Será o Alexis Tsipras assim tão diferente da Ilda Figueiredo?

13-12-2019
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Comecemos pelas boas notícias. Os destroços do Pasok-PS, das fantasias intermédias e do bloco central subserviente a Berlim, Paris e Bruxelas, saíram derrotados das eleições gregas. Assim, a par da má notícia de não se vislumbrar um governo que expurgue a troika de Atenas, a luta, sem outras ilusões, terá que continuar.

Apesar de cada uma dessas vitórias mas sobretudo por causa dessa derrota, é à esquerda que se deve aproveitar o pouco tempo ganho com mais seis semanas de intifada grega para debelar os desafios que se seguem, necessariamente corrigindo os erros cometidos.

Se o sectarismo do KKE é politicamente errado, tacticamente débil e estrategicamente irresponsável, sobretudo por não equacionar o potencial revolucionário que se abre às massas gregas perante uma vitória (virá mais cedo ou mais tarde) da social-democracia radical, não é menos verdade o progressivo amaciamento do Syriza face à chantagem europeia.

As críticas de alguns camaradas nacionais do KKE permitem deixar em carne viva o que é central neste debate. Pergunto-me, no entanto, se já se terão apercebido que, apesar da justeza das questões que levantam ao Syriza, quase todas necessárias, da nacionalização da banca à ausência de uma alternativa ao Euro e à Europa, passando pelo fato de não se anunciarem perigosos revolucionários, praticamente todas elas se poderiam aplicar ao PCP. Será que negociar direitos é coisa que só se condena para lá de Vilar Formoso?

Não é certo se o Syriza, a expressão mais combativa de todos os partidos da dita nova-esquerda europeia, vai ou não trair as expectativas criadas, pelos outros mas sobretudo pela sua própria trajectória, o que não pode significar menos do que rasgar o acordo com a troika e meter as suas consequências na lapela. O que parece evidente é que sem esse facto a principal liderança do povo grego em protesto não será testada e que nenhuma das outras das alternativas abre possibilidade de mandar a austeridade para o museu de antiguidades.

A extrema-direita, além dos deputados que estão sentados nos lugares da Nova Democracia, demonstrou que há um exército de reserva a querer desenterrar velhos pesadelos, mas ainda assim e face à crispação da sociedade grega, a sua força em nada se compara com a que os, há já vários meses, tomaram as ruas e as rédeas dos processos no terreno.

Em suma, o KKE está mais próximo do PCP do que alguma vez o Syriza estará do BE e o povo grego está refém da capacidade destas duas forças políticas esboçarem um programa de mínimos, com o engenho necessário para entreabrir as portas do futuro.

Comecemos pelas boas notícias. Os destroços do Pasok-PS, das fantasias intermédias e do bloco central subserviente a Berlim, Paris e Bruxelas, saíram derrotados das eleições gregas. Assim, a par da má notícia de não se vislumbrar um governo que expurgue a troika de Atenas, a luta, sem outras ilusões, terá que continuar.

Apesar de cada uma dessas vitórias mas sobretudo por causa dessa derrota, é à esquerda que se deve aproveitar o pouco tempo ganho com mais seis semanas de intifada grega para debelar os desafios que se seguem, necessariamente corrigindo os erros cometidos.

Se o sectarismo do KKE é politicamente errado, tacticamente débil e estrategicamente irresponsável, sobretudo por não equacionar o potencial revolucionário que se abre às massas gregas perante uma vitória (virá mais cedo ou mais tarde) da social-democracia radical, não é menos verdade o progressivo amaciamento do Syriza face à chantagem europeia.

As críticas de alguns camaradas nacionais do KKE permitem deixar em carne viva o que é central neste debate. Pergunto-me, no entanto, se já se terão apercebido que, apesar da justeza das questões que levantam ao Syriza, quase todas necessárias, da nacionalização da banca à ausência de uma alternativa ao Euro e à Europa, passando pelo fato de não se anunciarem perigosos revolucionários, praticamente todas elas se poderiam aplicar ao PCP. Será que negociar direitos é coisa que só se condena para lá de Vilar Formoso?

Não é certo se o Syriza, a expressão mais combativa de todos os partidos da dita nova-esquerda europeia, vai ou não trair as expectativas criadas, pelos outros mas sobretudo pela sua própria trajectória, o que não pode significar menos do que rasgar o acordo com a troika e meter as suas consequências na lapela. O que parece evidente é que sem esse facto a principal liderança do povo grego em protesto não será testada e que nenhuma das outras das alternativas abre possibilidade de mandar a austeridade para o museu de antiguidades.

A extrema-direita, além dos deputados que estão sentados nos lugares da Nova Democracia, demonstrou que há um exército de reserva a querer desenterrar velhos pesadelos, mas ainda assim e face à crispação da sociedade grega, a sua força em nada se compara com a que os, há já vários meses, tomaram as ruas e as rédeas dos processos no terreno.

Em suma, o KKE está mais próximo do PCP do que alguma vez o Syriza estará do BE e o povo grego está refém da capacidade destas duas forças políticas esboçarem um programa de mínimos, com o engenho necessário para entreabrir as portas do futuro.

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