Os “malabarismos” de Costa, as “coisas extraordinárias” do PAN e o “cabo de trabalhos” de Centeno

30-09-2019
marcar artigo

Gravada, esta tarde, na sede nacional do PCP, na Avenida Liberdade, a entrevista de Jerónimo de Sousa começou a ser transmitida esta noite, on line, com mais de 20 minutos de atraso. Um "problema técnico" travou, em cima da hora, o objetivo de combater taco a taco as audiências da entrevista a Costa e Rio, transmitida em direto pelos três canais generalistas de televisão. Por isso, quando a ligação on line foi estabelecida e Jerónimo de Sousa começou a falar já há muito os dois adversários políticos debatiam nas televisões, cruzando argumentos e disparando para o eleitorado do centro.

O líder comunista começou, precisamente, por explicar a razão para esta inédita iniciativa eleitoral. A combinação feita entre as estações televisivas e recusada pelo PCP passava pela transmissão em canal aberto apenas dos frente-a-frentes em que participavam Rui Rio ou António Costa. "Não podíamos pactuar com isto", disse Jerónimo. "Agir como se houvesse partidos de primeira e partidos de segunda é uma afirmação clara de discriminação", disse.

Daí para a frente, o líder comunista falou de quase tudo. Entre perguntas do público e as dirigidas pela jornalista Catarina Pires, Jerónimo de Sousa reafirmou os votos na geringoça - "fizemos bem em participar neste processo"-, elencou os vários progressos alcançados nos quatro anos de Legislatura. Mas também, não poupou críticas. A lei laboral ou as questões do défice e do sistema financeiro, são aspectos a que o Jerónimo fez questão de marcar distâncias.

"Para ficar nem visto na Europa, o Governo foi mais papista que o Papa", disparou o lider comunista, que não gostou ainda de ver o Executivo a ser "um mão rotas, ou mão mole para com os amigos da banca" e de passar "a zona de fronteira entre a Esquerda e a Direita que são os direitos laborais". Mas foi já a meio da entrevista de quase uma hora que Jerónimo dirigiu as criticas mais diretas aos membros do Governo de António Costa. O primeiro contemplado foi Mário Centeno. Sem nunca o mencionar, o responsável das Finanças foi atacado pelas suas "orientações rígidas" que travaram o investimento público, seja diretamente, seja através das cativações.

"Nós acabamos com as cativações, mas tendo em conta as orientações rigidas, primeiro que se desembrulhassem e se concedessem os financiamentos, era uma carga de trabalhos", resumiu Jerónimo.

Mais adiante, chegou a vez de António Costa. A propósito da meta de 1% do Orçamento de Estado para a Cultura, falou do "malabarismo político" do secretário geral socialista, que "juntava tudo e mais alguma coisa" para contabilizar uma verba que, afinal, nunca ficou disponivel.

"Admito que haja um ou outro descontente"

As limitações assumidas pelo líder comunista quanto ao funcionamento da geringonça não parecem pertubar o partido. Catarina Pires questionou Jerónimo de Sousa sobre a existência de criticos internos à opção tomada pelo PCP, mas o líder desvalorizou. "Para ser sincero, admito que haja um ou outro descontente, um ou outro preocupado", disse, para logo rematar que "o sentimento geral é de satisfação por ver que tinha valido a pena".

O impacto que a participação na geringonça pode vir a ter nas eleições de 6 de outubro, também não parece preocupar Jerónimo de Sousa. "Se vamos sofrer consequências eleitorais por aquilo que fizemos, então, em abono da justiça isso quer dizer que vamos ter um resultadão", disse. A ideia de que a orientação estratégica foi tomada "pela direção, pelo comité central pelo Congresso e ouvidas as bases" torna a opção sólida. "Não há coisa mais democrática do que esta", conclui.

Jerónimo falou ainda no aumento dos salarios - "uma proposta e um desafio que fazemos ao Governo". Ou de impostos, para sublinhar que "não há carga fiscal, há injustiça fiscal" e que, para o PCP, a regra é simples e passa por inverter a atual situação em que "quem muito tem, pouco paga e quem pouco tem, muito paga". Em alternativa, Jerónimo resume: "não dizemos nenhuma barbaridade - se muito tem, muito deve pagar para que o dinheiro seja aplicado onde é preciso".

O resumo da entrevista do lider comunista não ficaria completo sem uma referência às questões ambientais. E, mais concretamente, ao ataque direto feito por Jerónimo de Sousa ao líder do PAN, André Siva. "O verdadeiro partido ecologista é o PEV", disse Jerónimo, que salientou os esforços feitos pelo seu parceiro de coligação na CDU e no trabalho "pioneiro feito ao logo de muitos anos". O PEV, no entanto, "teve um problema", identificou o líder comunista, apontando o dedo à "marginalização do ponto de vista mediático" que terá atingido o partido de Heloisa Apolonia.

Mas os ataques foram mais longe. A proposito da defesa da dieta vegetariana feita por André Silva, Jerónimo ironizou. "Todos gostamos de vegetains, mas um bom bife também calha bem" e "não podemos aceitar esta visão repressiva de imposição a um povo, que tem a sua cultura e a sua gastronomia". As propostas do PAN para redução da produção de carne ou de lacticineos, foram, tambem, outro motivo de reparo. "Não se pode dizer que a produção de carne e de leite são um mal a abater", disse Jerónimo,.

"Eu fico espantado de ver um candidato que agora descobriu a ecologia a dizer essa coisa extraordinária, que é o mesmo que dizer ao povo açoriano que o melhor é fechar as ilhas e virem-se embora, porque não têm viabilidade", afirmou. "Não concordo, porque o caminho é outro".

