Catarina Martins na SIC: as respostas seguem dentro de momentos

10-11-2015
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Quem esperava que a líder do Bloco de Esquerda desvendasse pormenores sobre o estado das conversações à esquerda, terá de esperar. Catarina Martins diz-se “certa” de que haverá um acordo, mas tudo está ainda rodeado de incógnitas

A moção de rejeição ao Governo PSD/CDS será conjunta, ou entre PS, Bloco de Esquerda e PCP cada um partido apresentará a sua? E um acordo à esquerda, será subscrito pelos líderes do três partidos, ou os socialistas assinarão dois textos, um com os bloquistas e outros com comunistas?

Aquelas são duas das muitas perguntas feitas na noite desta quarta-feira à porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins (entrevistada na SIC e SIC-Notícias), que ficaram por esclarecer. Trata-se de questões ainda dependentes das negociações em curso entre os três partidos, e foi com essa circunstância a líder do Bloco justificou a ausência de resposta.

Catarina Martins disse estar "certa" de que haverá acordo entre PS, BE e PCP, e ressalvou, logo no início da conversa, que não o afirma por uma "questão de fé. Sou mais dada a questões de garantia e compromisso político".

No entanto, durante a meia hora seguinte, a líder do BE pouco adiantou de concreto sobre o estado desse "compromisso político". As exceções foram para confirmar o acordo com o PS sobre as três exigências do Bloco ainda na pré-campanha eleitoral (abandono, por parte do PS, das ideias de congelamento de pensões, de redução da TSU das empresas e de criação do "despedimento conciliatório") e para identificar pontos em que já havia sintonia nos programas eleitorais do três partidos de esquerda (redução do IVA da restauração para 13%, por exemplo), pelo que será automático um entendimento entre eles.

"Sobre outras medidas em negociação, não devo falar até estarem fechadas", disse Catarina Martins.

A líder do Bloco afirmou que se trata de "acordo muito complexo", negociado entre "forças políticas com leituras diversas, mas que convergiram no essencial". E essa sintonia tem como "denominador comum" a defesa de três objetivos: "travar o empobrecimento do país"; "proteger o Estado social"; e "parar as privatizações".

Se os avanços já são suficientes para selar um compromisso (com maior ou menor alcance) é coisa que Catarina Martins se recusou a reconhecer. "Estamos a negociar uma solução credível, não de medo", afirmou. Mais adiante, manteve o mesmo registo: "É nesse esforço de convergência que se constrói uma solução". Ou, de outra forma: "Temos de aceitar alguns pontos em que temos sensibilidades diversas".

Governo, região demarcada do PS

Se nas negociações que PS mantém com BE e PCP as coisas parecem melhor encaminhadas com os bloquistas, isso curiosamente não impediu Catarina Martins de fazer uma clara delimitação do campo do BE face ao socialista.

"Temos divergências com o PS e que são claras", afirmou a líder do Bloco. Mais adiante, deixou claro que a bitola de um futuro governo passará pelo meridiano do Largo do Rato. "Estamos a trabalhar dentro do quadro macro-económico do PS", afirmou.

Catarina Martins foi mesmo muito explícita quando demonstrou que um eventual Governo liderado por António Costa apenas colocará em prática uma parte da solução que o BE preconiza para o país. Repetindo que a referência desse Executivo será "o quadro macro-económico do PS", disse que isso "significa que a distribuição de rendimentos não será feita ao ritmo que o BE entende".

A líder do Bloco trocou ainda mais as coisas por miúdos: "Vai a mudança tão longe quanto o BE considera essencial? Não". E prosseguiu, perguntando se os avanços concretos agora em perspetiva são suficientes para o BE se comprometer com esse Governo de esquerda. A resposta também foi clara: "Sim".

A participação do Bloco no Governo, pergunta a que não respondeu em concreto por se estar na hora de "discutir políticas, não pessoas", deu, no entanto, a Catarina Martins ensejo para esvaziar o assunto: "O nome do ministro interessa pouco na hora de as pessoa pagarem as suas contas".

Um milhão de obreiros

Convidada a explicar se o Bloco de Esquerda sabe o que se passa na outra mesa negocial (na mesma noite em que decorre uma reunião de alto nível entre PS e PCP, decisiva para a existência de um acordo a três), Catarina Martins contornou a questão. "Se há uma coisa em que tenho toda a confiança e certeza é que o PCP será um defensor de se parar este ciclo de empobrecimento do país", disse.

De seguida, aludindo à votação conjunta da CDU e do Bloco, empenhou-se em colocar nesta altura crucial para a negociações os dois partidos a pedalar lado a lado: "Um milhão de pessoas são os obreiros de uma nova solução de Governo".

Por fim, uma frase fica a pairar no ar, deixando a dúvida se é uma mera verificação de leituras exteriores às conversações" ou se tem algum destinatário mais "inside" ao processo negocial. "A estabilidade do acordo ganha muito em não se fazer de conta que há convergências onde elas não existem".

Os próximos dias ajudarão certamente a esclarecer muito daquilo a que Catarina Martins não respondeu nesta noite de quarta-feira.

