Resiliência sustentável

26-09-2018
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Com o período de férias praticamente terminado, regressamos revigorados à discussão política. Este regresso está a ser marcado pela profunda reflexão à volta do tema mais estrutural dos últimos anos: de que forma António Costa vai pedir a maioria absoluta, como se isto fosse a questão mais relevante para o aprofundamento do nosso devir coletivo.

Tirando a novela em volta do orçamento que, mais uma alínea menos um arrufo, será aprovado pela frente de esquerda, importa encontrar tempo e oportunidade para discutir as matérias que podem trazer melhorias estruturais à vida dos portugueses.

Quando o preço dos imóveis está ao nível das maiores cidades do mundo, o Governo deveria encontrar formas de evitar a continuação da especulação. Justifica-se aqui uma acrescida pressão fiscal em conjunto com novas políticas de habitação que, meses depois de uma nova Secretaria de Estado, nada produziu nesta dimensão.

Na educação, além de uma discussão sobre contagem de tempo de serviço dos professores, não se vislumbra uma estratégia sobre soluções que assegurem qualificação que permita aos alunos que abandonaram os estudos o regresso à escola para se prepararem para reintegrar o mercado de trabalho. Na agricultura não sentimos que o país cresce na produção e que assegura a sua autosustentação. Na economia não sentimos que o país diversifica e consolida o seu crescimento produtivo ou se apenas apostamos no turismo como modelo de desenvolvimento.

Os sucessos que se apregoam são duradouros ou pontuais? Assentam em políticas e estratégias específicas ou em mero aproveitamento de oportunidades?

Apesar de dispormos de um Sistema Nacional de Saúde celebrado no plano dos princípios, não estamos a cair num buraco de iniquidades pela falta de respostas a quem verdadeiramente delas precisa…

Gerir um país não é exercício de mera reposição de direitos e criação de novas ilusões. Esta imagem pode trazer satisfação, alegria e regresso ao consumo, mas é também um primeiro passo para o retorno a uma situação que não quisemos que não desejámos, mas tivemos de resolver em 2011. Mais tarde ou mais cedo podemos retroceder a esse tempo.

Nos anos da troika discutíamos austeridade. Hoje negamos responsabilidade para o futuro. Continuamos com uma carga fiscal pesada para os cidadãos sem sentir que os serviços públicos respondem melhor.

Não encontramos hoje esperança na ação do Governo, porque não entendemos para onde o Governo nos leva. Celebramos o quotidiano sem saber onde estaremos daqui a cinco anos. As nossas galinhas dos ovos de ouro são o turismo e a Europa. Se esta entra em recessão e aquele se inverte, ou cortamos nas políticas ou cortamos no consumo.

Em qualquer caso, o que poderíamos evitar se soubéssemos crescer de novo…! Mas, mais uma vez, não sabemos. Só sabemos gastar.

Com o período de férias praticamente terminado, regressamos revigorados à discussão política. Este regresso está a ser marcado pela profunda reflexão à volta do tema mais estrutural dos últimos anos: de que forma António Costa vai pedir a maioria absoluta, como se isto fosse a questão mais relevante para o aprofundamento do nosso devir coletivo.

Tirando a novela em volta do orçamento que, mais uma alínea menos um arrufo, será aprovado pela frente de esquerda, importa encontrar tempo e oportunidade para discutir as matérias que podem trazer melhorias estruturais à vida dos portugueses.

Quando o preço dos imóveis está ao nível das maiores cidades do mundo, o Governo deveria encontrar formas de evitar a continuação da especulação. Justifica-se aqui uma acrescida pressão fiscal em conjunto com novas políticas de habitação que, meses depois de uma nova Secretaria de Estado, nada produziu nesta dimensão.

Na educação, além de uma discussão sobre contagem de tempo de serviço dos professores, não se vislumbra uma estratégia sobre soluções que assegurem qualificação que permita aos alunos que abandonaram os estudos o regresso à escola para se prepararem para reintegrar o mercado de trabalho. Na agricultura não sentimos que o país cresce na produção e que assegura a sua autosustentação. Na economia não sentimos que o país diversifica e consolida o seu crescimento produtivo ou se apenas apostamos no turismo como modelo de desenvolvimento.

Os sucessos que se apregoam são duradouros ou pontuais? Assentam em políticas e estratégias específicas ou em mero aproveitamento de oportunidades?

Apesar de dispormos de um Sistema Nacional de Saúde celebrado no plano dos princípios, não estamos a cair num buraco de iniquidades pela falta de respostas a quem verdadeiramente delas precisa…

Gerir um país não é exercício de mera reposição de direitos e criação de novas ilusões. Esta imagem pode trazer satisfação, alegria e regresso ao consumo, mas é também um primeiro passo para o retorno a uma situação que não quisemos que não desejámos, mas tivemos de resolver em 2011. Mais tarde ou mais cedo podemos retroceder a esse tempo.

Nos anos da troika discutíamos austeridade. Hoje negamos responsabilidade para o futuro. Continuamos com uma carga fiscal pesada para os cidadãos sem sentir que os serviços públicos respondem melhor.

Não encontramos hoje esperança na ação do Governo, porque não entendemos para onde o Governo nos leva. Celebramos o quotidiano sem saber onde estaremos daqui a cinco anos. As nossas galinhas dos ovos de ouro são o turismo e a Europa. Se esta entra em recessão e aquele se inverte, ou cortamos nas políticas ou cortamos no consumo.

Em qualquer caso, o que poderíamos evitar se soubéssemos crescer de novo…! Mas, mais uma vez, não sabemos. Só sabemos gastar.

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