Prémio distingue projetos sobre cancro, esclerose múltipla e colapso pulmonar

27-02-2017
marcar artigo

Ciência no feminino

Imagem: DR

Ana Barbas

O projeto de Ana Barbas, investigadora do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET), pretende encontrar uma forma de impedir a formação de metástases no caso do cancro da mama, uma das doenças que mais mulheres afeta em Portugal. Estima-se que 90 por cento das mortes por esta doença sejam causadas pela propagação do cancro.

Uma forma de travar a capacidade de o cancro criar novos vasos sanguíneos e expandir-se – processo designado de angiogénese – é impedir a comunicação entre a Jagged2 e a Notch1, duas proteínas que promovem o crescimento do tumor quando articuladas.

A investigadora do IBET propõe-se a criar anticorpos que detetem e ataquem especificamente a Jagged2 antes de a proteína se ligar à Notch1.

“Normalmente em tecidos normais a comunicação entre a Jagged2 e a Notch1 já existe, só que no caso do cancro da mama essa ligação é descontrolada, e há uma produção exagerada de Jagged2”, explica a investigadora ao SAPO.

“Creio que daqui a um ano e meio, dois, tenhamos os resultados preliminares da criação de anticorpos”, indica. O próximo passo são “testes em linhas celulares e em modelos de ratinhos” e talvez daqui a 5 anos, caso haja investimento por parte da indústria farmacêutica, se obtenha uma terapêutica com possibilidade de aplicação, prognostica a investigadora, que pretende continuar a trabalhar em Portugal.

Inês Sousa

A investigadora do Instituto de Medicina Molecular, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e do Instituto Gulbenkian de Ciência, está a identificar uma patologia pulmonar rara, pouco conhecida e também pouco estudada: o pneumotórax espontâneo primário. A doença caracteriza-se pela formação de uma bolha de ar cuja pressão pode provocar o colapso de um ou de ambos os pulmões, sem causa médica aparente, e incide, sobretudo, em homens com 18 a 35 anos, altos, magros, fumadores ou desportistas.

“O meu objetivo é identificar as variantes genéticas que levam ao risco de incidência e recorrência desta doença num indivíduo”, conta a investigadora.

“Este meu trabalho está dividido em três fases e no futuro gostaria de criar um diagnóstico molecular para a doença e criar uma terapêutica, o que teria um impacto grande na qualidade de vida destas pessoas”, comenta Inês Sousa, que recorda que não há ainda um tratamento definitivo para a patologia.

A investigadora salienta, porém, que não é provável a criação de uma terapia com possível aplicação antes dos próximos 10 anos.

Adelaide Fernandes

Adelaide Fernandes, professora auxiliar da Faculdade de Farmácia, da Universidade de Lisboa, foi outra das cientistas distinguidas com a sua investigação sobre esclerose múltipla, um distúrbio que afeta mais de um milhão de pessoas em todo o mundo e cerca de cinco mil em Portugal.

A doença ataca a bainha dos nervos, cujo principal elemento é a mielina, uma proteína sem a qual os impulsos nervosos não conseguiriam percorrer as fibras nervosas.

O projeto do Instituto de Investigação do Medicamento e das Ciências Farmacêuticas, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, em parceria com o Instituto de Tecnologia Química e Biológica, da Universidade Nova, e um grupo de trabalho do centro de investigação médica e tecnológica Inserm, em França, pretende descobrir a verdadeira causa da doença, responsável pela crescente incapacitação do seu portador.

A ideia de Adelaide Fernandes é perceber se a proteína S100B, presente em grandes níveis na doença, é a responsável pelo atraso na recuperação do sistema nervoso entre duas crises. Depois, o caminho será identificar moléculas biológicas capazes de nulificar a toxicidade da proteína e promover uma nova mielinização dos nervos, o que levará à recuperação dos doentes.

“Para já a nossa aposta é perceber se a proteína está a afetar o cérebro, depois pretendemos utilizar moléculas que se vão ligar a esta proteína e evitar que grandes concentrações da S100B possam danificar o cérebro”, esclarece a cientista.

Para quando uma possível aplicação do antídoto? “Gostaríamos de ter uma terapêutica eficaz daqui a pouco tempo, mas só os ensaios clínicos ditarão datas”, responde. “Talvez daqui a 5 a 10 anos tenhamos uma aplicação clínica eficaz”.

A esclerose múltipla manifesta-se por crises, acompanhadas de paralisia parcial, problemas de visão e de equilíbrio e que, a longo prazo, incapacitam o doente.

A cerimónia da entrega dos prémios da 8ª edição desta iniciativa decorre esta quarta-feira no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. As três escolhidas foram destacadas entre 80 candidaturas.

O prémio no valor de 20 mil euros pretende apoiar a investigação científica em Portugal, na área da Saúde e Ambiente, realizada por mulheres com menos de 35 anos. O galardão é entregue pelo professor Alexandre Quintanilha, professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto.

