Rui Rio já conta soldados

10-04-2017
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Se a maior crítica a Passos é estar à espera que as coisas corram mal ao país economicamente, Rio quer evitar ser visto à espera que as coisas corram mal ao partido politicamente.

Rui Rio anda em campanha, mas discreta. Os convites, depois de se assumir como possível candidato à liderança do PSD, dispararam e o ex-presidente da Câmara do Porto não se coíbe de aceitá-los. A condição preferencial, especialmente em eventos do partido, é que as portas estejam fechadas à comunicação social ou, como lhe chama Rio, «comunicação ‘social’».

Tem sido assim, de Norte a Sul do país, do Algarve ao ‘seu’ Porto, do interior ao litoral. Encabeça jantares, é orador principal em conferências, dá formações políticas e de economia, que é a sua área profissional.

No circuito universitário, todavia, vedar o acesso aos repórteres é mais complicado, sendo possível resgatar algumas citações dos últimos meses. «Devemos todos reconhecer que apesar de tudo, [o Governo] conseguiu uma solidez superior àquela que todos nós estávamos a pensar que seria possível. É um facto», defendeu em março, na cidade de Coimbra.

Esta semana, por outro lado, publicou um artigo de opinião no Diário de Notícias, particularmente vexatório para o projeto europeu e para os governos do pós-resgate, em 2011. «Aproveitando uma prolongada inação política e a ausência de uma defesa firme do interesse nacional - a União Europeia impôs, de forma inaceitável, uma dispendiosa entrega do Banif a um interessado em concreto», acusa.

Ao que o SOL apurou, a volta ao país que Rui Rio tem efetuado por empresas, associações, eventos partidários e universidades, visa apalpar terreno na sociedade civil e colher apoio político para o próximo congresso do Partido Social Democrata.

A reunião magna está agendada para o primeiro trimestre do próximo ano, breves meses depois das eleições autárquicas.

Rio, que favorece a delegação de tarefas em vez de um contacto omnipresente, tem falado ao telefone (mas com poucos), e os seus homens mais próximos vão contado espingardas. O SOL sabe que já se fazem simulações das eleições diretas que precedem o congresso, de modo a apurar os vários cenários com que a candidatura de Rui Rio ao partido poderá lidar.

É agora ou nunca

Não é a primeira vez que Rio veste a pele de proto-candidato. Já o foi na sucessão a Manuela Ferreira Leite, acabando por avançar Paulo Rangel, que perdeu para Passos, já o foi para a Presidência da República, acabando por avançar Marcelo, que venceu todos os outros. «Deixou muita gente à espera demasiadas vezes. Agora é o tudo ou nada», atira um barão dos laranjas.

Pedro Duarte, ex-líder da Juventude Social Democrata e diretor da vitoriosa campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência, também já foi incentivado a avançar. Terá quase quarenta e cinco anos no próximo congresso e a aura de alternativa jovem tende a desvanecer.

Rangel, por sua vez, não avançará se Rio avançar primeiro: no entendimento de ambos, o espaço dos dois é o mesmo.

Deste modo, perante o clima de confronto na capital, com o líder da concelhia do PSD/Lisboa, Mauro Xavier, e o coordenador nacional autárquico, Carlos Carreiras, a trocarem acusações na praça pública, assim como sondagens muito pouco animadoras, tanto para Teresa Leal Coelho como para as juntas de freguesia, - para não falar em Isaltino Morais a avançar por Oeiras - os entusiastas de Rio observam o possível desaire autárquico como um acelerador de descontentamento na restante militância.

É com a aposta nesse argumento, além do natural atrativo da mudança, que planeiam ir ao mencionado congresso. A palavra de ordem, até lá, é aguardar.

Poucos acreditam que a corrida se antecipe ou que Passos Coelho saia em reação aos resultados das autárquicas. «Então o homem que não se demitiu de primeiro-ministro quando perdeu ‘irrevogavelmente’ o parceiro de coligação vai demitir-se por causa de umas eleições locais?», sorri a mesma fonte, que pediu anonimato. «As autárquicas querem dizer lugares, cargos, comida na mesa. Ninguém é imune a isso. Não se lembra do Marques Mendes?».

Se a grande crítica, até interna, que se aponta a Pedro Passos Coelho é estar à espera que as coisas corram mal economicamente ao país, Rui Rio não quer cometer o mesmo erro como oposição, de parecer à espera que as coisas corram mal politicamente ao partido.

É nesse sentido que estará hoje presente, ao lado do próprio Passos, na apresentação oficial da candidatura de Álvaro Almeida, um independente, à Câmara Municipal do Porto. O facto de Rio ter apoiado a primeira candidatura de Rui Moreira e de se tratar do cargo que ocupou durante 12 anos confere-lhe um estatuto institucional, ao mesmo tempo que dá a cara pelo partido.

Rio tem várias amizades em comum com Moreira, havendo colaboradores do autarca da Invicta bastante próximos do seu antecessor. Na distrital, autarcas adeptos de Rui Rio não faltam. E há mais que piscam o olho ao antigo secretário-geral do PSD. Évora, liderada por Sónia Ramos; Portalegre, liderada por Armando Varela; Ricardo Rio, da distrital de Braga, e, mais conhecidamente, Salvador Malheiro, da distrital de Aveiro. «Se conseguir ter o Porto com ele sem ter o Marco António [Costa] contra ele, tem fortes possibilidades de ser líder», sugere fonte local do partido.

Marco António Costa, vice-presidente de Passos e homem-forte do partido no Norte, também estará hoje na apresentação de Álvaro Almeida. Tal como os referidos Pedro Duarte e Paulo Rangel.

