Especial eleições: PS ganha e tenta nova geringonça. Cristas cai mas Rio não. E o recorde de partidos na AR

14-10-2019
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TIAGO MIRANDA

Bom dia, esta é a sua newsletter matinal do Expresso, poucas horas depois dos portugueses terem ido votar e deixado o país um pouco mais cor de rosa que na véspera.

Como ficou o país depois destas legislativas?

PS 36,65%

PSD 27,90%

BE 9,67%

PCP-PEV 6,46%

CDS 4,25%

PAN 3,28%

Chega 1,30%

Iniciativa Liberal 1,29%

Livre 1,09%

E em deputados na AR?

PS 106

PSD 77

BE 19

PCP-PEV 12

CDS 5

PAN 4

Chega 1

Iniciativa Liberal 1

Livre 1

(faltam os habituais quatro deputados dos círculos da emigração, que só serão conhecidos nos próximos dias, para perfazer os 230).

Vamos à política. Que quer isto tudo dizer para o futuro político do país?

Aqui lhe deixo o link essencial com todos os resultados, a distribuição dos deputados, qual a votação no seu concelho e na sua freguesia e quais as maiorias absolutas que podem vir a ser formadas.

E aqui o texto global de análise da noite eleitoral.

O PS venceu as eleições com uma margem de nove pontos para o PSD mas ficou longe de conseguir uma maioria absoluta dos deputados na AR (só atingida com... Sócrates). Para ter uma maioria estável para governar, Costa vai precisar de pelo menos um dos partidos da geringonça (PCP ou Bloco), mesmo que se socorra dos deputados do PAN, que quadruplica, e do Livre.

António Costa sinalizou isso mesmo no discurso de vitória da noite eleitoral, lembrando que os portugueses gostaram da geringonça e que agora a ideia é não só repeti-la como alargá-la a outras forças, como o Livre de Rui Tavares e o PAN reforçado de André Silva. Uma espécie de renovação dos votos de casamento, mas com mais parceiros...

(aqui fica o texto sobre a noite eleitoral socialista)

Pelo lado de Rui Rio, a queda do partido para valores junto dos 28 por cento dos votos, apesar de ser dos piores resultados de sempre, permitiu ao líder do PSD dizer que não houve nenhum desastre nem nenhuma hecatombe, e deixar ainda no ar que não vai atirar a toalha ao chão e que deverá recandidatar-se a líder do partido (embora não o tenha dito explicitamente). Pelo meio, Rio fez um daqueles discursos à Rio, atacando por exemplo a comunicação social (nomeou diretamente o Expresso e a SIC).

(aqui fica o texto sobre a noite eleitoral laranja)

A grande novidade política da noite veio de Assunção Cristas, curiosamente a primeira líder partidária a falar aos portugueses. Demite-se, vai-se embora e agora está aberto o processo de sucessão da sua liderança. Motivo? O regresso do partido aos tempos da bancada do táxi (em bom rigor, um táxi mais um passageiro). Até agora, tinha 18 deputados mas vai ficar-se pelos cinco…

(aqui fica o texto da noite eleitoral centrista)

À esquerda, Bloco e PCP mantiveram-se como terceira e quarta forças políticas, mas com resultados que devem ser lidos politicamente de forma distinta.

Os bloquistas de Catarina Martins perderam 50 mil votos mas mantém o número de deputados na AR - não sobem nem descem.

Os comunistas têm perdas bem maiores, de mais de cem mil votos nas urnas, o que faz com que passem a ter menos cinco deputados no Parlamento (ainda assim, Jerónimo promete continuar), de 17 para 12.

Quanto às restantes forças, o PAN quadruplica a sua presença, mais que duplica o número de votos… e André Silva promete atender o telefone de Costa para negociar, quando este chegar. Mais um para a geringonça...