Quem esperava que a líder do Bloco de Esquerda desvendasse pormenores sobre o estado das conversações à esquerda, terá de esperar. Catarina Martins diz-se “certa” de que haverá um acordo, mas tudo está ainda rodeado de incógnitas

A moção de rejeição ao Governo PSD/CDS será conjunta, ou entre PS, Bloco de Esquerda e PCP cada um partido apresentará a sua? E um acordo à esquerda, será subscrito pelos líderes do três partidos, ou os socialistas assinarão dois textos, um com os bloquistas e outros com comunistas?

Aquelas são duas das muitas perguntas feitas na noite desta quarta-feira à porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins (entrevistada na SIC e SIC-Notícias), que ficaram por esclarecer. Trata-se de questões ainda dependentes das negociações em curso entre os três partidos, e foi com essa circunstância a líder do Bloco justificou a ausência de resposta.

Catarina Martins disse estar "certa" de que haverá acordo entre PS, BE e PCP, e ressalvou, logo no início da conversa, que não o afirma por uma "questão de fé. Sou mais dada a questões de garantia e compromisso político".

No entanto, durante a meia hora seguinte, a líder do BE pouco adiantou de concreto sobre o estado desse "compromisso político". As exceções foram para confirmar o acordo com o PS sobre as três exigências do Bloco ainda na pré-campanha eleitoral (abandono, por parte do PS, das ideias de congelamento de pensões, de redução da TSU das empresas e de criação do "despedimento conciliatório") e para identificar pontos em que já havia sintonia nos programas eleitorais do três partidos de esquerda (redução do IVA da restauração para 13%, por exemplo), pelo que será automático um entendimento entre eles.

"Sobre outras medidas em negociação, não devo falar até estarem fechadas", disse Catarina Martins.

A líder do Bloco afirmou que se trata de "acordo muito complexo", negociado entre "forças políticas com leituras diversas, mas que convergiram no essencial". E essa sintonia tem como "denominador comum" a defesa de três objetivos: "travar o empobrecimento do país"; "proteger o Estado social"; e "parar as privatizações".

Se os avanços já são suficientes para selar um compromisso (com maior ou menor alcance) é coisa que Catarina Martins se recusou a reconhecer. "Estamos a negociar uma solução credível, não de medo", afirmou. Mais adiante, manteve o mesmo registo: "É nesse esforço de convergência que se constrói uma solução". Ou, de outra forma: "Temos de aceitar alguns pontos em que temos sensibilidades diversas".

Governo, região demarcada do PS

Se nas negociações que PS mantém com BE e PCP as coisas parecem melhor encaminhadas com os bloquistas, isso curiosamente não impediu Catarina Martins de fazer uma clara delimitação do campo do BE face ao socialista.

"Temos divergências com o PS e que são claras", afirmou a líder do Bloco. Mais adiante, deixou claro que a bitola de um futuro governo passará pelo meridiano do Largo do Rato. "Estamos a trabalhar dentro do quadro macro-económico do PS", afirmou.

Catarina Martins foi mesmo muito explícita quando demonstrou que um eventual Governo liderado por António Costa apenas colocará em prática uma parte da solução que o BE preconiza para o país. Repetindo que a referência desse Executivo será "o quadro macro-económico do PS", disse que isso "significa que a distribuição de rendimentos não será feita ao ritmo que o BE entende".

A líder do Bloco trocou ainda mais as coisas por miúdos: "Vai a mudança tão longe quanto o BE considera essencial? Não". E prosseguiu, perguntando se os avanços concretos agora em perspetiva são suficientes para o BE se comprometer com esse Governo de esquerda. A resposta também foi clara: "Sim".

A participação do Bloco no Governo, pergunta a que não respondeu em concreto por se estar na hora de "discutir políticas, não pessoas", deu, no entanto, a Catarina Martins ensejo para esvaziar o assunto: "O nome do ministro interessa pouco na hora de as pessoa pagarem as suas contas".

Um milhão de obreiros

Convidada a explicar se o Bloco de Esquerda sabe o que se passa na outra mesa negocial (na mesma noite em que decorre uma reunião de alto nível entre PS e PCP, decisiva para a existência de um acordo a três), Catarina Martins contornou a questão. "Se há uma coisa em que tenho toda a confiança e certeza é que o PCP será um defensor de se parar este ciclo de empobrecimento do país", disse.

De seguida, aludindo à votação conjunta da CDU e do Bloco, empenhou-se em colocar nesta altura crucial para a negociações os dois partidos a pedalar lado a lado: "Um milhão de pessoas são os obreiros de uma nova solução de Governo".

Por fim, uma frase fica a pairar no ar, deixando a dúvida se é uma mera verificação de leituras exteriores às conversações" ou se tem algum destinatário mais "inside" ao processo negocial. "A estabilidade do acordo ganha muito em não se fazer de conta que há convergências onde elas não existem".

Os próximos dias ajudarão certamente a esclarecer muito daquilo a que Catarina Martins não respondeu nesta noite de quarta-feira.

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