Rui Moreira absolutista serve vingança a frio

10-10-2017
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Em mangas de camisa numa sala em euforia, Rui Moreira não esperou por resultados definitivos para fazer o discurso de vitória. Quando tudo fazia crer numa mensagem suave na hora da reafirmação na cidade do seu movimento independente na Invicta, de novo apoiado pelo CDS-PP, Rui Moreira surpreendeu os simpatizantes pelo discurso avinagrado, marcado por ajustes de contas à direita e à esquerda.

Ladeado pelo ex-ministro do PSD, Luís Valente de Oliveira, que há três meses entregou o cartão de militante, Miguel Pereira Leite, líder da Assembleia Municipal, Francisco Ramos, presidente da sua comissão política, e Nuno Santos, o diretor de campanha, Rui Moreira subiu ao palco para agradecer aos portuenses. Foi o ponto final na diplomacia da sua dura intervenção.

Ao amigo e ex-aliado de governação Manuel Pizarro deixou um abraço, mas seria de seguida o primeiro a não ser poupado, por “numa primeira fase ter tentado condicionar” o 'Porto, O Nosso Partido': “Era um apoio que tinha um preço demasiado alto e que não podíamos aceitar”, lembrou, aludindo à separação em maio. A segunda estocada a Pizarro foi mais ampla, ao apontar baterias para “a inusitada participação de membros do Governo na campanha”, crítica que teve por alvos não nomeados o ministro da Defesa Azeredo Lopes, seu-ex chefe de gabinete até ir para o Governo, o ministro do Ambiente Matos Fernandes, mandatário da candidatura socialista, e António Costa, presente no jantar-comício de Pizarro.

O azedume de Moreira não será alheio aos recados do primeiro-ministro, sexta-feira à noite, no Porto: “Quem achou que me deixava no meio da ponte, enganou-se”.

Rui Moreira, que na passada semana lembrou que não se chama São Sebastião para levar setas por todos os lados, poupou Álvaro Almeida no assanhado discurso da vitória, antes de nomear “os grandes derrotados da noite”: Não posso deixar de dizer que os grandes derrotados desta noite têm um rosto: António Tavares (presidente da Santa Casa da Misericórdia do Porto e mandatário da candidatura do PSD), Rui Rio e Paulo Rangel. Não o digo por não nos terem apoiado, mas por terem utilizado a cidade para lutas de índole nacional. E deixem-me dizer que as autárquicas no Porto não são as secretas do PSD”.

Desferidas todas as farpas, Rui Moreira terminou com uma piscadela de olho aos eleitores do Porto, que são pessoas “cultas, sensiveis e inteligentes” e uma citação de Francisco Sá Carneiro: “O Porto sempre mostrou que a independência e a defesa da liberdade não são palavras vãs.”

Com uma votação de 44,45 dos votos e sete vereadores em 13, ao contrário de há quatros (39,2%), o movimento “Porto, O Nosso Partido” garantiu a cobiçada fasquia de governar sozinho. Ambição bem patente nos pregões “Não ficamos na ladeira, votámos Rui Moreira” ou “Pizarrro rua”.

Pizarro critica acrimónia

Um quarto de hora depois, foi a vez de Manuel Pizarro dar os parabéns a Rui Moreira, a quem desejou as maiores felicidades, saudação que chegou logo depois cravada de críticas, entre as quais as das terríveis condições em que o PS partiu para as autárquicas, repisando o abandono na 25 ª horas, no dia 6 de maio, do acordo estabelecido com o presidente da Câmara do Porto: “Não nos procuramos desculpar por falhas que não cometemos e ninguém pode negar que exercemos os nossos mandatos com lealdade e competência”.

O candidato do PS frisa que foi esse reconhecimento que fez o partido saltar dos 22, 6% dos votos em 2013 para os 28,5 esta noite, porque qualquer que sejam as leituras políticas o PS foi o partido q mais subiu no Porto: " É uma recuperação notável ao suplantar no Porto os resultados das últimas legislativas”.

Pizarro não gostou a acrimónia e crispação do ex-parceiro, nem muito menos dos ataques “violentos” ao governo, que “trouxe para o Porto a coleção Miró e expandiu a rede do metro”. Num discurso muito marcado pelos foco do crescimento do PS e dos mandatos no Porto (quatro), Pizarro voltou a garantir que os vereadores socialistas vão continuar a trabalhar e trabalhar em prol da cidade, uma mensagem já a marcar posição para as próximas autárquicas. Mesmo que em política quatro anos seja uma eternidade.

