Os 12 vencedores e vencidos da noite eleitoral - Notícias

15-10-2019
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07 de Outubro de 2019 | por Público

VENCEDORES

André Ventura

Com 1,3% dos votos, o Chega estreia-se no Parlamento. Com um lugar na Assembleia da República, André Ventura era um dos vencedores da noite. “O Chega vem para reforçar a democracia, não vem para a minar. O que queremos é de facto mudar o sistema em que vivemos”, disse a meio da noite.

António Costa

Desta vez, António Costa é o primeiro-ministro eleito e isso é uma vitória. O PS não cumpriu o desejo verbalizado por alguns socialistas – mas nunca pelo líder – de atingir a maioria absoluta, mas conseguiu ser o partido mais votado, ficando à frente do segundo classificado por menos de dez pontos. Ficaram por conquistar distritos como Bragança, Viseu, Leiria e Vila Real. Na Madeira também venceu o PSD, mas o PS conseguiu atingir o mesmo número de deputados que os sociais-democratas, o que é, em si mesmo, uma vitória. Resta saber como irá António Costa governar.

Marcelo Rebelo de Sousa

Não foi a eleições, mas saiu ganhador. O Presidente da República temia a maioria absoluta do PS, pois isso iria roubar-lhe espaço de intervenção. Agora, Marcelo pode abalançar-se na recandidatura, sentindo que o seu papel vai continuar a ser de valor reforçado. O risco de dois terços de maioria de esquerda que a direita agitava como fantasma também não se verificou e Marcelo Rebelo de Sousa bem pode começar (se não começou já) a pensar em juntar peças e a desfazer jogo conforme as áreas e os consensos necessários.

André Silva

O até agora deputado único do PAN assumia o objectivo de assegurar companhia na bancada e constituir um grupo parlamentar. O PAN elegeu quatro deputados (dois por Lisboa, um pelo Porto e outro por Setúbal) e nem a polémica à volta do consumo de carne de vaca lhe fez grande mossa. O resultado do PAN confirma que os eleitores estão dispostos a investir em partidos de causas específicas (como o fim das touradas, por exemplo) e que há causas novas que se impuseram ao debate político, como as alterações climáticas. ?

Carlos Guimarães Pinto

O partido Iniciativa Liberal, liderado por Carlos Guimarães Pinto, candidatou-se pela primeira vez à Assembleia da República e conseguiu logo ser eleito. Em Lisboa, círculo onde foi eleito João Cotrim Figueiredo, o Iniciativa Liberal teve uma votação em muitas zonas semelhante à do CDS e até mesmo superior. Esta nova direita, que terá atraído sobretudo eleitorado mais jovem, vai introduzir no Parlamento uma agenda radicalmente diferente na economia e finanças. Afinal, não foi a Aliança que veio baralhar as contas à direita.

Joacine Katar Moreira

A eleição da cabeça de lista do Livre parece a história política a acertar contas consigo mesmo, para saldar uma dívida. O Livre nasceu para promover maiorias parlamentares de esquerda, numa altura em que a “geringonça” era uma quimera. E a “geringonça” acabou por ser possível após umas eleições em que o seu mais acérrimo defensor ficara de fora. O Livre teve então razão, mas não votos. É irónico que consiga eleger Joacine Katar Moreira, quando a “geringonça” parece ter chegado ao fim. Talvez venha para participar em algo parecido.

VENCIDOS

Rui Rio

É um perdedor claro, pois ficou em segundo lugar a grande distância de António Costa. Em algumas zonas urbanas, o PSD não chegou aos 20%. Mas a noite teve um sabor agridoce para Rui Rio. Perdeu face ao PS mas ganhou face aos críticos internos. Ganhou, pelo menos, tempo até às eleições ordinárias para a presidência do partido no início do próximo ano. Este domingo, não se ouviram críticas. E, mais uma vez, Rio ofereceu a sua disponibilidade a António Costa na esperança de vir a contar no xadrez político do próximo Parlamento.

Assunção Cristas

A maior derrota da noite terá sido a de Assunção Cristas. Pelo menos, foi assim que a líder do CDS a sentir. Foi a primeira a falar e a primeira a dar a noite por encerrada. Não esperou que a empurrassem para longe da liderança: anunciou logo a convocação de um congresso e disse que não será candidata à presidência do partido. O líder da tendência do CDS Esperança e Movimento, Abel Matos Santos, aproveitou o momento para avançar com uma candidatura. Outros potenciais candidatos preferiram ficar em silêncio.

