Depois Falamos: Politizar Eleições

12-04-2019
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O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

À partida o conceito pode parecer um contra senso porque se há algo que
deve ser naturalmente politizado são precisamente eleições com o normal
confronto ideológico e programático entre os vários concorrentes.

E de facto assim é quando se tratam de eleições políticas no sentido
mais restrito do termo.

Já não é de esperar que assim seja quando as eleições se disputam fora
do âmbito partidário e ocorrem noutro tipo de instituições onde o normal deve
ser restringir o âmbito dos debates às matérias que essas instituições tratam e
não fazer recair sobre elas outros tipos de “tutelas” ou de tentativas de
aproveitamento partidário.

Já os antigos diziam a “Deus o que é de Deus e a César o que é de
César” como forma de separarem “águas” que não se devem misturar.

Ocorre-me esta reflexão a propósito das últimas eleições no Vitória e
da curiosa convergência de apoios à lista que curiosamente, mas não por causa
deles, saiu vencedora.

Em Guimarães há nas ultimas décadas uma larga tradição de o poder
político tentar canibalizar todo o movimento associativo seja na vertente
cultural, seja na vertente social, seja na vertente desportiva e disso há
bastos exemplos em todas as áreas.

Mas há também uma honrosa tradição, largamente solidificada nos tempos
de Pimenta Machado mas em perda depois dele, de o Vitória ter resistido sempre
a essa “canibalização” pese embora os esforços feitos nesse sentido por várias
personalidades dos executivos camarários.

Também disso há fartos exemplos e bastará recordar a forma como o
partido político que domina o executivo há três décadas  patrocinou e se empenhou em candidaturas
alternativas a Pimenta Machado, numa primeira e mal sucedida fase em que apenas
colheram derrotas, para depois estar na primeira linha do apoio às candidaturas
vitoriosas de Vítor Magalhães e Emílio Macedo da Silva em cujos elencos era bem
visível a presença do poder autárquico  a
par de alguns social democratas e centristas que  atenuavam a imagem (mas não o predomínio) dos
socialistas

Com a chegada à liderança do Vitória de Júlio Mendes, ele próprio um
ex vereador socialista, dá-se um recentrar das coisas com o Vitória a manter um
bom relacionamento institucional com o poder socialista mas separando as aguas
e não permitindo demasiadas proximidades nem intromissões nas esferas de
competência exclusiva do clube.

É verdade que aqui ou ali houve exageros (o pior dos quais foi a entrega
da taça de campeões nacionais de juvenis no edifício da câmara) mas mais
imputáveis ao voluntarismo e despudor do poder político do que propriamente à
vontade do clube nesse sentido.

E é nesse quadro que se chega às recentes eleições.

Onde se dá o espantoso fenómeno de da direita à esquerda existir uma
enorme convergência no apoio à lista B aparecendo publicamente a prestar-lhe
apoio algumas das mais relevantes figuras locais do PS,do PSD, do CDS e do PCP.

Todos!

Uns por convicção, outros por oportunidade, outros ainda por moda do
momento a verdade é que todos queriam ficar na fotografia dos mais que
prováveis vencedores de forma a poderem cantar vitória na noite eleitoral.

E alguns exageraram.

Como o vereador do desporto da autarquia que ao invés de manter o
distanciamento aconselhável a quem teria de trabalhar com a lista que vencesse
mergulhou de cabeça no apoio á lista B com receio de não poder aparecer na “fotografia”
do triunfo.

Cometendo o erro que qualquer ministro do desporto cometeria se
caisse no disparate de apoiar uma lista candidata a uma qualquer federação
desportiva!

É certo que houve excepções mas não foram mais do que a confirmação da
regra “sui generis” existente nestas eleições.

Mas enganaram-se.

Porque estas eleições demonstraram exuberantemente que o apoio
político a uma lista pouca ou nenhuma influência teve no resultado final cujo
equilíbrio nada teve a ver com a enorme desproporção dos apoios políticos entre
ambas as listas.

A lista B ganhou, à tangente mas ganhou, não por causa dos apoios
políticos (e religiosos...) mas apesar deles.

E aqueles que vieram a estas eleições em busca de dividendos políticos
para o futuro saíram largamente derrotados nos seus intentos.

E essa é uma lição que o Vitória deu de borla à classe política
vimaranense.

P.S. Devo dizer que excluo de qualquer politização destas eleições
nomes como André Coelho Lima e José João Torrinha .

Por um lado porque sempre estiveram, ao longo do mandato, ao lado de
Júlio Mendes e da direcção reeleita.

Por outro porque sei que ambos são “demasiado” vitorianos para alguma
vez porém interesses políticos à frente dos interesses do Vitória.

