Rio anuncia candidatura e atira a Montenegro: contra um PSD “liberal” e sem tolerar “deslealdades”

21-10-2019
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Foi no Porto, num hotel na zona da Boavista, que Rui Rio confirmou uma recandidatura anunciada. Com um cartaz laranja elucidativo — “Portugal ao centro” —, o líder do PSD justificou o passo dizendo que uma “não recandidatura” iria “fragmentar” ainda mais o partido. Disse também que o PSD “não pode ser uma força partidária ideologicamente vazia e liberal” — e assim deu o primeiro tiro em Luís Montenegro. Por outro lado, frisou, o partido também “não pode ser dominado pelo cinismo e pela hipocrisia do politicamente correto”. É por isso que Rio quer estar ao meio: o PSD precisa, acredita o atual líder, de uma liderança que defenda a social-democracia e mantenha o partido no centro político. Rui Rio sabe que vai concorrer com essa ideia contra (pelo menos) Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, que também já se apresentaram.

Antes de começar a disparar sobre a concorrência interna, a voz tremeu a Rio, ao dizer que não fará aos outros o que lhe fizeram a ele. “Irei eu próprio assumir a liderança da bancada” parlamentar do PSD, até às eleições do próximo congresso nacional do partido, em fevereiro. É nessa altura que será escolhido em definitivo o novo líder da bancada laranja.

Na plateia estavam figuras como o vice Salvador Malheiro, o candidato número um pelo Porto e agora deputado Hugo Carvalho, o também recém-eleito pela Póvoa de Varzim Afonso Oliveira, o deputado Paulo Rios e ainda o histórico Silva Peneda. Ouviram o atual líder do PSD atirar aos adversários internos: “Não estou disponível para enfrentar deslealdades nem boicotes internos, como tenho feito sucessivamente”, dando como exemplo “o golpe de janeiro passado, em que alguns tentaram fazer no PSD o que se fez no PS em 2014” [quando da troca de António José Seguro por António Costa].

Por isso, o líder do PSD afiança que a sua decisão foi tomada com ponderação e sem imperativos de ordem tática. Foi, garante, ditada por “inúmeros apelos” que lhe foram feitos desde a noite eleitoral e que não pôde deixar de ter em conta, sob pena, alega, de a sua “não recandidatura poder levar o partido a uma grave fragmentação de consequências imprevisíveis para o futuro”.

Ainda para dentro, Rio não resistiu a citar o inimigo de estimação Miguel Relvas: “Quando diz que eu não gosto do partido, tem seguramente uma parte da razão do seu lado...porque eu, muitas vezes, não gosto mesmo nada do que vejo nos partidos políticos, incluindo o meu”, sublinhou, depois de jurar que gosta muito do PPD a que aderiu há 40 anos e do que o PSD fez pelo país nos mesmos 40 anos.

Ainda sobre a derrota nas legislativas, voltou a contentar-se com o poucochinho: “Os quase 28% de votos nas recentes eleições significam que um milhão e meio de portugueses confiaram no PSD com esta liderança e não com a de quem tudo tem feito para a destruir”, afirmou, na pequena sala escolhida para o anúncio da recandidatura. “Tive de pesar entre a minha pessoal e profissional e a vida do partido e do país. Mas ao servir o PSD, evitando que se fragmente, estou também a servir o país”, comentou por fim, arrancando aplausos da plateia.

Citando Ortega y Gasset (o Homem é ele e a sua circunstância), Rui Rio avisou que lhe compete colocar o interesse público acima de tudo, sendo que o que está em jogo “é demasiado importante” para que a sua decisão fosse outra que não a de avançar e conduzir o PSD nas próximas eleições autárquicas, em 2021.

Uma recandidatura anunciada

A notícia de que Rui Rio iria ser candidato fez manchete no Expresso deste sábado, num texto em que se explicava a estratégia que o atual líder iria seguir: suspender o diálogo com o PS, rentabilizar a imagem de assertividade construída durante a campanha para as legislativas de 6 de outubro, começar uma corrida pelas bases passando àquela que Rio acredita ser a sua mais-valia: a do homem antissistema, contra o politicamente correto e contra os interesses obscuros que enquistam a democracia, mas também pelo recentramento do PSD, ao invés da de um partido mais à direita (que colará a Montenegro).