Pedro Santana Lopes

O debate televisivo dos pequenos partidos, no qual Pedro Santana Lopes se sentou estoicamente, foi um prenúncio da noite. O Aliança não conseguiu eleger nenhum deputado, apesar das projecções iniciais das televisões. “Não correu como nós queríamos. O resultado é negativo”, disse Pedro Santana Lopes, lembrando que queria eleger representação parlamentar. “Sou o líder do partido, a responsabilidade é minha”, acrescentou. A Aliança ficou atrás de outros pequenos partidos.

Jerónimo de Sousa

A CDU perdeu cinco deputados, saiu-lhe a fava pela “geringonça”, pelo abraço do PS. Jerónimo de Sousa atribuiu a derrota a uma “intensa e prolongada operação de mentira, difamação e promoção de preconceitos”, para “denegrir” a CDU e favorecer “outras forças”. Na campanha, dissera que a “geringonça” servira para esbater preconceitos contra o PCP. De qualquer forma, já avisou que, pelos camaradas que ouve, não voltará a haver essa “cena do papel” assinado com o PS. E a sua permanência à frente do PCP é assunto tabu.

Catarina Martins

Era para ser uma grande vitória, mas o BE acaba por ser vítima do sucesso do PS e sobretudo das altíssimas expectativas criadas. O partido manteve os 19 deputados, apesar de contabilizar menos 50 mil votos do que há quatro anos.

Heloísa Apolónia

Chegou ao Parlamento em 1995, ano em que António Guterres se tornou primeiro-ministro. Mais tarde, sucederia a Isabel Castro como a líder de facto de Os Verdes e destacou-se como uma das deputadas mais acutilantes no Parlamento. Numa jogada arriscada, foi remetida para cabeça de lista da CDU em Leiria, onde a coligação não elege representante desde 1987. E aconteceu o óbvio. Não foi eleita e despede-se ao fim de 24 anos do Parlamento. Numa altura de queda anunciada da CDU, esta escolha foi mais um presente envenenado, do que uma aposta.

07 de Outubro de 2019 | por Público

VENCEDORES

André Ventura

Com 1,3% dos votos, o Chega estreia-se no Parlamento. Com um lugar na Assembleia da República, André Ventura era um dos vencedores da noite. “O Chega vem para reforçar a democracia, não vem para a minar. O que queremos é de facto mudar o sistema em que vivemos”, disse a meio da noite.

António Costa

Desta vez, António Costa é o primeiro-ministro eleito e isso é uma vitória. O PS não cumpriu o desejo verbalizado por alguns socialistas – mas nunca pelo líder – de atingir a maioria absoluta, mas conseguiu ser o partido mais votado, ficando à frente do segundo classificado por menos de dez pontos. Ficaram por conquistar distritos como Bragança, Viseu, Leiria e Vila Real. Na Madeira também venceu o PSD, mas o PS conseguiu atingir o mesmo número de deputados que os sociais-democratas, o que é, em si mesmo, uma vitória. Resta saber como irá António Costa governar.

Marcelo Rebelo de Sousa

Não foi a eleições, mas saiu ganhador. O Presidente da República temia a maioria absoluta do PS, pois isso iria roubar-lhe espaço de intervenção. Agora, Marcelo pode abalançar-se na recandidatura, sentindo que o seu papel vai continuar a ser de valor reforçado. O risco de dois terços de maioria de esquerda que a direita agitava como fantasma também não se verificou e Marcelo Rebelo de Sousa bem pode começar (se não começou já) a pensar em juntar peças e a desfazer jogo conforme as áreas e os consensos necessários.

André Silva

O até agora deputado único do PAN assumia o objectivo de assegurar companhia na bancada e constituir um grupo parlamentar. O PAN elegeu quatro deputados (dois por Lisboa, um pelo Porto e outro por Setúbal) e nem a polémica à volta do consumo de carne de vaca lhe fez grande mossa. O resultado do PAN confirma que os eleitores estão dispostos a investir em partidos de causas específicas (como o fim das touradas, por exemplo) e que há causas novas que se impuseram ao debate político, como as alterações climáticas. ?

