Os portugueses merecem um Estado melhor

29-08-2019
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Nesta legislatura deterioraram-se fortemente os serviços públicos e perderam-se mais oportunidades do que as que se aproveitaram. Essa é uma realidade objetiva que as campanhas laudatórias de imprensa internacional não iludem.

1) Ao contrário de muitas outras sociedades europeias, a portuguesa funciona no sentido da deterioração e não da melhoria da qualidade de vida. Não avança nem progride. Pelo contrário, estamos a ir de mal a pior. Exemplos não faltam e ilustram uma objetiva degradação dos serviços públicos, a todos os níveis. E não são as notícias laudatórias da imprensa económica internacional (normalmente beneficiária de campanhas publicitárias nacional e, portanto, simpáticas) que alteram a realidade que se sente no terreno. Uma coisa é a teoria dos números outra é a realidade que os cidadãos vivem. Uma notícia do Financial Times não transforma a realidade por mais retomada que ela seja noutros média.

Nos nossos hospitais o caos está definitivamente instalado. Não há meios. Não há dinheiro. Não há médicos. Não há enfermeiros e não há auxiliares que cheguem. Há situações agudas e dramáticas. Por exemplo, no IPO, há um serviço dito de internamento não programado. Parece um hospital de guerra. Doentes oncológicos ficam dias numa pequena sala e nos corredores, à espera de quarto ou de serem observados e encaminhados. É desolador! Ali e em muitos outros sítios. Assim como é terceiro-mundista ser noticiado que há dezenas de ambulâncias que não são compradas porque Mário Centeno não deixa. Destinam-se a substituir outras com cerca de dez anos, que se arrastam e são perigosas.

Os serviços de Segurança Social praticamente não funcionam. Passam meses e anos para resolverem problemas. Os funcionários não chegam e a redução de horário entupiu tudo ainda mais. Lesto nos combustíveis, o Governo bem podia decretar uma requisição civil de reformados do setor para ultrapassar os atrasos. Vieira da Silva sai como um herói para os socialistas, mas foi uma nódoa como ministro e como tutela do Montepio, que se afunda diariamente no meio da indiferença irresponsável do Estado.

Há quem pense que quem tem a coragem de criticar está a dizer que vem lá o diabo. Não é nada disso. Não é o diabo que vem lá! É a incompetência que está cá! É a agenda ideológica que sistematicamente se sobrepõe ao bom-senso. Falou-se mais dos raros casos de crianças potencialmente transgénero do que das que sofrem diariamente.

A situação degradante das gémeas de dez anos que viviam numa garagem sem nunca terem ido à escola e com pais problemáticos, conhecidos e referenciados pelo Estado é uma vergonha que envolve todos os setores e até os cidadãos comuns que naquela zona conheciam obviamente o problema. É o exemplo acabado da forma como o Estado e a cidadania falham, começando no Ministério Público.

Para ir à conservatória dos registos centrais, há quem vá para a fila de véspera e na do IMTT nas Avenidas Novas em Lisboa é preciso chegar lá por volta das três da manhã. O cartão do cidadão é um martírio para tratar, assim como o passaporte. Se isto não é resolúvel, afinal para que temos governo?

No SEF, estrangeiros passam as tormentas do inferno para resolverem os seus problemas, sendo tratados sem consideração. Levam meses para conseguir uma marcação. Resultado, já há quem venda vagas, utilizando habilidades informáticas. Os estrangeiros que vivem cá são bem pior tratados do que os portugueses emigrantes nos países europeus que demandam. O mesmo calvário acontece a quem precisa de tratar de assuntos junto da conservatória dos registos centrais. É outro cenário de terror!

Os transportes públicos vão de mal a pior. No verão sentiu-se menos o problema das suas suspensões sazonais, mas com o recomeço da atividade de trabalho e o retomar das aulas, a coisa promete. À benesse da diminuição dos passes correspondeu imediatamente uma diminuição da oferta. E, afinal, o Governo não está a pagar os descontos dos passes às empresas. Prometer e não pagar é crime!

