Foto de gilesleitao A CANÇÃO POSSÍVELPoderei ainda, amor, cantaro exercício da insuportável ternurasem que a vida sucumbaàs cicatrizes do passado?Por mais que digamos,as nossas bocas morrendo uma na outra,entre espasmos,ainda a rosa é pálidae os nossos dedos não passarão de mendigosque se tocam na espuma dos dias.Por mais que digamos,as palavras jamais saberão o caminhoque lhes é devido,o caminho das flores do silêncioesse o único que salva o amor,cravando-o na boca de Deus.É noite, ainda, meu amor,e a lua vem beijar-te os ombroso teu corpo procura o lugar do meu,como se nenhum outro coubesse dentro deleantigo como a noite.E os dedos serão ainda em torno da luz,buscando a chama, o fruto,a ferida que as tuas palavrasrasgaram no meu corpoem volta dessa insuportável ternura.Maria João Cantinho
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Foto de gilesleitao A CANÇÃO POSSÍVELPoderei ainda, amor, cantaro exercício da insuportável ternurasem que a vida sucumbaàs cicatrizes do passado?Por mais que digamos,as nossas bocas morrendo uma na outra,entre espasmos,ainda a rosa é pálidae os nossos dedos não passarão de mendigosque se tocam na espuma dos dias.Por mais que digamos,as palavras jamais saberão o caminhoque lhes é devido,o caminho das flores do silêncioesse o único que salva o amor,cravando-o na boca de Deus.É noite, ainda, meu amor,e a lua vem beijar-te os ombroso teu corpo procura o lugar do meu,como se nenhum outro coubesse dentro deleantigo como a noite.E os dedos serão ainda em torno da luz,buscando a chama, o fruto,a ferida que as tuas palavrasrasgaram no meu corpoem volta dessa insuportável ternura.Maria João Cantinho