Ciência no feminino

Imagem: DR

Ana Barbas

O projeto de Ana Barbas, investigadora do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET), pretende encontrar uma forma de impedir a formação de metástases no caso do cancro da mama, uma das doenças que mais mulheres afeta em Portugal. Estima-se que 90 por cento das mortes por esta doença sejam causadas pela propagação do cancro.

Uma forma de travar a capacidade de o cancro criar novos vasos sanguíneos e expandir-se – processo designado de angiogénese – é impedir a comunicação entre a Jagged2 e a Notch1, duas proteínas que promovem o crescimento do tumor quando articuladas.

A investigadora do IBET propõe-se a criar anticorpos que detetem e ataquem especificamente a Jagged2 antes de a proteína se ligar à Notch1.

“Normalmente em tecidos normais a comunicação entre a Jagged2 e a Notch1 já existe, só que no caso do cancro da mama essa ligação é descontrolada, e há uma produção exagerada de Jagged2”, explica a investigadora ao SAPO.

“Creio que daqui a um ano e meio, dois, tenhamos os resultados preliminares da criação de anticorpos”, indica. O próximo passo são “testes em linhas celulares e em modelos de ratinhos” e talvez daqui a 5 anos, caso haja investimento por parte da indústria farmacêutica, se obtenha uma terapêutica com possibilidade de aplicação, prognostica a investigadora, que pretende continuar a trabalhar em Portugal.

Inês Sousa

A investigadora do Instituto de Medicina Molecular, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e do Instituto Gulbenkian de Ciência, está a identificar uma patologia pulmonar rara, pouco conhecida e também pouco estudada: o pneumotórax espontâneo primário. A doença caracteriza-se pela formação de uma bolha de ar cuja pressão pode provocar o colapso de um ou de ambos os pulmões, sem causa médica aparente, e incide, sobretudo, em homens com 18 a 35 anos, altos, magros, fumadores ou desportistas.

“O meu objetivo é identificar as variantes genéticas que levam ao risco de incidência e recorrência desta doença num indivíduo”, conta a investigadora.

“Este meu trabalho está dividido em três fases e no futuro gostaria de criar um diagnóstico molecular para a doença e criar uma terapêutica, o que teria um impacto grande na qualidade de vida destas pessoas”, comenta Inês Sousa, que recorda que não há ainda um tratamento definitivo para a patologia.

A investigadora salienta, porém, que não é provável a criação de uma terapia com possível aplicação antes dos próximos 10 anos.

Adelaide Fernandes

Adelaide Fernandes, professora auxiliar da Faculdade de Farmácia, da Universidade de Lisboa, foi outra das cientistas distinguidas com a sua investigação sobre esclerose múltipla, um distúrbio que afeta mais de um milhão de pessoas em todo o mundo e cerca de cinco mil em Portugal.

A doença ataca a bainha dos nervos, cujo principal elemento é a mielina, uma proteína sem a qual os impulsos nervosos não conseguiriam percorrer as fibras nervosas.

O projeto do Instituto de Investigação do Medicamento e das Ciências Farmacêuticas, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, em parceria com o Instituto de Tecnologia Química e Biológica, da Universidade Nova, e um grupo de trabalho do centro de investigação médica e tecnológica Inserm, em França, pretende descobrir a verdadeira causa da doença, responsável pela crescente incapacitação do seu portador.

A ideia de Adelaide Fernandes é perceber se a proteína S100B, presente em grandes níveis na doença, é a responsável pelo atraso na recuperação do sistema nervoso entre duas crises. Depois, o caminho será identificar moléculas biológicas capazes de nulificar a toxicidade da proteína e promover uma nova mielinização dos nervos, o que levará à recuperação dos doentes.

“Para já a nossa aposta é perceber se a proteína está a afetar o cérebro, depois pretendemos utilizar moléculas que se vão ligar a esta proteína e evitar que grandes concentrações da S100B possam danificar o cérebro”, esclarece a cientista.

Para quando uma possível aplicação do antídoto? “Gostaríamos de ter uma terapêutica eficaz daqui a pouco tempo, mas só os ensaios clínicos ditarão datas”, responde. “Talvez daqui a 5 a 10 anos tenhamos uma aplicação clínica eficaz”.

A esclerose múltipla manifesta-se por crises, acompanhadas de paralisia parcial, problemas de visão e de equilíbrio e que, a longo prazo, incapacitam o doente.

A cerimónia da entrega dos prémios da 8ª edição desta iniciativa decorre esta quarta-feira no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. As três escolhidas foram destacadas entre 80 candidaturas.

O prémio no valor de 20 mil euros pretende apoiar a investigação científica em Portugal, na área da Saúde e Ambiente, realizada por mulheres com menos de 35 anos. O galardão é entregue pelo professor Alexandre Quintanilha, professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto.

marcar artigo