E a propósito, os mil novos funcionários prometidos pelo Governo em fevereiro para as escolas não foram contratados. Mais uma manobra de propaganda que agora foi desmontada, face à realidade.

Só o fisco funciona em pleno. Claro que é para cobrar e (reconheça-se) para devolver o IRS que o Governo retém em excesso a título de empréstimo para depois fingir que é generoso. Mas todo e qualquer problema mais complexo, como restituições, leva meses ou até anos a resolver, com desprezo da lei e até de decisões judiciais

O que é espantoso é que individualmente temos que considerar que a maioria dos portugueses faz o melhor que pode e que sabe, mesmo que tenhamos todos um pouco a vontade de nos desresponsabilizar. O que falha é a organização coletiva. Em conjunto formamos um país problemático e em permanente bandalheira. E nos últimos quatro anos as coisas não melhoraram desse ponto de vista. Antes pelo contrário. Por muito que António Costa e os seus parceiros digam e façam, estando ora amiguinhos ora amuados, a verdade é que se perderam mais oportunidades nesta legislatura do que as que se aproveitaram.

2) Foi muito noticiada a circunstância de Pedro Pardal Henriques ser acusado por um cliente de lhe ter ficado com uns dinheiros. A informação foi largada em plena greve dos camionistas de matérias perigosas. Foi estrategicamente posta a circular e é provável que se volte a falar do tema, agora que Pardal voou para o ninho do PDR. Curiosamente ninguém referiu o caso de um cliente lesado por um candidato a deputado pelo PS por Santarém, no caso António Gameiro. Com a diferença que Pardal ainda há de ser julgado e Gameiro já foi objeto de uma sentença condenatória que, teoricamente, impediria a sua candidatura, nos termos dos compromissos assinados pelos candidatos do PS. Passarões e passarinhos…

Escreve à quarta-feira

Nesta legislatura deterioraram-se fortemente os serviços públicos e perderam-se mais oportunidades do que as que se aproveitaram. Essa é uma realidade objetiva que as campanhas laudatórias de imprensa internacional não iludem.

1) Ao contrário de muitas outras sociedades europeias, a portuguesa funciona no sentido da deterioração e não da melhoria da qualidade de vida. Não avança nem progride. Pelo contrário, estamos a ir de mal a pior. Exemplos não faltam e ilustram uma objetiva degradação dos serviços públicos, a todos os níveis. E não são as notícias laudatórias da imprensa económica internacional (normalmente beneficiária de campanhas publicitárias nacional e, portanto, simpáticas) que alteram a realidade que se sente no terreno. Uma coisa é a teoria dos números outra é a realidade que os cidadãos vivem. Uma notícia do Financial Times não transforma a realidade por mais retomada que ela seja noutros média.

Nos nossos hospitais o caos está definitivamente instalado. Não há meios. Não há dinheiro. Não há médicos. Não há enfermeiros e não há auxiliares que cheguem. Há situações agudas e dramáticas. Por exemplo, no IPO, há um serviço dito de internamento não programado. Parece um hospital de guerra. Doentes oncológicos ficam dias numa pequena sala e nos corredores, à espera de quarto ou de serem observados e encaminhados. É desolador! Ali e em muitos outros sítios. Assim como é terceiro-mundista ser noticiado que há dezenas de ambulâncias que não são compradas porque Mário Centeno não deixa. Destinam-se a substituir outras com cerca de dez anos, que se arrastam e são perigosas.

Os serviços de Segurança Social praticamente não funcionam. Passam meses e anos para resolverem problemas. Os funcionários não chegam e a redução de horário entupiu tudo ainda mais. Lesto nos combustíveis, o Governo bem podia decretar uma requisição civil de reformados do setor para ultrapassar os atrasos. Vieira da Silva sai como um herói para os socialistas, mas foi uma nódoa como ministro e como tutela do Montepio, que se afunda diariamente no meio da indiferença irresponsável do Estado.

