.

Foi um debate relativamente tranquilo aquele que se travou entre os seis candidatos à Câmara do Porto nos estúdios da Antena 1. Numa altura em que corrida eleitoral entra na sua reta final, já se vai notando algum cansaço entre os concorrentes, que, debate após debate, lá vão repetindo as mesmíssimas propostas e rebatendo os mesmíssimos argumentos. Mas salta também à vista a tensão crescente entre os adversários políticos.

Acabaria por ser Álvaro Almeida a ter a frase da manhã. Num momento em que estava a ser provocado por Rui Moreira — “Olhe, que vai perder o apoio de Rui Rio“, repetia o autarca portuense –, o candidato apoiado pelo PSD perdeu a paciência:

“Sabe, eu não tenho problemas em perder o apoio de Rui Rio, porque eu não são ingrato. Eu não esqueço de quem me apoia. Não fui eleito com o apoio fundamental de Rui Rio e de pessoas ligadas a Rui Rio e depois rejeitei esse apoio e aquilo que foi feito na cidade do Porto. Eu não governei durante quatro anos com o PS e depois, a meia dúzia de meses das eleições, rejeitei esse apoio. Eu não fui eleito com o apoio do CDS e rejeito ser visto com a dirigente desse partido”, disparou Álvaro Almeida.

Sabendo-se da proximidade entre Rui Rio e Álvaro Almeida e sabendo-se também que o antigo presidente da Câmara do Porto patrocina politicamente esta candidatura, as palavras de Álvaro Almeida podem ser interpretadas como um recado indireto do próprio Rui Rio.

Desafiado a responder, Rui Moreira limitou-se apenas a dizer: “A este senhor? Não. Um senhor que tem vergonha de ser do partido que é, não lhe vou responder nada”. Seria o momento mais tenso de todo o debate.

Ainda a propósito do apoio do CDS à sua candidatura, Rui Moreira descartou novamente a hipótese de vir a contar com Assunção Cristas na sua campanha. “Todos os apoios são valiosos. O CDS apoia o nosso movimento e fico muito satisfeito, mas aquilo que estamos a tratar é das eleições do Porto. Mais nada”, rematou Rui Moreira.

Um debate que começou, aliás, com um dos temas que tomou a campanha: o apoio de Azeredo Lopes, atual ministro da Defesa e ex-chefe de gabinete de Rui Moreira, a Manuel Pizarro. Confrontado com a questão, Rui Moreira acabou por dizer, subtilmente, que a passagem de Azeredo Lopes para a trincheira socialista se prende com o momento político sensível que vive. “É opção livre de uma pessoa que faz as suas escolhas. É um ministro do Governo e um ministro que tem sofrido dificuldades“, sugeriu Rui Moreira. E mais não disse.

Os cenários pós-eleitorais também estiveram em jogo durante o debate na Antena 1. Aqui, sem grandes novidades: no bloco central, Rui Moreira continua sem pedir a maioria absoluta, mesmo admitindo que qualquer força política prefere “governar a cidade com os seus“; Manuel Pizarro insiste em afirmar-se como o único que tem uma “enorme capacidade de diálogo, quer à esquerda quer à direita“; e Álvaro Almeida mantém a promessa irrevogável de se manter como vereador da oposição em caso de derrota.

À esquerda, Ilda Figueiredo permanece esfíngica, dizendo que “assumirá todas as responsabilidades” que os eleitores do Porto entenderem atribuir à CDU, mas não “fará acordos de governação como fez o PS de Manuel Pizarro”. E João Teixeira Lopes resistiu hoje à tentação de estender a mão a Manuel Pizarro — até porque sabe, neste momento, que o seu maior desafio é evitar que os votos do Bloco fujam para o PS.

— “Aceitaria coligar-se com Manuel Pizarro?”

— “Manuel Pizarro ao contrário do PS nacional escolheu no Porto coligar-se com a direita…”

— “Mas aceitaria um cargo numa equipa de Manuel Pizarro?”

— “Isto não vai lá por cargos…”

— “Está um bocadinho envergonhado por dizer que sim”, ironizava Manuel Pizarro.

— A expressão cargo não foi a correta, mas aceitaria um acordo com Manuel Pizarro?”, insistia o moderador.

— “Acho, com toda a honestidade, que o PS vai perder as eleições”, rematou João Teixeira Lopes.

Estava assim ultrapassado o capítulo das coligações pós-eleitorais, onde parece haver pouca possibilidade de consenso entre as várias forças políticas em jogo. Se as sondagens recentes se concretizaram, os resultados do dia 1 de outubro vão tornar a Câmara muito difícil de governar.

