Dieta Mediterrânica: a economia portuguesa precisa de pão, vinho e azeitonas

18-06-2016
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A Dieta Mediterrânica foi reconhecida pela Unesco como Património Imaterial da Humanidade em 2010 mas Portugal, com os seus coentros, alho e azeite, não faz parte dos países que oficialmente a integram. Agora, Portugal, Chipre e Croácia fazem campanha para serem integrados neste clube - a Fundação Portuguesa de Cardiologia, as Mulheres de Vermelho e a Embaixada de Marrocos almoçaram juntos para mostrar uma ementa mediterrânica.

Em Março, Portugal juntou-se ao Chipre e à Croácia para pedir que a classificação de Património Cultural Imaterial da Humanidade atribuída em 2010 pela Unesco à Dieta Mediterrânica seja alargada a estes três países. Uma oportunidade para atrair atenções para a qualidade dos produtos que nascem em solo português, que pode beneficiar tanto a economia, através do turismo e do consumo, mas também a saúde pública. E para não a desperdiçar, a Fundação Portuguesa de Cardiologia e o Movimento Mulheres de Vermelho, em parceria com a embaixada do Reino de Marrocos, organizaram um almoço para mostrar que em Portugal se come a Dieta Mediterrânica.

O cardápio incluiu pratos típicos da Grécia, Itália Portugal e Marrocos, como gaspacho à alentejana, pasta freda, salada grega ou cuscuz, numa refeição que combinou propostas de países que já têm a classificação da Unesco com pratos de países candidatos. A iniciativa, para além de pretender dar força à candidatura, serviu também para assinalar o encerramento das comemorações de Maio - Mês do Coração.

O responsável pelos pratos que representam a gastronomia portuguesa, o chef Pedro Sommer, preparou como entrada Gaspacho à Alentejana. “Mais português do que isto é impossível”, justificou. “Faz-se com os ingredientes cortados em pequenos pedaços e é aromatizado com azeite, vinagre e orégãos. Sem esquecer o pão, alimento bastante utilizado na dieta mediterrânica, de Portugal à Grécia”, referiu Pedro Sommer.

Trata-se de uma candidatura em que cada país se faz representar por uma região - no caso de Portugal, é Tavira. Daí que a flor de sal, um produto muito típico do Algarve, tenha sido escolhida para temperar os pratos da ementa. Pedro Sommer ainda pensou na sardinha, “mas ainda não estamos na época, está pequenina”.

A Fundação Portuguesa de Cardiologia convidou Henrique Sá Pessoa para participar nalgumas acções de sensibilização para as vantagens de uma alimentação saudável que tenha por base a Dieta Mediterrânica. O chef esteve no almoço, onde aproveitou para defender que “os chefs influenciam muito aquilo que as pessoas comem e compram”. E para o ilustrar recorda o exemplo do famoso chef Jamie Oliver, que conseguiu implementar uma dieta mais saudável nas escolas de Inglaterra. Pedro Sommer partilha desta opinião e acentua que Jamie Olivier “incutiu nas crianças o sentido de os pais cozinharem em casa uma dieta saudável”.

Um dos principais obstáculos à inclusão de Portugal no rol de países reconhecidos pela Unesco como detentores da Dieta Mediterrânica é o facto de não ser banhado pelas águas deste mar. Um argumento que o chef Henrique Sá Pessoa desfaz de imediato: “Há sempre alguma confusão a este respeito. A dieta mediterrânica não é apenas para os países que estão no Mediterrâneo, mas sim para os que reúnem um conjunto de condições climatéricas nas quais Portugal está inserido. Temos um clima propício à produção de azeite, tomate, ervas aromáticas e vinho, alimentos que estão na base desta dieta”.

Sá Pessoa encara ainda a participação de Portugal na candidatura como uma forma de atracção para os produtos portugueses. “Pode ser uma forma de impulsionar a exportação, uma vez que os países que estão associados à dieta mediterrânica têm uma exposição internacional muito grande, nomeadamente no caso de Itália. Entrando para esse núcleo duro, Portugal conseguirá ter outra exposição a nível internacional e começar a ser visto como destino gastronómico.” E reforça que existem todas as condições para isso. “Temos mais do que talento a nível de cozinheiros, bons produtos e um clima fantástico. Tudo isto merece ser divulgado e partilhado.”

O presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, lembrou que a dieta mediterrânica nasceu como conceito de saúde nos anos 1950, altura em que reinava a ideia de que toda a gordura fazia mal à saúde. Foi quando um estudo da Universidade de Harvard concluiu que nos países mediterrânicos, apesar do elevadíssimo consumo de gordura, as pessoas eram muito saudáveis. Um facto que, como hoje se sabe, deriva da utilização do azeite como principal fonte de gordura. “Verificou-se que o azeite era um dos pilares da dieta mediterrânica, que é a mais bem estudada do mundo. Existem diversos estudos publicados na revista norte-americana Circulation que provam os benefícios desta dieta na redução da mortalidade em caso de enfartes, cancro, diabetes e arteriosclerose, doenças que têm um impacto enorme, nomeadamente nos custos com a saúde”, disse Manuel Carrageta.

A ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, saudou o grupo de países que se envolveu em torno da defesa da Dieta Mediterrânica que promove “vidas mais saudáveis e com menos carga de doença, mas que também ajuda a redescobrir os nossos produtos”.

Assunção Cristas considera que esta dieta nos remete para um regresso às nossas origens alimentares e aos produtos portugueses, o que, por si só, “tem imensas vantagens do ponto de vista do ambiente, já que produzir e consumir localmente é uma atitude profundamente sustentável que reduz emissões de gases com efeitos de estufa. E que com certeza nos tornará muito mais interessantes para quem nos visita”.

A candidatura para que a classificação de Património Cultural Imaterial da Humanidade atribuída pela Unesco à Dieta Mediterrânica seja alargada a Portugal, Chipre e Croácia será apreciada e votada durante a assembleia-geral da Unesco prevista para o último trimestre de 2013.

Legendas da fotogaleria corrigidas às 11h de 4 de Junho de forma a referirmo-nos correctamente à embaixadora do Reino de Marrocos que, erradamente, fora apelidada de embaixatriz

A Dieta Mediterrânica foi reconhecida pela Unesco como Património Imaterial da Humanidade em 2010 mas Portugal, com os seus coentros, alho e azeite, não faz parte dos países que oficialmente a integram. Agora, Portugal, Chipre e Croácia fazem campanha para serem integrados neste clube - a Fundação Portuguesa de Cardiologia, as Mulheres de Vermelho e a Embaixada de Marrocos almoçaram juntos para mostrar uma ementa mediterrânica.

Em Março, Portugal juntou-se ao Chipre e à Croácia para pedir que a classificação de Património Cultural Imaterial da Humanidade atribuída em 2010 pela Unesco à Dieta Mediterrânica seja alargada a estes três países. Uma oportunidade para atrair atenções para a qualidade dos produtos que nascem em solo português, que pode beneficiar tanto a economia, através do turismo e do consumo, mas também a saúde pública. E para não a desperdiçar, a Fundação Portuguesa de Cardiologia e o Movimento Mulheres de Vermelho, em parceria com a embaixada do Reino de Marrocos, organizaram um almoço para mostrar que em Portugal se come a Dieta Mediterrânica.

O cardápio incluiu pratos típicos da Grécia, Itália Portugal e Marrocos, como gaspacho à alentejana, pasta freda, salada grega ou cuscuz, numa refeição que combinou propostas de países que já têm a classificação da Unesco com pratos de países candidatos. A iniciativa, para além de pretender dar força à candidatura, serviu também para assinalar o encerramento das comemorações de Maio - Mês do Coração.

O responsável pelos pratos que representam a gastronomia portuguesa, o chef Pedro Sommer, preparou como entrada Gaspacho à Alentejana. “Mais português do que isto é impossível”, justificou. “Faz-se com os ingredientes cortados em pequenos pedaços e é aromatizado com azeite, vinagre e orégãos. Sem esquecer o pão, alimento bastante utilizado na dieta mediterrânica, de Portugal à Grécia”, referiu Pedro Sommer.