Funeral laranja

Na sua estreia em falso na política, Álvaro Almeida ficará na história autárquica como o coveiro do PSD no Porto. O candidato da coligação 'Porto Autêntico' nunca empolgou o eleitorado - nem se empolgou -, mas em abril quando foi apresentado ninguém apostaria que o PSD ficaria nos dois dígitos à tangente (10,3), com menos de metade dos votos de Menezes há quatro anos, sobretudo depois de consumado o divórcio da grande aliança Pizarro e Moreira. Álvaro Almeida, que amanhã de manhã voltará à sala de aulas na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, assumiu esta noite que o resultado não foi o esperado, tendo justificado a copiosa derrota com “desvio de votos” para a candidatura independente para que o PS não ganhasse.

Ao que o Expresso apurou junto de fonte da candidatura, não foi só para Moreira que houve voto transviados, mas “para o PS” para evitar o cenário de maioria absoluta temido pelos sociais-democratas.

“Houve claramente um desvio de votos do eleitorado tradicional do PSD para a candidatura de Rui Moreira, motivada pela preocupação do voto útil para evitar a vitória do PS”, frisou. Álvaro Almeida confirmou que em respeito pelo eleitorado irá assumir os mandatos “que o povo do Porto decidiu entregar”. Embora tenha falado no plural, o independente apoiado pelo PSD/PPM será o único vereador laranja na Câmara do Porto, uma solidão inédita na Invicta.

Sobre as relações com Rui Moreira, seu principal alvo de ataque durante toda a campanha, o professor de economia garante que irá assumir as funções mas “não com funções executivas”.Tal como já adiantara nos debates, voltou a lembrar que tanto se serve o Porto no executivo como na oposição, salientando, no entanto, que o PSD nunca será um obstáculo à governabilidade da cidade, um discurso mais macio do que teve até há dois dias quando acenou por mais do que uma vez com o fantasma da ingovernabilidade, caso Moreira não tivesse a maioria absoluta.

A CDU, mesmo baixando de 7,3% dos votos em 2013 para 5,8%, conseguiu eleger Ilda Figueiredo, mantendo-se um vereador na na Câmara, ao contrário do BE, que ficou à porta apesar de ter subido de 3,6% para 5,1% de votos nestas autárquicas.

Em mangas de camisa numa sala em euforia, Rui Moreira não esperou por resultados definitivos para fazer o discurso de vitória. Quando tudo fazia crer numa mensagem suave na hora da reafirmação na cidade do seu movimento independente na Invicta, de novo apoiado pelo CDS-PP, Rui Moreira surpreendeu os simpatizantes pelo discurso avinagrado, marcado por ajustes de contas à direita e à esquerda.

Ladeado pelo ex-ministro do PSD, Luís Valente de Oliveira, que há três meses entregou o cartão de militante, Miguel Pereira Leite, líder da Assembleia Municipal, Francisco Ramos, presidente da sua comissão política, e Nuno Santos, o diretor de campanha, Rui Moreira subiu ao palco para agradecer aos portuenses. Foi o ponto final na diplomacia da sua dura intervenção.

Ao amigo e ex-aliado de governação Manuel Pizarro deixou um abraço, mas seria de seguida o primeiro a não ser poupado, por “numa primeira fase ter tentado condicionar” o 'Porto, O Nosso Partido': “Era um apoio que tinha um preço demasiado alto e que não podíamos aceitar”, lembrou, aludindo à separação em maio. A segunda estocada a Pizarro foi mais ampla, ao apontar baterias para “a inusitada participação de membros do Governo na campanha”, crítica que teve por alvos não nomeados o ministro da Defesa Azeredo Lopes, seu-ex chefe de gabinete até ir para o Governo, o ministro do Ambiente Matos Fernandes, mandatário da candidatura socialista, e António Costa, presente no jantar-comício de Pizarro.

O azedume de Moreira não será alheio aos recados do primeiro-ministro, sexta-feira à noite, no Porto: “Quem achou que me deixava no meio da ponte, enganou-se”.

Rui Moreira, que na passada semana lembrou que não se chama São Sebastião para levar setas por todos os lados, poupou Álvaro Almeida no assanhado discurso da vitória, antes de nomear “os grandes derrotados da noite”: Não posso deixar de dizer que os grandes derrotados desta noite têm um rosto: António Tavares (presidente da Santa Casa da Misericórdia do Porto e mandatário da candidatura do PSD), Rui Rio e Paulo Rangel. Não o digo por não nos terem apoiado, mas por terem utilizado a cidade para lutas de índole nacional. E deixem-me dizer que as autárquicas no Porto não são as secretas do PSD”.

