Estado da Nação: A “Geringonça” continua “no coração” dos socialistas, palavra de primeiro-ministro

10-07-2019
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O debate parlamentar sobre o estado da nação confirmou não só os problemas na "Geringonça", apesar de o primeiro-ministro a continuar a ter "no coração", mas também a fratura entre esquerda e direita, o ‘cimento’ da sua criação.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

"A Geringonça está não só no nosso coração, como também na nossa cabeça, com a mesma determinação como a começámos a construir com o PCP e PEV, que com satisfação vimos juntar-se o Bloco de Esquerda", acentuou António Costa, em resposta a dúvidas colocadas pela deputada bloquista Mariana Mortágua.

Antes, Mariana Mortágua tinha questionado a real vontade dos socialistas em continuarem a alinhar com a esquerda: “O BE nunca faltou a esta maioria parlamentar. Resta saber se o PS vai falhar à esquerda", advertiu.

Mas António Costa já tinha dissipado as dúvidas, numa resposta ao líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, ao assegurar que a “Geringonça” continua “no coração” dos socialistas.

"Estamos não só com o coração, mas também com humildade e sem duplicidade. É assim que continuaremos até ao fim", frisou o primeiro-ministro.

Costa advertiu, contudo, que o executivo não sacrificará os resultados e o rumo até agora seguido pelo seu Governo no último ano antes das eleições e salientou que o Orçamento do Estado para 2019 será de continuidade. Recorreu a indicadores para mostrar que o país está hoje melhor, mas salientou que o caminho tem de percorrer-se "sem recuos ou impasses" com estabilidade e manutenção da confiança.

A promessas de fidelidade entre os partidos da esquerda, que se aliaram em 2015 para travar a governação PSD-CDS liderada por Pedro Passos Coelho, não calaram, contudo, as críticas à governação socialista por parte do PCP, BE e PEV, com críticas centradas nas áreas da saúde, educação e trabalho, entre outras.

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, apontou o dedo à preocupação com o défice e a dívida, recordando que "não há dinheiro para tudo, mas sobra sempre muito para uns poucos".

O líder comunista lembrou, a propósito, que a situação dos portugueses melhora de cada vez que o PS converge com o PCP.

“Quando o PS converge com o PCP, a vida dos trabalhadores e do povo melhora. Se não se foi mais longe, foi porque o Governo e o PS fizeram outras opções e decidiram-se por outras convergências", salientou, após enumerar diversas iniciativas de devolução de remunerações ou reversões da política da anterior governação PSD/CDS-PP.

Mas se transpareceram os problemas na “Geringonça”, ficou também evidente que se mantém a fratura entre a esquerda a direita, bem parente na intervenção de Heloísa Apolónia, do partido “Os Verdes”.

“Esta direita é mentirosa”, acusou Heloísa Apolónia, que atacou PSD e CDS pela “forte demagogia” assumida neste debate.

Apesar de críticas à “marcha-atrás” do governo na revisão das leis laborais, Heloísa Apolónia optou por centrar as maiores críticas na direita: “Quando governou, nada era possível, na oposição, tudo é possível”, acusou.

A deputada do PEV recolheu mesmo aplausos das bancadas do PS, PCP e BE quando disse que PSD e CDS votaram contra “tudo o que era para repor dignidade aos portugueses” nos salários, nas pensões ou a reposição dos feriados.

Antes, o PSD, através de Adão Silva, acusou o Governo de “mutilar” o Serviço Nacional de Saúde e considerou que a atual solução governativa está em "exercício de desmantelamento”, com os parceiros “aos encontrões”.

Uma ideia reiterada pouco depois pelo líder parlamentar social-democrata, Fernando Negrão, para quem a solução governativa “está esgotada” e é apenas “demagógica e ilusionista”.

“Porque estamos em tempo de balanço, só podemos concluir que quem conduz hoje o país é uma maioria que tem tanto de demagógica como de ilusionista, cujo único projeto comum é o desejo de manter as aparências de estabilidade, pois só essa estabilidade lhe garante a manutenção do poder”, sustentou.

Pelo CDS-PP, o líder parlamentar, Nuno Magalhães, foi o primeiro a 'abrir as hostilidades' ao afirmar que o Governo se arrisca a ficar para a história como "carrasco do Serviço Nacional de Saúde", falando numa situação de rutura naquela área.

"Aquele partido e aquela maioria, que tantas vezes falam no Serviço Nacional de Saúde, arriscam-se, se o senhor não puser um travão - e a responsabilidade é sua -, às cativações Centeno, a ser o carrasco do Serviço Nacional de Saúde e ficar para a história com esse epíteto, senhor primeiro-ministro", defendeu Nuno Magalhães.

Pouco depois, a líder centrista classificou o CDS como a alternativa "não socialista", fora do "bloco central de interesses", ao qual chamou "eterno tratado de Tordesilhas da política portuguesa".

O deputado único do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), André Silva, criticou o “estado de negação” dos políticos que continuam a tomar decisões à custa do ambiente ou a não avançar com a renegociação da dívida pública, apontando, designadamente, política energética, quando o “Governo já assume a contradição de querer descarbonizar a economia e cumprir as metas de Paris, explorando petróleo na costa Portuguesa”.

O debate de hoje no plenário da Assembleia da República ficou ainda marcado pelo anúncio do primeiro-ministro de que a cultura terá o maior orçamento de sempre em 2019, que as verbas para investigação vão atingir 1,5% do PIB e que a proposta do Governo terá estímulos fiscais para apoio à mobilidade familiar no acesso à habitação.