O Livre, de Rui Tavares (que não vai ser deputado) chega finalmente ao Parlamento, com a negra Joacine, depois de ter falhado a eleição em 2015 (curiosamente quando foi a primeira força a defender a aliança das esquerdas, que seria feita sem a sua presença).

Outras novidades significativas são a estreia no Parlamento da Iniciativa Liberal, e ainda do Chega, de André Ventura.

Sobre estas três novas forças, pode ainda ler estes textos (Livre, Chega e Iniciativa Liberal) que explicam melhor quem são e o que defendem e ao que vêm.

Nota ainda para o falhanço de Santana Lopes, que depois de deixar o seu PSD de sempre formou a Aliança, mas não conseguiu entrar no Parlamento. E isto logo na eleição em que mais pequenos partidos conseguiram de uma só vez esse feito: Livre, Iniciativa Liberal e Chega. Isto para além da passagem do PAN de um para quatro deputados.

Com isto, o próximo Parlamento será aquele com mais partidos representados no Parlamento. Dez! Um recorde na nossa democracia.

Aqui pode olhar para os resultados distrito a distrito e perceber o que mudou face a 2015 e que levou a que desta vez o PS pudesse cantar vitória em 15 dos vinte círculos do continente e ilhas.

Recorde também, mas pela negativa, foi o valor da abstenção, que voltou a subir nestas eleições. 45,5%.

Agora, a bola está do lado do Presidente da República que deverá começar já terça-feira a receber um por um os dez partidos com assento parlamentar, para a indigitação de um primeiro-ministro, que será António Costa.

Na opinião, vale a pena ler o Daniel Oliveira e o João Vieira Pereira.

Para terminar este longo capítulo eleitoral, deixo-lhe ainda estes quatro links.

O primeiro sobre o trabalho que fomos fazendo ao longo da noite eleitoral ao vivo na redacção.

O segundo sobre qual o estado da economia que o novo governo de António Costa se prepara para encontrar.

O terceiro e o quarto são trabalhos sobre os resultados eleitorais e contém alguns dos dados mais significativos destas eleições e que podem ser bem úteis, por exemplo, quando estiver no café a discutir o tema com amigos e colegas. Exemplos? Onde é que o PS teve mais votos? E o PSD? Quem votou em Tino de Rans? E quantos votos teve o PAN em Barrancos?

OUTRAS NOTÍCIAS

Ainda do fim de semana, e pela relevância, deixo-lhe as imagens do último adeus a Freitas do Amaral.

Bem como o relato do dia em que José Tolentino de Mendonça se tornou cardeal.

Na Blitz, destaque para os trabalhos relacionados com os vinte anos da morte de Amália Rodrigues, que se assinalaram este fim de semana. Aqui pode ler ou reler uma entrevista da fadista em 1990. E aqui ficamos a saber que o próximo ano vai ser fértil em novidades sobre Amália, dos discos aos filmes.

Em Moçambique, no dia 15 escolhe-se o Parlamento e o novo Presidente mas a campanha tem sido marcada por um clima de forte tensão.

No processo de destituição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos, sabe-se agora que há uma segunda testemunha das pressões exercidas sobre o presidente da Ucrânia para que investigasse os negócios do clã Biden no país da Europa de Leste. Sobre este assunto, vale ainda a pena ler a entrevista a um antigo porta-voz de Trump, feita pelo correspondente do Expresso nos EUA.

As negociações entre emissários da Coreia do Norte e dos EUA sobre o processo de desnuclearização do país asiático não correram bem...

EUA abrem caminho a operação militar turca contra forças curdas no nordeste da Síria

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu a Bruxelas que aproveite a oportunidade criada pela sua proposta para o Brexit negociado, de forma a evitar uma saída sem qualquer acordo já no final deste mês. Macron diz a Boris Johnson que UE poderá tomar decisão sobre últimas propostas até final da semana.

O governo iraquiano anunciou um conjunto de medidas de cariz social para travar o descontentamento no país.