Desferidas todas as farpas, Rui Moreira terminou com uma piscadela de olho aos eleitores do Porto, que são pessoas “cultas, sensiveis e inteligentes” e uma citação de Francisco Sá Carneiro: “O Porto sempre mostrou que a independência e a defesa da liberdade não são palavras vãs.”

Com uma votação de 44,45 dos votos e sete vereadores em 13, ao contrário de há quatros (39,2%), o movimento “Porto, O Nosso Partido” garantiu a cobiçada fasquia de governar sozinho. Ambição bem patente nos pregões “Não ficamos na ladeira, votámos Rui Moreira” ou “Pizarrro rua”.

Pizarro critica acrimónia

Um quarto de hora depois, foi a vez de Manuel Pizarro dar os parabéns a Rui Moreira, a quem desejou as maiores felicidades, saudação que chegou logo depois cravada de críticas, entre as quais as das terríveis condições em que o PS partiu para as autárquicas, repisando o abandono na 25 ª horas, no dia 6 de maio, do acordo estabelecido com o presidente da Câmara do Porto: “Não nos procuramos desculpar por falhas que não cometemos e ninguém pode negar que exercemos os nossos mandatos com lealdade e competência”.

O candidato do PS frisa que foi esse reconhecimento que fez o partido saltar dos 22, 6% dos votos em 2013 para os 28,5 esta noite, porque qualquer que sejam as leituras políticas o PS foi o partido q mais subiu no Porto: " É uma recuperação notável ao suplantar no Porto os resultados das últimas legislativas”.

Pizarro não gostou a acrimónia e crispação do ex-parceiro, nem muito menos dos ataques “violentos” ao governo, que “trouxe para o Porto a coleção Miró e expandiu a rede do metro”. Num discurso muito marcado pelos foco do crescimento do PS e dos mandatos no Porto (quatro), Pizarro voltou a garantir que os vereadores socialistas vão continuar a trabalhar e trabalhar em prol da cidade, uma mensagem já a marcar posição para as próximas autárquicas. Mesmo que em política quatro anos seja uma eternidade.

Funeral laranja

Na sua estreia em falso na política, Álvaro Almeida ficará na história autárquica como o coveiro do PSD no Porto. O candidato da coligação 'Porto Autêntico' nunca empolgou o eleitorado - nem se empolgou -, mas em abril quando foi apresentado ninguém apostaria que o PSD ficaria nos dois dígitos à tangente (10,3), com menos de metade dos votos de Menezes há quatro anos, sobretudo depois de consumado o divórcio da grande aliança Pizarro e Moreira. Álvaro Almeida, que amanhã de manhã voltará à sala de aulas na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, assumiu esta noite que o resultado não foi o esperado, tendo justificado a copiosa derrota com “desvio de votos” para a candidatura independente para que o PS não ganhasse.

Ao que o Expresso apurou junto de fonte da candidatura, não foi só para Moreira que houve voto transviados, mas “para o PS” para evitar o cenário de maioria absoluta temido pelos sociais-democratas.

“Houve claramente um desvio de votos do eleitorado tradicional do PSD para a candidatura de Rui Moreira, motivada pela preocupação do voto útil para evitar a vitória do PS”, frisou. Álvaro Almeida confirmou que em respeito pelo eleitorado irá assumir os mandatos “que o povo do Porto decidiu entregar”. Embora tenha falado no plural, o independente apoiado pelo PSD/PPM será o único vereador laranja na Câmara do Porto, uma solidão inédita na Invicta.

Sobre as relações com Rui Moreira, seu principal alvo de ataque durante toda a campanha, o professor de economia garante que irá assumir as funções mas “não com funções executivas”.Tal como já adiantara nos debates, voltou a lembrar que tanto se serve o Porto no executivo como na oposição, salientando, no entanto, que o PSD nunca será um obstáculo à governabilidade da cidade, um discurso mais macio do que teve até há dois dias quando acenou por mais do que uma vez com o fantasma da ingovernabilidade, caso Moreira não tivesse a maioria absoluta.

A CDU, mesmo baixando de 7,3% dos votos em 2013 para 5,8%, conseguiu eleger Ilda Figueiredo, mantendo-se um vereador na na Câmara, ao contrário do BE, que ficou à porta apesar de ter subido de 3,6% para 5,1% de votos nestas autárquicas.

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