Assunção Cristas, chique a valer

12-04-2018
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Na apresentação da poderosa coligação que reúne CDS-PP, PPM e MPT em torno da candidatura de Assunção Cristas à CM de Lisboa, Gonçalo da Câmara Pereira, vice-presidente dos monárquicos, elogiou a candidata por ser, “acima de tudo“, “uma mulher casada, que provou, como a maioria das portuguesas pode trabalhar e ter filhos“, uma vez que “não descurou o trabalho e não descurou a casa“. Podíamos ficar horas à volta destas declarações, que colam a mulher ao papel de simples dona de casa, numa era em que os casais modernos dividem irmãmente as tarefas da lida, e que de resto nos transportam para as declarações de Paulo Portas em Setembro de 2015, que dissertava sobre o papel da mulheres na sociedade, que ” sabem que têm de organizar a casa e pagar as contas a dias certos, pensar nos mais velhos e cuidar dos mais novos“. Porque o homem, Deus nos livre e guarde, tem tarefas mais másculas para fazer.

Para as lisboetas que prezam e se batem pela igualdade de género, declarações como estas, que nos remetem para os anos sombrios do fascismo, quando a mulher era, na esmagadora maioria dos casos, um objectivo ao serviço do pai ou do marido, serão suficientes para descartar esta opção alt-right no sufrágio de Outubro. Mais ainda quando procuram equiparar Assunção Cristas aos cidadãos comuns que não podem pagar amas, empregados domésticos ou colégios que ocupam as crianças durante todo o dia.

Porém, o bafo salazarento não se resume à subalternização do papel da mulher na sociedade. Temos também esta deliciosa frase, da autoria da candidata, que afirma ter “calçado botas e calças de ganga muitas vezes para estar nos bairros sociais, junto das pessoas que não conhecem visitas por parte do executivo camarário, excetuando da polícia quando é para os pôr fora das suas casas“. Vejam bem como é magnânima, a Dra. Assunção. Tão magnânima que está disposta a sair do traje snob, que habitualmente a acompanha, e descer ao nível do povinho, de botas e calças de ganga, para não sujar a saia travada, o blazer acetinado, a camisa branca e o sapatinho de tacão, que, já se sabe, os bairros sociais são uma grande poça de lama, impróprios para a utilização de trajes parlamentares. Reparem como se indigna a Dra. Assunção quando, munida do seu uniforme à prova de bairro social, glorifica a sua higiénica visita a estes antros de sujidade, que o executivo camarário, tal como a candidata Cristas, nunca visita, excepto quando se encontra em campanha, como é o caso.

Assunção Cristas transforma-se, aos poucos, numa caricatura que espelha o desespero de um partido órfão de Paulo Portas, acumulando tiros e mais tiros nos pés, fazendo promessas demagógicas, entre o despesismo eleitoralista de exigir 20 novas estações para o metro de Lisboa e a falta de vergonha na cara de se dizer empenhada em acabar com os sem-abrigo na cidade de Lisboa, e sem aquela noção do ridículo que caracteriza episódios como ao do radicalismo do amor, da institucionalização da cunha ou do “tau-tau” que levaremos da UE se não nos portarmos bem. Palavras para quê? É a credibilidade da ex-ministra, a tal que assinou a resolução do BES de olhos fechados, em todo o seu esplendor.

Fotomontagem via Uma Página Numa Rede Social

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Na apresentação da poderosa coligação que reúne CDS-PP, PPM e MPT em torno da candidatura de Assunção Cristas à CM de Lisboa, Gonçalo da Câmara Pereira, vice-presidente dos monárquicos, elogiou a candidata por ser, “acima de tudo“, “uma mulher casada, que provou, como a maioria das portuguesas pode trabalhar e ter filhos“, uma vez que “não descurou o trabalho e não descurou a casa“. Podíamos ficar horas à volta destas declarações, que colam a mulher ao papel de simples dona de casa, numa era em que os casais modernos dividem irmãmente as tarefas da lida, e que de resto nos transportam para as declarações de Paulo Portas em Setembro de 2015, que dissertava sobre o papel da mulheres na sociedade, que ” sabem que têm de organizar a casa e pagar as contas a dias certos, pensar nos mais velhos e cuidar dos mais novos“. Porque o homem, Deus nos livre e guarde, tem tarefas mais másculas para fazer.

Para as lisboetas que prezam e se batem pela igualdade de género, declarações como estas, que nos remetem para os anos sombrios do fascismo, quando a mulher era, na esmagadora maioria dos casos, um objectivo ao serviço do pai ou do marido, serão suficientes para descartar esta opção alt-right no sufrágio de Outubro. Mais ainda quando procuram equiparar Assunção Cristas aos cidadãos comuns que não podem pagar amas, empregados domésticos ou colégios que ocupam as crianças durante todo o dia.

Porém, o bafo salazarento não se resume à subalternização do papel da mulher na sociedade. Temos também esta deliciosa frase, da autoria da candidata, que afirma ter “calçado botas e calças de ganga muitas vezes para estar nos bairros sociais, junto das pessoas que não conhecem visitas por parte do executivo camarário, excetuando da polícia quando é para os pôr fora das suas casas“. Vejam bem como é magnânima, a Dra. Assunção. Tão magnânima que está disposta a sair do traje snob, que habitualmente a acompanha, e descer ao nível do povinho, de botas e calças de ganga, para não sujar a saia travada, o blazer acetinado, a camisa branca e o sapatinho de tacão, que, já se sabe, os bairros sociais são uma grande poça de lama, impróprios para a utilização de trajes parlamentares. Reparem como se indigna a Dra. Assunção quando, munida do seu uniforme à prova de bairro social, glorifica a sua higiénica visita a estes antros de sujidade, que o executivo camarário, tal como a candidata Cristas, nunca visita, excepto quando se encontra em campanha, como é o caso.

Assunção Cristas transforma-se, aos poucos, numa caricatura que espelha o desespero de um partido órfão de Paulo Portas, acumulando tiros e mais tiros nos pés, fazendo promessas demagógicas, entre o despesismo eleitoralista de exigir 20 novas estações para o metro de Lisboa e a falta de vergonha na cara de se dizer empenhada em acabar com os sem-abrigo na cidade de Lisboa, e sem aquela noção do ridículo que caracteriza episódios como ao do radicalismo do amor, da institucionalização da cunha ou do “tau-tau” que levaremos da UE se não nos portarmos bem. Palavras para quê? É a credibilidade da ex-ministra, a tal que assinou a resolução do BES de olhos fechados, em todo o seu esplendor.

Fotomontagem via Uma Página Numa Rede Social

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