Um Salazar a espreitar à esquina

29-10-2019
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Uma das muitas anedotas sobre Oliveira Salazar envolve a sua governanta, a célebre D. Maria. Estando ela a limpar o pó num dos salões do palacete de São Bento, não reparou que o seu patrão se encontrava à janela, por detrás de um opaco cortinado. E quando ele surgiu, quase do nada, D. Maria, assustada, gritou: “Ai, meu Deus!” E o ditador comentou: “Quando estamos a sós, podes tratar-me por senhor doutor…” Na verdade, Salazar nunca saiu detrás do cortinado nacional e, volta e meia, reaparece, provocando alvoroço e susto. Foi o que aconteceu, nas últimas semanas, com a polémica do suposto Museu do Salazar em Santa Comba Dão. O grande repórter Miguel Carvalho foi ao local, falou com os responsáveis e trouxe outras histórias, em que se conta o episódio dos livros roubados da biblioteca do antigo presidente do Conselho, que até incluía um exemplar de Férias com Salazar, de Christine Garnier, com dedicatória especial. Entre outros depoimentos, o do sobrinho-neto, Rui Salazar, que se declara contra… um eventual Museu do Salazar! Eis a proposta como tema principal de capa esta semana: fascínio, paixão e ódio, os sentimentos que o “Botas”, como também era conhecido popularmente, continua a suscitar, meio século após a sua morte. Afinal, quem tem medo do ditador adormecido?

Falta um bocadinho assim

António Costa não fala dela e tem raiva de quem fala. Mas a maioria absoluta é o tabu menos protegido desta campanha eleitoral. Que contas é preciso fazer para a obter? Quantos votos, e onde são eles precisos, para conseguir metade mais um dos deputados, no hemiciclo da Assembleia da República? Foi essas contas que o jornalista Pedro Raínho foi fazer, ao mesmo tempo que nos traça um quadro das estratégias que cada um utiliza para a obter – ou para a impedir.

Basílio, sem papas na língua

O ex-dirigente do CDS e atual presidente da Câmara de Sintra, eleito como independente, nas listas do PS, considera que António Costa “presta um grande serviço ao País ao recusar levar para o Governo ministros do Bloco de Esquerda ou do PCP.” Numa longa e curiosíssima entrevista, concedida a este vosso amigo, Basílio Horta faz, ainda confidências sobre tempos passados, conta histórias do PREC e do “velho” CDS, recorda o debate, de que se arrepende, com Mário Soares, nas presidenciais de 1991, esclarece o quiproquó recente com Madonna, declara-se contra a regionalização e “espera bem” que o PS apoie Marcelo Rebelo de Sousa numa futura recandidatura a Belém. Sinceramente, uma conversa a não perder.

Uma bomba relógio

Em meia dúzia de anos, as estufas duplicaram no Sudoeste Alentejano. E, com elas, chegaram milhares de estrangeiros ao concelho de Odemira. Desde 2014, a população aumentou mais de 40% no distrito de Beja. A especulação imobiliária está ao rubro, os serviços públicos exaustos e a boa vizinhança ressente-se. Uma realidade que está a passar ao lado das autoridades públicas, à exceção da autarquia, e uma daquelas situações em que, se nada for feito para melhorar a oferta pública, se cria o húmus conflitual propício ao aparecimento de populismos. O movimento é tanto que o CLAIM (Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes) de Odemira, financiado pela autarquia e por empresas agrícolas e de trabalho temporário que atuam localmente, não tem descanso. No período de um ano, entre julho de 2018 e junho de 2019, atendeu 4 567 estrangeiros, praticamente o mesmo número dos dois anos anteriores somados. Na sua esmagadora maioria, os que chegam são homens (86%), originários do Nepal (43%) e da Índia (41%). Com texto da Vânia Maia e fotos da Diana Tinoco, a reportagem da VISÃO conta tudo.

Olha que dois!

A Joana Loureiro entrevistou-os, a Lucília Monteiro falou com eles: os três andamentos do “Concerto para Dois Pianos”, escrito por Mário Laginha e dedicado a Pedro Burmester, são a síntese perfeita de uma parceria com mais de 30 anos, entre o jazz e a música clássica. Os músicos chegam agora, em Coimbra e Lisboa, ao fim de mais um ciclo de concertos a dois. Para ler e, depois, ver e ouvir, numa sala perto de si.

