André Ventura, Nuno Melo e o sonho do silêncio

11-05-2020
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Muito recentemente, Nuno Melo, ao criticar a presença de Rui Tavares na telescola, deixou claro que, para se ser professor, não se pode ter ideias políticas de esquerda ou que um professor não pode citar um especialista, se o especialista for de esquerda. Não foi isto que disse, mas foi isto que quis dizer, fingindo que defende uma imparcialidade que não o seria, mas antes uma assepsia impossível e indesejável. É claro que não desmontou nenhum dos argumentos usados pelo historiador Rui Tavares, mas a grande vantagem de se ser populista é não estar obrigado a argumentar.

Ontem, André Ventura revoltou-se com o facto de Ricardo Quaresma ter criticado o próprio André Ventura. Qualquer pessoa pode ficar insatisfeita ou magoada ou o que se queira quando é criticada. Quando essa pessoa, no entanto, pretende que haja um mecanismo que permita silenciar a crítica, deparamos com alguém que acredita na existência de um “delito de opinião”, chegando ao ponto de pedir a intervenção das autoridades e defendendo, implícita mas claramente, que a Federação Portuguesa de Futebol deveria tomar uma medida qualquer.

Seria muito bom que Nuno Melo e André Ventura assumissem a sua união de facto e tivessem a hombridade de publicar uma lista de pessoas autorizadas a emitir opiniões ou, até, a dar aulas. Aposto que conseguiriam reduzir essa lista a duas pessoas.

Os políticos sempre tentaram controlar aquilo que é dito e escrito, o que é uma perversão da democracia. Lá no fundo, qualquer político terá tentações ditatoriais, mas reprime-as, nem que seja por questões de imagem ou por um mínimo de decência. Nuno Melo e André Ventura já não disfarçam: não se contentam com a perversão da democracia, sonham com a ditadura silenciadora.

Entretanto, em Portugal, todos têm direito a emitir opiniões, incluindo André Ventura, porque este é um país inclusivo.

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Muito recentemente, Nuno Melo, ao criticar a presença de Rui Tavares na telescola, deixou claro que, para se ser professor, não se pode ter ideias políticas de esquerda ou que um professor não pode citar um especialista, se o especialista for de esquerda. Não foi isto que disse, mas foi isto que quis dizer, fingindo que defende uma imparcialidade que não o seria, mas antes uma assepsia impossível e indesejável. É claro que não desmontou nenhum dos argumentos usados pelo historiador Rui Tavares, mas a grande vantagem de se ser populista é não estar obrigado a argumentar.

Ontem, André Ventura revoltou-se com o facto de Ricardo Quaresma ter criticado o próprio André Ventura. Qualquer pessoa pode ficar insatisfeita ou magoada ou o que se queira quando é criticada. Quando essa pessoa, no entanto, pretende que haja um mecanismo que permita silenciar a crítica, deparamos com alguém que acredita na existência de um “delito de opinião”, chegando ao ponto de pedir a intervenção das autoridades e defendendo, implícita mas claramente, que a Federação Portuguesa de Futebol deveria tomar uma medida qualquer.

Seria muito bom que Nuno Melo e André Ventura assumissem a sua união de facto e tivessem a hombridade de publicar uma lista de pessoas autorizadas a emitir opiniões ou, até, a dar aulas. Aposto que conseguiriam reduzir essa lista a duas pessoas.

Os políticos sempre tentaram controlar aquilo que é dito e escrito, o que é uma perversão da democracia. Lá no fundo, qualquer político terá tentações ditatoriais, mas reprime-as, nem que seja por questões de imagem ou por um mínimo de decência. Nuno Melo e André Ventura já não disfarçam: não se contentam com a perversão da democracia, sonham com a ditadura silenciadora.

Entretanto, em Portugal, todos têm direito a emitir opiniões, incluindo André Ventura, porque este é um país inclusivo.

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