O banco HSBC iniciou um processo de reestruturação que pode levar a qualquer coisa como 10 mil despedimentos.

O responsável por uma equipa de basket da NBA colocou uma mensagem no Twitter de apoio aos protestos populares em Hong Kong. O post foi retirado pouco depois perante o furacão que estava a gerar com a China, que é um fortíssimo investidor no basquetebol norte-americano, que além de ser um desporto é também um negócio com muitos zeros.

Esta vai ser semana de atribuição de Prémios Nobel. Destaque naturalmente para a Literatura, que na quinta-feira vai ter não um mas dois vencedores, relativos a 2018 e 2019, depois da polémica que levou à suspensão no ano passado.

Antes da exumação dos restos mortais de Franco, muitos espanhóis aproveitam e vão em romaria ao Vale dos Caídos.

DESPORTO

No futebol, e com o campeonato caseiro em folgas (para a semana há selecção nacional), destaque para a vitória do Flamengo de Jorge Jesus no Brasil e para o triunfo dos Wolves em Inglaterra contra o Manchester City.

Extra-futebol, o fim de semana foi fértil. Repare:

a portuguesa Patrícia Mamona ficou em 8º lugar na prova de triplo salto nos Mundiais de Atletismo, em Doha. A ginasta Filipa Martins garantiu a presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Miguel Oliveira ficou em 16º lugar no Grande Prémio da Tailândia, em que o espanhol Marquez garantiu o sexto título mundial da competição rainha do motociclismo.

Otto Tanak está mais perto de conquistar o primeiro título no mundial de ralis, depois de vencer a prova da Grá-Bretanha.

O líder do ranking munida de ténis, Novak Djokovic, regressou à competição e venceu a prova ATP de Tóquio.

No mundial de Rugby, a Nova Zelândia bateu o recorde de pontos num jogo e a França e Inglaterra garantiram a presença nos quartos de final da prova.

O QUE ANDO A LER

A propósito de eleições e de política e do futuro das nossas democracias, deixo aqui os links de dois textos de fôlego publicados no fim de semana. Este, na Revista do Expresso, com o título “De que falamos quando falamos de populismo?”. E este, no Financial Times, de Simon Schama, intitulado “Who Speaks for the people?”, em que se analisa o facto de as instituições e democracias liberais estarem sob ataques de líderes que reclamam representar precisamente o sentimento do povo.

No último fim de semana, em reflexão pré-eleitoral, peguei na obra “Mais 35 anos de democracia – um percurso singular”, o terceiro e último volume das memórias políticas de Diogo Freitas do Amaral, o fundador do CDS e uma das figuras maiores da nossa democracia política (essencial no papel de criação e consolidação da democracia partidária ao lado de nomes como Mário Soares, Sá Carneiro e Álvaro Cunhal).

A obra foi lançada no último verão e foi editada pela Bertrand Editora. É indiscutivelmente um contributo essencial para perceber o que foi a política em Portugal nas últimas décadas. Este livro abarca o período entre 1982, quando termina a AD e Freitas deixa pela primeira vez a liderança do CDS, e 2017.

Dos muitos episódios relatados na obra, destaque sobretudo para os capítulos dedicados à luta nas presidenciais de 1986. A eleição mais emocionante, disputada e a que mais dividiu o país político nas últimas décadas. Freitas do Amaral relata com detalhe todo o processo, contando desde episódios mais relevantes, como a forma como foi abordado por Cavaco Silva antes de se candidatar, até pormenores pitorescos mais deliciosos como o surgimento do slogan “Prá Frente Portugal” ou como o loden verde se tornou um ícone da sua candidatura.

(um aparte para sublinhar como a obra, embora de grande interesse, talvez precise de uma revisão científica em próximas edições, para evitar erros históricos como a referência à existência do governo Pintassilgo e ao Conselho da Revolução...no ano de 1985!).

Ainda assim, uma obra de grande interesse.