Trata-se de uma candidatura em que cada país se faz representar por uma região - no caso de Portugal, é Tavira. Daí que a flor de sal, um produto muito típico do Algarve, tenha sido escolhida para temperar os pratos da ementa. Pedro Sommer ainda pensou na sardinha, “mas ainda não estamos na época, está pequenina”.

A Fundação Portuguesa de Cardiologia convidou Henrique Sá Pessoa para participar nalgumas acções de sensibilização para as vantagens de uma alimentação saudável que tenha por base a Dieta Mediterrânica. O chef esteve no almoço, onde aproveitou para defender que “os chefs influenciam muito aquilo que as pessoas comem e compram”. E para o ilustrar recorda o exemplo do famoso chef Jamie Oliver, que conseguiu implementar uma dieta mais saudável nas escolas de Inglaterra. Pedro Sommer partilha desta opinião e acentua que Jamie Olivier “incutiu nas crianças o sentido de os pais cozinharem em casa uma dieta saudável”.

Um dos principais obstáculos à inclusão de Portugal no rol de países reconhecidos pela Unesco como detentores da Dieta Mediterrânica é o facto de não ser banhado pelas águas deste mar. Um argumento que o chef Henrique Sá Pessoa desfaz de imediato: “Há sempre alguma confusão a este respeito. A dieta mediterrânica não é apenas para os países que estão no Mediterrâneo, mas sim para os que reúnem um conjunto de condições climatéricas nas quais Portugal está inserido. Temos um clima propício à produção de azeite, tomate, ervas aromáticas e vinho, alimentos que estão na base desta dieta”.

Sá Pessoa encara ainda a participação de Portugal na candidatura como uma forma de atracção para os produtos portugueses. “Pode ser uma forma de impulsionar a exportação, uma vez que os países que estão associados à dieta mediterrânica têm uma exposição internacional muito grande, nomeadamente no caso de Itália. Entrando para esse núcleo duro, Portugal conseguirá ter outra exposição a nível internacional e começar a ser visto como destino gastronómico.” E reforça que existem todas as condições para isso. “Temos mais do que talento a nível de cozinheiros, bons produtos e um clima fantástico. Tudo isto merece ser divulgado e partilhado.”

O presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, lembrou que a dieta mediterrânica nasceu como conceito de saúde nos anos 1950, altura em que reinava a ideia de que toda a gordura fazia mal à saúde. Foi quando um estudo da Universidade de Harvard concluiu que nos países mediterrânicos, apesar do elevadíssimo consumo de gordura, as pessoas eram muito saudáveis. Um facto que, como hoje se sabe, deriva da utilização do azeite como principal fonte de gordura. “Verificou-se que o azeite era um dos pilares da dieta mediterrânica, que é a mais bem estudada do mundo. Existem diversos estudos publicados na revista norte-americana Circulation que provam os benefícios desta dieta na redução da mortalidade em caso de enfartes, cancro, diabetes e arteriosclerose, doenças que têm um impacto enorme, nomeadamente nos custos com a saúde”, disse Manuel Carrageta.

A ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, saudou o grupo de países que se envolveu em torno da defesa da Dieta Mediterrânica que promove “vidas mais saudáveis e com menos carga de doença, mas que também ajuda a redescobrir os nossos produtos”.

Assunção Cristas considera que esta dieta nos remete para um regresso às nossas origens alimentares e aos produtos portugueses, o que, por si só, “tem imensas vantagens do ponto de vista do ambiente, já que produzir e consumir localmente é uma atitude profundamente sustentável que reduz emissões de gases com efeitos de estufa. E que com certeza nos tornará muito mais interessantes para quem nos visita”.

A candidatura para que a classificação de Património Cultural Imaterial da Humanidade atribuída pela Unesco à Dieta Mediterrânica seja alargada a Portugal, Chipre e Croácia será apreciada e votada durante a assembleia-geral da Unesco prevista para o último trimestre de 2013.

Legendas da fotogaleria corrigidas às 11h de 4 de Junho de forma a referirmo-nos correctamente à embaixadora do Reino de Marrocos que, erradamente, fora apelidada de embaixatriz

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