O prazer do papel

No tema de capa da VISÃO Se7e, fazemos a nossa declaração de amor ao papel: vamos à procura de nove marcas portuguesas de estacionário de qualidade que, em tempos digitais, nos recordam o prazer de escrever à mão. Como os cadernos do Estúdio Bulhufas, que mantém viva a arte da encadernação manual. Espreite a galeria de imagens. Nas restantes páginas do nosso roteiro, encontra, como habitualmente, dezenas de sugestões para ocupar os seus tempos livres.

JÚNIOR Fest: um festival para os miúdos

Se tem filhos ou netos pequenos, anote isto na sua agenda. Este sábado, dia 14, o Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, vai estar ao rubro com o JÚNIOR Fest, organizado pela VISÃO Júnior, com as revistas Caras e Activa. Vamos ter concertos, experiências, jogos, workshops, futebol, animais, Djs, moda e muitas atividades didáticas. April Ivy, Catarina Perez, Luísa Ducla Soares, Cláudia Semedo ou Francisco Garcia são alguns dos nomes que os mais novos adoram e que vão animar este festival. Um programa para toda a família, por apenas o valor de uma revista (€2,90), que dá vale uma entrada para 4 pessoas. Traga os miúdos e junte-se a esta festa!

Op inião de qualidade

Para além, de mais um antológico texto da escritora e colunista da VISÃO Dulce Maria Cardoso, a opinião de excelência prossegue com Mafalda Anjos, diretora da nossa revista, que, a propósito do Brexit, nos fala de metamorfoses na política – não esquecendo de fazer a respetiva ligação ao que se vai passando na nossa caseira pré-campanha eleitoral… Segue com Rita Rato que elabora sobre a luta contra a “exploração do homem pelo homem”, algo quem parece estar “fora de moda”. Continua com Pedro Norton que, ainda sobre o Brexit, observa que “o vírus do iliberalismo está a tomar conta da pátria do liberalismo”. E remata com Ricardo Araújo Pereira, que se queixa de que os debates televisivos entre os líderes partidários têm tido défice de “temperatura”, falta de “alfinetadas” e escassez de “gritaria”. Como observa, se não fosse o PAN a contribuir para o “aquecimento global da campanha”, como se viu no debate entre André Silva e Rui Rio, não sei onde iríamos parar…

Bom final de verão, boas leituras, boas campanhas e… para a semana há mais!

Uma das muitas anedotas sobre Oliveira Salazar envolve a sua governanta, a célebre D. Maria. Estando ela a limpar o pó num dos salões do palacete de São Bento, não reparou que o seu patrão se encontrava à janela, por detrás de um opaco cortinado. E quando ele surgiu, quase do nada, D. Maria, assustada, gritou: “Ai, meu Deus!” E o ditador comentou: “Quando estamos a sós, podes tratar-me por senhor doutor…” Na verdade, Salazar nunca saiu detrás do cortinado nacional e, volta e meia, reaparece, provocando alvoroço e susto. Foi o que aconteceu, nas últimas semanas, com a polémica do suposto Museu do Salazar em Santa Comba Dão. O grande repórter Miguel Carvalho foi ao local, falou com os responsáveis e trouxe outras histórias, em que se conta o episódio dos livros roubados da biblioteca do antigo presidente do Conselho, que até incluía um exemplar de Férias com Salazar, de Christine Garnier, com dedicatória especial. Entre outros depoimentos, o do sobrinho-neto, Rui Salazar, que se declara contra… um eventual Museu do Salazar! Eis a proposta como tema principal de capa esta semana: fascínio, paixão e ódio, os sentimentos que o “Botas”, como também era conhecido popularmente, continua a suscitar, meio século após a sua morte. Afinal, quem tem medo do ditador adormecido?

Falta um bocadinho assim

António Costa não fala dela e tem raiva de quem fala. Mas a maioria absoluta é o tabu menos protegido desta campanha eleitoral. Que contas é preciso fazer para a obter? Quantos votos, e onde são eles precisos, para conseguir metade mais um dos deputados, no hemiciclo da Assembleia da República? Foi essas contas que o jornalista Pedro Raínho foi fazer, ao mesmo tempo que nos traça um quadro das estratégias que cada um utiliza para a obter – ou para a impedir.