O debate parlamentar sobre o estado da nação confirmou não só os problemas na "Geringonça", apesar de o primeiro-ministro a continuar a ter "no coração", mas também a fratura entre esquerda e direita, o ‘cimento’ da sua criação.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

"A Geringonça está não só no nosso coração, como também na nossa cabeça, com a mesma determinação como a começámos a construir com o PCP e PEV, que com satisfação vimos juntar-se o Bloco de Esquerda", acentuou António Costa, em resposta a dúvidas colocadas pela deputada bloquista Mariana Mortágua.

Antes, Mariana Mortágua tinha questionado a real vontade dos socialistas em continuarem a alinhar com a esquerda: “O BE nunca faltou a esta maioria parlamentar. Resta saber se o PS vai falhar à esquerda", advertiu.

Mas António Costa já tinha dissipado as dúvidas, numa resposta ao líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, ao assegurar que a “Geringonça” continua “no coração” dos socialistas.

"Estamos não só com o coração, mas também com humildade e sem duplicidade. É assim que continuaremos até ao fim", frisou o primeiro-ministro.

Costa advertiu, contudo, que o executivo não sacrificará os resultados e o rumo até agora seguido pelo seu Governo no último ano antes das eleições e salientou que o Orçamento do Estado para 2019 será de continuidade. Recorreu a indicadores para mostrar que o país está hoje melhor, mas salientou que o caminho tem de percorrer-se "sem recuos ou impasses" com estabilidade e manutenção da confiança.

A promessas de fidelidade entre os partidos da esquerda, que se aliaram em 2015 para travar a governação PSD-CDS liderada por Pedro Passos Coelho, não calaram, contudo, as críticas à governação socialista por parte do PCP, BE e PEV, com críticas centradas nas áreas da saúde, educação e trabalho, entre outras.

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, apontou o dedo à preocupação com o défice e a dívida, recordando que "não há dinheiro para tudo, mas sobra sempre muito para uns poucos".

O líder comunista lembrou, a propósito, que a situação dos portugueses melhora de cada vez que o PS converge com o PCP.

“Quando o PS converge com o PCP, a vida dos trabalhadores e do povo melhora. Se não se foi mais longe, foi porque o Governo e o PS fizeram outras opções e decidiram-se por outras convergências", salientou, após enumerar diversas iniciativas de devolução de remunerações ou reversões da política da anterior governação PSD/CDS-PP.

Mas se transpareceram os problemas na “Geringonça”, ficou também evidente que se mantém a fratura entre a esquerda a direita, bem parente na intervenção de Heloísa Apolónia, do partido “Os Verdes”.

“Esta direita é mentirosa”, acusou Heloísa Apolónia, que atacou PSD e CDS pela “forte demagogia” assumida neste debate.

Apesar de críticas à “marcha-atrás” do governo na revisão das leis laborais, Heloísa Apolónia optou por centrar as maiores críticas na direita: “Quando governou, nada era possível, na oposição, tudo é possível”, acusou.

A deputada do PEV recolheu mesmo aplausos das bancadas do PS, PCP e BE quando disse que PSD e CDS votaram contra “tudo o que era para repor dignidade aos portugueses” nos salários, nas pensões ou a reposição dos feriados.

Antes, o PSD, através de Adão Silva, acusou o Governo de “mutilar” o Serviço Nacional de Saúde e considerou que a atual solução governativa está em "exercício de desmantelamento”, com os parceiros “aos encontrões”.

Uma ideia reiterada pouco depois pelo líder parlamentar social-democrata, Fernando Negrão, para quem a solução governativa “está esgotada” e é apenas “demagógica e ilusionista”.

“Porque estamos em tempo de balanço, só podemos concluir que quem conduz hoje o país é uma maioria que tem tanto de demagógica como de ilusionista, cujo único projeto comum é o desejo de manter as aparências de estabilidade, pois só essa estabilidade lhe garante a manutenção do poder”, sustentou.

Pelo CDS-PP, o líder parlamentar, Nuno Magalhães, foi o primeiro a 'abrir as hostilidades' ao afirmar que o Governo se arrisca a ficar para a história como "carrasco do Serviço Nacional de Saúde", falando numa situação de rutura naquela área.

"Aquele partido e aquela maioria, que tantas vezes falam no Serviço Nacional de Saúde, arriscam-se, se o senhor não puser um travão - e a responsabilidade é sua -, às cativações Centeno, a ser o carrasco do Serviço Nacional de Saúde e ficar para a história com esse epíteto, senhor primeiro-ministro", defendeu Nuno Magalhães.

Pouco depois, a líder centrista classificou o CDS como a alternativa "não socialista", fora do "bloco central de interesses", ao qual chamou "eterno tratado de Tordesilhas da política portuguesa".

O deputado único do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), André Silva, criticou o “estado de negação” dos políticos que continuam a tomar decisões à custa do ambiente ou a não avançar com a renegociação da dívida pública, apontando, designadamente, política energética, quando o “Governo já assume a contradição de querer descarbonizar a economia e cumprir as metas de Paris, explorando petróleo na costa Portuguesa”.

O debate de hoje no plenário da Assembleia da República ficou ainda marcado pelo anúncio do primeiro-ministro de que a cultura terá o maior orçamento de sempre em 2019, que as verbas para investigação vão atingir 1,5% do PIB e que a proposta do Governo terá estímulos fiscais para apoio à mobilidade familiar no acesso à habitação.

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