Notícia atualizada às 14h20

Se a maior crítica a Passos é estar à espera que as coisas corram mal ao país economicamente, Rio quer evitar ser visto à espera que as coisas corram mal ao partido politicamente.

Rui Rio anda em campanha, mas discreta. Os convites, depois de se assumir como possível candidato à liderança do PSD, dispararam e o ex-presidente da Câmara do Porto não se coíbe de aceitá-los. A condição preferencial, especialmente em eventos do partido, é que as portas estejam fechadas à comunicação social ou, como lhe chama Rio, «comunicação ‘social’».

Tem sido assim, de Norte a Sul do país, do Algarve ao ‘seu’ Porto, do interior ao litoral. Encabeça jantares, é orador principal em conferências, dá formações políticas e de economia, que é a sua área profissional.

No circuito universitário, todavia, vedar o acesso aos repórteres é mais complicado, sendo possível resgatar algumas citações dos últimos meses. «Devemos todos reconhecer que apesar de tudo, [o Governo] conseguiu uma solidez superior àquela que todos nós estávamos a pensar que seria possível. É um facto», defendeu em março, na cidade de Coimbra.

Esta semana, por outro lado, publicou um artigo de opinião no Diário de Notícias, particularmente vexatório para o projeto europeu e para os governos do pós-resgate, em 2011. «Aproveitando uma prolongada inação política e a ausência de uma defesa firme do interesse nacional - a União Europeia impôs, de forma inaceitável, uma dispendiosa entrega do Banif a um interessado em concreto», acusa.

Ao que o SOL apurou, a volta ao país que Rui Rio tem efetuado por empresas, associações, eventos partidários e universidades, visa apalpar terreno na sociedade civil e colher apoio político para o próximo congresso do Partido Social Democrata.

A reunião magna está agendada para o primeiro trimestre do próximo ano, breves meses depois das eleições autárquicas.

Rio, que favorece a delegação de tarefas em vez de um contacto omnipresente, tem falado ao telefone (mas com poucos), e os seus homens mais próximos vão contado espingardas. O SOL sabe que já se fazem simulações das eleições diretas que precedem o congresso, de modo a apurar os vários cenários com que a candidatura de Rui Rio ao partido poderá lidar.

É agora ou nunca

Não é a primeira vez que Rio veste a pele de proto-candidato. Já o foi na sucessão a Manuela Ferreira Leite, acabando por avançar Paulo Rangel, que perdeu para Passos, já o foi para a Presidência da República, acabando por avançar Marcelo, que venceu todos os outros. «Deixou muita gente à espera demasiadas vezes. Agora é o tudo ou nada», atira um barão dos laranjas.

Pedro Duarte, ex-líder da Juventude Social Democrata e diretor da vitoriosa campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência, também já foi incentivado a avançar. Terá quase quarenta e cinco anos no próximo congresso e a aura de alternativa jovem tende a desvanecer.

Rangel, por sua vez, não avançará se Rio avançar primeiro: no entendimento de ambos, o espaço dos dois é o mesmo.

Deste modo, perante o clima de confronto na capital, com o líder da concelhia do PSD/Lisboa, Mauro Xavier, e o coordenador nacional autárquico, Carlos Carreiras, a trocarem acusações na praça pública, assim como sondagens muito pouco animadoras, tanto para Teresa Leal Coelho como para as juntas de freguesia, - para não falar em Isaltino Morais a avançar por Oeiras - os entusiastas de Rio observam o possível desaire autárquico como um acelerador de descontentamento na restante militância.

É com a aposta nesse argumento, além do natural atrativo da mudança, que planeiam ir ao mencionado congresso. A palavra de ordem, até lá, é aguardar.

Poucos acreditam que a corrida se antecipe ou que Passos Coelho saia em reação aos resultados das autárquicas. «Então o homem que não se demitiu de primeiro-ministro quando perdeu ‘irrevogavelmente’ o parceiro de coligação vai demitir-se por causa de umas eleições locais?», sorri a mesma fonte, que pediu anonimato. «As autárquicas querem dizer lugares, cargos, comida na mesa. Ninguém é imune a isso. Não se lembra do Marques Mendes?».

Se a grande crítica, até interna, que se aponta a Pedro Passos Coelho é estar à espera que as coisas corram mal economicamente ao país, Rui Rio não quer cometer o mesmo erro como oposição, de parecer à espera que as coisas corram mal politicamente ao partido.

É nesse sentido que estará hoje presente, ao lado do próprio Passos, na apresentação oficial da candidatura de Álvaro Almeida, um independente, à Câmara Municipal do Porto. O facto de Rio ter apoiado a primeira candidatura de Rui Moreira e de se tratar do cargo que ocupou durante 12 anos confere-lhe um estatuto institucional, ao mesmo tempo que dá a cara pelo partido.

Rio tem várias amizades em comum com Moreira, havendo colaboradores do autarca da Invicta bastante próximos do seu antecessor. Na distrital, autarcas adeptos de Rui Rio não faltam. E há mais que piscam o olho ao antigo secretário-geral do PSD. Évora, liderada por Sónia Ramos; Portalegre, liderada por Armando Varela; Ricardo Rio, da distrital de Braga, e, mais conhecidamente, Salvador Malheiro, da distrital de Aveiro. «Se conseguir ter o Porto com ele sem ter o Marco António [Costa] contra ele, tem fortes possibilidades de ser líder», sugere fonte local do partido.

Marco António Costa, vice-presidente de Passos e homem-forte do partido no Norte, também estará hoje na apresentação de Álvaro Almeida. Tal como os referidos Pedro Duarte e Paulo Rangel.

Notícia atualizada às 14h20

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