Há quem pense que quem tem a coragem de criticar está a dizer que vem lá o diabo. Não é nada disso. Não é o diabo que vem lá! É a incompetência que está cá! É a agenda ideológica que sistematicamente se sobrepõe ao bom-senso. Falou-se mais dos raros casos de crianças potencialmente transgénero do que das que sofrem diariamente.

A situação degradante das gémeas de dez anos que viviam numa garagem sem nunca terem ido à escola e com pais problemáticos, conhecidos e referenciados pelo Estado é uma vergonha que envolve todos os setores e até os cidadãos comuns que naquela zona conheciam obviamente o problema. É o exemplo acabado da forma como o Estado e a cidadania falham, começando no Ministério Público.

Para ir à conservatória dos registos centrais, há quem vá para a fila de véspera e na do IMTT nas Avenidas Novas em Lisboa é preciso chegar lá por volta das três da manhã. O cartão do cidadão é um martírio para tratar, assim como o passaporte. Se isto não é resolúvel, afinal para que temos governo?

No SEF, estrangeiros passam as tormentas do inferno para resolverem os seus problemas, sendo tratados sem consideração. Levam meses para conseguir uma marcação. Resultado, já há quem venda vagas, utilizando habilidades informáticas. Os estrangeiros que vivem cá são bem pior tratados do que os portugueses emigrantes nos países europeus que demandam. O mesmo calvário acontece a quem precisa de tratar de assuntos junto da conservatória dos registos centrais. É outro cenário de terror!

Os transportes públicos vão de mal a pior. No verão sentiu-se menos o problema das suas suspensões sazonais, mas com o recomeço da atividade de trabalho e o retomar das aulas, a coisa promete. À benesse da diminuição dos passes correspondeu imediatamente uma diminuição da oferta. E, afinal, o Governo não está a pagar os descontos dos passes às empresas. Prometer e não pagar é crime!

E a propósito, os mil novos funcionários prometidos pelo Governo em fevereiro para as escolas não foram contratados. Mais uma manobra de propaganda que agora foi desmontada, face à realidade.

Só o fisco funciona em pleno. Claro que é para cobrar e (reconheça-se) para devolver o IRS que o Governo retém em excesso a título de empréstimo para depois fingir que é generoso. Mas todo e qualquer problema mais complexo, como restituições, leva meses ou até anos a resolver, com desprezo da lei e até de decisões judiciais

O que é espantoso é que individualmente temos que considerar que a maioria dos portugueses faz o melhor que pode e que sabe, mesmo que tenhamos todos um pouco a vontade de nos desresponsabilizar. O que falha é a organização coletiva. Em conjunto formamos um país problemático e em permanente bandalheira. E nos últimos quatro anos as coisas não melhoraram desse ponto de vista. Antes pelo contrário. Por muito que António Costa e os seus parceiros digam e façam, estando ora amiguinhos ora amuados, a verdade é que se perderam mais oportunidades nesta legislatura do que as que se aproveitaram.

2) Foi muito noticiada a circunstância de Pedro Pardal Henriques ser acusado por um cliente de lhe ter ficado com uns dinheiros. A informação foi largada em plena greve dos camionistas de matérias perigosas. Foi estrategicamente posta a circular e é provável que se volte a falar do tema, agora que Pardal voou para o ninho do PDR. Curiosamente ninguém referiu o caso de um cliente lesado por um candidato a deputado pelo PS por Santarém, no caso António Gameiro. Com a diferença que Pardal ainda há de ser julgado e Gameiro já foi objeto de uma sentença condenatória que, teoricamente, impediria a sua candidatura, nos termos dos compromissos assinados pelos candidatos do PS. Passarões e passarinhos…

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