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

À partida o conceito pode parecer um contra senso porque se há algo que
deve ser naturalmente politizado são precisamente eleições com o normal
confronto ideológico e programático entre os vários concorrentes.

E de facto assim é quando se tratam de eleições políticas no sentido
mais restrito do termo.

Já não é de esperar que assim seja quando as eleições se disputam fora
do âmbito partidário e ocorrem noutro tipo de instituições onde o normal deve
ser restringir o âmbito dos debates às matérias que essas instituições tratam e
não fazer recair sobre elas outros tipos de “tutelas” ou de tentativas de
aproveitamento partidário.

Já os antigos diziam a “Deus o que é de Deus e a César o que é de
César” como forma de separarem “águas” que não se devem misturar.

Ocorre-me esta reflexão a propósito das últimas eleições no Vitória e
da curiosa convergência de apoios à lista que curiosamente, mas não por causa
deles, saiu vencedora.

Em Guimarães há nas ultimas décadas uma larga tradição de o poder
político tentar canibalizar todo o movimento associativo seja na vertente
cultural, seja na vertente social, seja na vertente desportiva e disso há
bastos exemplos em todas as áreas.

Mas há também uma honrosa tradição, largamente solidificada nos tempos
de Pimenta Machado mas em perda depois dele, de o Vitória ter resistido sempre
a essa “canibalização” pese embora os esforços feitos nesse sentido por várias
personalidades dos executivos camarários.

Também disso há fartos exemplos e bastará recordar a forma como o
partido político que domina o executivo há três décadas  patrocinou e se empenhou em candidaturas
alternativas a Pimenta Machado, numa primeira e mal sucedida fase em que apenas
colheram derrotas, para depois estar na primeira linha do apoio às candidaturas
vitoriosas de Vítor Magalhães e Emílio Macedo da Silva em cujos elencos era bem
visível a presença do poder autárquico  a
par de alguns social democratas e centristas que  atenuavam a imagem (mas não o predomínio) dos
socialistas

Com a chegada à liderança do Vitória de Júlio Mendes, ele próprio um
ex vereador socialista, dá-se um recentrar das coisas com o Vitória a manter um
bom relacionamento institucional com o poder socialista mas separando as aguas
e não permitindo demasiadas proximidades nem intromissões nas esferas de
competência exclusiva do clube.

É verdade que aqui ou ali houve exageros (o pior dos quais foi a entrega
da taça de campeões nacionais de juvenis no edifício da câmara) mas mais
imputáveis ao voluntarismo e despudor do poder político do que propriamente à
vontade do clube nesse sentido.

E é nesse quadro que se chega às recentes eleições.

Onde se dá o espantoso fenómeno de da direita à esquerda existir uma
enorme convergência no apoio à lista B aparecendo publicamente a prestar-lhe
apoio algumas das mais relevantes figuras locais do PS,do PSD, do CDS e do PCP.

Todos!

Uns por convicção, outros por oportunidade, outros ainda por moda do
momento a verdade é que todos queriam ficar na fotografia dos mais que
prováveis vencedores de forma a poderem cantar vitória na noite eleitoral.

E alguns exageraram.

Como o vereador do desporto da autarquia que ao invés de manter o
distanciamento aconselhável a quem teria de trabalhar com a lista que vencesse
mergulhou de cabeça no apoio á lista B com receio de não poder aparecer na “fotografia”
do triunfo.

Cometendo o erro que qualquer ministro do desporto cometeria se
caisse no disparate de apoiar uma lista candidata a uma qualquer federação
desportiva!

É certo que houve excepções mas não foram mais do que a confirmação da
regra “sui generis” existente nestas eleições.

Mas enganaram-se.

Porque estas eleições demonstraram exuberantemente que o apoio
político a uma lista pouca ou nenhuma influência teve no resultado final cujo
equilíbrio nada teve a ver com a enorme desproporção dos apoios políticos entre
ambas as listas.

A lista B ganhou, à tangente mas ganhou, não por causa dos apoios
políticos (e religiosos...) mas apesar deles.

E aqueles que vieram a estas eleições em busca de dividendos políticos
para o futuro saíram largamente derrotados nos seus intentos.

E essa é uma lição que o Vitória deu de borla à classe política
vimaranense.

P.S. Devo dizer que excluo de qualquer politização destas eleições
nomes como André Coelho Lima e José João Torrinha .

Por um lado porque sempre estiveram, ao longo do mandato, ao lado de
Júlio Mendes e da direcção reeleita.

Por outro porque sei que ambos são “demasiado” vitorianos para alguma
vez porém interesses políticos à frente dos interesses do Vitória.

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