Fico por aqui. Boas leituras e um excelente início de semana.

TIAGO MIRANDA

Bom dia, esta é a sua newsletter matinal do Expresso, poucas horas depois dos portugueses terem ido votar e deixado o país um pouco mais cor de rosa que na véspera.

Como ficou o país depois destas legislativas?

PS 36,65%

PSD 27,90%

BE 9,67%

PCP-PEV 6,46%

CDS 4,25%

PAN 3,28%

Chega 1,30%

Iniciativa Liberal 1,29%

Livre 1,09%

E em deputados na AR?

PS 106

PSD 77

BE 19

PCP-PEV 12

CDS 5

PAN 4

Chega 1

Iniciativa Liberal 1

Livre 1

(faltam os habituais quatro deputados dos círculos da emigração, que só serão conhecidos nos próximos dias, para perfazer os 230).

Vamos à política. Que quer isto tudo dizer para o futuro político do país?

Aqui lhe deixo o link essencial com todos os resultados, a distribuição dos deputados, qual a votação no seu concelho e na sua freguesia e quais as maiorias absolutas que podem vir a ser formadas.

E aqui o texto global de análise da noite eleitoral.

O PS venceu as eleições com uma margem de nove pontos para o PSD mas ficou longe de conseguir uma maioria absoluta dos deputados na AR (só atingida com... Sócrates). Para ter uma maioria estável para governar, Costa vai precisar de pelo menos um dos partidos da geringonça (PCP ou Bloco), mesmo que se socorra dos deputados do PAN, que quadruplica, e do Livre.

António Costa sinalizou isso mesmo no discurso de vitória da noite eleitoral, lembrando que os portugueses gostaram da geringonça e que agora a ideia é não só repeti-la como alargá-la a outras forças, como o Livre de Rui Tavares e o PAN reforçado de André Silva. Uma espécie de renovação dos votos de casamento, mas com mais parceiros...

(aqui fica o texto sobre a noite eleitoral socialista)

Pelo lado de Rui Rio, a queda do partido para valores junto dos 28 por cento dos votos, apesar de ser dos piores resultados de sempre, permitiu ao líder do PSD dizer que não houve nenhum desastre nem nenhuma hecatombe, e deixar ainda no ar que não vai atirar a toalha ao chão e que deverá recandidatar-se a líder do partido (embora não o tenha dito explicitamente). Pelo meio, Rio fez um daqueles discursos à Rio, atacando por exemplo a comunicação social (nomeou diretamente o Expresso e a SIC).

(aqui fica o texto sobre a noite eleitoral laranja)

A grande novidade política da noite veio de Assunção Cristas, curiosamente a primeira líder partidária a falar aos portugueses. Demite-se, vai-se embora e agora está aberto o processo de sucessão da sua liderança. Motivo? O regresso do partido aos tempos da bancada do táxi (em bom rigor, um táxi mais um passageiro). Até agora, tinha 18 deputados mas vai ficar-se pelos cinco…

(aqui fica o texto da noite eleitoral centrista)

À esquerda, Bloco e PCP mantiveram-se como terceira e quarta forças políticas, mas com resultados que devem ser lidos politicamente de forma distinta.

Os bloquistas de Catarina Martins perderam 50 mil votos mas mantém o número de deputados na AR - não sobem nem descem.

Os comunistas têm perdas bem maiores, de mais de cem mil votos nas urnas, o que faz com que passem a ter menos cinco deputados no Parlamento (ainda assim, Jerónimo promete continuar), de 17 para 12.

Quanto às restantes forças, o PAN quadruplica a sua presença, mais que duplica o número de votos… e André Silva promete atender o telefone de Costa para negociar, quando este chegar. Mais um para a geringonça...

O Livre, de Rui Tavares (que não vai ser deputado) chega finalmente ao Parlamento, com a negra Joacine, depois de ter falhado a eleição em 2015 (curiosamente quando foi a primeira força a defender a aliança das esquerdas, que seria feita sem a sua presença).