Nesse mesmo sábado, porém, o mesmo Rui Rio escreveu um pequeno texto no Twitter onde procurava desmentir a notícia:

Foi no Porto, num hotel na zona da Boavista, que Rui Rio confirmou uma recandidatura anunciada. Com um cartaz laranja elucidativo — “Portugal ao centro” —, o líder do PSD justificou o passo dizendo que uma “não recandidatura” iria “fragmentar” ainda mais o partido. Disse também que o PSD “não pode ser uma força partidária ideologicamente vazia e liberal” — e assim deu o primeiro tiro em Luís Montenegro. Por outro lado, frisou, o partido também “não pode ser dominado pelo cinismo e pela hipocrisia do politicamente correto”. É por isso que Rio quer estar ao meio: o PSD precisa, acredita o atual líder, de uma liderança que defenda a social-democracia e mantenha o partido no centro político. Rui Rio sabe que vai concorrer com essa ideia contra (pelo menos) Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, que também já se apresentaram.

Antes de começar a disparar sobre a concorrência interna, a voz tremeu a Rio, ao dizer que não fará aos outros o que lhe fizeram a ele. “Irei eu próprio assumir a liderança da bancada” parlamentar do PSD, até às eleições do próximo congresso nacional do partido, em fevereiro. É nessa altura que será escolhido em definitivo o novo líder da bancada laranja.

Na plateia estavam figuras como o vice Salvador Malheiro, o candidato número um pelo Porto e agora deputado Hugo Carvalho, o também recém-eleito pela Póvoa de Varzim Afonso Oliveira, o deputado Paulo Rios e ainda o histórico Silva Peneda. Ouviram o atual líder do PSD atirar aos adversários internos: “Não estou disponível para enfrentar deslealdades nem boicotes internos, como tenho feito sucessivamente”, dando como exemplo “o golpe de janeiro passado, em que alguns tentaram fazer no PSD o que se fez no PS em 2014” [quando da troca de António José Seguro por António Costa].

Por isso, o líder do PSD afiança que a sua decisão foi tomada com ponderação e sem imperativos de ordem tática. Foi, garante, ditada por “inúmeros apelos” que lhe foram feitos desde a noite eleitoral e que não pôde deixar de ter em conta, sob pena, alega, de a sua “não recandidatura poder levar o partido a uma grave fragmentação de consequências imprevisíveis para o futuro”.

Ainda para dentro, Rio não resistiu a citar o inimigo de estimação Miguel Relvas: “Quando diz que eu não gosto do partido, tem seguramente uma parte da razão do seu lado...porque eu, muitas vezes, não gosto mesmo nada do que vejo nos partidos políticos, incluindo o meu”, sublinhou, depois de jurar que gosta muito do PPD a que aderiu há 40 anos e do que o PSD fez pelo país nos mesmos 40 anos.

Ainda sobre a derrota nas legislativas, voltou a contentar-se com o poucochinho: “Os quase 28% de votos nas recentes eleições significam que um milhão e meio de portugueses confiaram no PSD com esta liderança e não com a de quem tudo tem feito para a destruir”, afirmou, na pequena sala escolhida para o anúncio da recandidatura. “Tive de pesar entre a minha pessoal e profissional e a vida do partido e do país. Mas ao servir o PSD, evitando que se fragmente, estou também a servir o país”, comentou por fim, arrancando aplausos da plateia.

Citando Ortega y Gasset (o Homem é ele e a sua circunstância), Rui Rio avisou que lhe compete colocar o interesse público acima de tudo, sendo que o que está em jogo “é demasiado importante” para que a sua decisão fosse outra que não a de avançar e conduzir o PSD nas próximas eleições autárquicas, em 2021.

Uma recandidatura anunciada

A notícia de que Rui Rio iria ser candidato fez manchete no Expresso deste sábado, num texto em que se explicava a estratégia que o atual líder iria seguir: suspender o diálogo com o PS, rentabilizar a imagem de assertividade construída durante a campanha para as legislativas de 6 de outubro, começar uma corrida pelas bases passando àquela que Rio acredita ser a sua mais-valia: a do homem antissistema, contra o politicamente correto e contra os interesses obscuros que enquistam a democracia, mas também pelo recentramento do PSD, ao invés da de um partido mais à direita (que colará a Montenegro).

Nesse mesmo sábado, porém, o mesmo Rui Rio escreveu um pequeno texto no Twitter onde procurava desmentir a notícia:

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