Basílio, sem papas na língua

O ex-dirigente do CDS e atual presidente da Câmara de Sintra, eleito como independente, nas listas do PS, considera que António Costa “presta um grande serviço ao País ao recusar levar para o Governo ministros do Bloco de Esquerda ou do PCP.” Numa longa e curiosíssima entrevista, concedida a este vosso amigo, Basílio Horta faz, ainda confidências sobre tempos passados, conta histórias do PREC e do “velho” CDS, recorda o debate, de que se arrepende, com Mário Soares, nas presidenciais de 1991, esclarece o quiproquó recente com Madonna, declara-se contra a regionalização e “espera bem” que o PS apoie Marcelo Rebelo de Sousa numa futura recandidatura a Belém. Sinceramente, uma conversa a não perder.

Uma bomba relógio

Em meia dúzia de anos, as estufas duplicaram no Sudoeste Alentejano. E, com elas, chegaram milhares de estrangeiros ao concelho de Odemira. Desde 2014, a população aumentou mais de 40% no distrito de Beja. A especulação imobiliária está ao rubro, os serviços públicos exaustos e a boa vizinhança ressente-se. Uma realidade que está a passar ao lado das autoridades públicas, à exceção da autarquia, e uma daquelas situações em que, se nada for feito para melhorar a oferta pública, se cria o húmus conflitual propício ao aparecimento de populismos. O movimento é tanto que o CLAIM (Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes) de Odemira, financiado pela autarquia e por empresas agrícolas e de trabalho temporário que atuam localmente, não tem descanso. No período de um ano, entre julho de 2018 e junho de 2019, atendeu 4 567 estrangeiros, praticamente o mesmo número dos dois anos anteriores somados. Na sua esmagadora maioria, os que chegam são homens (86%), originários do Nepal (43%) e da Índia (41%). Com texto da Vânia Maia e fotos da Diana Tinoco, a reportagem da VISÃO conta tudo.

Olha que dois!

A Joana Loureiro entrevistou-os, a Lucília Monteiro falou com eles: os três andamentos do “Concerto para Dois Pianos”, escrito por Mário Laginha e dedicado a Pedro Burmester, são a síntese perfeita de uma parceria com mais de 30 anos, entre o jazz e a música clássica. Os músicos chegam agora, em Coimbra e Lisboa, ao fim de mais um ciclo de concertos a dois. Para ler e, depois, ver e ouvir, numa sala perto de si.

O prazer do papel

No tema de capa da VISÃO Se7e, fazemos a nossa declaração de amor ao papel: vamos à procura de nove marcas portuguesas de estacionário de qualidade que, em tempos digitais, nos recordam o prazer de escrever à mão. Como os cadernos do Estúdio Bulhufas, que mantém viva a arte da encadernação manual. Espreite a galeria de imagens. Nas restantes páginas do nosso roteiro, encontra, como habitualmente, dezenas de sugestões para ocupar os seus tempos livres.

JÚNIOR Fest: um festival para os miúdos

Se tem filhos ou netos pequenos, anote isto na sua agenda. Este sábado, dia 14, o Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, vai estar ao rubro com o JÚNIOR Fest, organizado pela VISÃO Júnior, com as revistas Caras e Activa. Vamos ter concertos, experiências, jogos, workshops, futebol, animais, Djs, moda e muitas atividades didáticas. April Ivy, Catarina Perez, Luísa Ducla Soares, Cláudia Semedo ou Francisco Garcia são alguns dos nomes que os mais novos adoram e que vão animar este festival. Um programa para toda a família, por apenas o valor de uma revista (€2,90), que dá vale uma entrada para 4 pessoas. Traga os miúdos e junte-se a esta festa!

Op inião de qualidade

Para além, de mais um antológico texto da escritora e colunista da VISÃO Dulce Maria Cardoso, a opinião de excelência prossegue com Mafalda Anjos, diretora da nossa revista, que, a propósito do Brexit, nos fala de metamorfoses na política – não esquecendo de fazer a respetiva ligação ao que se vai passando na nossa caseira pré-campanha eleitoral… Segue com Rita Rato que elabora sobre a luta contra a “exploração do homem pelo homem”, algo quem parece estar “fora de moda”. Continua com Pedro Norton que, ainda sobre o Brexit, observa que “o vírus do iliberalismo está a tomar conta da pátria do liberalismo”. E remata com Ricardo Araújo Pereira, que se queixa de que os debates televisivos entre os líderes partidários têm tido défice de “temperatura”, falta de “alfinetadas” e escassez de “gritaria”. Como observa, se não fosse o PAN a contribuir para o “aquecimento global da campanha”, como se viu no debate entre André Silva e Rui Rio, não sei onde iríamos parar…

Bom final de verão, boas leituras, boas campanhas e… para a semana há mais!

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