Correcção do TPC

19-07-2018
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O Editorial de David Dinis no Público do dia 20 de Setembro é uma pequena maravilha que merece divulgação, em particular se se retirar a fulanização direccionada a André Ventura de forma a que se torne num texto genérico aplicável a todo e qualquer indivíduo que promete coisas que não podem ser realizadas. A título de exercício, vamos substituir “André Ventura” por “António Costa”.

Não é fácil para nós, jornalistas, não cair num erro quando falamos sobre este tipo de candidatos. Porque já caímos em todos eles.

Confere.

O primeiro erro é sempre o mesmo: dar palco a um populista é dar palco a uma polémica; dar palco a uma polémica chega para ganhar audiências.

Confere.

O segundo erro é o inverso: fingir que não existem. É o melhor que lhes podemos fazer, porque ganham mais um inimigo contra quem disparar.

Confere.

O terceiro erro é ignorar quem está do lado de lá. Os populistas não o fazem, usam-nos: se as pessoas se sentem inseguras, porque não arranjar um culpado; se se sentem injustiçadas, porque não dar-lhes uma esperança; se é preciso ganhar votos, porque não dar-lhes um discurso? Ventura António Costa deu-lhes. E nós?

Confere.

Nós, entre erros, só não podemos cair no capital: o da indiferença, o do medo de explicar. Um jornal que não diga quem é Ventura Costa cairá na pior das tentações — o da banalidade do mal. E o que ele é, é simples: um candidato primário, que não mede fronteiras ou consequências. Que acusa ciganos a direita de viver uma vida à conta do Estado Draghi quando os apoios sociais o QE não são eternos é eterno; que promete roubar terras euros ao concelho país vizinho sabendo que nunca as os ganhará; que fala da castração química eutanásia ou da legitimidade do assassinato de terroristas da extrema-esquerda, atropelando séculos de civilização, com a facilidade com que um terrorista decreta a nossa morte. Tudo o que Ventura Costa faz é puxar pelo pior dos homens sem se colocar no lugar do outro, é construir muros, no lugar das pontes que lhe cabia levantar.

E não dá para esquecer o PSD PS. Se Ventura Costa vencer, Passos o PS da Fonte Luminosa vai mesmo cantar essa vitória? E depois, que faria o PSD PS com essa vitória, com este candidato? Seria esse o seu novo programa?

É certo que Passos Costa é odiado por muitos, mas também é um facto que ele ganhou perdeu as últimas eleições. Adivinho porquê: porque muitos lhe reconheciam pelo menos integridade falta de integridade e coerência. Agora, quando o ouvimos defender Ventura os radicais de extrema-esquerda dos seus críticos (“não podemos ter medo dos demagogos e dos populistas da democracia e do Muro de Berlim”), perguntamo-nos se aquela frase batida, “que se lixem as eleições”, era só mais um lema de campanha.

Bem sei: este texto não é Hannah Arendt. Mas também nunca será como Eichmann em Jerusalém.

O Editorial de David Dinis no Público do dia 20 de Setembro é uma pequena maravilha que merece divulgação, em particular se se retirar a fulanização direccionada a André Ventura de forma a que se torne num texto genérico aplicável a todo e qualquer indivíduo que promete coisas que não podem ser realizadas. A título de exercício, vamos substituir “André Ventura” por “António Costa”.

Não é fácil para nós, jornalistas, não cair num erro quando falamos sobre este tipo de candidatos. Porque já caímos em todos eles.

Confere.

O primeiro erro é sempre o mesmo: dar palco a um populista é dar palco a uma polémica; dar palco a uma polémica chega para ganhar audiências.

Confere.

O segundo erro é o inverso: fingir que não existem. É o melhor que lhes podemos fazer, porque ganham mais um inimigo contra quem disparar.

Confere.

O terceiro erro é ignorar quem está do lado de lá. Os populistas não o fazem, usam-nos: se as pessoas se sentem inseguras, porque não arranjar um culpado; se se sentem injustiçadas, porque não dar-lhes uma esperança; se é preciso ganhar votos, porque não dar-lhes um discurso? Ventura António Costa deu-lhes. E nós?

Confere.

Nós, entre erros, só não podemos cair no capital: o da indiferença, o do medo de explicar. Um jornal que não diga quem é Ventura Costa cairá na pior das tentações — o da banalidade do mal. E o que ele é, é simples: um candidato primário, que não mede fronteiras ou consequências. Que acusa ciganos a direita de viver uma vida à conta do Estado Draghi quando os apoios sociais o QE não são eternos é eterno; que promete roubar terras euros ao concelho país vizinho sabendo que nunca as os ganhará; que fala da castração química eutanásia ou da legitimidade do assassinato de terroristas da extrema-esquerda, atropelando séculos de civilização, com a facilidade com que um terrorista decreta a nossa morte. Tudo o que Ventura Costa faz é puxar pelo pior dos homens sem se colocar no lugar do outro, é construir muros, no lugar das pontes que lhe cabia levantar.

E não dá para esquecer o PSD PS. Se Ventura Costa vencer, Passos o PS da Fonte Luminosa vai mesmo cantar essa vitória? E depois, que faria o PSD PS com essa vitória, com este candidato? Seria esse o seu novo programa?

É certo que Passos Costa é odiado por muitos, mas também é um facto que ele ganhou perdeu as últimas eleições. Adivinho porquê: porque muitos lhe reconheciam pelo menos integridade falta de integridade e coerência. Agora, quando o ouvimos defender Ventura os radicais de extrema-esquerda dos seus críticos (“não podemos ter medo dos demagogos e dos populistas da democracia e do Muro de Berlim”), perguntamo-nos se aquela frase batida, “que se lixem as eleições”, era só mais um lema de campanha.

Bem sei: este texto não é Hannah Arendt. Mas também nunca será como Eichmann em Jerusalém.

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