Outras novidades significativas são a estreia no Parlamento da Iniciativa Liberal, e ainda do Chega, de André Ventura.

Sobre estas três novas forças, pode ainda ler estes textos (Livre, Chega e Iniciativa Liberal) que explicam melhor quem são e o que defendem e ao que vêm.

Nota ainda para o falhanço de Santana Lopes, que depois de deixar o seu PSD de sempre formou a Aliança, mas não conseguiu entrar no Parlamento. E isto logo na eleição em que mais pequenos partidos conseguiram de uma só vez esse feito: Livre, Iniciativa Liberal e Chega. Isto para além da passagem do PAN de um para quatro deputados.

Com isto, o próximo Parlamento será aquele com mais partidos representados no Parlamento. Dez! Um recorde na nossa democracia.

Aqui pode olhar para os resultados distrito a distrito e perceber o que mudou face a 2015 e que levou a que desta vez o PS pudesse cantar vitória em 15 dos vinte círculos do continente e ilhas.

Recorde também, mas pela negativa, foi o valor da abstenção, que voltou a subir nestas eleições. 45,5%.

Agora, a bola está do lado do Presidente da República que deverá começar já terça-feira a receber um por um os dez partidos com assento parlamentar, para a indigitação de um primeiro-ministro, que será António Costa.

Na opinião, vale a pena ler o Daniel Oliveira e o João Vieira Pereira.

Para terminar este longo capítulo eleitoral, deixo-lhe ainda estes quatro links.

O primeiro sobre o trabalho que fomos fazendo ao longo da noite eleitoral ao vivo na redacção.

O segundo sobre qual o estado da economia que o novo governo de António Costa se prepara para encontrar.

O terceiro e o quarto são trabalhos sobre os resultados eleitorais e contém alguns dos dados mais significativos destas eleições e que podem ser bem úteis, por exemplo, quando estiver no café a discutir o tema com amigos e colegas. Exemplos? Onde é que o PS teve mais votos? E o PSD? Quem votou em Tino de Rans? E quantos votos teve o PAN em Barrancos?

OUTRAS NOTÍCIAS

Ainda do fim de semana, e pela relevância, deixo-lhe as imagens do último adeus a Freitas do Amaral.

Bem como o relato do dia em que José Tolentino de Mendonça se tornou cardeal.

Na Blitz, destaque para os trabalhos relacionados com os vinte anos da morte de Amália Rodrigues, que se assinalaram este fim de semana. Aqui pode ler ou reler uma entrevista da fadista em 1990. E aqui ficamos a saber que o próximo ano vai ser fértil em novidades sobre Amália, dos discos aos filmes.

Em Moçambique, no dia 15 escolhe-se o Parlamento e o novo Presidente mas a campanha tem sido marcada por um clima de forte tensão.

No processo de destituição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos, sabe-se agora que há uma segunda testemunha das pressões exercidas sobre o presidente da Ucrânia para que investigasse os negócios do clã Biden no país da Europa de Leste. Sobre este assunto, vale ainda a pena ler a entrevista a um antigo porta-voz de Trump, feita pelo correspondente do Expresso nos EUA.

As negociações entre emissários da Coreia do Norte e dos EUA sobre o processo de desnuclearização do país asiático não correram bem...

EUA abrem caminho a operação militar turca contra forças curdas no nordeste da Síria

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu a Bruxelas que aproveite a oportunidade criada pela sua proposta para o Brexit negociado, de forma a evitar uma saída sem qualquer acordo já no final deste mês. Macron diz a Boris Johnson que UE poderá tomar decisão sobre últimas propostas até final da semana.

O governo iraquiano anunciou um conjunto de medidas de cariz social para travar o descontentamento no país.

O banco HSBC iniciou um processo de reestruturação que pode levar a qualquer coisa como 10 mil despedimentos.