Consenso parece existir em relação ao caso Selminho, com toda a oposição a Rui Moreira a exigir que os terrenos em disputa revertam para a Câmara Municipal do Porto. O autarca portuense limitou-se a dizer que tem sido dito “um conjunto de mentiras sobre esse tema“, que podem ser rebatidas no site da candidatura e que o tema “não tem sido assunto na rua”. Nem mais um comentário.

Uma de duas notas rodapé: por duas vezes ao longo do debate se sentiu a tensão subtil entre Bloco de Esquerda e CDU. Depois de João Teixeira Lopes ter elogiado o facto de todas as forças políticas terem cumprido o repto bloquista e exigir a reversão dos terrenos da Selminho para a Câmara do Porto, Ilda Figueiredo tomou a palavra para lembrar que a CDU levou o “tema à Câmara há mais de um ano”.

Num outro momento, a tensão não foi assim tão subtil. Depois de João Teixeira Lopes ter defendido o fim da concessão de estacionamento e da recolha do lixo, o moderador do debate passou a vez a Ilda Figueiredo, dizendo “imagino que a CDU concorde com o Bloco de Esquerda…”. Estava o caldo entornado. “O Bloco de Esquerda é que está de acordo com a CDU”, respondeu Ilda. “Estamos os dois de acordo, Ilda. Mas se quiser o troféu, eu dou-lhe o troféu“, desesperou Teixeira Lopes.

Destaque ainda para a prestação de Bebiana Cunha, candidata do PAN, que, debate após debate, vai correndo na sua própria pista, expondo as suas propostas para a cidade de uma forma clara e objetiva, sem nunca interromper os adversários ou exceder o tempo definido.

Rui Moreira. “Não tenho medo nenhum de não ter maioria absoluta”

A frase: “A maioria absoluta não é uma coisa que se pede. É uma consequência.”

A (outra) frase: “Não respondo a esse senhor. Estou a apresentar Campanhã, não sei se ele sabe onde é”, respondeu Rui Moreira, quando questionado sobre as acusações de Álvaro Almeida de ingratidão para com Rui Rio.

A promessa: “Estamos criar novas centralidades, para que o Porto seja todo ele uma centralidade.”

“Não há inquietação nenhuma, nem há medo nenhum, nem receio nenhum“. A garantia é de Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, que entra para a segunda e derradeira semana de campanha eleitoral sem que qualquer sondagem garanta a maioria absoluta ao candidato.

Esta tarde, durante uma ação de campanha na zona mais oriental da cidade, Rui Moreira assegurou não estar “nada preocupado” uma possível situação de ingovernabilidade na autarquia depois das eleições. “Não tenho medo nenhum. Olhe, neste momento não tenho maioria e não me sinto nada problematizado. A cidade não parou”, sublinhou Moreira.

Ainda assim, e perante a insistência dos jornalistas, o candidato independente assumiu o que todos candidatos desejam. “É evidente se perguntar a qualquer candidato o primeiro objetivo é ganhar, e o segundo é ter maioria absoluta. Só isso, mais nada”, insistiu o autarca.

Desafiado a explicar por que razão não pede abertamente a maioria absoluta — afinal, como o próprio assumiu, é esse o objetivo de qualquer candidato –, Rui Moreira arrumou a questão. “A maioria absoluta não é uma coisa que se pede. É uma consequência“.

O dia de segunda-feira acabou por ficar marcado pelas palavras duras de Álvaro Almeida, que acusou Rui Moreira de ingratidão para com todos os que o ajudaram a chegar onde chegou — o CDS, o PS, mas, e sobretudo, Rui Rio. Quando confrontado com as declarações do candidato apoiado pelo PSD, Rui Moreira escusou-se a responder. “Tive um debate em que tratei desse assunto. Não respondo a esse senhor. Estou a apresentar Campanhã, não sei se ele sabe onde é“, rematou o autarca.

Rui Moreira aproveitou uma visita a um armazém fechado com com mais de 700 m2 — onde vai nascer uma produtora de música e a fonoteca municipal — para demonstrar como é possível reabilitar a cidade através de um sã convivência com os investidores privados. A receita do autarca passa, precisamente, por aí: dar todas as condições para que os investidores privados possam requalificar e reaproveitar os edifícios inutilizados para que nasçam novos projetos como este. “Tem de haver uma enorme aposta na zona oriental do Porto. É onde a cidade precisa de se reequilibrar. Estamos a criar novas centralidades, para que o Porto seja todo ele uma centralidade“, explicou o autarca.

O dia de ontem no Porto foi assim:

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