Gravada, esta tarde, na sede nacional do PCP, na Avenida Liberdade, a entrevista de Jerónimo de Sousa começou a ser transmitida esta noite, on line, com mais de 20 minutos de atraso. Um "problema técnico" travou, em cima da hora, o objetivo de combater taco a taco as audiências da entrevista a Costa e Rio, transmitida em direto pelos três canais generalistas de televisão. Por isso, quando a ligação on line foi estabelecida e Jerónimo de Sousa começou a falar já há muito os dois adversários políticos debatiam nas televisões, cruzando argumentos e disparando para o eleitorado do centro.

O líder comunista começou, precisamente, por explicar a razão para esta inédita iniciativa eleitoral. A combinação feita entre as estações televisivas e recusada pelo PCP passava pela transmissão em canal aberto apenas dos frente-a-frentes em que participavam Rui Rio ou António Costa. "Não podíamos pactuar com isto", disse Jerónimo. "Agir como se houvesse partidos de primeira e partidos de segunda é uma afirmação clara de discriminação", disse.

Daí para a frente, o líder comunista falou de quase tudo. Entre perguntas do público e as dirigidas pela jornalista Catarina Pires, Jerónimo de Sousa reafirmou os votos na geringoça - "fizemos bem em participar neste processo"-, elencou os vários progressos alcançados nos quatro anos de Legislatura. Mas também, não poupou críticas. A lei laboral ou as questões do défice e do sistema financeiro, são aspectos a que o Jerónimo fez questão de marcar distâncias.

"Para ficar nem visto na Europa, o Governo foi mais papista que o Papa", disparou o lider comunista, que não gostou ainda de ver o Executivo a ser "um mão rotas, ou mão mole para com os amigos da banca" e de passar "a zona de fronteira entre a Esquerda e a Direita que são os direitos laborais". Mas foi já a meio da entrevista de quase uma hora que Jerónimo dirigiu as criticas mais diretas aos membros do Governo de António Costa. O primeiro contemplado foi Mário Centeno. Sem nunca o mencionar, o responsável das Finanças foi atacado pelas suas "orientações rígidas" que travaram o investimento público, seja diretamente, seja através das cativações.

"Nós acabamos com as cativações, mas tendo em conta as orientações rigidas, primeiro que se desembrulhassem e se concedessem os financiamentos, era uma carga de trabalhos", resumiu Jerónimo.

Mais adiante, chegou a vez de António Costa. A propósito da meta de 1% do Orçamento de Estado para a Cultura, falou do "malabarismo político" do secretário geral socialista, que "juntava tudo e mais alguma coisa" para contabilizar uma verba que, afinal, nunca ficou disponivel.

"Admito que haja um ou outro descontente"

As limitações assumidas pelo líder comunista quanto ao funcionamento da geringonça não parecem pertubar o partido. Catarina Pires questionou Jerónimo de Sousa sobre a existência de criticos internos à opção tomada pelo PCP, mas o líder desvalorizou. "Para ser sincero, admito que haja um ou outro descontente, um ou outro preocupado", disse, para logo rematar que "o sentimento geral é de satisfação por ver que tinha valido a pena".

O impacto que a participação na geringonça pode vir a ter nas eleições de 6 de outubro, também não parece preocupar Jerónimo de Sousa. "Se vamos sofrer consequências eleitorais por aquilo que fizemos, então, em abono da justiça isso quer dizer que vamos ter um resultadão", disse. A ideia de que a orientação estratégica foi tomada "pela direção, pelo comité central pelo Congresso e ouvidas as bases" torna a opção sólida. "Não há coisa mais democrática do que esta", conclui.

Jerónimo falou ainda no aumento dos salarios - "uma proposta e um desafio que fazemos ao Governo". Ou de impostos, para sublinhar que "não há carga fiscal, há injustiça fiscal" e que, para o PCP, a regra é simples e passa por inverter a atual situação em que "quem muito tem, pouco paga e quem pouco tem, muito paga". Em alternativa, Jerónimo resume: "não dizemos nenhuma barbaridade - se muito tem, muito deve pagar para que o dinheiro seja aplicado onde é preciso".

O resumo da entrevista do lider comunista não ficaria completo sem uma referência às questões ambientais. E, mais concretamente, ao ataque direto feito por Jerónimo de Sousa ao líder do PAN, André Siva. "O verdadeiro partido ecologista é o PEV", disse Jerónimo, que salientou os esforços feitos pelo seu parceiro de coligação na CDU e no trabalho "pioneiro feito ao logo de muitos anos". O PEV, no entanto, "teve um problema", identificou o líder comunista, apontando o dedo à "marginalização do ponto de vista mediático" que terá atingido o partido de Heloisa Apolonia.

Mas os ataques foram mais longe. A proposito da defesa da dieta vegetariana feita por André Silva, Jerónimo ironizou. "Todos gostamos de vegetains, mas um bom bife também calha bem" e "não podemos aceitar esta visão repressiva de imposição a um povo, que tem a sua cultura e a sua gastronomia". As propostas do PAN para redução da produção de carne ou de lacticineos, foram, tambem, outro motivo de reparo. "Não se pode dizer que a produção de carne e de leite são um mal a abater", disse Jerónimo,.

"Eu fico espantado de ver um candidato que agora descobriu a ecologia a dizer essa coisa extraordinária, que é o mesmo que dizer ao povo açoriano que o melhor é fechar as ilhas e virem-se embora, porque não têm viabilidade", afirmou. "Não concordo, porque o caminho é outro".

marcar artigo