Carlos Guimarães Pinto

O partido Iniciativa Liberal, liderado por Carlos Guimarães Pinto, candidatou-se pela primeira vez à Assembleia da República e conseguiu logo ser eleito. Em Lisboa, círculo onde foi eleito João Cotrim Figueiredo, o Iniciativa Liberal teve uma votação em muitas zonas semelhante à do CDS e até mesmo superior. Esta nova direita, que terá atraído sobretudo eleitorado mais jovem, vai introduzir no Parlamento uma agenda radicalmente diferente na economia e finanças. Afinal, não foi a Aliança que veio baralhar as contas à direita.

Joacine Katar Moreira

A eleição da cabeça de lista do Livre parece a história política a acertar contas consigo mesmo, para saldar uma dívida. O Livre nasceu para promover maiorias parlamentares de esquerda, numa altura em que a “geringonça” era uma quimera. E a “geringonça” acabou por ser possível após umas eleições em que o seu mais acérrimo defensor ficara de fora. O Livre teve então razão, mas não votos. É irónico que consiga eleger Joacine Katar Moreira, quando a “geringonça” parece ter chegado ao fim. Talvez venha para participar em algo parecido.

VENCIDOS

Rui Rio

É um perdedor claro, pois ficou em segundo lugar a grande distância de António Costa. Em algumas zonas urbanas, o PSD não chegou aos 20%. Mas a noite teve um sabor agridoce para Rui Rio. Perdeu face ao PS mas ganhou face aos críticos internos. Ganhou, pelo menos, tempo até às eleições ordinárias para a presidência do partido no início do próximo ano. Este domingo, não se ouviram críticas. E, mais uma vez, Rio ofereceu a sua disponibilidade a António Costa na esperança de vir a contar no xadrez político do próximo Parlamento.

Assunção Cristas

A maior derrota da noite terá sido a de Assunção Cristas. Pelo menos, foi assim que a líder do CDS a sentir. Foi a primeira a falar e a primeira a dar a noite por encerrada. Não esperou que a empurrassem para longe da liderança: anunciou logo a convocação de um congresso e disse que não será candidata à presidência do partido. O líder da tendência do CDS Esperança e Movimento, Abel Matos Santos, aproveitou o momento para avançar com uma candidatura. Outros potenciais candidatos preferiram ficar em silêncio.

Pedro Santana Lopes

O debate televisivo dos pequenos partidos, no qual Pedro Santana Lopes se sentou estoicamente, foi um prenúncio da noite. O Aliança não conseguiu eleger nenhum deputado, apesar das projecções iniciais das televisões. “Não correu como nós queríamos. O resultado é negativo”, disse Pedro Santana Lopes, lembrando que queria eleger representação parlamentar. “Sou o líder do partido, a responsabilidade é minha”, acrescentou. A Aliança ficou atrás de outros pequenos partidos.

Jerónimo de Sousa

A CDU perdeu cinco deputados, saiu-lhe a fava pela “geringonça”, pelo abraço do PS. Jerónimo de Sousa atribuiu a derrota a uma “intensa e prolongada operação de mentira, difamação e promoção de preconceitos”, para “denegrir” a CDU e favorecer “outras forças”. Na campanha, dissera que a “geringonça” servira para esbater preconceitos contra o PCP. De qualquer forma, já avisou que, pelos camaradas que ouve, não voltará a haver essa “cena do papel” assinado com o PS. E a sua permanência à frente do PCP é assunto tabu.

Catarina Martins

Era para ser uma grande vitória, mas o BE acaba por ser vítima do sucesso do PS e sobretudo das altíssimas expectativas criadas. O partido manteve os 19 deputados, apesar de contabilizar menos 50 mil votos do que há quatro anos.

Heloísa Apolónia

Chegou ao Parlamento em 1995, ano em que António Guterres se tornou primeiro-ministro. Mais tarde, sucederia a Isabel Castro como a líder de facto de Os Verdes e destacou-se como uma das deputadas mais acutilantes no Parlamento. Numa jogada arriscada, foi remetida para cabeça de lista da CDU em Leiria, onde a coligação não elege representante desde 1987. E aconteceu o óbvio. Não foi eleita e despede-se ao fim de 24 anos do Parlamento. Numa altura de queda anunciada da CDU, esta escolha foi mais um presente envenenado, do que uma aposta.

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