A discussão entre André Silva e Francisco Guerreiro que precipitou a saída e revelou casos de falsos recibos verdes no PAN

01-07-2020
marcar artigo

A discussão ia longa, estava acesa e a certa altura tornou-se feia com trocas de acusações de lado a lado. Estávamos a 30 de maio e a Comissão Política Nacional do PAN reunia-se no Hotel Real, em Lisboa. Depois de várias horas de debate, chegou o confronto que não só tirou de debaixo do tapete um dos problemas do passado recente do partido — a forma como o PAN recorreu aos recibos verdes para pagar a funcionários, mesmo sendo publicamente contra esta prática —, como deixaria consequências irreversíveis na representatividade do PAN, com a desvinculação do seu único deputado europeu.

A tensão, que já vinha em crescendo, culminou na parte final da reunião quando o porta-voz do partido, André Silva, interpelou o então eurodeputado sobre as alegadas omissões nas contas do partido “na Europa”. Francisco Guerreiro, que quando tornou público o divórcio com o PAN se queixou de ter sido limitada “a independência política do eurodeputado em Bruxelas”, dirigiu-se ao porta-voz (e tido como um dos seus grandes amigos) e questionou as contas no partido a nível nacional, nomeadamente as despesas e a forma como eram feitos os pagamentos aos seus colaboradores. Segundo relatos de várias fontes que estiveram nessa reunião, Francisco Guerreiro levantou a questão de vários assessores parlamentares terem sido pagos com dinheiro dos cofres do município de Lisboa e a recibos verdes, prática que o partido sempre condenou

Ficou assim visível para todos a discórdia que já existia (e que vinha de trás) entre a direção nacional do PAN e o eurodeputado Francisco Guerreiro. Dias depois, chegaria a notícia de que Francisco Guerreiro estava de saída do partido (mas não de Bruxelas), com argumentos que pode ler aqui. E horas depois desta notícia, a direção do PAN convocava a imprensa para manifestar “profunda desilusão” e contar a sua versão dos factos, que pode ler aqui. Mas nesse dia 30 de maio, na sala do Hotel Real em Lisboa, o assunto era ainda o recurso a trabalhadores a recibos verdes e o choque que causou entre os militantes.

A “perplexidade” e o inquérito que não avançou para “não implodir o PAN”

Segundo os mesmos relatos transmitidos ao Observador, nesse preciso momento alguém da direção do partido pediu para se parar de gravar o áudio da reunião — o que se fazia habitualmente para mais fielmente se incluir na ata o que foi dito. Uma sugestão que se terá revelado eficaz, já que não há qualquer referência a este tema na ata dessa reunião, garante ao Observador outra fonte que esteve presente na sala.

A partir daí, houve nova discussão porque várias das pessoas presentes não teriam tido conhecimento, até esse momento, da forma como o partido recorria a recibos verdes para gerir os seus recursos. “Muitos ficaram completamente perplexos quando se falou desses recibos verdes”, conta uma das fontes ouvidas pelo Observador. O incómodo era tão grande que alguns membros defenderam, ali mesmo, a realização de um inquérito às irregularidades. Os relatos feitos ao Observador revelam que essa ideia acabaria por ser posta de parte pelo tesoureiro do partido, que durante a sua intervenção argumentou não querer qualquer inquérito que deixasse “preto no branco uma situação que levasse à implosão do PAN “, mostrando-se, no entanto, disponível para discutir se essas situações eram ou não “éticas” e se deviam “ser ou não mantidas” no futuro.

A discussão ia longa, estava acesa e a certa altura tornou-se feia com trocas de acusações de lado a lado. Estávamos a 30 de maio e a Comissão Política Nacional do PAN reunia-se no Hotel Real, em Lisboa. Depois de várias horas de debate, chegou o confronto que não só tirou de debaixo do tapete um dos problemas do passado recente do partido — a forma como o PAN recorreu aos recibos verdes para pagar a funcionários, mesmo sendo publicamente contra esta prática —, como deixaria consequências irreversíveis na representatividade do PAN, com a desvinculação do seu único deputado europeu.

A tensão, que já vinha em crescendo, culminou na parte final da reunião quando o porta-voz do partido, André Silva, interpelou o então eurodeputado sobre as alegadas omissões nas contas do partido “na Europa”. Francisco Guerreiro, que quando tornou público o divórcio com o PAN se queixou de ter sido limitada “a independência política do eurodeputado em Bruxelas”, dirigiu-se ao porta-voz (e tido como um dos seus grandes amigos) e questionou as contas no partido a nível nacional, nomeadamente as despesas e a forma como eram feitos os pagamentos aos seus colaboradores. Segundo relatos de várias fontes que estiveram nessa reunião, Francisco Guerreiro levantou a questão de vários assessores parlamentares terem sido pagos com dinheiro dos cofres do município de Lisboa e a recibos verdes, prática que o partido sempre condenou

Ficou assim visível para todos a discórdia que já existia (e que vinha de trás) entre a direção nacional do PAN e o eurodeputado Francisco Guerreiro. Dias depois, chegaria a notícia de que Francisco Guerreiro estava de saída do partido (mas não de Bruxelas), com argumentos que pode ler aqui. E horas depois desta notícia, a direção do PAN convocava a imprensa para manifestar “profunda desilusão” e contar a sua versão dos factos, que pode ler aqui. Mas nesse dia 30 de maio, na sala do Hotel Real em Lisboa, o assunto era ainda o recurso a trabalhadores a recibos verdes e o choque que causou entre os militantes.

A “perplexidade” e o inquérito que não avançou para “não implodir o PAN”

Segundo os mesmos relatos transmitidos ao Observador, nesse preciso momento alguém da direção do partido pediu para se parar de gravar o áudio da reunião — o que se fazia habitualmente para mais fielmente se incluir na ata o que foi dito. Uma sugestão que se terá revelado eficaz, já que não há qualquer referência a este tema na ata dessa reunião, garante ao Observador outra fonte que esteve presente na sala.

A partir daí, houve nova discussão porque várias das pessoas presentes não teriam tido conhecimento, até esse momento, da forma como o partido recorria a recibos verdes para gerir os seus recursos. “Muitos ficaram completamente perplexos quando se falou desses recibos verdes”, conta uma das fontes ouvidas pelo Observador. O incómodo era tão grande que alguns membros defenderam, ali mesmo, a realização de um inquérito às irregularidades. Os relatos feitos ao Observador revelam que essa ideia acabaria por ser posta de parte pelo tesoureiro do partido, que durante a sua intervenção argumentou não querer qualquer inquérito que deixasse “preto no branco uma situação que levasse à implosão do PAN “, mostrando-se, no entanto, disponível para discutir se essas situações eram ou não “éticas” e se deviam “ser ou não mantidas” no futuro.

marcar artigo