O responsável por uma equipa de basket da NBA colocou uma mensagem no Twitter de apoio aos protestos populares em Hong Kong. O post foi retirado pouco depois perante o furacão que estava a gerar com a China, que é um fortíssimo investidor no basquetebol norte-americano, que além de ser um desporto é também um negócio com muitos zeros.

Esta vai ser semana de atribuição de Prémios Nobel. Destaque naturalmente para a Literatura, que na quinta-feira vai ter não um mas dois vencedores, relativos a 2018 e 2019, depois da polémica que levou à suspensão no ano passado.

Antes da exumação dos restos mortais de Franco, muitos espanhóis aproveitam e vão em romaria ao Vale dos Caídos.

DESPORTO

No futebol, e com o campeonato caseiro em folgas (para a semana há selecção nacional), destaque para a vitória do Flamengo de Jorge Jesus no Brasil e para o triunfo dos Wolves em Inglaterra contra o Manchester City.

Extra-futebol, o fim de semana foi fértil. Repare:

a portuguesa Patrícia Mamona ficou em 8º lugar na prova de triplo salto nos Mundiais de Atletismo, em Doha. A ginasta Filipa Martins garantiu a presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Miguel Oliveira ficou em 16º lugar no Grande Prémio da Tailândia, em que o espanhol Marquez garantiu o sexto título mundial da competição rainha do motociclismo.

Otto Tanak está mais perto de conquistar o primeiro título no mundial de ralis, depois de vencer a prova da Grá-Bretanha.

O líder do ranking munida de ténis, Novak Djokovic, regressou à competição e venceu a prova ATP de Tóquio.

No mundial de Rugby, a Nova Zelândia bateu o recorde de pontos num jogo e a França e Inglaterra garantiram a presença nos quartos de final da prova.

O QUE ANDO A LER

A propósito de eleições e de política e do futuro das nossas democracias, deixo aqui os links de dois textos de fôlego publicados no fim de semana. Este, na Revista do Expresso, com o título “De que falamos quando falamos de populismo?”. E este, no Financial Times, de Simon Schama, intitulado “Who Speaks for the people?”, em que se analisa o facto de as instituições e democracias liberais estarem sob ataques de líderes que reclamam representar precisamente o sentimento do povo.

No último fim de semana, em reflexão pré-eleitoral, peguei na obra “Mais 35 anos de democracia – um percurso singular”, o terceiro e último volume das memórias políticas de Diogo Freitas do Amaral, o fundador do CDS e uma das figuras maiores da nossa democracia política (essencial no papel de criação e consolidação da democracia partidária ao lado de nomes como Mário Soares, Sá Carneiro e Álvaro Cunhal).

A obra foi lançada no último verão e foi editada pela Bertrand Editora. É indiscutivelmente um contributo essencial para perceber o que foi a política em Portugal nas últimas décadas. Este livro abarca o período entre 1982, quando termina a AD e Freitas deixa pela primeira vez a liderança do CDS, e 2017.

Dos muitos episódios relatados na obra, destaque sobretudo para os capítulos dedicados à luta nas presidenciais de 1986. A eleição mais emocionante, disputada e a que mais dividiu o país político nas últimas décadas. Freitas do Amaral relata com detalhe todo o processo, contando desde episódios mais relevantes, como a forma como foi abordado por Cavaco Silva antes de se candidatar, até pormenores pitorescos mais deliciosos como o surgimento do slogan “Prá Frente Portugal” ou como o loden verde se tornou um ícone da sua candidatura.

(um aparte para sublinhar como a obra, embora de grande interesse, talvez precise de uma revisão científica em próximas edições, para evitar erros históricos como a referência à existência do governo Pintassilgo e ao Conselho da Revolução...no ano de 1985!).

Ainda assim, uma obra de grande interesse.

Fico por aqui. Boas leituras e um excelente início de semana.

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